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Assim como em Barbie (2023), o patriarcado segue vencendo longe da Barbielândia. É o que mostra o recente relatório It’s a Man’s (Celluloid) World, divulgado pela Dra. Martha Lauzen, diretora executiva do Centro para o Estudo das Mulheres na Televisão e no Cinema da San Diego State University, com dados que revelam como mulheres são minoria nos filmes de maior bilheteria, representando uma estagnação preocupante em relação à representatividade feminina no cinema.
Em 2023, apenas 18% dos elencos dos 100 filmes de maior bilheteria apresentavam mais personagens femininas do que masculinos, enquanto 5% tinham um equilíbrio igualitário entre os gêneros.
It’s a Man’s (Celluloid) World
O relatório It’s a Man’s (Celluloid) World de 2023, elaborado pela Dra. Martha Lauzen, revelou uma análise profunda e preocupante da representação feminina nos 100 filmes de maior bilheteria do ano. Os dados destacam uma série de tendências que evidenciam a contínua desigualdade de gênero na indústria cinematográfica.
Em relação à raça/etnia, os números mostram que 61,5% dos personagens masculinos em papéis de fala eram brancos, marcando uma queda significativa em relação aos 68,7% registrados em 2022. O relatório também destaca que a maioria dos elencos dos filmes, cerca de 77%, apresentava mais personagens masculinos que femininos.
Além disso, houve uma queda na representatividade feminina em papéis de fala em geral, com a porcentagem de mulheres nessas funções diminuindo de 37% em 2022 para 35% em 2023. A presença de protagonistas femininas únicas também diminuiu, passando de 33% para 28%, um número significativamente abaixo do pico de 40% alcançado em 2019.
Etarismo feminino
No que diz respeito à idade, a distribuição dos personagens femininos em papéis de fala também revela uma tendência preocupante. Apenas 17% dos personagens femininos tinham menos de 20 anos, enquanto a maioria estava concentrada em faixas etárias mais avançadas, com 22% em seus 20 anos, 33% em seus 30 anos, 15% em seus 40 anos, 6% em seus 50 anos e 7% com 60 anos ou mais. Essa distribuição reflete uma falta de representatividade das mulheres com mais de 40 anos, perpetuando estereótipos e limitando oportunidades de narrativas diversas.
O estudo revelou uma disparidade significativa no que diz respeito ao envelhecimento das personagens femininas em comparação com seus colegas masculinos. As personagens femininas tendiam a ser mais jovens, especialmente na faixa dos 20 e 30 anos, enquanto os personagens masculinos eram mais frequentemente representados na faixa dos 30 e 40 anos. As porcentagens de personagens masculinos não diminuíram até chegar aos 50 anos.
A Dra. Martha Lauzen observou em seu estudo que a população de personagens femininas diminui significativamente por volta dos 40 anos. Apesar de atuações notáveis de atrizes como Jane Fonda, Lily Tomlin, Rita Moreno e Sally Field em 80 for Brady, por exemplo, os papéis para atrizes com mais de 60 anos são raros. Segundo a doutora, essa limitação na representação da idade feminina não apenas reflete uma falta de diversidade, mas também limita a capacidade das mulheres de envelhecer em posições de poder pessoal, político e profissional, perpetuando estereótipos prejudiciais sobre as mulheres à medida que envelhecem:
A população de personagens femininas diminui significativamente por volta dos 40 anos. Essa faixa etária compreendia apenas 7% de todas as mulheres nos filmes de maior bilheteria de 2023, bem abaixo de sua representação na população dos EUA. Limitar a idade das personagens femininas também limita a sua capacidade de envelhecer em posições de poder pessoal, político e profissional.
Dra. Martha Lauzen
Impacto positivo de mulheres como protagonistas e diretoras
O estudo também destaca o impacto positivo que a presença de mulheres atrás das câmeras tem na representação feminina na tela. Filmes como Barbie, co-escrito e dirigido por Greta Gerwig, e Priscilla, de Sofia Coppola, demonstram como a inclusão de diretoras e/ou escritoras resulta em uma representação mais equilibrada das mulheres.
Nestes filmes, nos quais há pelo menos uma diretora e/ou escritora envolvida, as percentagens de mulheres como protagonistas são muito mais altas que em filmes com cineastas exclusivamente masculinos (48% contra 19%). Além disso, a presença feminina em papéis principais também é mais proeminente (48% contra 33%), assim como a representação de mulheres como personagens que têm falas (43% contra 31%).
Um dos casos mais famosos de Hollywood quando se trata de resistência em personagens femininas se refere a produção do filme Contato (1997). Executivos de estúdio expressaram preocupações sobre a viabilidade comercial de um filme com uma mulher no papel principal, temendo que o público não se identificasse ou se interessasse por uma personagem feminina em um papel tão central. Essas hesitações resultaram em dificuldades para encontrar financiamento e apoio para o projeto, tornando a produção do filme uma tarefa desafiadora desde o início.
Apesar das dificuldades iniciais, o filme Contato acabou encontrando apoio e foi produzido com Jodie Foster no papel principal. O casamento foi tão bem-sucedido que, anos depois, a atriz afirmou que a personagem criada por Carl Sagan foi aquela com a qual mais se identificou durante todas as suas atuações:
Eu acho que, mais do que qualquer personagem que eu já interpretei, Ellie Arroway é a mais parecida comigo ou pelo menos a mais parecida com a forma como eu acho que deveria ser vista – como eu me vejo ou algo assim. Ela é tão profunda emocionalmente quanto prodigiosa intelectualmente, e isso a levou a viver esse tipo de vida solitária.
Jodie Foster, sobre sua personagem Eleanor Arrow em “Contato” (1997).
A escolha da renomada atriz contribuiu para dar credibilidade ao projeto e, eventualmente, o filme foi bem recebido tanto pela crítica quanto pelo público. A resistência inicial em torno da protagonista feminina acabou sendo superada, e Contato se tornou um marco na ficção científica, destacando a importância da representação feminina em papéis de destaque no cinema.
Sempre em pauta aqui no Showmetech, a representatividade feminina é mais do que essencial no cinema, por isso, nos próximos dias iremos publicar uma matéria reunindo os melhores filmes escritos por mulheres.
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Fontes: Variety, It’s a man’s world’s e USC
Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim
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Se os homens conseguiram se destacar, o mérito é deles. Parabéns a ales!