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Uma profissão que tem dado muito o que falar nesses últimos anos — e quem sabe se posso dizer na última década — são os criadores de conteúdo e influenciadores de redes sociais. Pessoas que têm alguma página com conteúdo diário seja de games, moda, alimentação, life style ou qualquer que seja o assunto, está na onda de uma das profissões mais assistidas atualmente. Mas será que realmente é tão rentável quanto parece? Aparentemente sim, uma vez que as previsões para a economia de criadores para este ano de 2023 é bastante animadora.
Plataformas precisam estreitar laços
Uma das maiores fonte de renda para criadores em 2022 foram os anúncios do YouTube — aquelas propagandas que são reproduzidas quando vemos algum vídeo. Inclusive a parte de vídeos curtos da plataforma, o Shorts, também estão conseguindo levantar alguma renda para estes criadores de conteúdo. Isso tudo através do Programa de Parceria do YouTube — também reconhecido pela sigla em inglês YPP. Neste ano será possível que alguns criadores de conteúdo se inscrevam neste programa.
Para chegar lá pode ser uma tarefa e tanto, uma vez que não basta se inscrever, mas também atingir pelo menos 1.000 inscritos e 10 milhões de visualizações em vídeos lançados no Shorts — tudo isso num período de 90 dias. Uma vez inserido no Programa de Parceria do YouTube, o criador ficará com 45% da renda gerada pela receita de anúncios de seus vídeos.
Esses pré-requisitos podem ser encarados de maneira bastante desafiadora, uma vez que vídeos curtos são bem conhecidos pela sua dificuldade em gerar receita. O TikTok por exemplo tem o Fundo para Criadores, plataforma que paga seus criadores de conteúdo, e ela registrou uma receita de US$ 200 milhões no último trimestre de 2020. A intenção da rede social é expandir esse número para US$ 1 bilhão nos Estados Unidos no decorrer dos próximos três anos e depois dobrá-lo, a nível internacional.
Um bocado de dinheiro envolvido, hein? Mas ainda é a ponta do iceberg: o YouTube pagou a seus criadores de conteúdo mais de US$ 30 bilhões em receita de anúncios apenas nos últimos três anos. E mesmo que esses números pareçam surpreendentes vindos das próprias plataformas em que eles trabalham, essa ainda não é a única fonte de renda dos criadores de conteúdo. Os criadores do TikTok mais populares ganham ainda mais dinheiro de publicidades e outras oportunidades fora da plataforma do que com os vídeos em si.
O TikTok tem se mostrado a rede social mais acessada nos últimos tempos — ainda que não compita necessariamente com outras que sejam da mesma categoria. Instagram, Snapchat e YouTube fazem de tudo para chegar aonde essa nova rede social chegou, mesmo que para isso eles precisem, desesperadamente, copiá-la. Porém quando se trata em dinheiro, pode haver uma preferência, e como o YouTube tem gerado mais receita para os criadores, agora há algum tipo de pressão que o TikTok há de sofrer.
Investidores a todo o vapor
E como ninguém quer perder qualquer oportunidade de conseguir gerar renda, principalmente com essas oportunidades com internet e redes sociais, há muita gente por aí que investe — pesado — nessa brincadeira. Tecnologias que estão na moda como inteligência artificial ou web3 recebem muita atenção de investidores, e com os criadores de conteúdo isso não é diferente.
De acordo com dados do Crunchbase, houve uma queda na rentabilidade de criadores de conteúdo nos primeiros trimestres de 2022: US$ 343,2 milhões no primeiro trimestre, US$ 336 milhões no segundo trimestre e US$ 110,2 milhões no terceiro trimestre. Apesar do número decrescente, esse provavelmente não é um indicativo de que a área está decaindo, mas sim que a indústria esteja se ajustando ao investimento exagerado, principalmente quando percebem que há renda sendo direcionada a criadores que não necessariamente precisam naquele investimento.
