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Em um mundo onde o entretenimento em streaming se tornou uma parte vital de nossas vidas, o Disney+ surgiu como um grande competidor desde seu lançamento. Com um vasto catálogo que abraça as amadas franquias Marvel e Star Wars, a plataforma prometia trazer aventuras épicas para os fãs em todo o mundo. No entanto, recentemente, tem sido difícil ignorar a sensação de que a magia da Disney está perdendo seu apelo. A audiência parece estar diminuindo, e a insatisfação do público cresce à medida que as expectativas não são atendidas, principalmente quando se trata do MCU e do universo intergaláctico da Lucasfilm. Mas afinal, o que está acontecendo?
A queda dos últimos anos
A Disney comprou a Marvel Entertainment no dia 31 de dezembro de 2009. Já a Lucasfilm, empresa responsável pela saga de Star Wars, foi adquirida em 30 de outubro de 2012. Ambas as aquisições tiveram um impacto significativo na expansão de seus respectivos universos cinematográficos, conseguindo alcançar números astronômicos de bilheteria tanto no cinema, quanto no próprio streaming da Disney lançado em 2019.
Ainda assim, algo que passava despercebido em anos passados era justamente a participação da empresa nas produções, até porque o MCU e os filmes de Star Wars já tinham nome no meio da cultura pop e do mundo do audiovisual. Era normal que o público não cogitasse uma grande influência da companhia, mas a julgar por Bob Iger, CEO da Disney, foi exatamente essa aquisição o motivo da Marvel Studios, por exemplo, ter começado a ser prejudicada.
Houve algumas decepções (recentes). Gostaríamos que alguns lançamentos tivessem um desempenho melhor (nas bilheterias). É reflexo não como um problema do ponto de vista pessoal, mas acho que, em nosso zelo de basicamente aumentar nosso conteúdo significativamente, para atender às ofertas de streaming, acabamos sobrecarregando nosso pessoal muito além – em termos de seu tempo e foco – de onde eles estavam.
A Marvel é um grande exemplo disso. Eles não estavam no negócio da TV em nenhum nível significativo, e não só aumentaram a produção de filmes, mas acabaram fazendo várias séries. E, francamente, isso diluiu o foco e a atenção do público.
Bob Iger, CEO da Walt Disney Studios
Antes mesmo de ser lançado nos cinemas, Eternos já era uma produção alvo de críticas e polêmicas. O filme da Marvel acabou recebendo a classificação mais baixa de todos os filmes da empresa, acumulando um total de 62% de aprovação apenas. Thor: Dark World já tinha recebido 66% em 2013.
Quando falamos da crítica, apesar dos apesares, uma divisão de opiniões se formou, especialmente por conta da direção de Chloe Zhao, que venceria o Oscar mais tarde, e a ambição de uma história completamente diferente de tudo o que a Marvel já tinha apresentado. Porém, quando se trata da audiência, é pouco improvável que os fãs pesem esse lado, se importando muito mais com o conteúdo.
Com o passar do tempo, uma nova oportunidade de reverter esse quadro estava no horizonte. O anúncio de mais produções das franquias adquiridas foi algo tão revolucionário e inédito que as expectativas subiram de imediato. Estávamos diante de uma nova onda e uma grande fase que aqueceria ainda mais o coração daqueles fãs que já estavam começando a perder as esperanças. Star Wars também ganhou uma atenção em especial, principalmente pela grande quantidade de spin-offs divulgada, o que foi capaz de alcançar até a parcela de fãs mais antiga da Lucasfilm. Mas apesar de toda a estratégia, será que os resultados esperados foram obtidos?
MCU
O que aconteceu com a audiência?
Com o lançamento de Vingadores: Ultimato em 2019, a Marvel já estava ciente que o sucesso extraordinário do filme e de todos os demais que uniram Capitão América, Homem de Ferro, Hulk, Thor, Viúva Negra e o Gavião Arqueiro fosse tanto que exigiria um esforço colossal para manter o nível ou até repeti-lo. Isso tudo porque eles haviam gradualmente construído a expectativa do público ao longo de mais de uma década.
