Índice
- O que é Foodtech?
- O Movimento do Varejo
- Tendências e novos hábitos alimentares
- Foodtech no Brasil
- MyGreenBox inova no segmento de hortas residenciais
- Cheftime implementa receitas na medida certa
- James, o delivery particular
- Inteligent Foods pretende reduzir o desperdício de alimentos
- Not Mayo, a maionese de 30 milhões
- Behind the Foods traz o hambúrguer vegano com sabor de carne bovina
- Sobre a Foodtech Movement
A nona edição do Foodtech Movement, no auditório CUBO Itaú, em São Paulo, promoveu novos debates sobre o futuro da alimentação na era da tecnologia, com startups e investidores inseridos no segmento alimentício. O fórum abordou temas como a Geração Z e seus hábitos alimentares, o futuro da alimentação, a evolução contínua do varejo, e a ressignificação da cadeia de consumo, além de apresentar cases de sucessos das startups que mais se destacaram nos últimos meses.
Durante o evento, também houve painéis com executivos do GPA e do Google, além dos especialistas de tecnologia e varejo. O Foodtech Movement recebeu representantes da NotCo, Behind the Foods e N.ovo para uma conversa sobre como a tecnologia vem transformando a forma como as pessoas se alimentam.
O que é Foodtech?
FoodTech é a junção entre “comida” e “tecnologia”. O termo é utilizado quando usamos a tecnologia para melhorar a agricultura, produção de alimentos, a cadeia de fornecimento e o canal de distribuição. Basicamente, FoodTech é qualquer tecnologia aplicada à maneira como produzimos, vendemos ou servimos alimentos.
Ana Carolina Bajarunas, Food&Beverage Specialist da Builders Consultoria, comentou que 30% da produção mundial de alimentos é desperdiçada. Só no Brasil, isso representa 40 mil toneladas de alimentos por ano. Além da necessidade de redução do desperdício, também há espaço para a produção de alimentos mais saudáveis.
“88% dos consumidores pagam mais por um alimento saudável”.
Ana Carolina Bajarunas, da Builders Consultoria
Em busca da transformação, startups que aliam a tecnologia com o setor alimentício estão em alta. Investidores ao redor do globo, como Jeff Bezos, Richard Branson e Bill Gates, estão investindo pesado no setor alimentício, seguindo a tendência do “Food como a nova Internet”. Afinal, o tamanho desse segmento atinge 5,75 trilhões de dólares, 10 vezes mais do que o mercado de software.
O Movimento do Varejo
Segundo Antonio Salvador, Chief Digital Officer do GPA, “Mobile é o nome do jogo”. Os varejistas estão brigando pelo campo de batalha online, mais especificamente na tela dos dispositivos móveis, onde o consumidor compra cada vez mais e busca experiências personalizadas.
Outro ponto levantado durante o fórum foram os dados da consultoria Dunnhumby no ano de 2018. O mercado de bebidas e cuidados pessoais cresceu 45%, seguido de produtos de informática (27%), casa e decoração (16%), esporte e lazer (10%), eletrônicos (10%), eletrodomésticos (8%) e moda e acessórios (6%). Como um todo, o e-commerce brasileiro já representa 11% dessas vendas.
Antonio explica que a relação entre o cliente, varejo e tecnologia é sustentada por 2 pilares: relevância e recorrência. Por essa razão, é preciso entender em profundidade o cliente, personalizando a experiência por regiões e indivíduos. Ainda de acordo com o executivo, 77% dos clientes que visitam as lojas utilizam o smartphone para auxiliar na compra, seja para passar o tempo ou obter informações sobre produtos.
“O cliente da loja física que se torna omnichannel representa um crescimento de 40% em faturamento. Ele também compra 2 vezes mais que os clientes de apenas lojas físicas. Por essa razão, a GPA investe em ecommerce, aplicativos, plataformas de mídia e tecnologias voltadas à inovação”
Antonio Salvador, Chief Digital Officer do GPA
Tendências e novos hábitos alimentares
Antonella Weyler, líder de Insights para o Varejo do Google Brasil, contribuiu com o fórum abordando hábitos alimentares e tendências dos jovens da Geração Z (nascidos entre 1995 e 2010). De acordo com a líder, uma geração de “Nativos Digitais” ou pessoas que sempre viveram em um mundo conectado consideram o conhecimento uma moeda de troca social.
