Pois bem, Donald Trump foi eleito presidente dos Estados Unidos. Hora de analisarmos uma de suas propostas, dita no início deste ano à Wired: “Nós vamos fazer a Apple construir os seus ‘malditos’ computadores e coisas neste país, em vez de outros países”. E completa: “A Apple e todas essas grandes empresas terão de fazer seus produtos nos Estados Unidos e não na China ou Vietnã”. O que isso significa para o iPhone e diversos outros produtos?
Ainda que a Apple seja mencionada abertamente, é possível ver que não seria uma medida restrita à ela. Atingiria toda a indústria, obrigando as empresas a produzir seus produtos dentro do país. Esse é um fato bastante conhecido dos brasileiros, valendo mais a pena produzir localmente do que importar. Afinal, nossos impostos de importação são altíssimos, o que inviabilizaria o sucesso de certos produtos se não houvesse produção local
Donald Trump pode fazer isso?
Produtos da Apple, de uma forma geral, trazem a famosa frase “projetado na Califórnia, produzido na China“. Ou seja, são fabricados na China e exportados diretamente para os Estados Unidos e resto do mundo. Esse fluxo tem funcionado até então pois o imposto americano de importação do país é pequeno. Além de, claro, contar com a força de trabalho mais barata da China (por diversos motivos, diga-se de passagem).
Esse fato, por si só, já implicaria em um aumento no custo de produção do iPhone em solo americano. Além do custo de produção ser maior, é bastante provável que a Apple não tenha fábricas capazes de atender a produção instaladas nos EUA. Ou seja: sim, o custo de produção aumentaria se Trump “obrigasse” a Apple (e outras empresas) a produzir seus produtos dentro do país.
Só que tem um detalhe: Donald Trump não tem esse poder. O executivo não pode simplesmente obrigar as empresas a produzir em solo americano. O que o presidente pode fazer é, basicamente, dificultar a vida das empresas. Como? Elevando consideravelmente os impostos de importação, a ponto de não fazer mais sentido importar o iPhone ou qualquer outro produto.
Um aumento no preço do iPhone americano significaria um aumento do preço do modelo brasileiro (ou em qualquer lugar do mundo), naturalmente. Então a resposta é: sim, o preço aumentaria. Agora, Donald Trump realmente fará isso? Essa é uma pergunta completamente diferente. Explicamos.
Possível vs provável
Em primeiro lugar, é importante ver se o americano está disposto a aceitar isso. No curto prazo, o primeiro efeito é, sem dúvidas, o aumento do preço de todos os produtos que eram baratos por serem importados. No longo prazo, medidas do tipo acabam prejudicando a própria concorrência das empresas. Basta lembrar que a HTC deixou o Brasil há poucos anos, a Sony desistiu de vender modelos baratos e Xiaomi chegou em 2015 e não anunciou mais modelos depois do Redmi 2/2 Pro. Além de, claro, os smartphones brasileiros estarem longe de serem baratos. Em qualquer segmento.
Ou seja, é possível sim que Donald Trump aumente as tarifas de importação para forçar uma produção local. Cenário, aliás, muito parecido com o brasileiro. Mas não é possível ignorar seus efeitos nos preços e na competitividade (como bem sabemos), tanto no curto quanto no longo prazo.
Fonte: Wired
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