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Em pesquisa divulgada no último dia 29, a NASA divulgou que o asteroide Bennu, foco de estudo há anos, possui componentes essenciais para o início da vida, ressaltando a teoria de que os componentes para nossa existência tenham chegado por meio de asteroides. Entenda os resultados.
A missão OSIRIS-REx
A NASA sabe que, a cada seis anos, o asteroide Bennu se aproxima da Terra, passando a cerca de 300 quilômetros de distância. Com foco em saber quais componentes químicos estão presentes no corpo celeste de 500 metros de diâmetro, uma missão foi enviada em 2016 para recolher parte da matéria.
Com o custo de US$ 1,2 bilhão de dólares, a NASA usou a nave Osiris Rex, que conta com um braço robótico, para capturar cerca de 120 gramas de poeira preta. Quando isso foi realizado, a nave foi foi embalada em uma cápsula e retornou à Terra em 2023. As partes foram divididas com universidades de todo o mundo.
120 gramas pode parecer pouco para quem não entende de astronomia, mas os cientistas que receberam pequenas partes confirmam que isso é um verdadeiro tesouro. Isso porque os resultados da pesquisa ajudam a entender a origem da vida e como estes asteroides foram importante para a formação de vida.
Resultados da pesquisa
Tal missão mostrou que o asteroide Bennu conta com aminoácidos e compostos químicos presentes no DNA humano. Isso mostra, primeiramente, que o sistema solar teve materiais essenciais para a vida há 4,5 bilhões de anos e, possivelmente, os blocos de vida eram comuns e podem ter colidido com diversos planetas de nossa galáxia.
Após fazerem uma análise por cerca de 6 meses, os cientistas descobriram que o Bennu tem 16 mil tipos de moléculas orgânicas em sua composição. Isso abrange 14 dos 20 aminoácidos essenciais para a formação de proteínas na vida terrestre. Além disso, foram identificadas as quatro bases nitrogenadas que constituem o DNA: adenina, guanina, citosina e timina.
Tal descoberta mostra que o asteroide faz parte de um um objeto muito maior que se dividiu com o passar dos anos. A NASA sabe ele teria se formado na área chamada de periferia do Sistema Solar, além da órbita de Júpiter.
Outra informação relevante que foi possível descobrir apenas com pequenos grãos de poeira é que o asteroide tem muitos sais e minerais. Isso confirma a teoria de que o asteroide já teve água no passado, servindo como um ambiente propício para a vida. A amônia, um componente importante para reações bioquímicas, também foi descoberta na amostra.
Em junho de 2023, a NASA descobriu que o asteroide Bennu pode ter sido parte de um planeta com oceano e, por conter elementos radioativos, sua temperatura ambiente fez o gelo derreter e que o asteroide permaneceu inalterado por milhões de anos até que seu calor radioativo se dissipasse. Durante esse período, a amônia funcionou como um agente anticongelante, permitindo que a salmoura permanecesse líquida.
A descoberta é muito empolgante porque indica que asteroides como o Bennu já agiram como enormes fábricas químicas no espaço e podem ter sido responsáveis pelos elementos básicos essenciais para a vida na Terra e em outros planetas do nosso Sistema Solar.
Daniel P. Glavin, cientista da NASA e principal autor do estudo.
Asteroide como ambiente propício para a vida
Esses achados sugerem que Bennu possuía condições que poderiam ter sido propícias para a formação de moléculas orgânicas complexas. No entanto, não há evidências de que a vida tenha se desenvolvido no asteroide.
Essas descobertas reforçam a hipótese de que asteroides como Bennu podem ter contribuído para a disseminação dos blocos fundamentais da vida no Sistema Solar, possivelmente desempenhando um papel na origem da vida na Terra.
Outro fator relevante foi a detecção de argilas hidratadas contendo hidroxilas, que indicam interações prolongadas com a água no passado do asteroide. A presença de amônia e compostos nitrogenados sugere que, em algum momento, Bennu pode ter possuído ambientes ricos em compostos pré-bióticos, favorecendo reações químicas que poderiam ter levado à formação de moléculas mais complexas.
Esses achados se alinham com teorias sobre a origem da vida na Terra, que apontam para a possibilidade de que meteoritos e asteroides tenham trazido materiais essenciais, como aminoácidos e açúcares, que podem ter contribuído para o surgimento das primeiras formas de vida no planeta. A missão OSIRIS-REx continua analisando os fragmentos de Bennu para aprofundar o conhecimento sobre esses processos e sua importância na astrobiologia.
A missão OSIRIS-REx concluiu a fase de coleta e entrega das amostras do asteroide Bennu, mas continua ativa em uma nova etapa. Após retornar à Terra e liberar a cápsula com as amostras em setembro de 2023, a sonda continuou sua jornada e foi renomeada para OSIRIS-APEX. Agora, ela segue para estudar o asteroide Apophis, com chegada prevista para 2029.
E diga pra gente nos comentários: como você acha que a vida surgiu em nosso planeta?
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Com informações: NASA l Revista Nature
Revisão do texto feita por: Daniel Coutinho em 30/01/2025
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