Segundo matéria publicada hoje (24) pelo Wall Street Journal, o homem por trás do Facebook, Mark Zuckerberg, teria sido o responsável por incitar as desconfianças do governo dos EUA, bem como do próprio Donald Trump, acerca da crescente popularidade de aplicativos chineses – em especial o TikTok – e as empresas por trás deles.
Conforme relata o Engadget, a alegação seria de que Zuckerberg teria aproveitado sua visita a Washington no final do ano passado para expor, pública e privadamente aos membros do governo, suas preocupações sobre a ameaça que os rivais chineses representam. Apesar do TikTok só ter ‘estourado’ mundialmente em 2020, o app já era popular na Ásia antes disso e, segundo o jornal, as preocupações do senado estadunidense com a segurança da rede social só teriam começado após a visita de Zuckerberg.
Em outubro do ano passado, Zuckerberg também discursou na Georgetown University, alegando que publicações [contra o governo Chinês] são comumente censuradas no TikTok e que, por isso, o app seria contra os valores norte-americanos.
Zuckerberg também teria perguntado aos estudantes, “é essa a Internet que queremos?”
Embora o governo norte-americano já demonstre ter preocupações com a segurança do TikTok – em agosto, Donald Trump assinou duas ordens executivas para banir o TikTok e o WeChat do país, caso ambos não fossem vendidos à empresas dos EUA – há quem reconheça que o alarmismo criado sobre os aplicativos chineses pode ser uma estratégia do Facebook. Para Josh Hawley, senador do partido republicano, o objetivo da empresa seria criar um inimigo externo e, com isso, “aumentar sua própria credibilidade”, mas isso, por si só, não afastaria as ameaças que os aplicativos chineses supostamente representam.
“Nossa visão sobre a China é clara: devemos competir. Mas conforme as empresas chinesas e sua influência crescem, também cresce o risco de uma internet mundial baseada em seus valores, que são opostos aos nossos”
Andy Stone, porta-voz do Facebook
As acusações contra o conglomerado de Zuckerberg também não param por aí: a reportagem do WSJ ainda afirma que o Facebook vem gastando enormes cifras em lobby (advocacia corporativa, em bom português), e que até instituiu um grupo de advogados chamado “American Edge”, cujo objetivo seria melhorar as interações das empresas de tecnologia com o governo. O TikTok, por sua vez, também acusou a gigante de estar usando a política para destruir um rival.
O Engadget ainda ressalta que, em julho, o CEO do TikTok e COO da ByteDance, empresa que controla o aplicativo, publicou uma carta aberta ao Facebook, convidando a empresa para “lançar outra cópia [do TikTok], após a primeira cópia [o app Lasso] ter fracassado rapidamente”. No mesmo documento, o executivo da chinesa ainda teria acusado o Facebook de estar caluniando o TikTok e outros concorrentes da China com a desculpa de ser patriota e com o objetivo de acabar com a existência dessas companhias nos EUA.
Vale do Silício em apuros
As revelações contra o Facebook não poderiam vir em pior hora: há menos de um mês, os magnatas Tim Cook, Sundar Pichai, Jeff Bezos e o próprio Mark Zuckerberg, CEOs das gigantes Apple, Google, Amazon e Facebook, respectivamente, enfrentavam uma audiência no congresso dos EUA sob a alegação de que suas empresas realizavam práticas anticompetitivas. No caso do Facebook, Zuckerberg teve de explicar as diversas vezes em que comprou os concorrentes após ver neles uma ameaça aos negócios de sua empresa.
Casos como a aquisição do Instagram e do WhatsApp seriam ilustrativos disso, visto que paira sobre essas negociações a suspeita de que o Facebook teria pressionado os donos a venderem suas empresas, insinuando que seria possível destruí-las caso o Facebook lançasse serviços similares. Gostando ou não, foi exatamente o que ocorreu com o Snapchat, que após não acertar sua aquisição pela gigante de Zuckerberg, viu o Instagram “roubar” suas funcionalidades e, consequentemente, toda a sua base de usuários.
Ainda que o Facebook não alimente quaisquer expectativas de que irá comprar o TikTok, principalmente devido ao investimento que tem feito no Instagram, adotando funcionalidades similares às do concorrente, a acusação do jornal chega para aumentar as desconfianças sobre os interesses das gigantes do Vale do Silício e, principalmente, sobre o quão longe elas estão dispostas a ir para defendê-los.
Esse, inclusive, é um assunto que desperta uma disputa de narrativas dentro dos EUA: por um lado, há aqueles que defendem que empresas como o Facebook devem satisfações ao poder público, sobretudo quando agem de forma predatória e ameaçam o livre comércio. Por outro lado, também há quem veja o avanço de empresas chinesas em diversos setores como uma ameaça ao American Way of Life (estilo de vida norte-americano), contra a qual a guerra comercial e os banimentos deflagrados por Trump se legitimam.
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Com informações de: Daily Mail
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