O registro de patentes costuma ser um bom indicador do que esperar no futuro das gigantes tecnológicas. Um bom exemplo disso é a Sony, que mostrou interesse na retrocompatibilidade para o PS5 (notícia que veio meses depois), e a Samsung, que já deu pistas de um Galaxy Tab “Fold”. Agora é a vez da Apple registrar uma nova patente que poucos esperavam.
Com registro no United States Patent and Trademark Office, a patente de tela dobrável propõe resolver problemas presentes na atual tecnologia que vemos na concorrência. Um detalhe notado por muitos (inclusive por nós) é o vinco presente na divisória do Galaxy Fold, problema que era muito pior na versão inicial – cujo lançamento era para ser em abril de 2019.
“iFold”
Segundo a descoberta do site AppleInsider, a Apple pretende trabalhar na vida útil da tela de seu aparelho dobrável com a adoção de um mecanismo de dobradiça, que pode incluir painéis retráteis. As abas móveis seriam abertas quando o dispositivo é desdobrado (para cobrir a lacuna entre as duas partes do revestimento da tela) e se retraem quando o gadget é dobrado.
Assim, já que as abas seriam capazes de cobrir o espaço entre a proteção da tela quando o dispositivo for desdobrado, isso sugere que um aparelho usando esse mecanismo de dobradiça quase não teria vinco ao ser desdobrado. Isso é uma evolução grande se compararmos aos designs da já citada Samsung.
Ao dobrar a tela dessa forma, o estresse no que seria o vinco é quase nulo, pois o raio da dobra aumenta devido à separação das abas. Porém, vale a atenção: a parte externa à tela não é a traseira do aparelho, e sim a proteção para a tela. Na ilustração acima podemos ver a espessura da tela comparada à proteção – o que só deixa claro que trata-se de uma “segunda camada”, e não a parte externa do dispositivo.
O documento com a data de ontem (04/02) compila também como seria o movimento de outras peças. Por dentro, a dobradiça gerencia o movimento da tela para curvar-se (aparelho dobrado), usando uma seção vazia para dar à tela o espaço necessário para o raio da curva aumentar. Um mecanismo de engrenagens pode ajudar a manter as distâncias da carcaça e da tela a cada elemento extra “não dobrável”, além de reforçar o raio de curvatura.
“Mas o espaço vazio não tornaria a tela inutilizável?”, você pergunta. A Apple possui a solução: quando o aparelho está aberto, as abas podem ser estendidas internamente para dar apoio à tela, para evitar qualquer problema caso você aperte uma área que possa afetar a posição da tela. O espaço também previne que haja tensão mais do que o necessário para o uso normal.
Ao longo do registro há ainda outras 46 imagens que mostram a aplicação do mecanismo com a tela em diferentes estados/angulações, com descrições bem detalhadas para cada peça
Apple entrará na Era Dobrável?
A Apple registra diversas aplicações de patente todas as semanas – basta checar o próprio site americano. Porém, o registro de tecnologia dobrável não é uma confirmação explícita de que a empresa esteja trabalhando no lançamento de um dispositivo do tipo ao público, apenas uma área de interesse desenvolvido pela empresa.
Para você ter ideia, uma versão da patente que citamos ao longo deste texto foi inicialmente arquivada em 2016 e em 2018 houve um registro bem explícito nomeado “Dispositivos eletrônicos com telas flexíveis”, que explicou a maneira que uma tela pode possuir elementos que auxiliam na dobra, como a proteção que poderia ser feita por outros materiais flexíveis (e não fixos, como mostramos acima).
Bizarramente, houve até uma patente para dobra em zigue-zague e, ainda em 2018, uma para bateria dobrável. Em 2019 eles também fizeram uma patente de “proteção à área dobrável contra mudança de temperatura”, a primeira dobradiça da empresa. E a lista não acaba por aí, pois meses depois um fecho magnético possibilitaria a ação, ao invés das várias engrenagens da patente de 2020.
Por mais que todo o mecanismo esteja em um nível avançado, o que é ótimo ao tratarmos de evolução tecnológica, isso pode ser um tiro no pé da própria Apple, pois na prática adiciona uma complexidade aos aparelhos. Imaginar uma produção em massa de iPhones com dezenas de engrenagens pode te agradar por soar bastante steampunk, porém é altamente custoso. Ou seja, caso invistam em dobráveis, é pouco provável que sigam exatamente nessa linha.
Enquanto isso, o que nos resta é ficarmos atentos à concorrência de telas dobráveis e ver se a Apple irá dar seu primeiro passo – e torcer para que ele não chegue aqui por 13 mil reais e nem esgote em 24 horas, como um outro produto.
Fonte: Tom’s Guide
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