Com a despedida da Fase 3, que reunia desde o primeiro filme de Steve Rogers até Homem Aranha: Longe de Casa, a Fase 4 foi anunciada com novas séries e produções que contariam com histórias inéditas, afinal, novos heróis precisavam ser introduzidos. Mas na prática, o sucesso não foi tão absoluto assim.
Loki, Falcão e o Soldado Invernal e Wandavision, que conquistou três Emmys, conseguiram levar alguma empolgação para o público, principalmente o primeiro que, após uma tremenda comoção por abrir as portas para a saga do Multiverso, teria uma segunda temporada, praticamente a pedido dos fãs. No entanto, Viúva Negra, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, Thor: Amor e Trovão, Hawkeye e Cavaleiro da Lua foram exemplos de produções que começaram a preocupar. Enquanto alguns seguiam basicamente releituras fracas dos primeiros filmes da Marvel ou uma tentativa frustrada de seguir com o novo contexto da franquia, outros pareceram desviar de todo o processo, deixando a desejar.
Atingindo uma marca de 95% de rejeição no Rotten Tomatoes, um dos maiores sites de agregação de críticas para filmes e televisão, Ms. Marvel se tornou o programa com menor audiência da história da Marvel. She-Hulk foi outra produção que acabou piorando a situação com a baixa qualidade de efeitos visuais, o que aumentou a polêmica desde o lançamento de Viúva Negra, uma vez que a Marvel sempre tinha sido um grande nome no meio. Muitos de seus filmes já haviam sido indicados ao Oscar nessa categoria.
Possíveis influenciadores
Pandemia e a falta do cinema
Com a covid-19, todo o planejamento dentro da empresa precisou ser alterado. Coincidentemente, isso acabou impactando o início da Fase 4. Com cinemas fechados no mundo inteiro, filmagens interrompidas e produções lançadas apenas em plataformas de streaming, foi a primeira vez que o MCU precisou ser repaginado. Segundo opiniões amadoras, acredita-se que talvez uma solução rápida para toda essa questão tenha gerado resultados nada satisfatórios.
A pandemia forçou a indústria do entretenimento a se adaptar aos meses de isolamento social, levando muitos filmes que costumavam estrear no cinema diretamente para o streaming. Com o tempo, conforme os cinemas começavam a ser gradualmente reabertos, ainda assim não era seguro o suficiente ficar por muito tempo numa sala fechada. Muitas das produções passaram a ter janelas de exibição mais curtas.
Ao mesmo tempo, com toda a mudança que a covid-19 trouxe à sociedade, a grande maioria dos filmes agora chegavam diretamente às plataformas digitais num período menor de tempo. Essa atitude passou a se tornar habitual e, dessa forma, mesmo hoje, muitas pessoas optam por aguardar novos projetos chegarem ao streaming ao invés de se deslocarem até uma sala de cinema.
Apesar de essa mudança aparentemente não fazer muita diferença para a Disney, uma vez que os filmes continuariam a ser consumidos, nada se compara aos extremos que a Marvel antes conseguia ao quebrar recordes de bilheteria.
Fadiga de super-heróis
O público que costumava se entusiasmar com cada novo lançamento do MCU no cinema já não demonstra o mesmo interesse por esse tipo de produção. Mas por quê?
Sem personagens marcantes e de peso como Capitão América e Homem de Ferro, é quase como se histórias cativantes não conseguissem ser mais reproduzidas. A Marvel parece estar engessada num sistema e, a julgar por grupos de fãs, com problemas de bloqueio também. Segundo opiniões frequentemente exploradas e debatidas na internet, acredita-se que a empresa tenha se perdido por começar a visar apenas parte da audiência, o que estaria prejudicando o conteúdo de suas histórias. Dessa forma, o padrão dos arcos de redenção e piadinhas não conseguem ser quebrados, apresentando muitos projetos como se fossem apenas uma nova versão do que todos já conhecem.
