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Paralisado desde 2020, Keith Thomas (45) conseguiu retomar o movimento na parte superior de seu corpo após um procedimento em que se inseriu um implante de Inteligência Artificial (IA) no seu cérebro. O teste foi realizado na Feinstein Institutes for Medical Research (Institutos Feinstein para Pesquisa Médica, em tradução livre), em Nova York (EUA). Veja mais a seguir.
Como Thomas ficou paralisado?
Há três anos, Keith Thomas foi vítima de um acidente em uma piscina. Na ocasião, ele mergulhou sem perceber ao certo qual era a profundidade da água e acabou se lesionando gravemente. Dessa forma, Thomas acabou quebrando seu pescoço e ficando tetraplégico. Desde então, passou a não ter mais movimentos desde o peitoral até os membros inferiores do seu corpo, pois a lesão atingiu duas vértebras da sua coluna: C4 e C5. Elas ficam justamente no meio do conjunto de vértebras que faz parte da coluna cervical.
Antes de ser afetado pelo infortúnio, Thomas era um profissional que atuava no ramo de finanças, tendo uma vida ativa. Por lidar com negócios e diversos empresários, ele tinha diversos compromissos. Assim, enfrentar uma mudança brusca de vida, em que teve que mudar totalmente sua rotina, foi um intenso choque:
“Assim que cheguei em casa, eu não saía da cama. Eu só saía da cama uma vez por dia, durante seis meses. Chorava o tempo todo. Chorava porque não tinha independência.”
Keith Thomas
Sua irmã, MIchelle Bennett, ajudou Thomas a se recuperar. Eles acabaram se aproximando cada vez mais depois do acidente. Bennet afirma que o momento de recuperação não a desanimou e que continuou acreditando na recuperação, já que via o irmão mostrar sinais de ânimo, mesmo que aos poucos.
O profissional financeiro ainda vai passar por mais processos, até voltar a viver com mais estabilidade em relação à saúde. Quanto à recuperação, Thomas afirma que está em um processo de conseguir “pequenas conquistas“, como conseguir coçar o rosto. Ele espera um dia poder conseguir limpar suas lágrimas em breve.
Como o implante AI no cérebro restaurou os movimentos de Thomas?
Três anos após o acidente na piscina, Thomas passou por um procedimento no hospital Northwell Health, onde fica o Feinstein Institutes. Antes, o homem recebeu um implante, conhecido como double neural bypass (“atalho” neural duplo, em tradução livre), em 2021. O aparelho consegue conectar o cérebro, a medula espinhal e o resto do corpo, recobrando a mobilidade e o tato.
Após passar pelos processos iniciais, Thomas teve que passar por uma cirurgia de 15 horas: o procedimento colocou cinco eletrodos de IA em cadeia, que ficaram em pontos específicos do seu cérebro. No órgão, os equipamentos ficaram posicionados em partes que controlam os movimentos e a sensação tátil do seu braço direito. Quando o teste com os eletrodos funcionou, Thomas conseguiu sentir os dedos da sua mão direita pela primeira vez.
O líder que comandou todo o procedimento tecnológico e médico foi o bioengenheiro do Feinstein, Chad Bouton. Segundo o chefe, é a primeira vez em que o corpo, cérebro e a medula espinhal conseguiram ser ligados eletronicamente, retomando movimentos de uma pessoa paralisada. Ainda, houve a participação da IA, que funcionou por meio de programas em terminações dos eletrodos. Os softwares do implante cerebral, então, atuaram com o pensamento de Thomas, traduzindo os comandos que seu cérebro fazia em ações.
O funcionamento de toda essa estrutura dependeu do envio de sinais por meio das conexões do double neural bypass. Ou seja, os pensamentos passavam a criar ações, permitindo que Thomas movesse sua mão direita, que tinha eletrodos externos ligados ao cérebro. Após alguns meses, ele passou a sentir seu pulso e até o seu braço, até mesmo quando o equipamento era desligado. O paciente que participou do teste consegue até mesmo sentir a mão da sua irmã, que o acompanhou no processo.
“Quando o participante do estudo pensava em mover seu braço ou sua mão, nós dávamos uma ‘supercarga’ na sua medula espinhal e estimulávamos o seu cérebro e músculos para recobrar as conexões, promovendo resposta sensorial e recuperação.”
Chad Bouton
Pesquisas avançadas com implantes e Inteligência Artificial: veja avanços na neurociência
Os EUA são um dos países destaque na busca por soluções em IA para melhoria da saúde das pessoas. Além do Northwell Health, a Neuralink já vem realizando testes com implantes e, na Suíça, o Swiss Federal Institute of Technology Lausanne, ou EPFL (Instituto Federal de Tecnologia da Suíça em Lausanne), também teve êxito em fazer uma ponte entre cérebro e o resto do corpo de um paciente. Os pesquisadores europeus conseguiram que um homem de 40 anos voltasse a ter movimentos nas pernas.
Desde estudos envolvendo aprendizagem a mapeamento de habilidades do cérebro, a neurociência está recebendo contribuições importantes com a IA. Em outras áreas, como diagnóstico, sistemas de inteligência artificial vão ser capazes de facilitar a criação de tratamentos neurológicos, e até em outros tipos de problemas, como pacientes que sofreram derrame cerebral: a empresa RapidAI já está procurando atuar nesse ramo.
Chegar a esses avanços vai depender de outras tecnologias associadas à IA, como robótica, interação de computador e cérebro, conexões sem fio e mesmo realidade virtual. Nesses campos, a Universidade de Stanford já se prepara para ter grandes investimentos com neurociência e tecnologia de IA: uma de suas pesquisas já está em direção de recuperar a fala em pacientes que sofrem de paralisia, usando sistemas do tipo.
Keith Thomas retoma movimentos graças a implante AI: veja o vídeo
Legal ver a tecnologia atuando a favor da saúde, né? Ainda mais com Inteligência Artificial. Conta pra gente o que você achou dessa conquista, aqui no Showmetech!
Veja também:
Fonte: Inverse | Decrypt | CBS News | Health Europa | Artificial Intelligence in Medicine | Wu Tsai Neurosciences Institute (Stanford University)
Revisado por Glauco Vital em 4/8/23.
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