IPO da Arm na Nasdaq poderá ser o maior do ano

A empresa britânica de desenvolvimento de chips Arm, que pertence ao SoftBank do Japão desde 2016, enviou um pedido de listagem na Nasdaq (sigla para National Association of Securities Dealers Automated Quotations, ou “Associação Nacional de Corretores de Títulos de Cotações Automáticas”, em tradução livre), o mercado de ações de tecnologia norte-americano. Esse movimento ocorre após cinco meses do anúncio de que a empresa havia depositado documentos para uma Oferta Pública Inicial (IPO) junto aos reguladores dos Estados Unidos, com a possibilidade de se tornar a maior abertura de capital de 2023.

Investimento da SoftBank

Na documentação F-1 apresentada, a empresa não incluiu uma estimativa de preço por ação. Em um movimento recente, o SoftBank adquiriu uma participação de 24,99% na Arm, que anteriormente não a possuía, através de sua unidade Vision Fund. Essa aquisição foi avaliada em mais de US$ 64 bilhões, o que representa o dobro dos US$ 32 bilhões que o SoftBank havia desembolsado pela Arm há sete anos. Vale ressaltar ainda que o Vision Fund conta com parceiros limitados externos, como os fundos soberanos da Arábia Saudita e Abu Dhabi, e em 2017, o SoftBank vendeu essa participação na Arm ao Vision Fund por US$ 8 bilhões.

O SoftBank tem um histórico de pagar preços elevados por suas atividades empresariais anteriores. Um dos exemplos de destaque é o investimento de US$ 4,4 bilhões que o SoftBank fez na empresa de coworking WeWork durante o verão de 2017, quando a WeWork ainda era uma entidade privada. Naquele momento a empresa estava avaliada em cerca de US$ 20 bilhões. O SoftBank fez outro investimento substancial na WeWork no início de 2019, quando a avaliação da empresa chegou a US$ 47 bilhões.

Durante esse período, o SoftBank aportou aproximadamente US$ 10,5 bilhões na WeWork, tanto por meio de investimentos diretos quanto por meio do seu fundo de investimentos Vision Fund. Ao longo do tempo o SoftBank continuou injetando mais capital na empresa, e acabou por enfrentar perdas significativas e quase totalizando seu investimento.

Por muito tempo a Arm tem se dedicado ao desenvolvimento e licenciamento de processadores — também conhecidos como Unidade Central de Processamento (CPU –, caracterizados por seu desempenho elevado, custo reduzido e eficiência energética. Essa tecnologia é confiada por diversas das principais empresas de semicondutores e fabricantes globais para aprimorar seus próprios produtos. A empresa atende uma clientela ampla, composta por cerca de 6.000 entidades, incluindo gigantes como Apple, Alphabet, Advanced Micro Devices (AMD), Qualcomm e Mercedes-Benz.

Possível maior IPO de 2023

Os analistas preveem que o IPO da Arm possa ser o maior de 2023, apesar de nem todos estarem convencidos de que a empresa vale tanto quanto o SoftBank acredita. No mês passado, os analistas da Bernstein estimaram que o valor de mercado justo da Arm seria de aproximadamente US$ 40 bilhões, com base em sua análise inicial das informações financeiras limitadas que estavam disponíveis naquele momento.

Até o momento não está evidente se a Bernstein irá ajustar essa previsão de acordo com as informações financeiras fornecidas no documento F-1 da Arm. Esse documento apresentou um lucro líquido de US$ 524 milhões e uma receita de US$ 2,68 bilhões para o ano fiscal de 2023, que se encerrou em março. Curiosamente, esse valor é praticamente o mesmo do montante gerado pelas vendas em 2022, que totalizaram US$ 2,7 bilhões.

Em 2020 a Arm concordou em ser adquirida pela NVIDIA, líder na fabricação de chips para inteligência artificial e GPUs, em um acordo que envolvia um valor de US$ 40 bilhões em dinheiro e ações. Esse acordo poderia ter se revelado bastante lucrativo para o SoftBank, especialmente devido à valorização das ações da Nvidia ao longo deste ano. No entanto, o negócio foi cancelado em fevereiro de 2022 devido a “significativos desafios regulatórios que impossibilitaram a conclusão da transação“.

Depois desse episódio os preparativos para uma Oferta Pública Inicial foram rapidamente postos em prática. Com origem em 1990, a Arm teve seu início como uma parceria entre a Acorn Computers, a Apple e a VLSI Technology. A empresa ingressou no mercado de ações em 1998, sendo listada tanto na Bolsa de Valores de Londres quanto na Nasdaq, até que o SoftBank optou por torná-la uma empresa de capital fechado.

No documento F-1, a Arm enumera 22 considerações como “fatores de risco“, entre eles a possibilidade de que clientes “optem por licenciar nossa arquitetura e desenvolver seus próprios processadores baseados nessa arquitetura, ao invés de adotar nossos produtos de processamento sob uma licença de implementação“. Como uma medida para evitar essa ameaça, a Arm recentemente tomou a iniciativa de se aventurar na produção de seus próprios semicondutores avançados, conforme divulgado na mídia em abril de 2023.

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Fonte: TechCrunch e Axios

Revisado por Glauco Vital em 22/8/23.