Diversos filmes contam com o personagem caindo novamente numa história de superação, o que comprova ainda mais a estratégia da Jornada do Herói na construção do roteiro. Acontece que, por mais que essa seja uma fórmula que sempre deu certo no cinema, com o tempo, ela tende a ganhar um prazo de validade se não reformulada.
Segundo alguns diretores renomados como Martin Scorsese e Quentin Tarantino, muito dessa fadiga pode ser explicada.
Eu tentei, sabe? Mas não é cinema. Honestamente, o mais perto disso, por mais bem-feitos que sejam e com os atores fazendo o melhor sob tais circunstâncias, são os parques temáticos. Isso não é cinema com seres humanos tentando transmitir experiências emocionais e psicológicas a outro ser humano.
Martin Scorsese, diretor
Querendo ou não, é muito provável que pessoas possam desistir de assistir à alguns filmes quando opiniões de grandes profissionais são expostas.
Expectativas foram geradas após Ultimato
A cultura do cancelamento é algo que já criou raízes na internet e parte do que pode explicar a baixa audiência das produções do MCU muito provavelmente vem dos próprios fãs insaciados e exigentes.
Apesar da mesma fórmula, é inegável que a empresa tenha se arriscado em outros tipos de projeto para agradar ao público. Cavaleiro da Lua foi um grande exemplo disso, quando procurou abordar temas mais sombrios e complexos, explorando transtornos mentais e a linha entre sanidade e loucura. Diversificando seu catálogo dessa forma, a Marvel até que se propôs a mostrar um pouco de humanidade e experiências reais, fora do âmbito tradicional da narrativa de um super-herói. No entanto, parece que essa nova decisão também não tenha sido das melhores.
A questão é que existe uma linha tênue entre o que é bom para o cinema e o que é bom para os fãs. Como mencionado anteriormente, após o sucesso absoluto dos Vingadores, era natural que o público fiel da Marvel criasse expectativas de continuar a ver produções do mesmo nível. Com a entrada do Multiverso, agora seria ainda mais impossível não diminuir essas esperanças que até beiram o impossível por não condizerem com todos os contextos apresentados pela franquia. Teorias são constantemente criadas e compartilhadas na internet, mas no momento que fãs se entregam a elas e não são concretizadas, ocorre a frustração que compromete a audiência consequentemente.
Produções interligadas
A característica marcante da Marvel é a sua interconexão, onde personagens e histórias se entrelaçam em um vasto universo. No entanto, essa mesma característica pode ter um efeito colateral: a potencial sobrecarga para os espectadores. Às vezes, a necessidade de acompanhar várias séries e filmes para entender completamente a trama pode parecer um desafio, afastando parte do público. A sensação de estar preso em um “esquema de pirâmide”, no qual a compreensão plena da história exige o consumo de diversos outros conteúdos, pode ser desestimulante.
A Marvel começou a enfrentar esse desafio de equilibrar a continuidade narrativa com a acessibilidade assim que se integrou à Disney. Porém, é válido destacar que há exceções, como Homem-Aranha: Sem Volta Para Casa que bateu US$ 1,8 bilhão em bilheteria global.
Mesmo que isso seja uma barreira para alguns fãs que precisam estar acompanhando, literalmente, todos os projetos, ainda é algo que precisa ser melhor trabalhado tendo em vista novos espectadores. Ainda com o exemplo de Homem-Aranha, é notável que a Marvel procura se basear muito mais em filmes cheios de fan-service e aparições especiais que construir uma narrativa interessante e de qualidade. Isso não é um problema, mas pode se tornar um quando extrapolam no apanhado de ideias para satisfazer o público. O fato de isso já ser um tema debatido nas redes sociais pelos próprios fãs já demonstra que algo precisa ser feito o quanto antes.
Crise dentro do MCU
Obviamente, quando algo acontece nos bastidores, isso pode interferir no resultado dos projetos. No ano passado, Bassam Tariq abandonou a direção do filme Blade, estrelado por Mahershala Ali, fazendo com que o roteiro precisasse ser alterado. Jonathan Majors, intérprete de Kang, o grande vilão apresentado na Fase 4 e esperado para a próxima, foi preso por agressão.
