Fundador do Alibaba, Jack Ma some após criticar governo Chinês

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Jack Ma some e perde cerca de US$11 bilhões em dois meses. Governo acusa Alibaba de monopólio e recusa IPO do Ant Group

Fundador do Alibaba e Ant Group, Jack Ma some após fazer críticas ao governo chinês. Sua última aparição pública foi em uma conferência em Xangai, em outubro de 2020, quando fez um discurso criticando os bancos estatais e os reguladores financeiros do país. Desde então, o empresário chinês não foi mais visto em público e não há informações sobre seu paradeiro . 

Depois da repercussão do discurso de Jack Ma, os reguladores financeiros chineses anunciaram uma investigação contra o Alibaba, acusando a gigante do comércio eletrônico chinês de “práticas suspeitas de monopólio”. O Ant Group, fintech do Alibaba, também foi alvo do governo, que suspendeu sua oferta pública inicial de ações (IPO, sigla em inglês).

A Comissão Reguladora de Valores Mobiliários da China (CSRC) convidou Jack Ma e outros executivos do grupo para prestar esclarecimentos, entretanto a abertura de capital do Ant Group na bolsa de valores de Xangai e Hong Kong não foi autorizada. Para os analistas, o Ant Group poderia atingir um IPO de até US$ 35 bilhões, sendo considerada uma das maiores ofertas públicas já registradas.

Jack Ma some em meio a um cenário de incertezas

Jack ma some na china
Segundo analistas o Ant Group tem poucas chances de conseguir aprovar IPO em 2021

Ao passo que Jack Ma some, aumentam rumores sobre possível represália, já que os reguladores chineses decidiram começar a investigar o Alibaba somente após o discurso do empresário criticando o governo. As empresas fundadas por Ma também atravessam um período de incertezas em meio às investigações governamentais. O Alibaba chegou a ter uma queda de 8%. Além disso, segundo o índice Bloomberg Billionaires Index, a fortuna de Jack Ma diminuiu cerca de US$ 11 bilhões desde outubro. 

Em entrevista ao Bloomberg, o analista do Instituto de Finanças na Internet de Zhongguancun, Dong Ximiao, informou que “sem dúvida há uma escalada de esforços coordenados destinados a obstruir o império de Jack Ma”. 

“A mensagem política subliminar é que nenhuma empresa ou indivíduo tem o direito de desafiar o Partido Comunista, independente de seu tamanho.” 

Richard McGregor, do Instituto Lowy, em Sydney. 

Jack Ma some também nas redes sociais. Desde novembro, o empresário não interage com seus seguidores do Twitter e Weibo, onde costuma fazer comentários com certa frequência. Jack não apareceu nem na apresentação do Africa’s Business Heroes, um concurso de televisão no qual era jurado. O Alibaba informou a CNN Business que Jack Ma não compareceu ao programa de TV “devido a um conflito de agendas”.

“É totalmente esperado que, após uma aparição pública muito controversa, alguém fique escondido por um tempo. Você não quer estar à vista do público quando sua empresa está em uma situação política muito complicada.”

Martin Chorzempa, pesquisador do Instituto Peterson.

Mesmo com o sumiço de Jack Ma, o Alibaba e o Ant Group se pronunciaram sobre a decisão do governo chinês, e se comprometeram a “cooperar ativamente com os investigadores antitruste”. O Ant Group também agradeceu a “orientação e ajuda” que recebeu dos reguladores financeiros.

Jack Ma não é o primeiro empresário a “desaparecer” na China

Jack ma some
O então presidente da Interpol, Meng Hongwei, foi acusado de corrupção

Jack Ma não é o primeiro empresário chinês a sumir depois de criticar o governo. Outros empresários chineses também desapareceram pelo mesmo motivo. Segundo o The New York Times, Ren Zhiqiang sumiu depois de fazer duras críticas ao governo chinês, em relação à pandemia de coronavírus. Logo após o sumiço, o Partido Comunista sentenciou Ren Zhiqiang a 18 anos de prisão.

Em 2017, o empresário Xiao Jianhua foi sequestrado em Hong Kong e teve uma parte de seus bens confiscados pelo governo. O ex-chefe da Interpol, Meng Hongwei, desapareceu em uma viagem da França para a China em 2018. Meng Hongwei acabou sendo acusado de suborno e condenado a 13 anos e meio de prisão.

Gostou do artigo? Confira também como o comércio eletrônico chinês pode mudar o futuro do varejo. 

Fonte: Business Insider; CNN Business; The Guardian; VICE; Veja


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