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Na manhã da última terça-feira (10), em evento para os jornalistas, o Google anunciou a inédita iniciativa DNA do Brasil. O projeto será responsável por um novo desenvolvimento científico que terá o poder de colocar o país no mapa da genômica mundial utilizando os serviços do Google Cloud.
Liderado pela Professora Lydia da Veiga, da Universidade de São Paulo (USP), o projeto é realizado juntamente com a Dasa, maior empresa de medicina diagnóstica da América Latina, e com a plataforma de computação em nuvem, o Google Cloud, com o objetivo de fazer um mapeamento do DNA e montar um banco de dados genéticos da população do país.
“O DNA do Brasil dá início a uma nova fase dos estudos nacionais e globais sobre genômica. Vamos gerar informações sobre características genéticas que podem impactar diretamente na saúde da população”.
Profa Lygia da Veiga, cientista da USP responsável pelo projeto.
Até o momento, menos de 0,5% das pesquisas realizadas no mundo contemplaram a população brasileira. Enquanto isso, 78,39% dos estudos têm ancestralidade predominantemente europeia, 2,03% vieram da África e somente 1,13% são de origem hispânica ou da América Latina.
O estudo é importante para o país, porque exames que calculam risco de doenças genéticas surgirem em um futuro próximo já estão sendo implementados em outros países. Estas pesquisas podem fazer com que tratamentos voltados para silenciar mutações no DNA por trás do câncer sejam mais utilizados e cada vez mais implementados no cotidiano dos brasileiros.
O projeto iniciará um passo importante, que será responsável por aumentar o número de coletas de genomas do país e atualizar os bancos de dados, utilizando os serviços do Google como base.
Projeto DNA do Brasil e o Google Cloud
Ficará ao encargo da Dasa fazer o sequenciamento das amostras no Nova Seq, um equipamento responsável por fazer o mapeamento e gerar a sequência do genoma humano em até 24 horas. Este equipamento está disponível no Centro de Diagnóstico em Genômica, inaugurado em junho deste ano, depois de um investimento de R$ 60 milhões.
O centro é responsável por processar os exames de mais de 800 laboratórios da empresa, que estão espalhados por todo o Brasil, e dispõe de diversos especialistas em diversas áreas da medicina, como oncologia, cardiologia.
“Nossa participação nesse projeto está totalmente alinhada com o propósito da companhia de transformar a saúde da população brasileira por meio da medicina de precisão, e reforça a estratégia da interação entre as iniciativas pública e privada para o fomento da pesquisa científica brasileira”
Romeu Domingues, Presidente do Conselho da Dasa
O DNA do Brasil conta, ainda, com o apoio da Illumina, uma empresa americana líder no segmento de decodificação de informação genética, que fornecerá os insumos utilizados no sequenciamento das amostras.
Os serviços do Google Cloud, no entanto, irão processar os dados do sequenciamento em nuvem, permitindo que as análises e cruzamentos de dados possam atingir altas escalas e que possam ser também utilizadas por algoritmos de análise e machine learning (Aprendizado na máquina, em português).
“Nossa nuvem permite processar dados genômicos em grandes volumes, possibilitando o uso de recursos de análise avançada e os mais altos níveis de segurança de dados que projetos dessa magnitude demandam”
João Bolonha, diretor de Google Cloud para o Brasil
Com o uso de Google Cloud, o custo de processamento necessário para o projeto DNA Brasil terá uma redução de 90%, quando comparado com o uso de outras infraestruturas, como por exemplo, a implementação de um data center próprio.
Integração de dados clínicos e genéticos
O projeto DNA do Brasil terá início sequenciando o genoma de mais de 15 mil brasileiros de diversas regiões do país, com idades entre 35 e 74 anos, integrantes do Estudo Longitudinal de Saúde do Adulto (ELSA), maior pesquisa epidemiológica do país, que é financiada pelo Ministério da Saúde e o CTIC.
O grupo de adultos tem sido acompanhado clinicamente desde 2008 e, com as novas informações genéticas recolhidas, será possível que elas sejam agregadas ao novo bando de dados.
À frente do projeto da ELSA, está o Professor Paulo Lotufo, da Faculdade de Medicina da USP, que afirmou que o projeto permitirá destacar doenças cardiovasculares e diabetes na agenda de pesquisa do país, aumentando a possibilidade de mapeamento de novas doenças genéticas com o passar dos anos.
Dentre as universidades deste projeto, também estão as Universidades Federal da Bahia, do Espírito Santo, de Minas Gerais, do Rio Grande do Sul e a Fiocruz (RJ). Com este novo passo para a ciência nacional, os estudos com o DNA do país permitirão a contribuição para melhorar cada vez mais a saúde da população usando tecnologia e serviços na nuvem.
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