Um homem de 53 anos, morador de Dusseldorf, na Alemanha, se tornou o terceiro paciente do mundo a ser curado do HIV após receber um transplante de células-tronco. O caso foi relatado na revista científica Nature na última segunda-feira (20). O homem, que não teve a identidade revelada, foi acompanhado por dez anos pela equipe de pesquisadores da Universidade de Dusseldorf.
Antes do caso deste “paciente de Düsseldorf” (oeste da Alemanha), outras duas pessoas com HIV haviam sido curadas, a primeira delas em Berlim em 2009 e a segunda em Londres em 2019. Todos eles tinham um ponto em comum: sofriam de leucemia no sangue e foram submetidos a transplantes de células-tronco – um procedimento de alto risco também conhecido como transplante de medula óssea – para tratar câncer de sangue e receberam uma mutação resistente ao HIV de seus doadores, que exclui uma proteína que o vírus normalmente usa para entrar nas células sanguíneas.
Durante um transplante de medula óssea, as células do sistema imune do paciente são integralmente substituídas por células do doador, o que permite eliminar a grande maioria das células infectadas.
Asier Sáez-Cirion, virologista
Depois da cirurgia, o paciente de Dusseldorf realizou quimioterapia e recebeu infusões de linfócitos, células imunes que destroem as células cancerígenas. Além disso, continuou tratando a doença com terapia antirretroviral. Seis anos após o transplante, em 2018, vírus já era indetectável em seu organismo, o que o levou a parar de tomar os comprimidos diários.
Nos quatro anos seguintes, ele continuou sob supervisão da equipe de médicos e dos pesquisadores da Universidade de Dusseldorf, que concluíram que o paciente estava em remissão da Aids. Nas análises realizadas ao longo do tempo, os cientistas não encontraram nem vestígio de partículas virais, reservas virais ou resposta imune contra o vírus.
Apesar da boa notícia, menos de 1% da população mundial consegue se beneficiar da mutação genética protetora do HIV, já que ela está presente em poucos doadores de células-tronco. E apesar de casos como este entregarem mais esperança de encontrar uma cura para a Aids, o transplante de células-tronco é um tratamento arriscado e que não se adapta à situação da maioria das pessoas portadoras do vírus.
HIV no mundo
Atualmente, estima-se que cerca de 38 milhões de pessoas tenham o HIV em todo o mundo, de acordo com dados das Nações Unidas de 2021. Destes, 36,7 milhões são adultos e 1,7 milhões crianças menores de 15 anos. O HIV, ou vírus da imunodeficiência humana, é um vírus que ataca o sistema imunológico do corpo e, se não for tratado, pode levar à Aids ou à síndrome da imunodeficiência adquirida. Até o momento, não há uma cura eficaz para o vírus. Uma vez que as pessoas contraem o HIV, elas o têm por toda a vida.
Embora o vírus possa ser detectado por meio de sintomas – que podem ser visíveis como alguns semelhantes aos da gripe dentro de duas a quatro semanas após a infecção -, a única maneira de ser diagnosticado é fazendo o teste.
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Fonte: Nature.
Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim
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