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O período histórico do Japão feudal é um excelente pano de fundo para ficção. Inúmeros filmes, animes, mangás e livros vêm aproveitando esse rico cenário para histórias fantásticas há décadas, e os videogames nunca ficaram para trás nessa corrida, com jogos absolutamente incríveis como Shogun: Total War e os vários volumes da série Onimusha.
O caminho percorrido até o relançamento
Yakuza, agora rebatizado para Like a Dragon, um nome mais próximo do original em Japonês Ryu ga Gotoku, já teve dois jogos lançados ambientados no Japão antigo. Ryu ga Gotoku: Kenzan, para PlayStation 3, foi o primeiro, seguido de Ryu ga Gotoku: Ishin!, de 2014, jogo de PlayStation 3 e 4. Juntos dos dois volumes da franquia no PSP, chamados de Kurohyou: Ryu ga Gotoku Shinshou, ou Black Panther: Like a Dragon A New Chapter, formam o grupo dos games da série, desenvolvida pela RGG Studio, que até agora nunca foram lançados no Ocidente.
Com o estrondoso sucesso da série nos últimos anos, a Sega decidiu trazer uma versão reformulada na Unreal Engine de Ishin! para os consoles atuais e PC, rebatizando-a de Like a Dragon: Ishin!. Diferentemente do último jogo Like a Dragon lançado há alguns anos, Like a Dragon: Ishin! segue os moldes tradicionais da série, com combate beat ‘em up no lugar de batalhas em turno em estilo RPG, muita exploração e, é claro, uma história cheia de reviravoltas.
Um período conturbado da história do Japão
Ishin! se passa no meio do século XIX, no conturbado período chamado de Bakumatsu, em que o Japão se via dividido entre os imperialistas e os fiéis ao xogum. No papel de Ryoma Sakamoto, um jovem samurai imperialista que se vê forçado a fugir de sua terra natal, Tosa (atual província de Kochi,) após ser acusado de ser o responsável pelo assassinato de seu mentor, você acaba se estabelecendo em Kyo, (hoje Kyoto), tomando o nome de Hajime Saito.
Sua missão o leva a infiltrar-se no Shinsengumi, uma feroz facção armada leal ao Xogunato a fim de encontrar o real assassino de seu mestre, seguidor de um estilo de luta específico dos membros desse grupo. A história se torna bastante complexa quando Saito se vê envolvido em uma conspiração para varrer os resquícios imperiais e fechar o Japão contra a crescente invasão estrangeira.
Curiosamente, o protagonista do jogo é um amálgama de duas figuras reais dentro da história do país. Ryōma Sakamoto foi o estopim do movimento que eventualmente levou ao fim do Xogunato e do sistema feudal, dando início à era Meiji, que trouxe ao país radicais reformas sociais, e com elas a eventual extinção da classe dos samurais. Já Hajime Saito fez parte do Shinsengumi como capitão de uma das tropas do grupo.
No game, além de englobar características dessas duas personalidades históricas, seu personagem curiosamente pega emprestado feições e voz de Kazuma Kiryu, protagonista da maioria dos games da franquia Like a Dragon. O mesmo ocorre com diversos outros personagens da trama, com medalhões da série como Goro Majima, Taiga Saejima, o detetive Date, entre outros, que também participam.
Muitas lutas, gritaria, mas também bom humor e palhaçada
Nas vinte e poucas horas que a história principal do jogo requer para ser concluída, há a dose de seriedade característica da série Like a Dragon, com as muitas traições e reviravoltas que quem é fã desses jogos já está acostumado a ver.
A aventura também conta com as esperadas batalhas contra poderosos chefes no decorrer da história, além dos tradicionais embates no meio da rua contra todo tipo de pilantra com quem você cruza. Ryoma tem acesso a quatro estilos diferentes de luta: dois deles, pela primeira vez na série, dão acesso a armas de fogo, e somente um é mano a mano.
