A situação menos confortável da Xiaomi não é novidade. A marca chinesa perdeu o mercado brasileiro no ano passado, sofre na Índia e está ruim até na China. A novidade da vez, é que o brasileiro Hugo Barra não está mais ocupando o cargo de vice-presidente da empresa.
Esta mudança de planos tornou-se oficial após um comentário do próprio Hugo, em seu perfil no Facebook. Foram três anos e meio de trabalho, que aparentemente não resultaram no que o objetivo de seu cargo esperava: tornar a Xiaomi uma marca mundial.
Expansão que (ainda) não aconteceu
Em sua publicação, Barra comenta que os anos que passou em Pequim foram os mais desafiadores de toda sua vida. O brasileiro mudou de trabalho em 2013, quando deixou o alto cargo que ocupava dentro do Google, comandando parte do Android (ele era vice-presidente do Android, só isso). Na época, a Xiaomi vendeu 7,5 milhões de smartphones. Dois anos depois, este número saltou para 61 milhões de unidades, ou um crescimento de 800%. Uau!
Mesmo assim, com um sucesso forte na Ásia, Europa e em alguns países, Barra não conseguiu fazer a Xiaomi brilhar em muitos lugares. A empresa tentou trazer sua fama ao Brasil em 2015, abandonando o barco pouco tempo depois e com apenas dois smartphones, o Redmi 2 e Redmi 2 Pro. Até mesmo nos Estados Unidos, um mercado gigantesco e que gasta dinheiro, a marca asiática não conseguiu marcar presença forte.
Recentemente, na CES deste ano, muitos aparelhos foram apresentados. O problema é que a maioria deles fica focado lá na China, com pouca coisa pensada para outros mercados.
No Brasil, a marca pode ter atrapalhado
Por aqui o insucesso é bastante estranho. Muitos falavam bem da marca, continuam falando e a empresa realmente entrega bons produtos. Ao meu ver, o que pesou para a Xiaomi, mesmo com o forte apelo de marketing de guerrilha e Barra dando as caras para mostrar que “a empresa do outro lado do mundo tem um brasileiro em alto cargo”, foi a própria marca. O público brasileiro está prestando atenção no preço, que é onde a Xiaomi mais consegue atrair consumidores. O problema é que ela ainda, mesmo com um brasileiro perto do comando, uma “empresa com nome xing-ling”. E isso pega mal por aqui.
A China vem, assim como fez Taiwan, mudando a forma como é vista. De maior fabricante de cópias de péssima qualidade, para pioneira em tecnologia e produtos de ponta. Duvida? Olhe a DJI, que domina com facilidade o mercado de drones e tem as melhores opções do mercado – Mavic, uma pérola em drones e um que está nos meus planos de compra. A Lenovo é outro exemplo, está segurando as rédeas da Motorola e mostrou que notebooks podem evoluir para outros produtos.
Mas, por outro lado, produtos chineses ainda não conseguem os mesmos holofotes no Brasil. Brasileiro gosta de marcas conhecidas e consolidadas, abrindo pouco espaço para novatas.
De qualquer forma, é quase que impossível que com o currículo que Hugo Barra tem, ele fique longe de alguma empresa de tecnologia. Afinal de contas, tendo o Google e por ter passado como vice-presidente do Android por anos, Barra tem um espaço especial dentro do Vale do Silício.