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Para começar a entender o que é metaverso, é preciso voltar um pouco no tempo, mais precisamente na década de 80, quando especialistas e entusiastas iniciaram um movimento quase utópico do que poderia ser a Internet. O recente anúncio de Mark Zuckerberg sobre a intenção de unificar comunidades, criadores e lojas virtuais por meio da realidade virtual, reacendeu o que para muitos era apenas um sonho. Segundo o dono do Facebook, essa seria a próxima geração da Internet.
Então, o que é o metaverso? Um novo mundo?
O conceito do que é metaverso ainda é confuso para muitos. Pode ser mais fácil dizendo primeiro o que ele não é: não é um jogo, não é um único produto e não pertence a uma única empresa. É correto afirmar que é uma espécie de novo mundo, onde atividades reais e fictícias podem acontecer, e nós já estamos nele – pelo menos alguns!
A junção de Inteligência Artificial, Realidade virtual aumentada e Blockchain proporciona a criação de um ambiente virtual multifuncional, onde podemos jogar, comprar, vender e tantas outras coisas ao mesmo tempo.
Nos últimos anos, surgiram diversas plataformas digitais que nos mostraram a ponta do iceberg do que é viver no metaverso, mas ainda há um caminho longo a percorrer para concretizar o que os sonhadores de 80 tinham em mente. É por isso que separamos o desenvolvimento do metaverso em passado, presente e futuro para mostrar onde estamos e onde pretende-se chegar.
O que é metaverso e como surgiu?
Comecemos pelo passado. A construção do que é metaverso em teoria se inicia com Neal Stephenson em 1982 no livro “Snow Crash”, integrante da literatura Cyberpunk. O autor usa o conceito como uma realidade paralela, não necessariamente ficcional. Ele não é real, mas passa a sensação de realidade por meio de equipamentos.
Foi a partir daí que especialistas, pesquisadores e empresários nomearam a vida imersiva no ciberespaço. O termo nasce da junção de “meta”, prefixo usado pra indicar algo posterior, com o que conhecemos como todo o espaço explorado pelo ser humano, o universo. Basicamente, é a convergência entre realidade física, realidade virtual e realidade aumentada, todas com um toque de inteligência artificial.
Ao longo dos anos, a evolução da tecnologia proporciona sua concretização, mas exige padronização e cooperação entre os grandes players do mercado para definir o que é metaverso nessa nova era.
Como funciona o metaverso?
Entendemos o que é o metaverso no passado, agora é hora de ver como ele passou a fazer parte de nossas vidas. A realidade virtual acontece em paralelo, ou seja, o usuário não é necessariamente a personificação da imagem própria. Claro, cada nicho e empresa que investe nesse novo mundo, possui objetivos e públicos diferentes.
Por exemplo, o Facebook deseja fornecer um espaço virtual que facilite a vida de um trabalhador com urgências e dores atuais. E o que faz parte do dia dessa pessoa? Reuniões on-line, conversas remotas e outras atividades que envolvem a tecnologia. A porta de entrada e primeiro produto para o metaverso é o Horizon Workrooms.
Já a Riot Games criou a K/DA, uma banda que conta com uma nova personagem criada para integrar tanto a atração musical quanto o jogo League of Legends. O caso também é um exemplar de expansão do metaverso pois mistura o mundo real com o digital de maneira indissociável. Em outras palavras, é a concretização do desejo de interagir online de maneira plena.
Por meio das redes sociais, realidade aumentada, lojas virtuais, videogames e tokens não fungíveis (NFTs), empresas estão construindo seus próprios metaversos, onde a nossa vida física e virtual convergem.
Vale ressaltar que podemos estar diante de uma grande revolução ou de um fracasso espetacular. Em 2003, foi lançado o Second Life, a fim de oferecer uma realidade paralela onde os usuários realizavam atividades do dia a dia, com a vantagem de conhecer e interagir com pessoas que não estavam no mesmo espaço fisicamente. Como qualquer novidade, houve grande interesse e cobertura da imprensa, mas o entusiasmo teve fim. Seria o conceito do metaverso mais um desses casos?
Metaverso na cultura pop
Como dito acima, tudo começou em Snow Crash, em que um entregador de pizza se transforma em príncipe samurai ao entrar num universo de algoritmos. Outra obra que aborda o tema e dá uma amostra do que se parece com o metaverso é o filme Matrix. O que todos eles tem em comum? Qualquer coisa que possamos imaginar pode existir dentro deles.