Além disso, os filmes Thunderbolts e Quarteto Fantástico tiveram que contratar novos roteiristas antes mesmo da greve atual. A série Armor Wars foi convertida em um filme para reduzir as horas de trabalho das equipes. Junto a isso, várias datas de estreia também precisaram ser adiadas como as de Vingadores: Guerras Secretas, que agora será lançado em 2026, e As Marvels, previsto para lançar em novembro desse ano.
Assim que se deu início à Fase 4, como citado anteriormente, She-Hulk serviu como estopim para a questão de problemas com CGI ser levantada. Na época, ex-funcionários de efeitos especiais da Marvel relataram experiências negativas, incluindo baixos salários e prazos apertados, o que teria sido exatamente a razão da qualidade do resultado. No entanto, segundo Dhruv Govil, um dos artistas que trabalhou em alguns filmes da empresa, esse problema não era tão novo e também não estava relacionado a Bob Chapek, ex-CEO da Disney, como alguns acreditavam.
Já a crise mais recente envolveu a demissão de Victoria Alonso, uma das produtoras mais antigas da Marvel, supostamente devido a uma recusa em editar uma bandeira LGBT em Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania para a aprovação na Arábia Saudita. Junto a ela, Isaac “Ike” Perlmutter, executivo da empresa, também foi demitido como parte de um plano de redução de custos, devido à postura conservadora.
Greve dos roteiristas
Assim como toda produção de Hollywood, um atraso é esperado no setor cinematográfico. Com a greve de roteiristas, muitos dos filmes e séries tiveram as datas de lançamento e até de gravações adiadas.
O grupo Writers Guild of America (Associação de Escritores da América, em português), que representa aproximadamente 11.500 roteiristas de cinema e televisão, está liderando a greve em busca de melhores condições salariais, fora um pedido de regulamentações sobre o uso de inteligência artificial generativa no processo de criação.
Thunderbolts, o primeiro filme da Marvel que juntaria a história dos anti-heróis do universo como numa espécie de nova versão dos Vingadores, foi a que mais pareceu entristecer os fãs. As gravações já deveriam ter começado em Atlanta, mas a produção segue aguardando o encerramento da greve.
Embora isso possa ser um elemento externo, é preciso que a empresa tome cuidado assim como foi no período da pandemia. Qualquer tipo de atraso nas produções pode se tornar um “efeito dominó”, consequentemente gerando uma demanda muito maior e, portanto, uma entrega malfeita dos projetos. Mas é interessante lembrar que Bob Iger, CEO da Disney, já deixou clara a importância de reavaliar a quantidade de sequências que cada personagem do MCU deveria ter e, assim, poder explorar novas direções de maneira correta.
Futuras produções esperadas
Com o recente lançamento da série Invasão Secreta no Disney+, parece que algumas esperanças podem, talvez, ser renovadas quanto à nova fase do MCU, mas de maneira geral, o resultado não agradou a empresa.
Em entrevista prévia à estreia, Kevin Feige, presidente da Marvel Studios, tinha se mostrado bastante confiante quanto ao futuro do universo cinematográfico. Além de mencionar várias das séries que ainda estão por vir, ele havia afirmado estar apostando alto que o programa fosse conquistar uma grande audiência.
Tenho o prazer de compartilhar que, quando você compara nossa série da Marvel a alguns dos programas mais badalados em serviços competitivos, mesmo nossas menores séries alcançam um público muito maior e mais internacional. Muitas vezes, duas a três vezes o número de espectadores.
Kevin Feige, presidente da Marvel
Trazendo Samuel L. Jackson de volta ao papel do querido Nick Fury, Invasão Secreta mostra uma facção clandestina de Skrulls que invadem o planeta como metamorfos.
