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Discussões éticas entre grupos favoráveis e contrários à interrupção da gestação giram em torno do momento em que o embrião é formado e também suas características físicas, como formação de membros, órgãos internos e batimentos cardíacos.
Para entender melhor como ocorre o início da gestação, a fundação MYA Network, formada por médicos e ativistas no início da pandemia de COVID-19, documentou em fotos como é o embrião humano ao longo das 10 primeiras semanas de gravidez, utilizando material coletado em interrupções de gestação.
A criação da MYA Network
A recente revogação do caso Roe vs. Wade, que marcou um retrocesso legal no Estados Unidos, permitiu que estados americanos criem legislações próprias para tratar do aborto. Em 14 estados americanos houve restrição ao aborto legal, e em 13 deles a interrupção da gravidez é proibida mesmo em seus estágios iniciais.
Mas a origem da MYA Network ocorreu no início da pandemia de COVID-19, quando estados americanos aproveitaram a crise para declarar o aborto como um procedimento “não essencial”. Desta forma, o direito à interrupção da gravidez que até então era garantido foi cerceado, levando à criação da organização que pretende garantir os direitos reprodutivos das pessoas com útero.
Médicos que gostariam de fazer mais do que isso então se uniram para não apenas mostrar que as mulheres devem ter o poder de escolha sobre seus corpos, mas também para mostrar que é possível que os abortos sejam feitos de forma segura.
Não há razão médica para que o aborto precoce não possa ser fornecido como parte dos cuidados médicos regulares . De fato, usando a telemedicina, um único clínico, enviando pílulas abortivas pelo correio, pode fornecer assistência abortiva a todas as pacientes em seu estado! Nos estados que proíbem a telemedicina para atendimento ao aborto, os médicos podem dispensar as pílulas fora de seus consultórios. Eles também podem oferecer Aspiração Uterina Manual, um procedimento rápido e simples em consultório que pode ser feito em uma clínica médica regular.
Responsáveis da MYA Network
Além de apoiar o procedimento em todos os estados americanos, os médicos da MYA Network são focados em especializar médicos e até mesmo dar assistência via telemedicina para que as pessoas com útero possam interromper a gestação em segurança.
É sobre saúde, não política. Nosso movimento ativista nasceu do desejo de usar nossas posições como provedores médicos para garantir que os cuidados médicos essenciais não fossem diminuídos, mas sim fortalecidos durante a pandemia. Desde então, o falecimento de Ruth Bader Ginsburg aumentou nossa motivação para criar uma base de assistência médica que não nos deixe vulneráveis à política.
Responsáveis da MYA Network
O que ocorre após a fecundação?
Boa parte dos abortos realizados nos EUA são feitos em gestações de até 10 semanas, quando ainda não é possível distinguir um organismo dentro do útero, ou seja, não há um embrião visível. Após este período é que começa a ser evidenciada a formação de órgãos e membros, chegando ao desenvolvimento completo de um ser humano ao final da gravidez.
Médicos especialistas em gestação afirmam que os batimentos cardíacos percebidos antes de seis semanas de gestação são, na verdade, atividades elétricas das células que ainda vão formar o coração — pois até este momento ainda não ocorreu a formação do órgão no embrião. Entretanto, médicos tomam por verdade que há um coração batendo como um apoio emocional para a gestante.
Veja como é o embrião nas primeiras semanas de gravidez
Os médicos da MYA Network documentaram em fotos o tecido coletado em gestações interrompidas antes de completarem 10 semanas, removendo o sangue e revestimento menstrual para mostrar o que de fato existe neste momento da gravidez. Esta é a imagem de um saco gestacional após passar quatro semanas no útero:
Na teoria, o crescimento do embrião acontece a partir disso, mas o que vemos é apenas um amontoado de células formando um tecido, e de acordo com a ciência ainda não há vida. A imagem abaixo já mostra o saco gestacional extraído após cinco semanas, que como você pode ver, também não conta com a formação de um feto:
Passando para a sexta semana de gestação, quando já se ouvem “batimentos cardíacos” do futuro bebê — mas que são atividades celulares, como explicamos anteriormente — a imagem é ainda mais curiosa. O feto fecundado mede menos de um centímetro e, apesar de muitas pessoas contra o aborto afirmarem que há a morte de uma criança, ainda não há uma vida criada dentro do útero.
Os médicos datam a gravidez desde o primeiro dia da sua última menstruação, para ajudar a prever a data de vencimento. Mas você não está grávida nas primeiras duas semanas. Muitas imagens de gravidez precoce são dirigidas por pessoas que são contra o aborto e sentem que a vida começa na concepção, ou por entusiastas do pré-natal que querem que as mulheres fiquem animadas com a gravidez. Mas o que acontece com quem não está feliz com isso?
Dr Joan Fleischman, especialista da MYA Network
Quando atinge sete semanas, a gestação está um pouco mais avançada, mas o feto ainda não existe de fato. Aqui, o Dr. Joan explica que este é o motivo pelo qual as pessoas contra o aborto não são a favor do procedimento. Ele conta que “estas pessoas esperam ver um pequeno feto com mãos – um bebê desenvolvido e em miniatura. O que de fato não acontece e então se sentem enganados“.
Apesar de ser muito maior do que as etapas anteriores, o saco gestacional de oito semanas ainda não apresenta o desenvolvimento do bebê. A MYA Network também conta que não há um momento certo para que o aborto seja feito, mas eles lembram que a pessoa precisa aceitar que o bebê está sendo removido no início da gravidez. Confira a foto:
Finalizando as imagens, a foto abaixo mostra o saco gestacional de uma pessoa que estava na nona semana de gestação. Algumas pessoas que realizam o aborto solicitam ver o material removido do útero, e sentem-se aliviadas ao ver que não há um feto com órgãos e membros.
É certo que muitas pessoas nem mesmo falam abertamente sobre terem feito um aborto, mas o procedimento indicado pela MYA Network dura menos que um exame de papanicolau.
O aborto no Brasil é legalizado?
De acordo com o Artigo 128 do Código Penal, o aborto é permitido por lei apenas em casos de risco para a pessoa que está carregando o feto, mas situações de gravidez por estupro e, recentemente, na presença de anencefalia fetal, também são motivos para que uma pessoa consiga dar o fim à uma gestação antes que ela termine naturalmente. Caso não esteja dentro destas situações, o aborto é considerado crime, previsto nos artigos 124 a 126 do Código Penal de 1940.
Infelizmente, tudo ainda depende da vontade e acolhimento da equipe médica envolvida no caso, pois não é difícil encontrar casos de pessoas (incluindo crianças) que tinham direito a fazer o aborto e foram impedidas de ter seu direito exercido.
Você esperava que uma gravidez antes de 10 semanas tivesse apenas células? Diga pra gente nos comentários.
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Fontes: The Guardian l MYA Network l Guia do Estudante
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