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Após um episódio morno e muito devagar, o episódio 3 de A Casa do Dragão veio como um estouro. Mudando o ritmo de eventos e a concentração deles, o último domingo foi marcado por cenas grotescas de sangue e mortes.
Afinal, após o choque do anúncio de casamento entre Alicent Hightower e o Rei Viserys Targaryen, agora temos também o anúncio do novo herdeiro na linhagem de sucessão: Aemon Targaryen, filho do casal. Para piorar, teremos também algumas propostas de casamento, presságios e o mais importante: a primeira cena de batalha épica do seriado.
Quer saber mais como foi o episódio de A Casa do Dragão? Continue lendo.
Lembrando que esse texto contém spoilers.
Rei Viserys, Rhaenyra e Aegon Targaryen
Boa parte do episódio foi focada na comemoração de aniversário de Aegon Targaryen. Chamado “o segundo ano do nome do príncipe” (assim como o episódio), a festança foi o cenário perfeito para os eventos importantes no episódio. Tivemos a sucessão de Viserys (Paddy Considine), o futuro casamento de Rhaenyra (Milly Alcock) e uma menção à guerra que será o foco final do episódio.
As discussões sobre a sucessão do trono são feitas de maneira aberta, sem rodeio pelos súditos do rei — em um total tom de desrespeito. Na verdade, os grandes lordes, presentes na festa, ou pequenos vassalos, comentam sobre como o rei deveria indicar Aegon e desistir de Rhaenyra.
Dentre os principais palpiteiros desse assunto está Otto Hightower (Rhys Ifans), que deseja ver seu neto como rei, já que conseguiu colocar a filha Alicent Hightower (Olivia Cooke) como rainha. E essa discussão continuará por todo o episódio, variando de posição, mas sempre focando em um ponto: como Rhaenyra não deve ser rainha.
Outra discussão importante que fará parte desse episódio é sobre a necessidade de Rhaenyra se casar. As conversas focadas na protagonista sempre tendem a cair para suas propostas de casamento, com outros lordes, de outras famílias. Em determinado momento, após o Lorde Lannister pedir sua mão, ele falará como o casamento é uma garantia após a sucessão pelo irmão dela.
E se antes o rei discutia com a filha em tom baixo em seus aposentos, tudo muda nesse episódio. A conversa e as discussões, quase brigas, são na frente de todos. Rhaenyra se opõe ao pai, figura máxima de respeito na sociedade — afinal, ele ainda é o rei. E não, essa cena não mostra a princesa como forte, mas a coloca em uma posição inferior, como mimada e birrenta para os personagens da corte de Westeros.
Será com muitas brigas públicas que a princesa deixará a cabana real e fugirá com um cavalo acompanhada de Sir Criston Cole, o mais novo cavaleiro da Guarda Real. Sinceramente, a parte da festa de Aegon foi uma das cenas mais interessante para mim. Essa violação do sigilo e espalhando para todos que há um problema gravíssimo na família real apenas crescerá mais e mais quando o estopim da guerra Targaryen estourar de vez.
Dois herdeiros, dois presságios
Um dos aspectos mais importantes do mundo de George R. R. Martin é a simbologia. Tivemos isso em Game of Thrones e, logicamente, precisávamos em A Casa do Dragão de alguma cena com uma pista do futuro, um aviso aos telespectadores e aos personagens.
Nesse episódio tivemos um cervo branco, que representa a prosperidade do próximo rei. A cena começa com um vassalo contando ao rei que encontraram o animal na mata e que irão caçá-lo ao príncipe Aegon, na frente da Rhaenyra — a herdeira, em tese.
Essa cena do vassalo comentando mesmo na frente da princesa apenas reforça uma posição que o rei indicou à filha, deixando-a de lado e não lhe dando respeito no reino. Essa situação já vinha aparecendo em episódios passados, quando a princesa herdeira servia vinho e não compunha a mesa do conselho como membro.
Voltando ao episódio, os caçadores do rei tentam pegar, mas invés do cervo branco, caçam um cervo comum — grande, porém, marrom. O Rei Viserys, com muito sofrimento, abate o animal usando a lança oferecida pelo Lorde Lannister. A cena é triste, pois, mesmo com um artefato perfeito, o rei erra o golpe, tendo que golpeá-lo duas vezes e o assistir morrer lentamente.
No mesmo momento da caçada real, após a fuga da princesa junto de um cavaleiro, Sir Cole, eles ficam na mata. Sentados próximos de uma fogueira, a dupla é atacada por javali — que, sim, derruba um cavaleiro da Guarda Real.
Por uma questão de sobrevivência e não ego, Rhaenyra mata o javali com uma adaga. São dadas diversas estocadas no animal e a cena mostra em detalhes o sangue agarrando-se na princesa, manchando seu rosto, pescoço e roupa. Esses detalhes continuarão com ela, agarrados em sua imagem até o final do episódio.
É no amanhecer após o ataque do javali que a princesa vê seu presságio. O cervo branco aparece para ela e Sir Cole. Observando o animal, e sabendo de seu significado, Rhaenyra não faz questão de matá-lo, retornando à realidade como princesa e do risco de perder seu trono.