Vimos todos os seis episódios, conseguindo ter uma ideia do que esperar da Marvel daqui para frente. Veja mais: CRÍTICA: Invasão Secreta SE01 EP06: Lar doce lar
Também listamos abaixo todos os próximos lançamentos do MCU. As séries serão disponibilizadas exclusivamente no Disney+, enquanto os filmes também serão lançados no streaming após os cinemas. Produções de direitos da Sony Pictures, como o universo de Homem-Aranha, são exceção.
Loki – Segunda temporada
Data: 5 de outubro de 2023
Onde: Disney+ (Série)
As Marvels
Data: 9 de novembro de 2023
Onde: Cinema (Filme)
What if…? – Segunda temporada
Data: Natal de 2023
Onde: Disney+ (Série)
Echo
Data: Janeiro de 2024
Onde: Disney+ (Série)
X-Men ’97
Data: Início de 2024
Onde: Disney+ (Série)
Madame Teia
Data: 14 de fevereiro de 2024
Onde: Cinema (Filme)
Homem-Aranha: Além do Aranhaverso
Data: 29 de março de 2024
Onde: Disney+ (Filme)
Deadpool 3
Data: 3 de maio de 2024
Onde: Cinema (Filme)
Venom 3
Data: 12 de julho de 2024
Onde: Cinema (Filme)
Capitão América: Brave New World
Data: 26 de julho de 2024
Onde: Cinema (Filme)
Kraven: O Caçador
Data: 29 de agosto de 2024
Onde: Cinema (Filme)
Agatha: Darkhold Diaries
Data: Entre setembro e novembro de 2024
Onde: Disney+ (Série)
Thunderbolts
Data: 20 de dezembro de 2024
Onde: Cinema (Filme)
Spider-Man: Freshman Year
Data: 2024
Onde: Disney+ (Série)
Marvel Zombies
Data: 2024
Onde: Disney+ (Séries)
Blade
Data: 14 de fevereiro de 2025
Onde: Cinema (Filme)
Quarteto Fantástico
Data: 3 de maio de 2025
Onde: Cinema (Filme)
Vingadores: A Dinastia Kang
Data: 1º de maio de 2026
Onde: Cinema (Filme)
Vingadores: Guerras Secretas
Data: 7 de maio de 2027
Onde: Cinema (Filme)
Daredevil: Born Again
Data: Sem previsão
Onde: Disney+ (Série)
Coração de Ferro
Data: Sem previsão
Onde: Disney+ (Série)
Homem-Aranha 4
Data: Sem previsão (possivelmente entre Vingadores: A Dinastia Kang e Guerras Secretas)
Onde: Cinema (Filme)
Armor Wars
Data: Sem previsão
Onde: Cinema (Filme)
Vision Quest
Data: Sem previsão
Onde: Disney+ (Série)
Spider-Man: Sophomore Year
Data: Sem previsão
Onde: Disney+ (Série)
Série sobre o Reino de Wakanda (Sem título)
Data: Sem previsão
Onde: Disney+ (Série)
Wonder Man/Magnum
Data: Sem previsão
Onde: Disney+ (Série)
Shang-Chi 2
Data: Sem previsão
Onde: Cinema (Filme)
Nova
Data: Sem previsão (possivelmente engavetado)
Onde: Disney+ (Série)
Star Wars
A magia se perdeu?
A franquia de George Lucas sempre passou muito longe de baixas audiências, desde o lançamento de seu primeiro filme, mas com a aquisição da Disney, a história começou a ir para outros rumos ao retirar Star Wars das mãos de seu criador em 2012, que já havia deixado um esboço pronto para três próximos filmes do universo.
Fugindo das ideias originais, a frustração dos fãs acabou chamando atenção da Disney, que nesse ano, durante o evento Star Wars Celebration, anunciou mais três novos longas-metragens. Eles envolveriam a história da volta de Ray para construir uma nova Ordem Jedi e, segundo Kathleen Kennedy, a atual presidente da Lucasfilm, a trilogia buscaria mostrar o passado, presente e futuro da linha do tempo canônica.
