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No início de janeiro, durante a Consumer Electronic Show (CES), a Sony anunciou a Bravia XR A95K, primeira smart TV com tela QD-OLED do mundo. Esta tecnologia foi desenvolvida pela Samsung e representa uma evolução que agrega os melhores elementos dos displays OLED e os combina com a tecnologia de pontos quânticos ou QLED (quantum dots, em inglês), em uma tentativa de fornecer o melhor dos dois mundos.
Como toda nova tecnologia, o QD-OLED (QD OLED ou Quantum Dot OLED) ainda gera curiosidades e dúvidas por parte dos consumidores. Para você poder entender melhor como ela funciona, quais são as vantagens da novidade e os principais diferenciais deste tipo de display em comparação com outras tecnologias – como as telas LED e OLED – o Showmetech preparou esta matéria especial, onde irá mergulhar fundo nos detalhes do QD-OLED e explicar, em detalhes, tudo o que você precisa saber sobre ele.
O melhor do OLED e QLED
Resumidamente, o QD-OLED é um novo tipo de tecnologia de tela OLED (Organic Light-Emitting Diode) que se utiliza de pontos quânticos para gerar cores — a Samsung chama este tipo de tela, comercialmente de QD Display. Sendo uma tecnologia de exibição híbrida, ela visa aproveitar as qualidades já muito impressionantes das smart TVs OLED, melhorando o brilho e a cor através do uso de pontos quânticos. O resultado é uma TV com níveis impressionantes de contraste e pretos perfeitos já presentes no OLED, oferecendo um brilho que tradicionalmente só encontramos em TVs QLED, com tela de pontos quânticos.
Para ajudar a entender ainda melhor o que é o QD-OLED é preciso explicar, rapidamente, como as tecnologias OLED e QLED funcionam.
QLED
Do tipo LCD/LED, os displays QLED usam os chamados pontos quânticos para garantir imagens com alta intensidade de brilho e uma grande gama e fidelidade de cores. Um display QLED usa quatro elementos principais para produzir suas imagens: uma luz de fundo de LED, uma camada de pontos quânticos, uma matriz de LCD e um filtro de cores. A luz de fundo de LED produz todo o brilho que você vê — e as luzes de fundo de LED modernas podem produzir muito brilho, muito mais do que telas OLED são capazes de produzir. Mas alcançar esse nível não é tão fácil assim.
A solução encontrada para isso é utilizar uma fonte de luz de LED azul altamente brilhante e, posteriormente, equilibrar os tons azuis com pontos quânticos nas cores vermelha e verde. Como esses pontos quânticos conseguem ser ajustados para emitir cores específicas e — surpreendentemente — podem fazer isso com um nível de eficiência de quase 100%, as TVs QLED trazem uma boa precisão de cores sem sacrificar o brilho ou precisar usar mais energia.
A partir daí, a luz branca passa pela matriz LCD (responsável pelas imagens que você vê e determina quão claras ou escuras são as áreas da tela) e, finalmente, pelo filtro de cores, que converte a luz branca na luz “certa”, definindo a quantidade de vermelho, verde e azul para que, no fim de tudo, as cores sejam as mais fiéis possíveis.
OLED
Já uma smart TV com tecnologia OLED usa apenas uma fonte de luz OLED e um filtro de cores para produzir a sua imagem. Para isso, ela combina luz azul e amarela de fontes OLED para criar uma luz quase branca. A luz passa então por um filtro de cores composto de subpixels vermelho, azul e verde. Ao contrário das TVs LCD tradicionais, que contam com uma luz de fundo separada que passa por uma camada de pixels, no OLED cada pixel emite brilho e cor individualmente para criação da imagem.
Dessa forma, cada pixel é sua própria fonte de luz e pode ser completamente escurecido, se necessário. Isso significa que um pixel brilhante pode aparecer ao lado de um completamente preto sem afetar o outro, criando o contraste excepcional pelo qual smart TVs OLED são reconhecidas. E esse não é o único benefício: como a imagem não precisa passar por uma matriz LCD, os ângulos de visão são amplos, enquanto a construção geral de uma TV OLED é fina e leve devido à sua estrutura simples.
As limitações
Com todas as qualidades que elas apresentam, vêm também as limitações. Apesar de exibir um brilho intenso e cores que não distorcem, o display QLED não apresenta as melhores taxas de contraste – a medida da diferença entre tons claros e escuros na tela – e também terá tons escuros e pretos com aspecto mais lavados, distorcendo para o cinza.
Já os painéis OLED sofrem com o nível máximo de brilho menor, e, com o brilho alto, a tendência é que as cores sofram distorções. Há ainda outro ponto importante: a durabilidade. Painéis OLED estão sujeitos a desgastes mais intensos, como perda de brilho e qualidade de cor, além dos riscos de burn-in, problema que deixa manchas na tela após o desgaste dos LEDs orgânicos que compõem o display.
O que é QD-OLED e como a tecnologia funciona?