Em 2021, um ano em que o capital de risco fluiu bastante, tiveram pessoas que disseram haver mais startups de economia criadora do que criadores criadores em si. Mas isso é um problema para os investidores, não para os criadores de conteúdo, muitos dos quais operam completamente alheios ao que acontece nos bastidores. Isso na verdade se torna um indicativo de um ambiente que incentiva grandes investidores da tecnologia que não possuem experiência real para tentar resolver problemas de uma área em que eles não entendem muito bem e, como consequência disso, o espaço acaba ficando bem saturado.
Eles por eles
Mesmo que a economia de criadores esteja sofrendo com os investidores, aqueles que estão gerando seu conteúdo diariamente aos seguidores, continuam gerando renda de uma maneira em que seu público não veja.. pelo menos com tanta clareza assim. Uma alternativa desses criadores são startups que eles mesmo criam, como a Jellysmack, Spotter e Creative Juice, de criadores estrangeiros. Elas oferecem dinheiro adiantado em troca da propriedade temporária sobre algum catálogo antigo do YouTube de um criador, ou seja, essa startup consegue ter acesso à toda receita publicitária gerada por estes vídeos.
Essas iniciativas funcionam de maneira similar a empresas que lidam com capital de risco: elas investem em criadores de conteúdo que elas entendem que, de acordo com suas condições, o dinheiro que havia sido investido possa ser revisto e trazendo mais algum lucro, fazendo com que ambas as partes saiam ganhando de alguma maneira. Como é tudo uma área muito nova, é importante que os criadores e as startups fiquem ligados sobre perigos e riscos reais.
Estratégias para 2023
Com tudo isso dito, alguns criadores de conteúdo e investidores passaram a traçar objetivos mais concretos para este ano, visando aumentar ainda mais sua renda com estratégias diversas. A visão desse mercado é multidisciplinar, não focando somente na criação de conteúdo em si, mas em vários fatores que contribuem para a manutenção da saúde deste mercado. Confira o que grandes nomes da criação de conteúdo estão considerando para a economia dessa área para este ano:
Aumento no número de criadores de conteúdo
A cofundadora da empresa de gerenciamento de talentos Kensington Gray, Shannae Ingleton Smith, entende que o TikTok conseguiria atrair ainda mais criadores da geração X e dos millenials, conforme a plataforma continuasse a expandir em 2023.
A Geração Z definitivamente continuará a brilhar e a ter seu momento, mas vamos começar a ver algumas estrelas em ascensão realmente grandes que nunca foram bem-sucedidas ou grandes no Instagram ou no YouTube anteriormente, que começarão do zero no TikTok e se tornarão super -estrela enorme
Shannae Ingleton Smith, cofundadora da empresa de gerenciamento de talentos Kensington Gray
Já para Lia Haberman, professora adjunta de marketing da UCLA Extension, a situação parece mais promissora no YouTube:
Em 2023, acho que veremos um número recorde de criadores se identificarem como YouTubers pela primeira vez. Os Shorts diminuíram a barreira de entrada para criadores que nunca se viram como parte desse ecossistema, e a adição de pagamentos do Google AdSense para vídeos curtos torna a plataforma muito mais atraente. Para criadores profissionais, o YouTube é atualmente a melhor aposta para um desenvolvimento sustentável renda por meio da distribuição de conteúdo previsível.
Lia Haberman, professora adjunta de marketing da UCLA Extension
O fundador da empresa de gestão de talentos One Day Entertainment, Zack Honarvar, vislumbra um cenário em que criadores de conteúdo contratem times de larga produção e também negócios voltamos para desenvolvimento. O empresário ainda acredita que há alguma chance para retornar à antiga maneira de fazer vlogs no YouTube, trazendo o fator nostalgia como um aliado a estes criadores.
Ir além de fotos e vídeos curtos
Darren Lachtman, o cofundador da companhia de produção digital Brat, acredita que os criadores que trabalham não só com vídeos curtos e fotos, estão fadados a ter mais sucesso. Aqueles que continuarem a explorar podcasts, por exemplo, podem ter ainda mais espaço para oportunidades.
