Mulher deixando de fazer o uso da máscara

O que os especialistas dizem sobre o fim da máscara?

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Saiba como os especialistas de saúde estão se pronunciando com as decisões do fim da máscara em mais de 15 estados e o que deve ser levado em consideração

Durante o dia de ontem (17), o estado de São Paulo revogou a obrigatoriedade do uso de máscara em locais fechados, se juntando ao Rio de Janeiro, Distrito Federal e outros 12 estados que já relaxaram regras ou definiram que o fim da máscara já é uma realidade.

Entretanto, os especialistas de saúde indicam que todas as estas decisões podem ser precoces e muitas pessoas ainda devem fazer o uso do acessório que garante a proteção contra a COVID-19. Reunimos informações sobre o que tem sido falado e orientações para que você entenda os riscos com o fim da obrigatoriedade da máscara.

Decisão começou no Rio de Janeiro

Março foi um mês importante para todos os brasileiros: o movimento de decretar o fim da máscara começou na cidade do Rio de Janeiro no último dia 07. O prefeito Eduardo Paes assinou um decreto que deixa de exigir o uso de máscara em locais fechados e abertos. Para chegar a esta decisão, a prefeitura da cidade analisou os dados da vacinação e novas internações.

Foto após o fim da máscara no rio de janeiro
Movimentação de pessoas no centro da cidade no primeiro dia de flexibilização do uso de máscaras ao ar livre no Estado do Rio de Janeiro. (Foto: Agência Brasil)

Até o dia 07 de março de 2022, 54% dos moradores da cidade do Rio de Janeiro já estavam com as terceiras doses do imunizante contra o COVID-19, apesar de muitos especialistas indicarem que a porcentagem de 70% seria ideal para pensar em um possível relaxamento. A Fiocruz, que forneceu boa parte das vacinas para a cidade e estado do Rio de Janeiro, se pronunciou citando que a “decisão é prematura, apesar da boa vacinação”.

A vacinação por si só não é suficiente para controlar a pandemia e prevenir mortes e sofrimento, é fundamental que se mantenha um conjunto de medidas combinadas até que o patamar adequado de cobertura vacinal da população alvo seja alcançado

Fiocruz sobre fim da máscara na cidade do Rio de Janeiro

Até o dia 17 de março de 2022, seis capitais e quinze estados já decidiram que a máscara é um acessório opcional, ao invés de ser obrigatório. Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina, Alagoas, Mato Grosso do Sul, Mato Grosso, Roraima e Acre e Distrito Federal não obrigam moradores e visitantes a usar máscara em locais abertos e fechados.

Pessoas fazendo o uso de máscara em terminal de ônibus do rio de janeiro
12 estados ainda possuem regra de uso da máscara, mas isso deve mudar nas próximas semanas (Foto: Prefeitura do Rio de Janeiro)

Amazonas, Maranhão, Rio Grande do Norte e Rio Grande do Sul liberaram o uso apenas ao ar livre. Minas Gerais, Espírito Santo e Goiás recomendam que a máscara seja deixada de lado, mas apenas em cidades com índice de vacinação satisfatório.

Não vacinados devem continuar usando máscara

Um estudo realizado pela Fiocruz e cientistas da Universidade de Brasília (UnB), que foi publicado na revista The Lancet, concluiu que moradores de cidades que apoiaram a eleição de Jair Bolsonaro no segundo turno das eleições de 2018 são mais propensos a testar positivo para COVID-19, gerando mais internações e infelizmente, mais mortes. Mas como ocorre essa correlação?

Pessoas após obrigatoriedade de máscara no rio de janeiro
Movimentação de pessoas no centro da cidade no primeiro dia de flexibilização do uso de máscaras ao ar livre no Estado do Rio de Janeiro. (Foto: Agência Brasil)

Não é necessário ser um especialista de saúde para saber que o Brasil esteve no centro de diversas polêmicas como indicação de remédios que não eram eficazes contra a doença, negação de imunizantes (acompanhada de uma demora para realizar a compra e diversas negações de propostas de laboratórios), mudança de ministros da Saúde e demais problemas. Todos estes fatores refletem na atitude dos eleitores do presidente, que em boa parte se negaram a tomar a vacina contra a COVID-19, além de não seguirem as recomendações para controle da doença.

Foram analisadas as mortes decorrentes de COVID-19 em 5.570 municípios brasileiros entre fevereiro de 2020 e junho de 2021, ao lado do posicionamento político nas últimas eleições para Presidente do Brasil. Foi possível concluir que a opinião de pessoas que votaram em Jair Bolsonaro durante o segundo turno das eleições é o segundo fator que mais resultou em novas infecções, atrás apenas da desigualdade de renda e infraestrutura de saúde disponível.

