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Phil Libin revela segredos do Evernote e dá dicas a empreendedores

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Com o objetivo de formalizar sua parceria com a Wayra, aceleradora de startups da Telefônica, Phil Libin, CEO do Evernote, esteve no Brasil pela primeira vez e se reuniu com empreendedores, investidores e a imprensa. Veja as dicas dele para quem quer montar sua própria startup…

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Com o objetivo de formalizar sua parceria com a Wayra, aceleradora de startups da Telefônica, Phil Libin, CEO do Evernote, esteve no Brasil pela primeira vez e se reuniu com empreendedores, investidores e a imprensa.

O Showmetech participou de um dos eventos e teve a oportunidade de escutar diretamente de Libin um pouco da história de sucesso do Evernote, sua visão do futuro e dicas para empreendedores brasileiros. Confira abaixo trechos de sua palestra e respostas de algumas perguntas que fizemos:

Evernote

O Evernote sempre foi, para mim, apenas um aplicativo de notas e usado com pouca frequência. Confesso que depois de escutar Phil Libin falar sobre a história da empresa, sua cultura e visão de futuro, mudei completamente minha percepção do app.

Como companhia, Evernote é um grande caso de sucesso de uma startup. Em 5 anos, captaram cerca de 250 milhões de dólares, deixando seus investidores e fundadores 100 milhões de dólares mais ricos. Mas o que mais impressiona não são estes números, mas sim a visão e cultura da empresa. Libin nos explica que a empresa tem o objetivo de se tornar uma startup de 100 anos. Calma, já explico. Ele quer dizer que todo o planejamento e estratégia do Evernote são voltados a criar uma estrutura sólida o suficiente para garantir a perenidade da empresa, sem comprometer os valores, processos e inovação.

Para isso, ele explica que produtos são secundários. O objetivo primário deles é estabelecer uma cultura e modelo de negócios voltados à inovação. Mas isso não significa que ele irá deixar o famoso app de lado, pelo contrário, todo esse potencial inovador será voltado à melhoria dos produtos.

Falando de produtos, se o Evernote não deve ser visto como apenas um bloco de notas, o que ele é afinal? Phil Libin explica que ele não tem problema com essa visão do app, mas a ideia por trás do produto é muito mais ampla. Ele nasceu para ser um cérebro externo, com o objetivo de ampliar a inteligência e capacidade humana.

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Uma breve história do Evernote

Em 2008, Phil Libin já havia fundado e vendido empresas de e-commerce e softwares de segurança. Estava trabalhando em sua terceira startup para criação de um aplicativo de notas, quando ficou sabendo de outra equipe desenvolvendo software similar chamado Evernote. E por que não unir esforços? E foi exatamente isso que fizeram. As duas equipes se uniram para criação de um app único.

Diferentemente do que se imagina, o início do Evernote não foi tão brilhante. Suas primeiras tentativas para levantar fundos fracassaram. O apoio foi surgindo aos poucos através de seus usuários, que começaram a perceber grande utilidade na ferramenta, pagando para obter todos os recursos. E foi somente depois de ampliar sua base de usuários que a empresa conseguiu chamar atenção dos investidores em 2010, provando que seu modelo de negócios poderia ser rentável.

A injeção de capital possibilitou à empresa ampliar seus investimentos na melhoria do aplicativo e em marketing, conquistando cada vez mais usuários em todo o mundo. Mas, com tantos apps de notas desenvolvidos por aí, como o Evernote chegou a 65 milhões de usuários?

Segredo de um aplicativo de sucesso

Libin revela que um aplicativo de sucesso não é aquele que se encaixa perfeitamente na vida de seu usuário. Sendo 100% ajustado para um tipo de usuário, apresentaria uma grande restrição e alcance pequeno. Mesmo para este usuário, com o qual certamente teria sucesso no momento da instalação, com o tempo, se tornaria inadequado para a constante evolução de seus costumes, utilização e necessidades.

O segredo do Evernote é se encaixar em 95% da vida de seu usuário, deixando os 5% restantes para o ajuste de cada um e de acordo com cada momento de sua vida. Desta forma, o produto pode ser ajustado para todo tipo de usuário e estar em constante transformação.

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Valores do Evernote

Todo o sucesso conquistado deve-se também aos valores da empresa, algo que o CEO da empresa fez questão de deixar bem claro. Para Phil Libin, uma empresa muito rentável não é muito inovadora, pois não sabe onde investir.

Em 5 anos de existência, a empresa foi rentável apenas durante 2 meses. E Libin conta que foi por escolha. “Nós poderíamos escolher o caminho da rentabilidade em detrimento de inovação, mas decidimos pegar o dinheiro que tínhamos e investir em melhoria de nosso produto, criação de novos e crescimento.”

Apesar de não ser rentável até hoje, estão construindo as fundações para garantir o fluxo positivo de caixa, com nossos produtos, novos mercados e ampliação da base de usuários. Além disso, o investimento em inovação tem retorno no valor da empresa.

Outro valor importante é o respeito pelo usuário. Phil explica que a enorme quantidade de dados de seus usuários poderia ser uma grande fonte de receita através de publicidade direcionada e inteligência para criação de novos produtos. Empresas como Google monetizam dados pessoais de seus usuários, algo que na visão de Libin, não se encaixa nos valores da empresa. Ele conta que por não acessar dados pessoais, a empresa tem um nível de dificuldade maior para desenvolver seus produtos, algo que se paga pelo respeito dos usuários pela ferramenta.