Mas é apenas em 2011 que a ficção científica chega perto do que podemos vivenciar nos próximos anos. O livro “Ready Player One“, de Ernest Cline, conta a história de um universo virtual chamado “OASIS”, no qual os usuários vivem aventuras e consomem sem limites por meio de avatares. O que é metaverso, em teoria, é praticado ali.
Quem está investindo no metaverso?
É hora de falar sobre o futuro e por quê ele parece promissor para o que o metaverso deseja ser. Os maiores players do metaverso atualmente são as empresas produtoras de jogos. Games como Roblox e Fortnite garantem uma experiência diferenciada através da interação de avatares personalizáveis. Um grande exemplo prático é o show do rapper Travis Scott na plataforma do Fortnite, utilizando um avatar próprio e quase idêntico ao cantor.
Claro, o Facebook e Microsoft não ficam para trás com aplicativos e produtos metaverso já em desenvolvimento. O foco das soluções que essas empresas querem fornecer no ambiente virtual é o mundo corporativo pós-pandemia. O Facebook une o Horizon Workrooms e o Oculus Quest 2 para deixar uma reunião em escritório virtual remota mais realista e com sensação de proximidade.
Também podemos ver o metaverso crescendo no Brasil. O Boticário, por exemplo, criou uma loja conceito virtual no jogo Avakin Life. Ao realizar uma troca de pontos por “BotCoins”, os usuários recebiam recompensas no jogo. A Havaianas se mostra interessada no metaverso ao leiloar uma coleção em NFT, desenvolvida em parceria com o designer e artista Adhemas Batista.
Nova geração de consumidores
O estabelecimento do metaverso como uma via de interação definitiva na internet tem grande chance de sucesso por conta das gerações que estão nascendo num mundo já digitalizado. No momento, pagamos nossas contas online, fazemos a feirinha da semana em lojas virtuais, mas essa extensão de nossas vidas pode ir bem além disso.
A pessoa poderá participar de reuniões virtuais com um avatar 3D no Microsoft Teams ou Horizon Workrooms e, logo em seguida, assistir a um show de música com amigos e seus avatares. Tudo isso em questão de segundos, sem sair de casa. A música termina e a banda diz “não se esqueça de comprar uma camiseta!”, ela vai até uma barraquinha virtual, paga pela camiseta com criptomoeda e aparece na reunião do dia seguinte com o um novo look.
Hype ou Revolução
Algumas tentativas da realidade virtual tomar conta da rotina humana já apareceram e, conforme foram aproveitadas, desapareceram por conta do cansaço das pessoas, como o Second Life. Há 20 anos, já vendiam e compravam itens por lá e shows virtuais de cantores famosos eram promovidos. Logo, o que é diferente agora?
Uma das razões para a expectativa de sucesso é a evolução dos gráficos e da conectividade. A popularidade de universos partilhados também foi incentivada pela Marvel e DC, que são umas das principais produtoras de conteúdo midiático há mais de 10 anos.
Além disso, o gigante de contabilidade e consultoria PwC prevê que as tecnologias VR e AR proporcionarão um aumento de US$ 1,5 trilhão à economia global até 2030. Ou seja, o mercado se mostra ansioso por esse novo mundo.
Não podemos esquecer a pandemia que manteve bilhões de pessoas distantes do contato humano e vida normal por mais de um ano. Isso pode ter impactado as experiências sociais a ponto de aumentar a presença em espaços virtuais para representação pessoal e engajamento por anos.
Como entrar no Metaverso?
Para acessar esses mundos virtuais, é preciso de um óculos de realidade virtual (VR) para uma experiência imersiva por estarem acoplados à cabeça e oferecem um tipo de imagem 360º. A composição da maioria dos modelos é mesma: uma tela, duas lentes, saída de áudio e um acessório que ajuda a encaixar o dispositivo na cabeça. Separamos os melhores óculos de VR para você começar sua jornada no metaverso!
O Oculus Quest 2 conta com um design menor e mais leve que a primeira geração. Pesando apenas 503 gramas, o produto conta com um processador Snapdragon XR2, feito especialmente para realidade virtual. Em seu interior, o dispositivo também conta com 6 GB de memória RAM e opções de armazenamento de 128 GB e 256 GB. O Oculus Quest 2 funciona com dois controles de movimento que vem na caixa do dispositivo, mas também possui apps que funcionam diretamente com o mapeamento das mãos. Já as duas telas têm resolução de 1832×1920 em cada olho e trazem também taxa de atualização de 90Hz.
