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Todo gamer já passou por alguma situação pelo qual teve de enfrentar algum outro jogador com algum tipo de hack ou programa terceiro que o ajudasse a melhorar seu desempenho no jogo. Seja em partidas online ou não, esse tipo de ação não é algo recente e também nunca deixou de ser comum. Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos atestou que os jogadores de console trapaceiam mais do que os de PC, evidenciando que, mesmo o PC sendo uma fonte mais acessível para esse tipo de ação, quem tem console se esforça mais para conseguir o que quer, usando outros meios de alcançar seus objetivos, que não o próprio esforço.
Definindo “trapaça”
Os entrevistados — mais de mil pessoas — foram questionados sobre qual o conceito de “trapaça” para eles e se eles achavam que trapacear era algo errado ou não, quando nos tratamos de vídeo games. Neste caso, o nível de aceitação de trapaça foi bem alto, ultrapassando o nível de 75% dos jogadores que afirmaram que as trapaças são aceitáveis nos jogos. Dentro dessa porcentagem, ainda 81% afirmaram que é aceitável a utilização de trapaça enquanto jogando sozinho e outros 59%, quando jogando com outras pessoas, sejam elas aliados ou não.
E antes de generalizar tudo, essas “trapaças” nem sempre são resumidas a hacks que modificam algo exclusivamente para a vantagem de um jogador. Na pesquisa também foi abordado sobre pesquisar ajuda online, como os antigos Detonados que tinham nas revistas. Ver vídeos, dicas online ou explorar bugs no jogo foram consideradas trapaças por alguns dos jogadores — 4% dos entrevistados afirmaram ser inaceitável pesquisar por dicas e ajuda online. Entre os que fazem pesquisas por dicas e ajudas online, dizem que tentam alcançar aquele objetivo pelo menos entre três a quatro vezes, até pesquisar sobre como passar por ali.
Motivos para a trapaça
E um dos principais assuntos que permeiam essa conversa é: por que jogadores trapaceiam? O objetivo dos jogos é justamente desafiar os jogadores em aspectos como quebra-cabeças, reflexo e até mesmo paciência, mas às vezes nem todos pensam assim e preferem partir para outros meios de atingir o que seria algum tipo de recompensa no final. A pesquisa também avaliou quais as trapaças mais comuns no meio gamer, que se mostraram da seguinte maneira:
- Visão da máquina – 37%;
- Ajuda com mira – 30%;
- Lag switch (causar lag propositalmente) – 26%;
- Melhorias pessoais no personagem – 25%;
- Ghosting (conferir o que o outro está fazendo, por exemplo, via transmissão online) – 24%;
- Aumentar o próprio nível – 23%;
- Burlar regras em geral – 22%;
- Alteração de códigos – 22%
- Alteração de status – 20%;
- Inclusão de bots, como IA – 20%.
E também houve um levantamento dos motivos mais comuns para a utilização de trapaças:
- Ajuda para lidar com frustração (de ganhar ou em algum processo no jogo) – 49%;
- Melhorar a própria satisfação – 48%;
- Lidar com outros jogadores que trapaceiam – 36%;
- Facilita combater um oponente – 35%;
- A não necessidade de comprar ou desbloquear coisas como itens ou níveis – 33%;
- Trapaças de streaming – 32%.
Como foi visto, a visão da máquina é a trapaça mais usada entre os entrevistados. Jogos de FPS como Counter-Strike e VALORANT são as plataformas pelas quais os jogadores mais utilizam esse tipo de trapaça, a fim de descobrir onde o inimigo está e poder fazer um tiro mais preciso e mortal. Um terço dos utilizadores de trapaça também optam por miras automáticas, um recurso — de terceiros, que não pertence ao jogo — que você só precisa atirar, pois a mira será automaticamente colocada em algum inimigo.
26% dos jogadores entrevistados também admitiram que usam algum tipo de lag switch para que eles possam passar despercebidos — ou pelo menos tentam — para que não sejam alvos de possíveis inimigos. Quanto aos motivos, ganhar a partida costuma ser a motivação principal destes jogadores, mesmo que em outros casos a motivação seja, realmente, estragar a diversão alheia. Lidar com frustração e ganhar a partida são os maiores motivadores vistos nesta pesquisa.
Perfil dos trapaceiros
E claro que para utilizar qualquer tipo de trapaça, os jogadores têm de ter algum padrão entre si. Os entrevistados que assumiram utilizar trapaças são 78% homens e 75% mulheres. 83% destes pertencem à Geração Z (entre 10 e 25 anos de idade), 77% são Millenials (entre 25 e 40 anos de idade) e 74% representam ambos Geração X (entre 40 e 60 anos de idade) e Boomers (entre 60 e 80 anos de idade) — ou seja, quanto mais jovem, mais aderência a trapaças.
Entre as plataformas que mais percebem que há alguma trapaça acontecendo, os jogadores de PC lideram com 52%, seguido pelos jogadores de PlayStation com 29%, depois Xbox com 13% e por fim jogadores de jogos da Nintendo, com míseros 2%.
E aqui traz o título de nossa matéria: a quantidade de jogadores que aceitam e utilizam trapaças durante suas partidas. Neste caso o PlayStation lidera a lista com 81% de adesão, seguido por pouca diferença dos jogadores de Xbox, que ficam com 80% e logo em seguida o PC com 78% e os jogadores da Nintendo, que compreendem 77% dos entrevistados.