Não podemos ter certeza da intenção dos produtores, mas as cenas são importantes para o futuro de ambos herdeiros. Tanto a cena de caça de ambos personagens, quanto a simbologia dos dois cervos.
O cervo branco não aparece para o rei, que representa Aegon, mas sim a Rhaenyra — que obviamente terá de lutar pelo trono. Outro ponto, como mencionei, é o significado da morte. Ao matar o cervo, o rei causa sofrimento, precisando de mais violência para matá-lo. Rhaenyra usa de violência, mas para sobreviver ao ataque. O cervo marrom é grande, mas não representa a sucessão no trono, enquanto o cervo branco representa, mas foge, não durando mais que dois minutos.
Ambas cenas são emblemáticas, selando o destino de dois herdeiros que terão de lutar pela sobrevivência da dinastia da própria família.
Engorda Caranguejos, Daemon e os Velaryon
Como já era previsto no último episódio, a casa mais rica de Westeros rompeu relações com a família real. E também temos que Daemon Targaryen (Matt Smith), após conversar com o lorde da família, decidiu pelo mesmo. Parte pelo descaso do Rei Viserys com a família e parte pela sua ineficiência na guerra contra o Engorda Caranguejos.
Esse rompimento é tão óbvio que a família Velaryon sequer está na comemoração do novo príncipe ou demonstra afeto, mesmo que superficial, pelo rei. O afastamento continua, e piora, quando o Rei Viserys — com alguma noção, resolve, depois de muitos anos, ajudar na guerra contra Myr.
Essa ajuda não é bem-vinda, nem pela família, sequer pelo príncipe Daemon Targaryen, que está lutando com seu dragão e força total contra o vilão da primeira parte da temporada. A carta enviada pelo rei é desprezada por ambos núcleos familiares, sendo adotado o plano de Laenor Velaryon, filho do lorde.
Com esse plano de Laenor surge a premissa da primeira batalha épica do seriado, e não apenas um momento de tensão, como foi nos últimos anteriores. Bancando a isca perfeita, Daemon se entrega no campo de batalha, esperando que o Engorda Caraguejos deixe sua caverna. Enfrentando homens após homens, o Targaryen consegue chamar atenção e tirar o máximo possível de homens dos abrigos e o próprio vilão.
Então, colocando fogo em tudo com dois dragões e milhares de homens se matando no chão, a família Velaryon começa a reagir, de fato, contra o vilão. A sequência é cheia de mortes e de cenas grotescas, mas ao final, Daemon traz o corpo retorcido e fecha o episódio com tamanha violência. Essa cena reforça ainda mais os elementos do episódio: a grosseria da violência desmedida e o sangue explícito.
O que podemos esperar desse núcleo agora é mais aproximação da família com o príncipe, afinal, é mais que óbvio que estão formando juntos uma das alianças mais fortes de Westeros. A princesa também se aproximará da família Velaryon, sendo uma das mais importantes para a Dança dos Dragões.
Algumas considerações sobre o episódio 3 de A Casa do Dragão
Diferente da semana passada e do banho-maria que tivemos com várias situações acontecendo, esse episódio foi um ponto fora da curva. A construção dos conflitos deixou de ser apenas entre o conselho e se expandiram à corte, mostrando a gravidade. A exposição pública dos conflitos incrementou ainda mais a futura guerra.
Alguns personagens como Otto Hightower mostraram que não vão descansar enquanto Rhaenyra não deixar de ser a herdeira. O mesmo acontece com personagens que a defendem. Finalmente, a pressão de cozimento da sucessão implantada nos primeiros capítulos está escapando e atingindo a briga — o que mais queremos.
Uma característica que me chamou atenção nesse episódio foi a presença de cenas grotescas. A primeira cena é super detalhada e tortuosa sobre como o Engorda Caranguejos trabalhava, focando no vilão prendendo um cavaleiro pela mão e colocando seus animais de estimação para se alimentar.
A batalha contra ele também é um festival sanguinário com muitos detalhes de mortes e de combate. Infelizmente, senti que o vilão foi jogado, sem detalhes, além das cenas alimentando seus caranguejos, e se tivesse ao menos um pouco mais de atenção, teria sido melhor inserido na história.
Entretanto, o episódio todo também teve outras cenas grotescas. Quando Rhaenyra mata o javali a facadas, o sangue é explícito e fica marcado na personagem, fazendo parte dela. Tanto que, ao final, a última cena dela é exatamente essa: com sangue no pescoço, no rosto, na pele — mostrando seu futuro.
A cena do Rei Viserys caçando segue o mesmo estilo, mostrando a tortura do animal, o seu sofrimento e também como o rei está infeliz. O episódio soube equilibrar o efeito nojento de tantas cenas sanguinárias com promessas, que os próximos episódios serão piores.
O próximo episódio de A Casa do Dragão estará disponível no dia 11 de setembro às 22h, horário de Brasília, nas plataformas da HBO Max.
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Você pode conferir a crítica ao segundo episódio de A Casa do Dragão!
O segundo de seu nome
O segundo de seu nome-
Roteiro8/10 Ótimo
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Fotografia9/10 Incrível
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Autação8/10 Ótimo
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Trilha Sonora7/10 Bom