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A voz de um dos maiores nomes da música brasileira chega até seus ouvidos por todos os cantos com uma nova remixagem que arrepia os fãs e espanta os desavisados. Como Nossos Pais, música de Elis Regina e poesia assumida de Belchior, passou por um tratamento de audição imersiva que causa o mesmo assombro e encantamento de um show ao vivo da pequena notável.
A Universal Music Brasil relançou a obra prima e canção imortalizada na voz de Elis Regina remasterizada no formato Dolby Atmos, conhecido no Brasil como Áudio Espacial. Vale ressaltar que é a primeira música brasileira a ser lançada com a tecnologia, capaz de provocar o chamado “espanto da audição”, com sons que parecem vir de todos os cantos: ao lado, à frente, por trás e de cima.
O espanto cresce a medida que nível de realismo da experiência musical oferece, ainda mais se tratando de um ícone que não está mais entre nós há quase 40 anos. Não apenas a voz, mas também a alternância entre momentos de força e sutileza dos instrumentos, transmite de maneira exata o distanciamento entre a intérprete, o microfone e o suposto público do que parece ser um show ao vivo.
Para marcar os quarenta e cinco anos da gravação e do lançamento de uma das mais marcantes canções nacionais, João Marcelo Bôscolli, produtor musical e filho da cantora, disse em comunicado que aproveitaram para restaurar alguns artefatos sonoros que não pertenciam à gravação original, como pequenas distorções e chiados.
A versão original foi registrada em estéreo, ou seja, feita para ser ouvida da maneira tradicional. Com a disponibilização em Áudio Espacial, agora é possível ouvir em até doze canais de som diferentes.
Isso significa que um círculo sonoro em volta do ouvinte é criado a partir da tecnologia, o que possibilita que os sons sejam colocados em qualquer ponto do espaço e não mais apenas em canais específicos.
Como funciona o Áudio Espacial?
Segundo o engenheiro da Dolby que também trabalhou na remasterização da música de Elis Regina, Giovanni Asselta, a tecnologia originou-se em 2012, criada inicialmente para o cinema. Ele explica que ocorre a junção de dois tipos de mixagem usuais: a de cama e a de objetos.
“A cama é a base, é o som que eu mixo pensando nas caixas. Uma mixagem por canal. Objeto não. Objeto é aquilo que eu mixo para a sala. Então, conseguimos fazer a somatório de cama e objeto, criando um áudio imersivo.”
Giovanni Asselta, engenheiro e diretor técnico da Dolby.
O acesso à experiência requer apenas um fone de ouvido simples. O filho e estrategista do legado de Elis, Bôscolli, apenas faz uma observação referente a necessidade de cuidado com a instigação imersiva.
“A mixagem vai agora por um caminho artístico, não mais apenas técnico, mas é preciso cuidado. Se Elis está cantando algo superemocional, não posso colocar uma virada de bateria passando por trás da cabeça do ouvinte. Isso seria como soltar um fio de raio laser durante uma interpretação dramática de Fernanda Montenegro. É preciso respeito”
João Marcelo Bôscolli
Importância da música dentro do contexto histórico da ditadura
A obra atinge caráter universal por tratar questões presentes nas realidades dos jovens em qualquer época: o conflito de gerações. Sendo escrita nos anos 70, também possui uma grande energia de repressão causada pela ditadura. Logo, a sensação de incômodo que a canção transmite se tornou quase um hino de movimentos que resistiram ao regime militar.
Não é a toa que a música, composição de Belchior, marcou gerações na voz de Elis Regina, aparecendo na lista de 100 melhores músicas brasileiras da história da revista Rolling Stone.
Em 1996, Belchior concedeu entrevista para discutir suas escolhas criativas, advertindo que a letra tem a missão de ser contundente.
“Surgiu da vontade explícita, direta, de fazer uma canção ácida, um pouco amarga, reflexiva sobre essa condição sempre mutante do jovem na era da comunicação. Contudo, o comprometimento político que essa mudança acarreta – e como essa mudança ocorre com muita frequência – eu quis fazer uma canção que ultrapassasse a mera narrativa do conflito de gerações”
Belchior
“Como Nossos Pais” pode ser ouvida em Áudio Especial pelo Apple Music ou pelo Tidal — o acesso para ambas as plataformas é exclusivo para assinantes. Aproveite para saber mais sobre como funciona o Áudio Espacial no Apple Music.
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Há alguns enganos na matéria:
– O recurso de áudio espacial da Apple está disponível no aplicativo Música para quem é assinante do serviço
– Não funciona em qualquer fone de ouvido, há uma lista de dispositivos habilitados
– O link da música incorporado na matéria não é a que contém a versão remasterizada para aúdio espacial
Ainda é uma tecnologia mal utilizada em filmes, pouquíssimos tem efeitos overhead, as ditas caixas no teto, então acaba como um 5.1 canais normal. Já na música achei estranho, efeitos de guitarra nas caixas aéreas, bateria viajando pelos lados. Testei com bandas tipo :Lynyrd Skynyrd, Grateful Dead, The Doors, assinei o Tidal hi plus para testar o atmos Music, fire stick 4k conectado diretamente no receiver 5.1.4.
Atmos é muito legal para entretenimento, terei uma sala com um destes de 13 canais, a brincadeira ainda é para os bonados, como 5.1 um dia já foi.
Mas, para música, nada como o bom e velho som estéreo, refinado, bem ajustado numa boa sala.