O Oculus Quest 2 é uma das apostas da Meta para o seu metaverso. O headset pode ser encontrado na loja da Amazon, custando R$ 2.657,68 a versão de 128 GB. Já o modelo de 256 GB pode ser comprado por R$ 3.281,03.
Outra empresa que também vem trabalhando em seu próprio metaverso é a Microsoft. A partir deste ano, os usuários poderão participar de reuniões virtuais através do Teams utilizando avatares 3D, criando um universo de bonecos digitais que podem interagir entre si. Batizado de Microsoft Mesh, o recurso pode ser acessado através de um smartphone, óculos de Realidade Virtual de terceiros ou com o HoloLens 2, os óculos inteligentes de realidade mista da Microsoft.
O HoloLens 2, inclusive, nasceu com foco no uso corporativo. O modelo vem com o Snapdragon 850, 4 GB de RAM e armazenamento interno de 64 GB. Ele ainda possui um par de alto-falantes e uma câmera frontal de 8 megapixels para videoconferência, com capacidade para até 6 graus de rastreamento.
O dispositivo pode ser encontrado na Microsoft Store, custando a partir de US$ 3.5 mil, o que, convertido, dá algo em torno de R$ 20 mil.
Em maio do ano passado, a HTC anunciou, durante o Vivecon 2021, o Vive Pro 2, headset que oferece resolução 5K, display com 120º de FoV (Campo de Visão) e taxa de atualização de 120Hz. O Vive Pro 2 foi projetado para ser conectado ao PC. Por isso, para utilizar a tela de 4096 x 2448 com 120Hz será necessário um computador potente, que consiga acompanhar o headset VR.
Apesar de ter sido desenvolvido com foco em uso profissional para empresas, o novo Vive Pro 2 traz configurações muito interessantes para os gamers. A taxa de atualização de 120Hz garante uma boa visualização das imagens e conforto ao utilizar o VR. Além disso, o display utiliza sub-pixels RGB com lentes duplas, para cada olho, sobrepostas com melhoria do campo de visão, garantindo que as bordas não fiquem desfocadas.
O HTC Vive Pro 2 pode ser encontrado por R$ 9.349 no Ponto Frio.
Os principais mundos do Metaverso
Os maiores players da tecnologia estão investindo no metaverso, bem como perfis de consumo estão se adaptando. Confira alguns dos principais mundos que já operam e outros que ainda estão em desenvolvimento, mas prometem entregar funcionalidade e entretenimento para os usuários!
A Microsoft vai permitir que reuniões virtuais por meio do Teams aconteçam utilizando avatares 3D, criando um universo de bonecos digitais que podem interagir entre si. Batizado de Microsoft Mesh, o recurso permitirá o uso de personagens animados durante as videoconferências quando não quiserem ligar a câmera.
Ainda de acordo com a Microsoft, as empresas vão poder utilizar essa função para criar seu próprio Metaverso, em que seus funcionários podem interagir em um universo virtual. O internauta poderá acessar o Mesh usando um smartphone, óculos VR de terceiros ou o HoloLens (óculos inteligentes de realidade mista da Microsoft).
Caso a pessoa não tenha um dispositivo que suporte a exibição de imagens em 3D, ela poderá participar da interação com avatares 2D sem maiores problemas. O avatar será animado usando a voz do usuário, graças à IA (Inteligência Artificial) que a Microsoft está usando. Durante as reuniões, os personagens também poderão levantar as mãos quando a opção for acionada ou animar um emoji ao redor do avatar.
“Seja qual for o dispositivo, a tecnologia de realidade mista dará a cada usuário um avatar que proporciona uma sensação de presença, que permite que eles sejam seu eu expressivo quando não querem aparecer na câmera”, revelou a Microsoft, que agendou um novo evento de visualização para dia 5 de abril.
A página do evento não revela muito sobre o que será discutido, mas há pistas sobre o tipo de soluções de trabalho híbridas e ferramentas de segurança em que a Microsoft está trabalhando para empresas onde o “escritório” é mais uma ideia do que um local. Isso inclui assinaturas do Windows 365 para PCs em nuvem que você acessa por meio de um navegador da Web e uma visão detalhada do futuro das reuniões com o Microsoft Teams.