Assim como a Marvel, a Lucasfilm também acabou passando por uma crise, muito provavelmente em decorrência da pandemia. Com projetos engavetados e até abandonados, ainda persiste uma dúvida sobre o futuro. Felizmente, se comparado a Marvel, Star Wars ainda não tinha chegado a ter produções com baixíssimas audiências, conseguindo manter um certo padrão, porém, burburinhos começaram a ser criados em torno, principalmente, de algumas das novas séries derivadas da história.
O verdadeiro poder de Star Wars reside nas produções voltadas ao cinema e que transformam a experiência em um evento significativo, assim como é o que sempre foi esperado de filmes com super-heróis. Quando passam a diluir esses extensos universos em produções televisivas, parece que o resultado começa a desandar, mesmo que a intenção seja boa em explorar spin-offs e outras histórias propositalmente menores.
Com toda a turbulência de uma crise, a espera para sequências da saga aumentou e ainda parece que se estenderá por um bom tempo. Ao que tudo indica, nenhuma produção grande para cinema será lançada antes de 2025 e a Lucasfilm não pensa em divulgar datas. Por conta disso, é válido que se pense no que pode estar acontecendo atualmente e muitas das perguntas sempre voltam para o mesmo ponto: a falta de uma figura de liderança.
Por mais que os fãs já tenham deixado muito claro o desejo de uma volta grandiosa de George Lucas, essa ideia parece ser um pouco impossível de se concretizar, visto que o criador, quando decidiu vender sua produtora, tinha intenções de se aposentar. Rumores alegam que a sua insatisfação com as produções poderiam ser a razão para um retorno, mas a Lucasfilm pensa em tê-lo apenas como consultor.
As séries na prática
A primeira baixa audiência
Na estreia de sua primeira temporada no Disney+, The Mandalorian foi um sucesso de críticas. Sua sequência não foi diferente, porém, a última parte parece que deixou a desejar.
O The Wrap, plataforma responsável por cobrir informações de negócios do mundo do entretenimento, compartilhou dados da Samba TV, que por sua vez, opera análises de audiência, sobre a terceira temporada da série. Assistida por menos de 1,5 milhão de pessoas em sua estreia, embora possa parecer ser um número considerável, não chega a se comparar com o desempenho de outras produções de Star Wars. De acordo com uma outra análise vinda do The Direct, O Livro de Boba Fett, por exemplo, teve uma estreia 2% mais forte do que a terceira temporada de The Mandalorian, ultrapassando a marca de 1,5 milhão de visualizações.
Obi-Wan Kenobi, por exemplo, obteve uma audiência média ainda maior, registrando um aumento de 28% em relação a The Mandalorian. Apesar das participações de atores como Ewan McGregor e Hayden Christensen terem tido um impacto significante para a primeira, nunca tinha sido esperado que a terceira temporada da série que acompanha o caçador de recompensas Din Djarin tivesse queda na audiência.
Os rumores de Ahsoka
Lançada dia 22 de agosto desse ano, Ahsoka conta a história da protagonista de mesmo nome, uma ex-Jedi que investiga uma ameaça à galáxia, sendo um spin-off de The Mandalorian.
Antes de sua estreia, as expectativas já estavam altas. Em 2008, com a introdução da personagem na série The Clone Wars: Ahsoka Tano, que ajudou no desenvolvimento de várias situações assim que ela saiu da Ordem Jedi, os desejos dos fãs ao vê-la ganhar sua própria história começaram a ser altos. Um dos rumores que mais foram comentados se tratava da aparição de Anakin Skywalker, com Hayden Christensen voltando ao papel outra vez.
Dave Filoni, cocriador de Ahsoka na animação Star Wars: The Clone Wars, chegou a conversar com o Hollywood Reporter sobre suas expectativas para a nova série.
