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Não há dúvidas de que vivemos um período muito fértil para a produção de seriados. Embora os anos 1990 e 2000 sejam repletos de clássicos, como “Seinfeld”, somente nessa década voltou-se a dizer que vivemos uma nova Era de Ouro na TV. E não precisa ser crítico especializado para notar isso: a qualidade, em termos narrativos e técnicos, aumentou, assim como a complexidade dos temas abordados.
Outro fator é o interesse dos grandes astros, cujos olhos antes estavam voltados unicamente para o cinema e que agora passam para produções com selos Netflix e HBO. As séries não são mais produtos secundários, são uma parte bastante forte da indústria. E, portanto, há um investimento pesado nelas.
Mas, você notou que as aberturas dos seriados seguiram o mesmo caminho? Com o passar dos anos, elas ampliaram seu papel comercial e sua função dentro das produções. Confira, a seguir, o que motivou essa evolução:
Uma ajudinha da tecnologia
Nas sitcoms de vinte anos atrás, era comum assistirmos um compilado de cenas de menos de um minuto, nas quais momentos da série eram mesclados com filmagens não muito elaboradas. Um exemplo icônico é “Friends”.
Mas, aos poucos, essas aberturas ganharam uma camada artística. Seguiram a tendência iniciada pelos clipes de música: deixaram de ser meros acessórios publicitários para se tornaram declarações de arte.
Um dos principais motivos para isso é a melhora dos softwares em meados dos anos 1990. Sobretudo, com a chegada do Adobe Creative Suite. Por causa dessa evolução tecnológica, uma nova geração de designers pode ampliar os limites criativos nessas aberturas.
A função é apresentar, mas até que ponto?
Naquela época, predominavam ainda as séries procedurais, isto é, aquelas em que os episódios poderiam até vir em sequência, mas não tinham nenhuma conexão além da presença dos mesmos personagens. Logo, as pessoas não necessariamente acompanhavam os programas todas as semanas.
As aberturas, então, tinham a função de apresentar um contexto para quem estivesse vendo a série pela primeira vez. Em muitos casos, elas eram bem objetivas e chegavam até a entregar toda a série de uma só vez. Mas, algumas, fugiam da regra, como “Um Maluco no Pedaço”.
Porém, a produção que realmente foi destaque e deu o pontapé inicial para que começassem a repensar o papel das aberturas foi “Os Sopranos”. Para os editores do site The Art of the Title, Lola Landekic e Will Perkins, a sequência de abertura da série, ironicamente, evita revelar muito sobre o personagem principal.
“A edição e a cinematografia cortam Tony. Você não consegue vê-lo por inteiro. Você vê o seu cigarro, seus olhos, suas mãos no volante. Você só consegue vê-lo no final, quando ele sai do carro”, afirmou Landekic. “Quem é esse cara?”, perguntou Perkins, assim como todos nós depois de assistir a cena. “Essa [pergunta] é a série, certo?”, completou a editora.
Aval para ousar
Desde então, a HBO passou a ousar. Deixou para trás os tradicionais 30 segundos de abertura e passou a usar 60 ou, até, 90 segundos para isso. Os designers foram estimulados a usar novas técnicas e criar novos significados a filmagens antigas. Como resultado, temos duas das aberturas mais icônicas dos últimos anos: “Game of Thrones” e “True Detective”.
Na série inspirada nos livros de George R. R. Martin, a abertura funciona como uma maneira de localizar o espectador no universo. Com uma música épica e a própria cartografia descobrimos que não se passa nos tempos de hoje e que há um conflito eminente. Tudo isso sem nem se quer ver o rosto de ninguém.
Em entrevista para a Wired, a mente por detrás da abertura de “True Detective” e diretor criativo do estúdio Elastic, Patrick Clair, explicou o motivo para que cenas tão curtas tenham ganhado importância:
“A sequência do título funciona como um elo entre a vida cotidiana e o lugar para onde você vai quando assiste ao programa”
Agora, vemos trabalhos com números musicais, desenhos ou, simplesmente, focados na tipografia do título. Não importa, eles são sempre bem planejados.
Por isso, não seria estranho se os profissionais por detrás dessas aberturas se tornassem, num futuro próximo, pessoas influentes dentro da indústria. E, por que não, diretores e showrunners?
Qual a sua abertura preferida? Conte nos comentários!
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