O mapa verde mostra a quantidade de votos no atual presidente e quanto mais escuro, mais votos para Bolsonaro foram registrados. Já o mapa laranja exibe a taxa de mortalidade por COVID-19 a cada 100 mil habitantes.

Mapa de mortes da covid-19
Pesquisa mostra que cidades que apoiaram Jair Bolsonaro tiveram maior registro de mortes devido à COVID-19 (Foto: The Lancet)

Como resultado da gestão desastrosa da COVID-19 pelo Ministério da Saúde do Brasil, uma comissão parlamentar de inquérito estabelecida pelo Senado confirmou a hipótese de que o presidente Jair Bolsonaro disseminou deliberadamente a COVID-19 entre a população, supostamente para acelerar a imunidade de grupo.

Estudo publicado sobre gestão de Jair Bolsonaro durante a pandemia de COVID-19

Nossa maior ferramenta contra a pandemia é a vacina, que apresentou eficácia comprovada logo quando ficou disponível para compra no mercado internacional. Uma opinião em comum entre os especialistas é que se uma pessoa não optar pela aplicação contra a COVID-19, o uso de máscara ainda deve ser realizado, já que o sistema imunológico não está protegido contra casos graves.

Mulher que não está cumprindo lei de obrigatoriedade de máscara
Pessoas que não estão vacinadas ainda devem fazer o uso da máscara para evitar casos graves (Foto: UOL)

A vacina não previne que uma pessoa teste positivo para a doença, mas quem escolhe não se imunizar coloca a sua vida e a de quem ama em risco. A probabilidade de ter casos graves fica ainda maior com quem tem doenças graves (respiratórias ou não) e pessoas mais velhas.

Idosos devem manter o uso de máscara contra a COVID-19

A Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia (SBGG) recomenda que pessoas acima de 65 anos ainda façam o uso de máscara, mesmo que muitos governos estaduais tenham removido a obrigatoriedade. Em nota publicada no dia 10 de março, os especialistas afirmaram que apesar da taxa de vacinação deste grupo estar avançando, 63,3% das mortes causadas pela COVID-19 foram de pessoas com 70 anos ou mais.

Sendo assim, apesar das orientações locais de flexibilização, recomendamos por ora a manutenção do uso de máscaras para pessoas idosas mesmo com esquema vacinal completo, e em especial para aquelas não vacinadas ou com esquema incompleto de vacinação, principalmente em ambientes fechados, bem como evitar aglomerações sempre que possível.

Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia sobre o fim da máscara nos estados brasileiros

Por terem sistema imunológico mais fragilizado por conta da idade, o tratamento de COVID-19 nos idosos fica mais difícil, e muitas vezes não pode ser realizado por conta do agravamento. Os especialistas também apontam que idosos que tomaram a vacina podem ser considerados como adultos que estão sem vacina.

Idosos fazendo o uso de máscara
Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia ainda indica uso de máscara por pessoas mais velhas (Foto: Reprodução/Internet)

Com isso em mente, se você tem um parente idoso ou até mesmo já está na terceira idade, é importante evitar as aglomerações e sair de casa apenas em necessidade máxima. Existem muitos aplicativos e serviços que já oferecem entrega e atendimento em domicílio, então considere isso antes de ir para a rua, onde pessoas já são adeptas do fim da máscara.

Devo usar máscara em parques e locais abertos?

Todos utilizamos máscaras por mais de dois anos em todos os lugares possíveis pelo fato da COVID-19 ser uma doença causada por um vírus que se espalha pelo ar.

O uso de máscara ao ar livre pode ser considerado facultativo, mas é importante se atentar às possíveis aglomerações. Se você estiver em parques e demais eventos que possuem muitas pessoas em um mesmo espaço, vale a pena se proteger com a máscara.

O que os especialistas dizem sobre o fim da máscara?. Saiba como os especialistas de saúde estão se pronunciando com as decisões do fim da máscara em mais de 15 estados e o que deve ser levado em consideração
O que os especialistas dizem sobre o fim da máscara?

Pode levar entre 2 a 14 dias para que os sintomas da doença apareçam, então há a possibilidade da infecção acontecer em um dia, e no dia seguinte o contágio pode estar acontecendo. Especialistas ainda indicam que a distância de 1,5 metro seja levada em conta nos espaços que pessoas não estão mais fazendo o uso de máscara.