Segundo Antonella, diferente das gerações anteriores, não há um comportamento tão binário em relação às opiniões: a Geração Z ouve e busca o equilíbrio num debate. Também, é uma geração mais cautelosa na maneira como se lida com as redes sociais e que preza por estar no controle.
“A Geração Z busca no consumo e nas marcas a expressão de sua identidade e de seus valores éticos. Mas o impacto de grandes marcas é cada vez menor, pois essa geração olha para elas com muito mais ceticismo e crítica”.
Antonella Weyler, líder de insights para o varejo do Google Brasil
57% da Geração Z afirma que prioriza a quantidade de vitaminas e o valor nutricional ao escolher alimentos. A busca pelo equilíbrio também reflete em uma alimentação mais saudável.
“O equilíbrio está em navegar entre as diferentes formas de alimentação, balanceando alimentos saudáveis e um pouco de junk food, sem excessos. Essa geração vê a comida como “experiência” e prefere consumir de forma compartilhada, com família e amigos. E a diferença entre comprar “online” e “offline” se torna menos importante aqui, uma vez que existem menos barreiras tecnológicas do que as encontradas em gerações anteriores”.
Antonella Weyler, líder de insights para o varejo do Google Brasil
Foodtech no Brasil
No Brasil, essas startups voltadas para alimentação encontram um campo pronto para cultivo. De acordo com uma pesquisa divulgada durante o Foodtech Movement, existem 17 clusters de atuação das foodtechs brasileiras. A grande maioria se concentra na criação de produtos e serviços direcionados para o consumidor, varejo inteligente e marketplace de food services. Também há movimentações no desenvolvimento de comidas inteligentes – ou comidas do futuro – e novas tecnologias para tratar de resíduos recicláveis. Estas empresas se dividem em 84,5% nos estados do Sudeste, 9% no Sul, 3% no Nordeste, 2,5% no Norte e 1% no Centro-Oeste.
MyGreenBox inova no segmento de hortas residenciais
Entre as startups que divulgaram seus trabalhos no evento está a Órbita Engenharia Integrada, detentora do MyGreenBox, um aplicativo de celular que tem como intuito auxiliar as pessoas, de forma prática e tecnológica, a gerenciar uma mini-horta em casa, com a capacidade de colher e comer alimentos naturais, tudo acompanhando pela tela do seu smartphone.
De acordo com Leonardo Campos, cofundador da Órbita Engenharia Integrada, a técnica utilizada para o desenvolvimento da mini-horta é chamado de “plantio intuitivo de microgreens”, que consiste na assinatura e recebimentos de sachês de sementes para cultivo, que dispensa terra e necessita apenas de água e iluminação.
“Nosso gadget está em fase de testes e a pré-venda deve se iniciar em 5 meses. Imagine como será fácil comprar vegetais? Basicamente, o processo é bem parecido com as cápsulas de Nespresso. Além disso, esse cultivo por meio do plantio intuitivo de microgreens oferece produtos com 40% a mais de nutrientes, sem sujeira e indoor”.
Leonardo Campos, cofundador da Órbita Engenharia Integrada.
Cheftime implementa receitas na medida certa
A Cheftime, empresa que entregas kits gastronômicos com produtos na medida certa para que usuários preparem suas refeições em casa, cria novos cardápios variados toda semana, com opções rápidas para confort food, leves, low carb (com pouco ou sem carboidrato), vegetarianas e snacks, com ingredientes selecionados, evitando o desperdício de ingredientes.
Através da assinatura, o cliente pode receber toda semana caixas com as receitas escolhidas e, caso desista de fazer alguma das refeições solicitadas, há possibilidade de cancelar o pedido se desejar. Outra opção oferecida pela Startup é a possibilidade de fazer pedidos avulsos para ocasiões especiais ou jantares com família e amigos.
A empresa selou, no ano passado, uma grande parceria com o Grupo Pão de Açúcar. Com o acordo, a Cheftime lança kits prontos para as gôndolas dos supermercados da rede do GPA.
James, o delivery particular
O James é um entregador participar que promete “resolver qualquer problema quando o assunto é entrega” para clientes. Seu funcionamento é similar a outros Apps e serviços como Rappi, também presente no Brasil. A startup começou quando Eduardo Petrelli, Ivo Roveda, Lucas Ceschin e Juliano Hauer, fundadores da empresa, criaram uma plataforma que conecta clientes, entregadores e estabelecimentos, possibilitando a entrega de qualquer tipo de produto, de qualquer estabelecimento da cidade.
