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Leonard Bernstein nasceu em 25 de agosto de 1918 e desde criança se interessou pelo mundo da música. Estudou em colégios renomados dos Estados Unidos, cursou música na Universidade de Harvard e se tornou um grande nome da música clássica. Entretanto, só foi no ano passado que o americano ganhou sua primeira cinebiografia: Maestro.
O filme, que traz Bradley Cooper no papel do regente, ficou em exibição em vários festivais e atualmente concorre a 7 indicações ao Oscar 2024. Desde o final do ano passado os assinantes da Netflix têm a oportunidade de conferir a trajetória musical desse homem que nos deixou em 14 de outubro de 1990. Confira abaixo nossa crítica!
História
O regente norte-americano Leonard Bernstein assumiu a direção da Filarmônica de Nova York após substituir o regente Bruno Walter em uma apresentação no Carnegie Hall. Dessa apresentação em diante, sua carreira teve uma grande ascensão. Além de ser uma figura histórica, foi ousado em trazer a música clássica para um âmbito mais popular.
Entretanto, se engana quem acha que o filme trata apenas da trajetória do músico. Afinal, Felicia Montealegre, sua grande paixão e companheira, divide com ele todo o protagonismo dessa história. O filme dispõe de mais de duas horas e a presença da atriz costarriquenha pela qual ele se apaixonou está presente desde a inesquecível apresentação no Carnegie Hall até um fatal momento de cisão. Sob esse ponto de vista, Maestro é uma verdadeira história de amor que prestigiamos no melhor formato storytelling.
Existem conflitos, dúvidas, negações, confusões de sentimentos e, sobretudo, emoções que em alguns momentos se confundem e em outros são entendidas sem que seja necessário dizer uma palavra. Toda essa complexa história de amor entre os dois realmente aconteceu e Bradley Cooper, que escreveu ao lado de Josh Singer o roteiro, conduziu muito bem essa trama que gera muitas reflexões e vislumbre visual.
Principais destaques
Além de todo brilhantismo e segurança em cena do Bradley Cooper, não podemos esquecer da participação de Matthew Bomer, que vive o personagem David Oppenheim, um grande parceiro do maestro. Bomer também se destacou ano passado com sua interpretação de Hawkins Fuller na série Companheiros de Viagem, disponível no Paramount+, que rendeu uma indicação de Melhor Ator em Minissérie ou Telefilme no Golden Globe Awards 2024.
A primeira aparição de Felicia Montealegre no filme é bastante cinematográfica. A jovem atriz interpretada por Carey Mulligan salta de um ônibus e anda até a câmera, que capta seu rosto em um estilo característico dos filmes vintage. Não podemos negar que a direção de Bradley Cooper é impecável e bastante respeitosa com todo o clima noir típico de uma saudosa época.
O mesmo cuidado está presente na escolha das músicas que compõem a trilha sonora e embalam ainda mais toda atmosfera de glamour e encanto tanto do mundo do teatro, que Mulligan faz parte, quanto da música, do qual Bernstein compartilha seu carisma e genialidade.
Outro ponto marcante é uma performance surpreendente que ocorreu enquanto eles ainda não eram precisamente um casal. O destaque é válido pois é uma típica encenação de grandes musicais. Ela ocorre em um momento de fuga da realidade em meio a cobranças que ocorrem em pleno horário de refeição.
Em tal cena Leonard e Felicia não cantam, mas a coreografia feita pela figuração presente se adequa fielmente a uma música envolvente e, rapidamente, somos transportados por um contexto muito parecido com os acontecimentos dançantes de West Side Story, musical que posteriormente é citado no filme, que é uma adaptação da história de Romeu e Julieta que o próprio Leonard criou. A história ganhou um remake em 2021 por Steven Spielberg.
Aspectos Técnicos
Os primeiros 10 minutos do filme são surpreendentes. Primeiramente ficamos impactados com a caracterização do Bradley Cooper para viver o regente na velhice. A maquiagem distancia da feição que conhecemos do ator que fez parte dos filmes O Lugar Onde Tudo Termina (2012), O Beco do Pesadelo (2021), Se beber não case (2009) e Nasce uma estrela (2018).