Estou gostando muito dessa sensação. É algo que nunca pensei que faria, por mais que tenha feito todas essas coisas diferentes ao longo dos anos com a saga ‘Star Wars’. Escrever, dirigir e colaborar nesse tipo de coisa com tantas pessoas é apenas o topo da montanha para mim neste momento. Há muito trabalho a ser feito, mas tenho uma equipe incrivelmente talentosa ao meu redor para me apoiar. Portanto, estou cautelosamente otimista. Prefiro deixar os fãs falarem por mim, como sempre fazem.
Dave Filoni, cocriador de Star Wars Rebels e The Clone Wars
Porém, logo após sua estreia, segundo dados da Samba TV, Ahsoka teve seu primeiro episódio visto por cerca de 1,2 milhão de espectadores, algo similar a Andor. Novamente, embora pareça ser um número considerável, se comparado aos registrados pelas estreias de The Mandalorian e Obi-Wan Kenobi, chega a provar uma audiência baixa. No segundo episódio, uma queda ainda aconteceu para 956 mil pessoas.
Acontece que a Disney não ficou nada contente com essa divulgação, uma vez que a realidade parecia ser outra. Mesmo não acostumada a divulgar dados, a companhia revelou que o primeiro episódio da série foi, na verdade, assistido por 14 milhões de espectadores no mundo todo. Essa informação faz com que Ahsoka tenha se tornado a produção mais vista na plataforma até o momento. Mas será que isso é o suficiente para provar uma possível “volta por cima” da Lucasfilm?
Também estamos acompanhando a série, conseguindo ter uma ideia do que esperar das produções de Star Wars daqui para frente. Veja mais: CRÍTICA: Episódio 7 de Ahsoka traz rostos lendários e a fuga da esperança
Futuras produções esperadas
Listamos abaixo todos os próximos lançamentos do universo de Star Wars. As séries serão disponibilizadas exclusivamente no Disney+, enquanto os filmes também serão lançados no streaming após os cinemas.
Skeleton Crew
Data: Final de 2023 (podendo ter sido adiada para 2024)
Onde: Disney+ (Série)
Andor – Segunda temporada
Data: Meados de 2024
Onde: Disney+ (Série)
The Acolyte
Data: 2024
Onde: Disney+ (Série)
New Jedi Order
Data: Sem previsão (possivelmente em 22 de maio de 2026)
Onde: Cinema (Filme)
Dawn of the Jedi
Data: 18 de dezembro de 2026 ou 17 de dezembro de 2027
Onde: Cinema (Filme)
Filme sem título (Mandoverso)
Data: 18 de dezembro de 2026 ou 17 de dezembro de 2027
Onde: Cinema (Filme)
Lando
Data: Sem previsão
Onde: Disney+ (Série)
A Droid Story
Data: Sem previsão
Onde: Disney+ (Filme)
Rogue Squadron
Data: Sem previsão (possivelmente engavetado)
Onde: Cinema (Filme)
Filme dirigido por Taika Waititi (Sem título)
Data: Sem previsão
Onde: Cinema (Filme)
Filme produzido por Kevin Feige (Sem título)
Data: Sem previsão (possivelmente engavetado)
Onde: Cinemas (Filme)
Nova trilogia produzida por Rian Johnson (Sem títulos)
Data: Sem previsão
Onde: Cinemas (Filme)
Crise na Disney
Para quem não sabe, Bob Iger era o chefe-executivo da Disney em 2019, quando sete filmes foram lançados, arrecadando mais de US$ 1 bilhão cada nas bilheterias.
Bob apresentou uma estratégia de filmes com a marca Disney, e durante dez anos ou mais, nenhum outro estúdio conseguiu competir com eles.
Jessica Reif Ehrlich, analista do Bank of America
Tendo aposentado logo mais, Iger foi convocado a voltar em novembro de 2022 para auxiliar na reorientação da empresa. Isso porque seu sucessor, Bob Chapek, foi afastado devido a uma disputa com o governador da Flórida, Ron DeSantis, e devido a prejuízos que estavam se acumulando em sua divisão de streaming. Agora, faltando menos de 18 meses para o término do seu contrato de dois anos, é questionado se ainda haverá tempo para magia da Disney renascer. De maneira geral, a opinião entre especialistas é unânime, considerando que Iger conseguiu ter uma ótima gestão nos períodos de 2005 até 2020.
