Já pensou em pagar para usar o Instagram e Facebook? E se esse pagamento eliminasse todas aquelas propagandas indesejadas que ficam te incomodando enquanto você tenta se informar, ver stories ou vídeos de gato? Essa é a proposta da Meta: a empresa proprietária das duas redes sociais está estudando a implementação na Europa — em breve — de uma conta premium que seria livre de anúncios por €10 (R$ 53,25) mensais para uso no computador, seguido de um adicional de €6 (R$ 31,94) para cada conta adicional vinculada. Em smartphones, o custo chega a €13 (R$ 69,19), incluindo a comissão das lojas de aplicativos.
A fiscalização da União Europeia
A proposta da Meta constitui uma estratégia para contornar as regulamentações da União Europeia que pretendem limitar a sua capacidade de exibir anúncios personalizados aos utilizadores, sem primeiro obter o seu consentimento. Isso representa uma ameaça para a sua principal fonte de receita, uma vez que uma parcela significativa da audiência destas aplicações está atualmente localizada no continente europeu. Entretanto, tal como no caso da Apple e do iPhone, relacionado ao USB-C, as regulamentações pró-consumidor provenientes da União Europeia parecem estar a introduzir mudanças significativas nas empresas e nos produtos em todo o mundo.
Os representantes da empresa apresentaram os planos para a implementação deste novo tipo de conta durante reuniões realizadas em setembro com reguladores de privacidade e reguladores de concorrência digital, na Irlanda e na Bélgica, respectivamente. A ideia por trás deste plano, denominado SNA (sigla que significa, em português, Assinatura Sem Anúncios), é permitir que nos próximos meses os utilizadores possam escolher entre continuar a utilizar os aplicativos gratuitamente da mesma forma que o fazem atualmente ou optar por pagar por versões premium sem anúncios, através de uma assinatura do Facebook ou assinatura do Instagram.
Esse tipo de cobrança é comum em aplicativos gratuitos para smartphones e representa uma forma que muitos jogos encontram para monetizar o conteúdo sem prejudicar a experiência com restrições de acesso ou recursos. Nos últimos anos, até mesmo o YouTube lançou uma versão Premium com essa funcionalidade para remover anúncios, e essa prática, se bem implementada e com valores razoáveis, é bem vista pelos consumidores, pois é algo opcional.
Não há previsão para a implementação dessa mudança no Brasil nos próximos anos. Portanto, o uso do Instagram e Facebook por aqui deve continuar como sempre, oferecendo serviços gratuitos com anúncios personalizados, baseados no que o algoritmo detecta como sendo do interesse de cada usuário.
Como seria a versão paga?
De acordo com a Meta, os utilizadores que optarem pela versão paga do Instagram e Facebook deverão desembolsar aproximadamente €10 por mês para o acesso via desktop, €6 para cada conta adicional e €13 por mês para utilizar essa versão premium em dispositivos móveis. O aumento de preço nos dispositivos móveis ocorre devido às comissões cobradas pelas lojas de aplicativos da Apple e do Google nas transações realizadas dentro do aplicativo.
A decisão de lançar uma opção de assinatura para os principais serviços da Meta representa uma mudança significativa para a empresa. O CEO da Meta, Mark Zuckerberg, sempre enfatizou que seus serviços principais deveriam permanecer gratuitos e sustentados por publicidade, a fim de que pudessem ser acessíveis a pessoas de todas as faixas de renda.
Você não precisa de milhares de dólares para se conectar com pessoas que usam nossos serviços.
Mark Zuckerberg, em 2018.
Ainda não foi confirmado se essa nova modalidade será aplicada ao restante do mundo ou se será algo implementado apenas na Europa, como uma resposta às exigências dos reguladores da União Europeia. No entanto, Zuckerberg afirmou que estaria aberto à ideia de um serviço pago para abordar questões relacionadas à privacidade.
Novas formas de geração de receita estão sendo implementadas no setor de tecnologia. Um novo serviço, que foi seguido pela Meta no início do ano, segue uma crescente tendência de aplicativos com assinatura, como o Snapchat e o X (antigo Twitter), que oferecem a verificação de usuário paga em troca de acesso a recursos adicionais nos aplicativos.
A Meta relatou que sua receita total na Europa equivaleu a aproximadamente $17,88 (R$ 90,20) por usuário do Facebook no segundo trimestre, ou um pouco menos de $6 (R$ 30,38) por usuário em todos os seus aplicativos, em média, por mês. No entanto, o valor médio real por mês para os usuários da União Europeia é provavelmente um pouco maior, uma vez que a região mais ampla da Meta na Europa inclui vários países não pertencentes à União Europeia, como a Turquia e a Rússia, onde uma receita menor pode diminuir a média geral.
A empresa estima que teve 258 milhões de usuários mensais do Facebook e 257 milhões de usuários do Instagram durante o primeiro semestre do ano na UE, de acordo com dados divulgados sob a lei de moderação de conteúdo da UE. A empresa informou em um documento de valores mobiliários dos EUA que tinha 3,88 bilhões de pessoas mensalmente ativas em seus aplicativos até 30 de junho. Portanto, com números bem altos, uma implementação de conta paga pode representar um aumento de ganhos até mesmo em outros lugares do mundo, caso a empresa veja sucesso nessa empreitada na Europa de optar por um Facebook ou Instagram sem propaganda.
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Fonte: The Wall Street Journal
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