Com essa caracterização ele faz comentários saudosos enquanto é filmado por uma equipe de televisão. Pouco tempo depois vemos o maestro no Carnegie Hall na noite que substituiu o regente Bruno Walter. Esta foi uma das noites mais importantes na carreira do Leonard Bernstein.
A direção torna esse momento grandioso e abrupto. Queremos chamar atenção para o plano sequência desses instantes e a dominação do P&W na tela que, apesar de ser recurso bastante corriqueiro para remeter a eventos de flashback, encanta pela movimentação estratégica das câmeras que nos traz a dimensão daquele teatro e a alegria que toma conta do músico.
Como muitos já sabem, o ponto de confronto sempre deve existir nessas narrativas cinematográficas para justificar o futuro clímax que levará ao desfecho da história. Essa conflitante etapa é simbolizada com a chegada do colorido na tela e nesse momento todo encantamento utópico de outrora dá espaço ao amadurecimento dos personagens.
Agora mais maduros e sem o romantismo constante de outrora, Leonard e Felice vivem momentos divergentes e de atritos que abalam a relação. Um aspecto interessante é que as imagens da velhice de Lenny (Leonard Bernstein) são em formato 21:9, mas quando a Felicia está presente do trajeto da história, o formato é 4:3, típico dos primeiros televisores.
Conclusão
Não podemos esquecer que Bradley fez um trabalho incrível na atuação e direção da quarta versão da história de Nasce uma Estrela. No entanto, em Maestro ele mostra toda sua versatilidade e criatividade em trabalhar com elementos bastante característicos de cada época com diálogos que nos fazem refletir sobre a forma que conduzimos as nossas relações sociais.
Maestro concorre as seguintes indicações ao Oscar 2024:
- Melhor som
- Melhor fotografia
- Melhor Ator
- Melhor Atriz
- Melhor roteiro original
- Melhor Maquiagem e cabelos
- Melhor Filme
De maneira geral, o filme demonstra competência para ganhar em todas as categorias em que ele concorre. Até mesmo direção, da qual ele não faz parte da lista, uma vez que todo o cuidado com a apresentação das cenas é uma grande homenagem à música, ao teatro e às mais variadas formas de arte.
Leonard Bernstein foi um homem que gostava muito de pessoas e era perceptível seu amor pelo ofício. Contudo, tal qual como qualquer outro ser humano, existiam questões que atordoaram e, consequentemente, atitudes e consequências nem sempre muito favoráveis ao desenvolvimento.
Maestro é uma ótima maneira de conhecer um pouco da psique de uma pessoa grandiosa. Talvez uma forma de mostrar o quanto o regente era humano. O filme é cartesiano, peculiar e belo, tal qual uma música clássica composto por grande regente.
Onde assistir
O Maestro está disponível na Netflix. Atualmente a plataforma conta com o plano Básico com anúncios (R$18,90), Padrão (R$39,90) e Premium (R$55,90).
Recomendações
Se você gostou de Maestro e sentiu interesse em conhecer mais sobre as características de grandes nomes da música, será muito válido conferir o filme Tár, que conta a história fictícia da regente Lydia Tár, vivida pela Cate Blanchett. É possível alugar ou comprar o filme para assistir nas seguintes plataformas: Claro video, Amazon Video, Google Play Movies e Apple TV.
Na própria plataforma da Netflix você pode conferir também um filme bastante interessante chamado Tick, Tick… Boom!. Protagonizado por Andrew Garfield, a produção conta a história de um compositor promissor que ao mesmo tempo lida com muitas questões existenciais, corre contra o tempo para deixar sua marca no mundo. É um musical envolvente de 1h 55min.
O Oscar 2024 ocorre dia 10 de março e você pode conferir Maestro na Netflix antes do dia da premiação. Serve um tempo para conferir esse trabalho primoroso do Bradley Cooper que apresentou com maestria a história de amor entre Leonard Bernstein e Felicia Montealegre.
Qual dos indicados ao Oscar deste ano você já assistiu? Conte nos comentários!
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Fontes: Netflix
Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim
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