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Guerra dos Tronos: Como a Cyanogen quer tomar o Android do Google

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A Cyanogen, empresa responsável por um dos principais mods do sistema operacional Android, deu o aviso ao Google: ela está chegando para tomar o poder.

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As disputas do mercado tecnológico têm alguns duelos históricos. A briga entre PCs e Macs, a guerra dos navegadores, com Chrome contra o Firefox, e dos consoles, atualmente entre Xbox One e Playstation 4. Mas a batalha entre o Android e o iOS tem uma casa dividida. A Cyanogen, empresa responsável por um dos principais mods do sistema operacional aberto, deu o aviso ao Google: ela está chegando para tomar o poder.

“Eu sou o CEO da Cyanogen. Nós estamos tentando tirar o Android do Google”. Foi com estas duas frases que Kirt McMaster se apresentou durante um fórum sobre a próxima fase do Android, em janeiro desse ano. O aviso é claro e direto de quais os planos futuros. Mas será que eles têm a capacidade para isso?

Nos duelos passados, quase sempre existiram outras forças envolvidas, com mais ou menos chance de virar o jogo, e algumas vezes com alta qualidade em comparação aos protagonistas. O Linux é uma alternativa à força do Windows, assim como o Safari e o Opera nos navegadores ou o Wii U nos consoles. A Cyanogen também é uma adversária respeitável, não só pelo volume de usuários do CyanogenMod, que McMaster diz passarem dos 50 milhões, mas principalmente pela agressiva estratégia que a empresa tem adotado para conseguir seu objetivo: lançar uma alternativa viável do Android fora do controle do Google entre três a cinco anos, no máximo.

Essa não é uma tarefa fácil. A Amazon, que lançou em julho o Fire Phone com o Fire OS, baseado no Android, amarga menos de 1% da fatia do mercado norte-americano no terceiro trimestre, e acumula mais de 83 milhões de dólares em aparelhos não vendidos. Mas essa é uma vantagem da Cyanogen. Ela não precisa do aparelho. Ela só precisa fornecer para ele.

E é o que estão fazendo. Em entrevista ao site Fast Company, o vice-presidente de parcerias globais e distribuição Vikram Natarajan contou que a Cyanogen fechou um acordo com a Qualcomm para fornecer o software. Com isso, a empresa de chips pode oferecer aos fabricantes de celulares um sistema com ferramentas e opções não disponíveis no Android tradicional, os produtores recebem a promessa da Cyanogen que o software será atualizado frequentemente, e a Cyanogen consegue uma chance de atingir um público muito maior em aparelhos desbloqueados e a baixo custo. E já está começando: o Cyanogen OS virá pré instalado no novo Alcatel Onetouch Hero2+ nos Estados Unidos.

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Hoje em dia, o CyanogenMod, uma versão não comercial e de código aberto do Android, pode ser baixado gratuitamente para substituir o firmware do smartphone. Mas ainda assim, o CyanogenMod é feito com aplicativos Google. Essa é outra parte do problema de tentar dominar o sistema operacional.

Apesar de o Android ser de código aberto, o Google tenta garantir sua vantagem limitando o acesso aos dados mais profundos e obrigando o uso dos seus aplicativos nativos como um pacote fechado de tudo ou nada. Então se alguém tentar substituir a ferramenta de busca, por exemplo, ela precisará abrir mão de todos os outros apps da empresa, como YouTube, Drive e, principalmente, a Play Store. Substituir a loja de aplicativos do Google, que tem quase 1.500.000 aplicativos segundo estimativas, não é tarefa fácil. Mas existem alternativas possíveis.

Em primeiro lugar, a Cyanogen tenta firmar parcerias para substituir aplicativos. Apps como o Drive, por exemplo, tem acesso mais fácil aos dados do aparelho do que aplicativos de terceiros. A Cyanogen quer oferecer a outros desenvolvedores uma maior gama de possibilidades ao serem construídos dentro do sistema e não apenas instalados. Ou, como disse McMaster, “eu deveria poder falar com meu aparelho, dizer ‘toque uma música’ e a música sair do meu Sonos na sala via Spotify”.

O passo seguinte para a Cyanogen talvez seja não a criação de um único, centralizado e enorme mercado de apps, mas sim de um novo formato. McMaster aponta, por exemplo, como na China existem diversas lojas de aplicativos voltadas para públicos específicos e feitos com focos e especialidades próprias, como de entretenimento ou jogos. E ele acredita que esse modelo pode ser desenvolvido no Ocidente. O CEO já prometeu que terá uma app store própria em até 18 meses.

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Se os planos da Cyanogen vão para frente é algo que ainda será revelado. Mas essa não é a última temporada dessa saga épica, e os próximos capítulos serão decisivos para o sucesso da empreitada. A Cyanogen conseguiu captar 110 milhões de dólares em investimentos, que podem ajudar na construção das parcerias necessárias para tomar de vez o controle do Android da Casa Google. Afinal, quando se joga o jogo dos tronos, você vence ou você morre.

Fonte: Fast Company


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