Apesar da Nintendo estar sempre em último lugar, teoricamente revelando ser a plataforma pela qual há menos resquícios de trapaças, sejam elas percebidas ou utilizadas, um de seus jogos mais famosos está no top 3 de jogos que mais se utilizam trapaças. Confira a lista:
- Among Us;
- Animal Crossing;
- Apex Legends;
- Battlefield V;
- Grand Theft Auto (GTA);
- ARK: Survival Evolved;
- Black Desert;
- Call od Duty: Black Ops;
- FIFA;
- Fortnite.
Pelo visto os resultados batem: como a maioria dos jogadores utilizam trapaças geralmente em jogos de tiro, como nos famosos FPSs, estes jogos acabam sendo exibidos também nessa lista, que compreendem literalmente metade dos jogos que mais se utilizam trapaças atualmente. Já os outros jogos são variados entre dedução, simulação, aventura e futebol.
As trapaças mais famosas
Se você chegou até aqui é porque provavelmente foi afetado durante uma ou diversas partidas com hackers diversos. As trapaças são extremamente inadequadas e não devem jamais serem difundidas no meio gamer. Porém, há alguns truques que, apesar de serem classificados como trapaças, não afetam a diversão alheia — se você faz algo para consigo mesmo ou num meio artificial, que não envolva a experiência de terceiros, então a trapaça pode não ser tão ofensiva assim.
Tendo isso em mente a pesquisa também apresentou quais foram os jogos e suas respectivas trapaças que mais foram vistas durante os anos. Confira logo abaixo:
- Age of Empires II: trapaça do Shelby Cobra – ao digitar HOW DO YOU TURN THIS ON era possível invocar um carro (na época feudal, sim) que atirava em todos os alvos possíveis;
- Animal Crossing: trapaça do tempo – no jogo original para GameCube era bem comum os jogadores alterarem o relógio do vídeo game para viajarem para o futuro (inclusive há quem faça isso até hoje, non Nintendo Switch);
- Mortal Kombat (Sega Genesis): código do sangue – ao digitar A, B, A, C, A, B, B na área de códigos, desbloqueava a censura que havia no jogo e permitia que houvesse sangue quando os personagens eram atingidos por golpes;
- Minecraft: lista de trapaças – quando um novo mundo era criado, durante o carregamento, ao pressionar C, logo em seguida aparecia uma lista de trapaças possíveis no jogo;
- Doom: o God Mode – ao digitar “iddqd” enquanto numa partida, deixava a vida do personagem em 100% e o fazia imune a qualquer tipo de dano;
- NBA JAM: desbloquear personagens – ao insrir códigos específicos na tela principal era possível desbloquear personagens especiais do jogo;
- Grand Theft Auto III (GTA III): o tanque rinoceronte – diferente para cada plataforma, ao inserir um código ou realizar um comando específico invocava um tanque de rinoceronte no jogo;
- The Sims: trapaça do dinheiro – ao pressionar “CTRL, Shift, C”, para abrir a caixa de comandos do jogo, bastava digitar “motherlode” para receber 50.000 simoleans instantaneamente.
Consequências das trapaças nos jogos
Apesar do senso comum saber que esse tipo de ação não deveria ser amplamente aceito e o estudo mostrar o contrário, sabemos que trapaças em geral possuem um peso na vida dos jogadores. Afinal, os jogos possuem regras e teoricamente essas regras que deveriam trazer diversão.
Entre os entrevistados que assumem utilizar algum tipo de trapaça, 19% dos jogadores solo se mostram menos satisfeitos após a utilização da trapaça, bem como 24% dos que usam em jogos de multi jogadores. Entre os entrevistados 74% dizem que trapaças arruinaram sua experiência no jogo, bem como 61% assumiram ter sido pegos usando trapaças. Confira quais as punições mais comuns para quem foi pego utilizando trapaças:
- Suspenção – 46%
- Remoção imediata do jogo – 42%;
- Banimento permanente (perma ban) – 37%
- Perca de progresso – 28%;
- Perca de nível – 25%;
- Notificação pública – 15%.
Trapaça no meio profissional
E por fim mas definitivamente não menos importante, os gamers profissionais também estão envolvidos nessa história. Assim como vemos altos níveis de atletas esportivos que aderem a recursos como anabolizantes, também temos gamers profissionais que recorrem a trapaças contrárias às regras do jogo para conseguir alguma vantagem. Entre as consequências e punições nestes casos, estão:
- Suspenção de torneios – 61%;
- Banimento permanente de torneios – 51%;
- Suspenção ou banimento do jogo – 49%;
- Perca daquela partida, rodada ou evento – 36%.
E você, já sofreu alguma dor de cabeça com os famosos hackers ou você é quem causa essa dor de cabeça nos outros? Lembrando que jogos são para desocupar a mente e devem ser utilizados como ferramenta de diversão entre todos. Comenta pra gente sua experiência com trapaça em jogos!
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Confira o caso de um homem que perdeu um braço e se tornou uma DLC em seu jogo favorito. O dinheiro será revertido para pagar uma prótese.
Fonte: Time2Play.
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