O modelo de negócios do Evernote é diferente: oferecer um produto gratuito, dando a opção para o usuário pagar ou não por uma experiência mais completa através de conta premium. Desta forma, a empresa busca satisfazer o cliente a ponto de convencê-lo a pagar pelo serviço.

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Próximos passos para o Evernote

Atualmente, há uma equipe dedicada no Evernote para a criação de um novo app para iOS7. De acordo com Libin, não será apenas um redesign. “Temos uma nova equipe de engenheiros trabalhando do zero em um novo app para iOS7”. O executivo afirma ainda que não decidiram se esta nova versão irá coexistir com a antiga, para versões anteriores, ou substituirá todas as outras. O CEO acredita que está será uma grande oportunidade para a empresa, visto que tiveram seu grande momento com o lançamento do app para iPhone.

Questionado sobre como ficaria a nova cara do app, Libin respondeu: “não posso dizer como irá ficar, pois iniciamos agora o trabalho. Mas deixei a equipe com as instruções: criem algo fantástico, sem restrições.” O executivo adiantou ainda que trabalharão em um novo app para Android.

Voltando agora para o que o Evernote realmente diz que é: um cérebro externo. Perguntamos ao executivo como ele pretende atingir esse objetivo. A resposta? “Sair do armazenamento, notas e procura. Aumentar a inteligência, fazer com que o Evernote complete seu pensamento. Se você tiver que procurar pela informação, o app falhou com você.”

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Seria realmente muito bom se o app chegasse neste nível de inteligência. Mas esta ideia me parece familiar, algo como o Google Now. Para quem não conhece, Google Now é um app que aprende seus interesses com base nas procuras que você realiza e tenta antecipar informações relevantes antes que você as solicite. Perguntamos a Libin se há alguma diferença entre a inteligência que já existe, por exemplo no Google Now, com o que está sendo desenvolvido pelo Evernote. De acordo com o CEO, a ideia não é somente criar uma tecnologia de predição, mas sim uma ferramenta inteligente que aumente o poder e capacidade do cérebro humano.

E o futuro? Qual a próxima grande coisa?

Phil Libin acredita na evolução dos produtos inteligentes, como o Google Glass e iWatch. Para ele, em dois ou três anos, a presença destes dispositivos de usar (ou wearable devices) no cotidiano será enorme. O executivo afirma que o impacto destas mudanças será ainda maior do que a transição de PCs para smartphones.

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Para ele, as grandes empresas de hoje terão grande dificuldade em se adaptar. O segredo está em entender a interação que os usuários terão com os diferentes dispositivos inteligentes do futuro, como óculos, relógios, geladeiras, etc. A ideia não é ter um app para cada, mas sim focar na interação integrada, consistente e inteligente, sabendo onde mostrar as informações que o usuário precisa e quando precisa.

Libin afirma “esta é a revolução que está acontecendo agora. A empresa que descobrir como lidar com esse desafio será o próximo Facebook, o próximo Google”.

Dicas para o empreendedor brasileiro

E para você que planeja empreender ou já possui sua startup, Phil Libin deixa algumas dicas:

  1. Faça um produto para você, não para os outros: Phil Libin aprendeu apenas em sua terceira empresa que um dos segredos para o sucesso está na criação de algo que você mesmo irá utilizar. “Faça para você mesmo, desta forma, a chance de criar algo incrível é maior, aumentando também sua chance de sucesso”, afirma o executivo.
  2. Crie um modelo de negócios que consiga provar a viabilidade da sua startup: para o CEO do Evernote existem três tipos de negócios que atraem investidores:
    1. Inovação e ruptura: “sapatos que voam. Apenas monte um que funciona que o dinheiro virá”.
    2. Autoridade: “Olá, eu sou o fundador do Facebook”.
    3. Melhoria incremental (o mais comum): “minha ideia é a melhoria de algo, mas sei como ganhar dinheiro com isso”.
  3. Crie seu produto pensando globalmente: as startups brasileiras, em geral, tem uma imagem negativa nos Estados Unidos. Elas são vistas como empresas que copiam para utilizar a mesma ideia no mercado brasileiro. Phil Libin acredita que a cópia é necessária para a inovação, mas não sozinha. Apenas copiar é ruim, mas copiar e melhorar é inovação. Para ele, o segredo está em pensar desde o início em um produto de consumo global, desta forma você se força a ser mais inovador, ao invés de copiar algo que existe fora e não no seu país.

Evernote e Brasil

Phil Libin acredita que a próximas grandes companhias de 5 a 10 anos não virão do Vale do Silício, mas sim de polos de inovação de lugares como o Brasil. Por este motivo o Evernote incentiva startups em todo o mundo, garantindo que poderá pegar carona nas inovações globais e fechando parcerias com as grandes corporações do futuro. Libin quer criar uma “rede mundial de startups e grandes ideias”.

O Brasil tem hoje uma participação significativa para o Evernote, abrigando 1,7 milhões de usuários e garantindo posto de grande país que mais cresce em número de usuários do serviço. Mas para o CEO a presença no Brasil através de escritório e parcerias com startups tem uma importância maior do que conquistar novos clientes. O interesse no Evernote está no talento brasileiro e inovação a nível global.

E você? O que achou das lições de Phil Libin?

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