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A Inteligência Artificial está entrando no mundo da música, com artistas (ou até pessoas comuns) trocando a voz de cantores em canções ou até criando composições inteiras apenas com AI. Por causa disso, o Grammy Awards, a maior premiação da música mundial, resolveu definir regras para o uso desse tipo de ferramenta em indicados ao prêmio. Entenda:
Músicas criadas apenas por AIs não serão elegíveis
Segundo as novas regras, para que uma música se torne elegível à premiação, ela terá que ser composta por um cantor humano. A academia foi bem clara em citar que músicas criadas por AIs não serão consideradas, pois o trabalho humano ainda será muito valorizado pelos especialistas.
Ao mesmo tempo, isso não significa que as canções criadas por inteligência artificial serão completamente ignoradas pela Recording Academy (nome real do Grammy Awards). A elegibilidade até pode acontecer, mas é necessário que um trabalho humano tenha acontecido em alguma parte do processo e os envolvidos estejam nos créditos finais. Veja techos das regras:
O GRAMMY AWARDS reconhece a excelência criativa. Somente criadores humanos são elegíveis para serem considerados, indicados ou ganhar um Prêmio GRAMMY. Uma obra que não contém a autoria humana não é elegível em nenhuma categoria. Um trabalho que apresenta elementos de IA (ou seja, material gerado pelo uso de tecnologia de inteligência artificial) é elegível, entretanto:
- O componente de autoria humana do trabalho submetido deve ser significativo e mais do que de minimis;
- Tal componente de autoria humana deve ser relevante para a categoria em que tal trabalho é inscrito (por exemplo, se o trabalho for enviado em uma categoria de composição, deve haver autoria humana significativa e mais do que de minimis em relação à música e/ou letras; se o trabalho for submetido em uma categoria de performance, deve haver autoria humana significativa e mais do que de minimis em relação à performance); e
- O(s) autor(es) de qualquer material de AI incorporado ao trabalho não são elegíveis para serem nomeados ou ganhadores do GRAMMY AWARDS no que diz respeito à sua contribuição para a parte do trabalho que consiste em tal material de IA.
De minimis é definido como falta de significado ou importância; tão menor quanto a desconsideração de mérito.
As novas regras do Grammy Awards explicam que uma música criada com o apoio de uma IA até pode ser avaliada, mas apenas se a tecnologia tiver sido usada como apoio em vez da fonte original da criação. E a gente também lembra que o dono da voz precisa ter autorizado seu uso, mesmo que não tenha entrado em estúdio com o produtor que colocou a música nas plataformas de streaming.
Composições com AI já existem e estão por aí
A cantora Grimes concordou em dividir lucros de músicas geradas por AI que usam sua voz como base de criação. É uma forma que ela encontrou de ajudar na evolução desta tecnologia e ainda lucrar com isso.
“Clone minha voz com IA e dividiremos os royalties.”
Grimes, cantora, compositora e produtora musical canadense.
Outro bom exemplo é o álbum AISIS, criado inteiramente por uma inteligência artificial: a banda Breezer disponibilizou suas letras para uma inteligência artificial e a voz de Liam Gallagher foi colocada de forma robótica em todas as letras. Ouça ao resultado:
Sente saudades de uma música mais animada da Rihanna? Um fã conseguiu colocar a voz da diva de Barbados em Cuff It, de Beyoncé. O resultado viralizou na internet, já que Rihanna não lança um álbum de músicas inéditas há pelo menos sete anos. Confira:
David Guetta conseguiu criar um rap de Eminem nunca escutado pelos fãs. Ele não chegou a lançar isso nas plataformas musicais por conta de direitos autorais, mas mostrou o resultado em um vídeo do YouTube, assista:
Outras novas regras do Grammy Awards
Também foram encontradas outras alterações às regras do Grammy, com relação às categorias da premiação. A primeira delas fala sobre a criação de três categorias ou prêmios novos:
- Melhor Gravação Dance Pop: criada para que artistas possam lançar músicas sem a necessidade de fazer parcerias com DJs;
- Melhor álbum de Jazz alternativo;
- Melhor performance de música africana.
As categorias Produtor do Ano e Compositor do Ano agora fazem das categorias apresentadas ao final da premiação. Dessa forma, o conhecido Big Four (que antes englobava Canção do ano, Gravação do Ano, Álbum do ano e Artista Revelação), passa a se tornar Big Six.
Ainda dentro da categoria de Álbum do ano, o limite de indicados caiu de 10 para 8. E para que uma pessoa seja de fato indicada dentro da categoria de álbum do ano, ela precisa ter participado de ao menos 20% da produção total de um trabalho completo. Antes da mudança, qualquer pessoa que tivesse participado minimamente da produção de um álbum poderia ser indicada e ter a chance de ganhar um gramofone.
Todas as músicas lançadas entre 1º de outubro de 2022 e 15 de setembro de 2023 serão elegíveis para o 66º Grammy Awards. Os indicados devem ser revelados em novembro e a cerimônia de entrega dos troféus geralmente acontece em meados de fevereiro do ano seguinte, sem datas oficiais reveladas até o fechamento desta matéria.
Para saber mais e entender o que mudou, além de conferir regras adicionais e cronograma oficial do evento, veja o documento de regras do Grammy na íntegra.
E o que você acha do tema? É a favor ou contra a criação de músicas por AI? Deixe sua resposta no campo de comentários.
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Com informações: Recording Academy l EW
Revisado por Glauco Vital em 20/6/23.
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