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O século 21 é marcado pela popularização dos meios de comunicação, como o telefone e a internet. Atualmente há mais celulares que pessoas no Brasil (o que não quer dizer que cada brasileiro tem um celular), mas o acesso à internet é muitíssimo falho no país. Grande parte do território nacional não possui cobertura barda larga, 3G ou 4G, isso é um fato. Entretanto, a Anatel está estudando maneiras de levar a internet a todos os municípios brasileiros. A agência precisou do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada para obter mais dados sobre a melhor forma de implantação. Durante a pesquisa, já temos um dado bastante severo: 6 milhões de pessoas que poderiam pagar para ter acesso à internet não possuem oferta em sua região.
O desafio de popularizar de verdade a internet
No dia 5 foi realizado o seminário Subsídios à Formulação da Estratégia de Universalização do Acesso à Internet com o objetivo de analisar os métodos para ampliar o acesso à rede e quais municípios devem ser priorizados. O objeto central foi a pesquisa feita graças a parceria entre Anatel e Ipea. O estudo foi feito em três etapas:
- Verificar os impactos econômicos da disponibilização de banda larga sobre o crescimento dos municípios brasileiros
- Identificar o mercado potencial por serviços de banda larga, nos municípios brasileiros, com base nas características socioeconômicas
- Com base nas informações de impactos diferenciados, nas informações de mercado potencial, e em outras informações socioeconômicas e de infraestrutura, avaliar diferentes propostas de priorização de municípios para novos investimentos
Hoje cerca de 39,1 milhões de domicílios têm internet 3G, 4G ou banda larga fixa. Com a expansão do acesso 45 milhões de domicílios devem ser beneficiados. Além disso, caso seja implantados nos lugares certos, o potencial aumenta ainda mais: 50, 7 milhões de domicílios. Entretanto, a última ocasião só acontecerá caso haja um aumento na disponibilização do serviço e menores preços por concorrência. Mas por onde começar?
Assim foi estudado qual deve ser o foco inicial: regiões com maior mercado, maior população ou menor IDH (Índice de Desenvolvimento Humano). A prioridade é atingir mais pessoas o possível.
Investir sem desperdiçar
A pesquisa revelou que investir em municípios com baixo IDH atinge o menor número de pessoas, em todos os critérios.
“Os critérios de priorização a partir do mercado potencial ou da população total podem ser mais vantajosos em termos de população jovem atingida, população pobre e extremamente pobre, e maior População Economicamente Ativa”, revelou Alexandre Ywata, diretor de Estudos e Políticas Regionais, Urbanas e Ambientais do Ipea, que apresentou o estudo.
Igor de Freitas, conselheiro da Anatel, é necessário associar o IDH com outros indicadores, para assim atingir de forma eficiente a universalização da internet. Obter dados do tamanho da população do local e a capacidade financeira das famílias é importante para Freitas.
Ainda segundo Freitas, investir errado na expansão da internet pode repetir o erro da telefonia fixa. Dados indicas que 3,9 mil localidades com telefonia fixa implantada não há nenhum assinante, enquanto 7,2 mil localidades há, no máximo, 10 usuários do serviço.
Com esse estudo, muitas outros especialistas de comunicações não querem se basear no IDH:
“Levar a internet à população com baixo IDH, sem haver demanda, é um investimento perdido”, comentou Ernesto Lozardo, presidente do Ipea.
“Não adianta fazer uma rede de acesso para uma comunidade que não tem a capacidade de consumir esse serviço. Vai ser um desperdício, como vários desperdícios já aconteceram no passado. Então, como a fonte de recursos é escassa, temos que levar esse investimento onde ele vai dar mais resultado, no sentido de incluir mais pessoas”, disse André Borges, secretário de Telecomunicações do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações.
Mas e como fica as cidades com baixo IDH?
Então, o mercado ou a população devem guiar como será a expansão de banda larga no país. Porém, as cidades de baixo IDH vão continuar sendo ignoradas? Pois se nem o governo quer investir nessas regiões, por que empresas deveriam?
É preciso que paralelamente outras pesquisas sejam feitas, dessa vez tecnológicas, para a expansão da cobertura de internet. Empresas como Google (Project Loon) e Facebook (internet.org) já demonstraram que é possível levar internet a locais remotos e pobres de forma barata e eficiente.
O Project Loon promove internet via balões na estratosfera. A Google girou o mundo com seus balões, com testes, passando até por uma escola no Piauí. Já o internet.org é mais amplo, com sites de acesso gratuito e pesquisas de como levar a internet no mundo por diversos meios, como aviões-roteadores movidos a energia solar.
O Governo Federal poderia apoiar um desses programas, ou até desenvolver um próprio. Com tantos destaques brasileiros em feiras internacionais de ciências, o que não falta são cabeças para pensar em projetos beneficentes. É importantíssimo ver a pesquisa do Ipea como uma forma de investir em meios alternativos de expansão de internet. Assim, talvez, a internet seja realmente universalizada no Brasil.
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