Colossal cave

REVIEW: Colossal Cave é revival de um clássico que desaponta

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Colossal Cave acaba exagerando na fidelidade ao game original e apresenta poucas mudanças interessantes. Confira a análise completa.

Desenvolvido pela Cygnus Entertainment, Colossal Cave é um revival do clássico Colossal Cave Adventure, um marco no gênero de jogos de aventura. Será que esse revival ficou bom? Conferimos a seguir.

As origens de Colossal Cave

Colossal cave
Abrir essa concha não é tão fácil quanto comer lagosta. (Imagem: Divulgação)

Colossal Cave Adventure foi o primeiro jogo do gênero que agora é chamado de aventura. Lançado em 1976, foi criado por William Crowther e Donald Wood e não contava com quaisquer gráficos, mas sim textos descritivos para guiar o jogador em seu elaborado mundo. O principal objetivo era encontrar o máximo de tesouro possível e fugir da caverna na qual a aventura se passa. 

A partir de Colossal Cave Adventure, diversos outros jogos de texto tomariam forma, como o popular Zork, que teve inúmeras sequências. Muito do sucesso dos jogos de aventura em forma de texto se deve ao humor tanto intencional quanto não-intencional que ocorre durante uma partida, já que seus comandos requerem muita tentativa e erro graças ao formato aberto dos quebra-cabeças, muitas vezes até um pouco ilógicos.

Os jogos de aventura foram o ponto de partida para o casal Roberta e Ken Williams formar a Sierra Online Entertainment em 1979, empresa da qual saíram diversos clássicos, como a série King’s Quest, Space Quest e Phantasmagoria, sem falar do estrondoso Half-Life

Com o fechamento da Sierra em 2008, os Williams se mantiveram fora dos holofotes por diversos anos, mas isso mudou no ano passado, quando Roberta anunciou que estava desenvolvendo uma nova versão de Colossal Cave Adventure simplesmente chamada de Colossal Cave, junto de seu novo estúdio de desenvolvimento de games, a Cygnus Entertainment. O jogo contaria com uma interface gráfica e novos recursos, mas ainda assim seria fiel ao original.

Exageradamente fiel…

Colossal cave
Muito cuidado por onde pisa, os anões costumam ser bem mal-humorados… (Imagem: Divulgação)

A premissa de Colossal Cave continua a mesma do jogo de 1976. O narrador te desafia a encontrar tesouros ao se aventurar dentro da grande caverna, agindo como um tipo de assistente caso necessite de ajuda para desvendar os muitos quebra-cabeças no caminho.

Mesmo não sendo mais um jogo de aventura em texto, dando espaço a uma colorida apresentação gráfica em primeira pessoa, o novo Colossal Cave não deixa de ser bastante misterioso quando se trata de te jogar no lado fundo da piscina, sem boia. Há poucos recursos de auxílio, e pior, você acaba sendo punido ao usá-los, perdendo pontos do total de 350 que o jogo requer para ser completamente zerado.

Não que isso seja algo ruim por si só, já que muitos jogadores, como eu, vão precisar dessa mãozinha na primeira vez que estiverem jogando. Como muitos jogos antigos, chega um momento que você acabará por descobrir tudo o que há para ser aprendido em Colossal Cave, e aí é só uma questão de minutos para zerá-lo. Mas até chegar nesse ponto, você vai sofrer um pouco…

Mas e aí, como se joga isso?

Colossal cave
Não dê atenção aos trolls da Internet, mas pra esse aqui, sim. (Imagem: Divulgação)

O sistema de jogo de Colossal Cave funciona do mesmo modo que um jogo de aventura tradicional. Você tem um inventário e vai coletando itens conforme vai encontrando ao explorar a caverna. Isso inclui os tesouros! Por haver pouco espaço para carregar tanta coisa, há a necessidade de se equilibrar o que é de fato útil para desvendar enigmas e a possível moeda de troca para se atravessar obstáculos, digamos, gananciosos.

Por sorte, no decorrer de sua jornada, o jogo vai montando um mapa automaticamente, e nele são marcados os locais nos quais você deixa algum implemento de sua coleção, o que ajuda um pouco, mas não conte com essa mecânica sempre, pois há a chance de acabar perdendo algo para um ladrão especialmente pilantra que vagueia o labirinto atrás do fruto do seu trabalho.

Se você estiver esperando por algum tipo de ação ao jogar Colossal Cave, sinto em dizer que vai ficar desapontado. O pouco que há de luta se resume a clicar nos adversários estáticos e quem sabe acertá-los. No geral, os “inimigos” com que você se depara nesse jogo nada mais são que enigmas a serem desvendados, como, por exemplo, uma enorme serpente, que por ironia do destino tem medo de passarinhos. Vai entender…

Outro aspecto que funciona como uma lembrança de que é tudo baseado em um jogo de aventura em texto é a constante presença do narrador, que sempre descreve os locais que você visita e o resto que ocorre durante Colossal Cave. Não chega a ser algo que incomode, muito pelo contrário, dá um charme a mais ao jogo como um todo.  

Conclusão

Colossal Cave acaba pecando por ser fiel demais ao jogo original, sem trazer muito de novo além de recursos de auxílio, que mesmo assim acabam servindo de punição contra jogadores novatos.

A apresentação gráfica do jogo, cá entre nós, apesar de colorida, é bem simplória. Dá até para entender o porquê dessa falta de detalhe nos visuais por se tratar de um jogo também oferecido em aparelhos de realidade virtual. 

Isso não explica que as (poucas) animações presentes parecem ter sido arrancadas de um jogo da época do PlayStation 2. Colossal Cave não vai levar nenhum prêmio de beleza para casa, nem de quesitos técnicos.

Mesmo assim, não há como negar a tentativa, apesar de ser um pouco frustrada, em resgatar um clássico perdido dos jogos de aventura. Há opções com a mesma pegada que acabam funcionando melhor, como o excelente Stories Untold, da desenvolvedora No Code, que se inspira em jogos similares a Colossal Cave Adventure e Zork, entregando uma história de horror extremamente atmosférica e assustadora.      

Colossal Cave está disponível para PlayStation 5, Xbox Series S/X, Nintendo Switch, PC (Steam e Epic Games Store) e no Meta Quest 2.

Veja também:

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Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim

 

Colossal Cave

Colossal Cave
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A tentativa de revival feita por Roberta Williams e sua equipe na Cygnus Entertainment acaba exagerando na fidelidade à obra original, e apesar da alta dose de nostalgia, é bem capaz de frustrar novos aventureiros à procura de diversão. 
A tentativa de revival feita por Roberta Williams e sua equipe na Cygnus Entertainment acaba exagerando na fidelidade à obra original, e apesar da alta dose de nostalgia, é bem capaz de frustrar novos aventureiros à procura de diversão. 
5/10
Total Score
  • Jogabilidade
    6/10 Normal
  • Gráficos
    5/10 Indiferente
  • Som
    6/10 Normal
  • Inovação
    3/10 Ruim

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