Dentre esses modos de luta, o mais flexível é o de dançar com a espada, que combina piruetas com lâminas e um revólver, dando ao herói muita velocidade tanto para atacar quanto para se esquivar das investidas inimigas. Mas isso não significa que as outras três opções não são viáveis, já que no decorrer do jogo você destravará habilidades incrivelmente úteis para todas conforme for preenchendo as tabelas de cada uma.
Na mesma medida da seriedade toda da trama, como outros jogos da coleção, Like a Dragon: Ishin! traz também muito humor. Ele é salpicado na forma das missões secundárias que você completa ao explorar o mapa do game. A variedade dessas quests é bem grande, muitas dos quais são completadas em poucos minutos, enquanto outras demandam um certo trabalhinho de sua parte para terminá-las.
Há muito o que fazer, muito mesmo
Dentre elas, as que envolvem o sistema de laço, no qual você acaba ficando amigo de certas pessoas em Kyo, trazem atividades um pouco mais repetitivas. Você acabará sendo forçado a voltar ocasionalmente ao mesmo local do mapa para completá-las, mas elas acabam valendo muito a pena, já que há vantagens bacanas em fazer isso. Por exemplo, no caso dos palanquins, os táxis do jogo, ao ajudá-los você acaba destravando mais pontos de viagem no mapa, muito úteis no ir e vir durante o jogo.
Do mesmo modo que os demais games, esse equilíbrio de tom das missões principais e secundárias dá a Ishin! um sabor raramente encontrado em jogos fora da série, tratando seu mundo e personagens com respeito e, ao mesmo tempo, se divertindo com eles, colocando-os em situações muitas vezes ridículas para quebrar um pouco com o tom de brucutu característico de tramas desse tipo.
Isso sem contar o enorme número de atividades adicionais disponíveis em toda Kyo, como bares com minigames de karaokê e dança, muitos tipos de jogos de tabuleiro, arenas de combate, e é claro, sua casa própria, que você terá que pagar as prestações trabalhando no campo e vendendo seus produtos de porta a porta. E não esqueça dos incontáveis materiais para atualizar suas armas e armadura lá no ferreiro da cidade. Para os caçadores de troféus e conquistas, chegar aos 100% de jogos vai dar muito pano pra manga.
Belo como uma pétala de cerejeira
A mudança para a geração atual de consoles fez bastante bem a Like a Dragon: Ishin!. Não que os jogos anteriores da série sejam feios, mas dá para ver uma melhoria grande nos visuais dessa versão em comparação, especialmente se tratando na qualidade de ambientação.
Os personagens, que já eram muito bem modelados e animados antes, estão tão expressivos quanto agora. Em closes durante as cenas não-jogáveis, dá para contar os fios de cabelo e barba, os cílios e até os poros nos rostos dos “atores virtuais”. Em contrapartida, personagens secundários são bem mais simples e no caso dos seus adversários em lutas aleatórias no decorrer do jogo, tendem a se repetir bastante.
Seguindo a tradição, a atuação de vozes em Like a Dragon: Ishin! é excepcional. Takaya Kuroda, ator de Kiryu e desta vez de Ryoma, continua trazendo o gravitas e o “cômico sério” que o tornou tão querido entre os fãs nas décadas que ele está no papel. As vozes para personagens novos também são bastante emotivas, sem nenhuma ficando aquém do resto do elenco.
Mesmo assim, com tantos elogios, vale a pena citar que Like a Dragon: Ishin! não contém dublagem em português, muito menos localização de texto. Fica aqui a torcida para que como Yakuza: Like a Dragon, uma tradução pelo menos da parte escrita do jogo seja lançada em forma de patch.
E é claro, com o sucesso desse jogo, a expectativa é da Sega aproveitar esse gás e que outros jogos da série até então exclusivos ao Japão sejam relançados nas plataformas atuais. Se tem uma coisa que Like a Dragon tem de bom é a quantidade enorme de histórias que tem para contar, que quem gosta de jogar não cansa de ver.
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Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim
Like a Dragon: Ishin!
Like a Dragon: Ishin!-
História9/10 Incrível
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Jogabilidade7/10 Bom
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Gráficos8/10 Ótimo
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Som9/10 Incrível
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