O serviço funciona por aplicativo, disponível tanto para iOS quanto para Android. O cliente escolhe o que quer, que pode ser de um dos 300 parceiros cadastrados ou de qualquer outro estabelecimento da cidade, e o James entrega em casa. Este ano, o James lançou uma taxa de entrega com desconto, no valor de R$ 1,99, que funciona para alguns estabelecimentos selecionados. A empresa também foi adquirida pelo GPA.
Inteligent Foods pretende reduzir o desperdício de alimentos
A Inteligent Foods foi criada com o propósito de unir a ciência às receitas e produtos tradicionais. Com o lema “A sua receita. A nossa fórmula”, a proposta da startup é criar alimentos prontos, sem refrigeração e sem conservantes, mas com longa duração. Essa é a missão da Intelligent Foods, reduzir o desperdício e perda de alimentos.
Os empreendedores desenvolveram um método que consegue matar as bactérias presentes na comida por meio de diferentes etapas de temperatura e pressão, possibilitando que os alimentos sejam preservados por até quatro anos sem refrigeração nem conservantes.
Not Mayo, a maionese de 30 milhões
A Not.Co é uma maionese construída com o uso de Inteligência Artificial, que atraiu até a atenção de Jeff Bezos, da Amazon, o fazendo investir mais de 30 milhões na ideia. Feita com ingredientes 100% vegetais, a maionese é recriada com base num algoritmo chamado “Giuseppe”. A empresa também está desenvolvendo sorvetes, creme de avelã com cacau e leite (conhecido popularmente como Nutella), hambúrgueres e até produtos que simulam o atum.
Giuseppe, o robô, analisa alimentos em nível estrutural e cruza informações de tabelas nutricionais, revistas científicas e os próprios testes em laboratório da startup chilena. Segundo o cofundador da NotCo, Matias Muchnick, o algoritmo foi criado para que possamos entender melhor como o cérebro funciona quando experimentamos alimentos salgados, doces, amargos ou azedos.
Os dados coletados através desse algoritmo ajudam a empresa a replicar sabores, texturas e consistências dos produtos de origem animal nos produtos.
Behind the Foods traz o hambúrguer vegano com sabor de carne bovina
A Behind the Foods é uma das empresas que buscam simular o gosto e consistência de hambúrgueres e carnes tradicionais, com o uso de substâncias plant-based.
“Trabalhamos os três tecidos da carne (conjuntivo, fibroso e adiposo), procurando ou criando ingredientes que simulem cada tipo de tecido”.
Leandro Mendes, fundador da startup.
Com essas premissas, são recriados os “blends” dos tecidos, alcançando o sabor similar ao da carne tradicional com foco em proteína, mas de origem vegetal. Seu objetivo é “construir o futuro da proteína” e lançar opções veganas análogas aos “originais” de leite, queijo, carnes de boi, porco, aves e peixe.
Sobre a Foodtech Movement
Segundo uma pesquisa feita pela ONU (Organização das Nações Unidas), a produção mundial de alimentos deverá crescer 70% até 2050 para acompanhar o crescimento da população, que deverá atingir 9 bilhões de pessoas. A Foodtech Movement surgiu da necessidade de desenvolver maneiras de produção e consumo mais sustentáveis, reunindo investidores, startups e interessados em melhorar a produção e o consumo de alimentos.
Todo esse movimento em relação as foodtechs tanto do ramo alimentício quanto fora dele já está dedicado a traçar uma importante jornada de mercado. Mas, além do core business, vale ressaltar que essas startups estão desenvolvendo soluções para matar a fome, poupar recursos e estabelecer um pensamento mais sustentável, que é de suma importância para assegurar um futuro mais próspero e saudável para todo o mundo.
Diante desse cenário, o Foodtech Movement no Brasil tem grande relevância para entusiastas e transformadores em torno de um assunto tão nobre quanto a arte de alimentar, criando condições favoráveis para que empreendedores e novos negócios possam se desenvolver.
Para facilitar o entendimento a respeito da atual revolução tecnológica na cadeia do alimento, a Foodtech Movement dividiu as empresas atuantes em 14 categorias. Para mais informações sobre o papel de cada uma nessa importante jornada, acesse o site da Foodtech Movement.
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