Como dito anteriormente, a QD-OLED (Quantum dot Light Emitting Diode) é uma tecnologia introduzida pela Samsung e mistura o QLED com o OLED. O principal objetivo da companhia é aproveitar as vantagens das duas tecnologias: do OLED, extrair o seu contraste infinito e os tons escuros de alta precisão e qualidade, enquanto do QLED pegar a sua capacidade de gerar cores e brilho mais intensos.
De acordo com a Samsung, um display QD-OLED tem três componentes principais: uma primeira camada TFT que inclui um circuito eletrônico para passar a corrente através do material OLED, uma segunda de material OLED azul que gera luz azul e uma terceira camada de pontos quânticos. Estes pontos quânticos são pequenas partículas semicondutoras, com dimensões variando de 2 a 10 nanômetros. Juntas, elas conseguem converter a luz branca em luz colorida sem perda de energia. A cor resultante depende do tamanho do próprio ponto quântico – pontos maiores, de 10 nm, vão gerar cor vermelha e os menores, tons em azul.
Quando a luz azul de cada pixel passa pela camada de pontos quânticos, são criados subpixels verdes e vermelhos que, combinados com o subpixel azul, formam o modelo de cores RGB. Neste modelo de cores, vermelho, azul e verde são adicionados para produzir outras cores para as imagens que você vê na TV.
Mais benefícios
Ainda segundo a Samsung, os displays QD-OLED conseguem atingir uma alta taxa de contraste de 1.000.000:1. Além disso, ao abrir mão da camada de LCD, os tempos de resposta da tela, os ângulos de visão e a reflexão proveniente da tela devem ser melhorados em comparação a telas de LCD tradicionais. As novas telas que embarcam a tecnologia também reduzem, em até 50%, a emissão de luz azul, prejudicial à saúde dos olhos.
A Samsung corrigiu os problemas com o OLED?
Apesar de representar um salto em termos de qualidade em comparação a outros displays, o OLED enfrenta alguns problemas que podem acabar afastando consumidores. O primeiro deles é a temida retenção de imagens, conhecido também como burn-in. O problema acontece quando a tela apresenta elementos estáticos que mudam pouco com o tempo: um HUD de um jogo ou a barra de tarefas do Windows, por exemplo. Caso a imagem seja estática e varie pouco ao longo do tempo, corre-se o risco dela ficar gravada de forma permanente nos pixels, deixando a tela marcada para sempre.
Ao que tudo indica, o QD-OLED não deve representar o fim do burn-in. De acordo com o site CNET, a tecnologia QD-OLED não trará tanta diferença em relação à utilizada em displays OLED. A fabricante, no entanto, promete incorporar um mecanismo automático que irá amenizar os riscos em se desenvolver o problema em smart TVs mais modernas.
Outra limitação enfrentada por telas OLED está relacionada a sua vida útil. Displays deste tipo tendem a perder qualidade em um ritmo mais acelerados do que outras tecnologias. A respeito desse problema, a Samsung ainda não falou se as novas TVs QD Display terão a sua vida útil aumentada.
Quando smart TVs QD-OLED chegarão ao mercado?
Na CES 2022, a Sony foi a primeira a fornecer detalhes sobre seu próximo painel QD-OLED. O novo carro-chefe Bravia XR A95K virá equipada com um display da Samsung em tamanhos de 55 e 65 polegadas com resolução 4K. Embora nenhum preço ou data de lançamento final tenha sido fornecido, as TVs serão lançadas em 2022.
Já a Alienware também revelou o seu próximo produto com QD-OLED. Trata-se do primeiro monitor para jogos a embarcar a tecnologia no mundo. O AW3423DW é destinado a jogadores mais exigentes, oferecendo uma taxa de atualização de 175 Hz com NVIDIA G-sync, tempo de resposta de 0,1 ms e certificação VESA DisplayHDR TrueBlack 400.
A Samsung, por sua vez, não revelou maiores detalhes sobre modelos com a tecnologia. No entanto, a empresa foi a vencedora da premiação “Best of Innovation”deste ano na CES 2022. Na publicação sobre o prêmio no site da feira, é dito que “a TV QD-Display de 65 polegadas da Samsung é a primeira tela OLED de pontos quânticos RGB auto-emitidos verdadeiros do mundo, combinando os níveis de contraste de OLED RGB com a cor e o brilho de pontos quânticos”.
Quanto custarão TVs QD-OLED?
Em relação a quanto custará uma smart TV com a nova tecnologia, ninguém ainda sabe ao certo. Mas a expectativa em torno do QD-OLED é de que os preços sejam altos, sobretudo considerando a oferta reduzida. Apenas a Samsung domina a tecnologia no momento e isso deve ter impacto sobre os preços de TVs e monitores com o recurso.
Veja também:
Na CES 2022, vimos uma grande variedade de TVs e novas tecnologias, incluindo micro LED e até painéis gigantes de 136″. Confira as novas tecnologias e tendências de smart TVs para 2022.
Fontes: Trusted Reviews, CNET.
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