É hora de decretar o fim da máscara para crianças?

No dia de 14 de janeiro de 2022, a vacinação de crianças a partir de cinco anos de idade finalmente começou a acontecer no Brasil. Uma pergunta frequente é: como fica o uso de máscara pelos mais pequenos, uma vez que também já receberam a vacina que pode diminuir os casos graves e mortes.

O mesmo vale para adultos: em locais com aglomerações, mesmo ao ar livre, as crianças ainda devem fazer o uso da máscara. A regra é ainda mais importante para pais e responsáveis de crianças com menos de 5 anos de idade, já que esta faixa etária ainda não pode receber a vacina contra COVID-19.

Também é importante checar a idade e possíveis comorbidades das pessoas que moram no mesmo local que a criança antes de deixar a máscara em casa de forma definitiva.

Mulher fazendo uso da máscara
Pais de crianças que não podem receber a vacina precisam manter cuidados (Foto: Unicef)

Uma pesquisa realizada por psicólogos da Universidade de Wisconsin-Madison consegue desmentir a teoria de que crianças não conseguem identificar emoções de uma pessoa que está fazendo uso da máscara. Apesar de boa parte do rosto estar coberto pelo item, os olhos e sobrancelhas ainda conseguem passar a mensagem sobre o sentimento para as crianças.

Criança fazendo o uso da máscara
Expressões de nossos olhos e sobrancelhas são suficientes para crianças conseguirem compreender expressões (Foto: Reprodução/Internet)

Para chegar a esta conclusão, foram mostradas fotos para mais de 80 crianças com idades entre 7 e 13 anos. Entre as opções, pessoas demonstrando tristeza, raiva ou medo e que estavam com máscara ou sem máscara precisaram ser catalogadas pelas crianças. A identificação foi feita corretamente em 28% das fotos com pessoas tristes, 27% com pessoas com raiva e 18% em pessoas com medo.

Mesmo com uma máscara cobrindo o nariz e a boca, as crianças foram capazes de identificar essas emoções. As emoções não são transmitidas apenas pelo rosto. Inflexões vocais, a maneira como alguém posiciona seu corpo e o que está acontecendo ao seu redor, todas essas outras informações nos ajudam a fazer melhores previsões sobre o que alguém está sentindo. As crianças são realmente resistentes. Elas são capazes de se ajustar às informações que recebem e não parece que usar máscaras retardará seu desenvolvimento neste caso

Ashley Ruba, pesquisadora  do Laboratório de emoções infantis da UW-Madison

A forma como nos expressamos vai muito além do movimento da boca, e crianças já aprenderam a identificar todos os sinais que uma pessoa mais velha pode expressar. Então além de ser um item essencial de proteção contra a COVID-19, o uso de máscara não afeta a percepção dos mais pequenos.

Locais fechados exigem atenção redobrada

Ainda que governos e prefeituras estejam removendo a obrigatoriedade de máscara em restaurantes, shoppings, teatros e demais locais cobertos, é importante que você considere fazer o uso do acessório. Tenha em mente que ainda estamos vivendo em meio à pandemia e os cuidados devem ser mantidos mesmo com o fim da exigência da máscara. Muitos profissionais de saúde alegam que a decisão de desobrigar o uso da máscara possui um tom mais político do que sanitário.

Embora a gente esteja vivendo um período favorável em relação à Covid, todas essas medidas relacionadas a máscara estão mais no contexto da campanha presidencial. De um lado nós temos uma declaração do presidente (Jair Bolsonaro) de que decretará o fim da pandemia; e logo depois, o governador dizendo que o uso de máscara não é mais obrigatório.

Carlos Magno Castelo Branco Fortaleza, professor da Faculdade de Medicina da Unesp (Universidade Estadual Paulista) de Botucatu (interior de SP)

Por mais que você esteja em uma cidade ou estado que permitiu que as máscaras agora sejam utilizadas de forma opcional, ainda existem espaços fechados que exigem o uso do acessório, como transporte público e hospitais. Atente-se às regras locais para não passar por problemas e ter que parar sua rotina por pelo menos 14 dias no caso de testar positivo para COVID-19.

O que você acha do fim da máscara? Diga pra gente nos comentários!

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Confira informações sobre o autoteste de COVID-19, incluindo locais de compra e como fazer o procedimento de forma correta.

Fontes: The Lancet l CNN Brasil l Veja l SBGG l Atila Iamarino l Universidade de Wisconsin-Madison


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