A NVIDIA, uma outra gigante da área de tecnologia, muito conhecida por suas placas gráficas, também terá a sua plataforma virtual de simulação e colaboração online. Chamada de NVIDIA Omniverse, a plataforma possibilita que designers, artistas e revisores trabalhem juntos em tempo real em aplicações de software, em um mundo virtual compartilhado de qualquer lugar.
O objetivo da empresa é se tornar a base do metaverso e, para isso, revelou recentemente novas integrações com o software Blender e aplicativos da Adobe. Com isso, a ferramenta de animação 3D de código aberto agora terá suporte para Universal Scene Description (USD), permitindo que os profissionais acessem os pipelines de produção do Omniverse.
Atualmente, a plataforma já está sendo usada por profissionais de empresas da ShoP Architects, South Park e Lockheed Martin. No caso de South Park, a série animada de televisão, a ferramenta está sendo explorada de modo a permitir que vários de seus artistas colaborem em cenas e otimizem seu tempo de produção insanamente limitado.
O NVIDIA Omniverse Enterprise, que atualmente ainda está sendo avaliada em mais de 500 empresas, está com acesso antecipado. A plataforma estará disponível ainda esse ano por assinatura da rede de parceiros da NVIDIA, incluindo ASUS, BOXX Technologies, Dell Technologies, HP, Lenovo, PNY e Supermicro. Informações sobre preços para Omniverse Enterprise podem ser encontrados no site oficial do serviço.
O Horizon Workrooms, um dos produtos anunciados pela Meta, já permite que as pessoas se reúnam para trabalhar na mesma sala virtual, independentemente de onde elas estejam. Ele funciona tanto na realidade virtual quanto na web e foi projetado para melhorar a capacidade das equipes de colaborar, comunicar e se conectar remotamente por meio do poder do VR.
Com o Oculus Quest 2, os ingressantes podem imitar a socialização com a criação de avatares, que representam sua figura na reunião, por exemplo. A ideia de Zuckerberg é trazer a proximidade e o ‘contato’ mais realista também para o meio corporativo. “Trabalhar sem colegas ao seu redor pode ser isolado às vezes, e fazer brainstorming com outras pessoas simplesmente não é o mesmo se você não estiver na mesma sala”, diz comunicado publicado pelo Facebook.
Assim, é possível reunir equipes para um brainstorming, escrever algumas ideias em um quadro branco, trabalhar em algum documento, conviver e socializar ou simplesmente ter conversas melhores que fluem com mais naturalidade.
Para um ambiente mais familiar, haverá ainda o Horizon Home, espaço voltado para atividades mais casuais com amigos e parentes. Dentre as possibilidades, está a realização de festas com a presença de amigos. A novidade funcionará da seguinte maneira: ao entrar em uma Oculus Party, com o Oculus Quest 2, os usuários poderão convidar as pessoas para o encontro no ambiente virtual. A festa utilizará os avatares dos usuários e dentro do espaço será possível conversar, assistir vídeos juntos, jogar e utilizar aplicativos.
O Decentraland, também disponível para os usuários, é uma plataforma descentralizada de realidade virtual construída na blockchain do Ethereum que permite a criação, vivenciação e monetização de seus conteúdos e aplicações. Atualmente, é gerida por uma organização autônoma descentralizada. A plataforma permite a exploração e desenvolvimento, da mesma maneira que acontece em Minecraft, e socialização, como vemos em Second Life, por exemplo.
Decentraland é dividido em 90 mil unidades de LAND em forma de token não fungível (NFT). No game, você pode comprar itens usando MANA, a criptomoeda presente neste universo. Nesse mundo 3D é possível ainda comprar e vender terrenos em formato de NFT (tokens não fungíveis), realizar pagamentos e ter uma vida online em um metaverso que imita e muito a realidade.
No final do mês de março de 2022, a plataforma foi palco do Metaverse Fashion Week, o Fashion Week do Metaverso, evento de moda que abordou os principais lançamentos do mundo da moda, misturando a realidade com o virtual. No evento, marcas consagradas como Dolce & Gabanna, Forever 21 e Hugo Boss marcaram presença. O intuito de realizações como essa é popularizar eventos em universos virtuais.
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