A empresa não irá mudar o seu modelo de negócios. A máquina da Disney é a mesma por décadas: produção de conteúdo e todo um ecossistema que gira em torno disso como parques, produtos, licenciamentos, cinemas e, mais recentemente, streaming. A volta do CEO Bob Iger foi vista como um ajuste de rota para otimizar esse modelo.
Paulo Gitz, estrategista global da XP
Mas produções como Peter Pan & Wendy, que obteve a pior pontuação de audiência de todos os tempos e até alguns recentes projetos da Pixar, como Elementos, considerado fracasso de bilheteria, são sinais de que a parte da criação precisaria ser revista. A Pequena Sereia, live-action com US$ 569 milhões arrecadados globalmente, consegue ilustrar muito bem o que o público pode desejar ao consumir produtos da Disney. Nos seus primeiros cinco dias após chegar ao streaming, 16 milhões de visualizações foram registradas.
Para se ter uma noção, A Cratera, filme original lançado dia 12 de maio no Disney+, permaneceu no catálogo por apenas sete semanas. Com uma audiência terrivelmente fraca, a atitude de retirá-lo surpreendeu.
A nova estratégia da Disney
Assim como já havia comentado sobre Marvel ter sido prejudicada pela compra da Disney, Bob Iger anunciou em entrevista à CNBC, que haveria uma desaceleração na produção de franquias grandes do Disney+. Essa decisão estaria envolvida com contenção de despesas, visto a constante baixa audiência nas bilheterias de grande parte de filmes mais recentes.
Você recua não apenas para se concentrar, mas também como parte de nossa iniciativa de contenção de custos. Gastar menos com o que fazemos e ganhar menos.
Bob Iger, CEO da Walt Disney Studios
Ele destacou a importância de priorizar essa redução de despesas e a alocação criteriosa de recursos. A Disney já havia implementado um amplo plano de reestruturação com o objetivo de economizar US$ 5,5 bilhões, com um corte de US$ 3 bilhões planejado para o conteúdo, excluindo esportes. Essas ações foram tomadas para apoiar o Disney+, carro-chefe da empresa, e assim, poder expandir sua base de clientes. Uma reestruturação para devolver poder aos executivos criativos foi realizada e uma possibilidade de licenciar o conteúdo para outras plataformas de streaming, também é uma opção que estaria sendo cogitada.
Uma concentração na produção de séries para a franquia Star Wars, como Andor e Obi-Wan Kenobi, que receberam indicações ao Emmy, parece estar sendo o principal para Disney. O último filme da Lucasfilm foi lançado nos cinemas em 2019, mas apesar dessa significativa redução na produção de conteúdo, tanto a Marvel quanto a produtora fundada por George Lucas, têm sido as fontes substanciais de receita para a Disney. Assim que a companhia adquiriu os direitos da saga de Star Wars em 2012 por cerca de US$ 4 bilhões, ela rapidamente recuperou seu investimento com Rogue One: Uma História Star Wars, por exemplo.
Especialistas apontam sinais mais positivos devido à essa recente abordagem adotada pela companhia. Eles enfatizam que o prejuízo registrado no último trimestre talvez tenha ocultado esses avanços, o que colaborou pra criação de diversas opiniões pessimistas em relação às produções da Disney. Com base nisso, felizmente, podemos afirmar que uma esperança para as franquias da Marvel e Star Wars, segue viva.
Veja também: Apple vai comprar a Disney? Rumores aumentam
Fontes: Disney Plus Brasil, Legião dos Heróis, VEJA, Época, Folha de S.Paulo
Revisado por Glauco Vital em 5/10/23.
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Simplesmente, não responderam à pergunta feita no título!!! E a resposta é: LACRAÇÃO.
Sim, o problema é a lacração insuportável. A agenda não passa desapercebida e realmente incomoda.