Continuaremos a ver a evolução de apenas áudio puro para produções mais ‘vodcast’ à medida que os criadores misturam áudio e vídeo. Esse formato permite que os criadores postar o mesmo conteúdo em várias plataformas.
Darren Lachtman, o cofundador da companhia de produção digital Brat
As transmissões ao vivo também estão bastante visadas nessa indústria. A fundadora da startup Clara, Christen Nino de Guzman, está confiante nesse meio de comunicação.
Quando trabalhei no TikTok, a transmissão ao vivo era enorme para a versão chinesa do TikTok e eles tendiam a ver muitas tendências se originarem primeiro na China e os EUA foram atrás logo em seguida. As lives requerem um conjunto diferente de habilidades e talentos do que apenas encenar a foto perfeita ou um roteiro de um videoclipe de 20 segundos.
Christen Nino de Guzman, fundadora da startup Clara
Julian Andrew, fundador da empresa de gestão de talentos de influenciadores Talentiish, concorda e ainda acrescenta dizendo que as lives são maneira mais técnicas de prender a atenção de seu público.
Criadores que podem ficar no ar por horas a fio vão começar a se sair muito bem, porque é mais do que apenas navegar pelo conteúdo. As pessoas querem conteúdo mais longo, então apenas manter a atenção de alguém ao vivo se tornará uma tendência em 2023.
Julian Andrew, fundador da empresa de gestão de talentos de influenciadores Talentiish
Startups podem fechar
Em 2022 as demissões tiveram uma relação e tanto com a economia do criador de conteúdo, uma vez que empresas como Jellysmack e Patreon reagiram à desaceleração econômica demitindo funcionários. Nick Chen, cofundador da Pico, startup de monetização criadora, disse que esses impactos negativos nas startups infelizmente continuará em 2023 e ainda pode piorar.
Muitas startups de criadores vão morrer. Os capitalistas de risco acham que isso não é hora de apostar na economia do criador, então os próximos nove meses serão realmente resistente. Acho que vamos nos recuperar no Dia do Trabalho, se as startups puderem esperar até lá para arrecadar fundos.
Nick Chen, cofundador da Pico
E essa previsão é compartilhada com a fundadora da American Influencer Council, Qianna Smith Bruneteau, que também acredita que algumas startups de criadores de conteúdo possam passar por momentos mais apertados neste ano.
Muitos deles vão falir porque levantaram valores insanos que não conseguem acompanhar e muitos deles lutam para adquirir pelo menos uma base de usuários.
Qianna Smith Bruneteau, American Influencer Council
Possível onda de fusões
Uma das soluções para que a economia dos criadores de conteúdo sobreviva seria a fusão das empresas ou startups, e essa consolidação pode acontecer de maneira massiva nos próximos meses de 2023.
Avaliações baixas e múltiplas significam que a maioria dos alvos de aquisição está efetivamente ‘em venda’. Como resultado, adquirentes institucionais como firmas de capital privado que ainda têm alguma coisa para gastar, irão começar a adquirir startups de criadores de médio a grande porte com muito mais vantagens e preços.
Alex Zirin, associado da empresa de consultoria RockWater Industries
Avi Gandhi que é fundador da empresa de consultoria Partner with Creators está de olho em nichos saturados na economia do setor, como fintechs para criadores de conteúdo e empresas que utilizam exacerbadamente o link na bio para realizar vendas ou contato com seu público.
Do lado do criador, há muitas opções. As chances de eles escolherem seu serviço – ou qualquer outro serviço – de repente são exponencialmente mais baixos e, às vezes, nem mesmo escolhem um serviço porque se torna algo exagerado para o consumidor.
Avi Gandhi, fundador da empresa de consultoria Partner with Creators
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Fonte: TechCrunch e Business Insider.
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