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Qualcomm quer permissão especial dos EUA para fornecer chips para a Huawei

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A fabricante de processadores e modems de smartphones afirma que restrição criada pela “lista negra” do país vem privando empresas americanas de um mercado de US$ 8 bilhões anuais

Enquanto as tensões entre Estados Unidos e China aumentaram nos últimos dias com o presidente Donald Trump assinando uma ordem executiva para banir o aplicativo TikTok do país, a Qualcomm tem feito pressão no governo para conseguir permissão de efetuar negócios com a Huawei, que desde o ano passado se encontra na “lista negra” dos EUA.

De acordo com o reportado pelo The Wall Street Journal, a empresa tem argumentado que a proibição de efetuar qualquer tipo de negociação comercial com a empresa chinesa não irá afetar em nada os negócios dela, e apenas fará com que ela deixe de procurar empresas americanas – como a própria Qualcomm – e consiga os componentes que precisam para seus aparelhos com outros fornecedores.

De acordo com um documento obtido pelo jornal e que estaria “circulando pelos corredores de Washington D.C.”, o principal alvo do lobby da Qualcomm é conseguir permissão para vender chips 5G que seriam usados nos smartphones da empresa chinesa – permissão essa que é concedida apenas pelo Departamento de Comércio do governo dos Estados Unidos.

No documento a Qualcomm afirma que, caso o governo dos EUA continue impedindo ela de negociar com a Huawei, ele na prática não está punindo a companhia chinesa, mas apenas deixando uma empresa do país de fora de um mercado com valor estimado de US$ 8 bilhões por ano, e abrindo caminho para que as principais concorrentes da Qualcomm no setor – a MediaTek e a Samsung – possam tomar para si toda essa fatia do mercado.

Procuradas pelo The Wall Street Journal, a MediaTek afirmou que os investimentos que a empresa tem feito na tecnologia 5G tem ajudado a empresa a ganhar novos clientes no mundo todo (mas sem especificar quem são esses clientes), enquanto a Samsung se negou a comentar sobre o caso.

Entendendo a reclamação da Qualcomm

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A guerra comercial entre Estados Unidos e China foi o estopim para a campanha do país contra a Huawei (Imagem: Kyodo/AP Images)

Desde maio de 2019, a Huawei faz parte de uma “lista negra” do governo dos Estados Unidos. Na prática, isto significa que a companhia chinesa não pode vender seus produtos dentro do país e nem fazer negócios com nenhuma empresa que possua sede nos EUA – o que inclui algumas gigantes da tecnologia, como o Google, a Apple, a Qualcomm e a Microsoft.

O motivo alegado para a inclusão da Huawei nesta lista negra seria a uma suposta espionagem da empresa, que estaria coletando dados dos usuários americanos e os enviando para os bancos de dados do governo chinês. Mas, até o momento, nenhuma prova dessa espionagem foi divulgada para o público.

E ainda que essas restrições possam estar tornando a vida da empresa chinesa um pouco mais complicada – muitos países aliados dos Estados Unidos, especialmente na Europa, desistiram de usar equipamentos da empresa na montagem de suas infraestruturas de 5G – elas não estão tendo o tipo de impacto imaginado nas operações da companhia como um todo.

Um ano depois de ser colocada na “lista negra” dos EUA, a Huawei conseguiu ultrapassar a Samsung e se tornou a maior fabricante de smartphones do mundo (de acordo com dados contabilizados até junho deste ano) e, impedida de negociar com o Google e utilizar o sistema Android em seus smartphones, a empresa está lançando mundialmente o HarmonyOS – um sistema operacional que, até o ano passado, existia apenas na China e que surge como um forte concorrente para um mercado que hoje é dominado pelo Google.

E há também as complicações criadas dentro do próprio Estados Unidos, já que muitas empresas de telefonia do país utilizam equipamentos da Huawei em suas estruturas de rede, o que tem obrigado essas companhias a repetidamente passar por toda a burocracia do Departamento de Comércio dos Estados Unidos para conseguir a permissão de adquirir peças de reposição da empresa chinesa e não deixar seus consumidores sem sinal de telefone ou com problemas na conexão à internet.

Fonte: Bloomberg, Deutsche Welle


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