Nintendo aumenta em 10% o salário de seus funcionários no Japão

Nos últimos tempos, temos visto uma quantidade assustadora de demissões no setor de tecnologia, com números absurdos de desligamentos em empresas de grande porte como no Facebook e Google. Indo contra a maré está a Nintendo, que anunciou um aumento de 10% à folha de pagamento de seus funcionários japoneses.

Como se deu esse aumento?

O aumento dos salários, segundo o presidente da Nintendo, Shuntaro Furukawa “é muito importante para o nosso crescimento a longo prazo, para haver uma garantia quanto à nossa força de trabalho.”. 

A medida foi motivada pelo pedido acalorado do primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, para que empresas do país paguem melhores salários aos seus funcionários, já que nos últimos tempos a inflação vem tomando conta da economia do Japão após décadas de deflação e estagnação dos valores pagos a empregados. Fora isso, a rodada anual de negociações trabalhistas que ocorre na primavera está para começar.

Para o Japão, uma nação que vem tendo números decrescentes de nascimentos e imigrações, o aumento do pagamento da força de trabalho pode ser visto como um incentivo para o surgimento de novos talentos numa sociedade que a cada ano se torna mais velha e faltante de pessoas para preencher vagas.  

Antes da Nintendo, a Fast Retailing Co Ltd, empresa dona da rede varejista de roupas Uniqlo, foi a primeira a entrar nessa moda, trazendo aumentos de até 40% aos salários de seus funcionários.   

O que isso significa para a empresa como um todo?

A decisão de aumentar em 10% o salário de seus funcionários por parte da Nintendo veio como uma surpresa aos economistas. A casa do Super Mario registrou uma queda nas projeções de vendas de software, de 210 milhões de unidades para 205 milhões, enquanto que para o Nintendo Switch, essa mudança foi de 19 milhões para 18 milhões para o próximo período, a ser medido em 2023. 

Isso veio seguindo um corte do lucro de operação da Big N. em 4%, resultando em 480 bilhões de ienes (equivalente a US$3,6 bilhões ou R$18,7 bilhões, na cotação de hoje) ou seja, abaixo dos esperados 582 bilhões de ienes até 31 de março deste ano.

Essas atualizações de expectativas foram feitas com base na inflação da economia do país, que acarretou uma desvalorização do iene, além de flutuações na troca de câmbio nos mercados estrangeiros. 

Em contrapartida, houve um aumento significativo de vendas de unidades digitais dos jogos para Switch através da sua loja virtual eShop, e a marca de um bilhão de unidades do sistema distribuídas está prestes a ser batida.

Conclusão

Essa não é a primeira vez que a Nintendo age no contrafluxo do esperado. Em 2011, o falecido ex-presidente da empresa, Satoru Iwata, surpreendeu a todos ao anunciar um corte de 50% de seu salário durante cinco meses devido às vendas aquém do esperado do WiiU e da redução do preço do 3DS. 

Mesmo assim, é de surpreender que até mesmo sob uma nova gestão, a gigante dos games continue a tomar atitudes como essa, especialmente no atual clima de insegurança em que muitas outras empresas de grande porte se encontram. 

Resta saber como tal decisão irá reverberar no mercado, já que apesar do modelo mais tradicional e recatado do estilo de administração japonês, as tendências de mudança dentro do setor de jogos costumam ser quase sempre contra os interesses da força de trabalho no resto do mundo. 

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Fonte: NintendoLife, Reuters

Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim