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“Vai pegar fogo”. Era isso que a sinopse do décimo episódio de A Casa do Dragão, na HBO Max, prometia que ia acontecer na reta final da primeira temporada da série. Na prática, só o mapa de Westeros que ardeu em brasas.
O episódio trouxe uma série de momentos tão importantes quanto aguardados pelos fãs. Só faltou um: a tal guerra pelo Trono de Ferro, cuja sombra paira sobre o reino desde o primeiro episódio. No fim, a primeira temporada serviu apenas para preparar o terreno para ela – que, espero, aconteça na segunda temporada.
Confira abaixo tudo que rolou no episódio dez – “A Rainha Preta” -, o season finale de A Casa do Dragão:
Enquanto isso, em Pedra do Dragão…
No episódio nove – “O Conselho Verde” – vimos o lado de Alicent Hightower (Olivia Cooke), a rainha de Westeros, e Porto Real daquele pedaço da história (a morte de Viserys e o jogo dos tronos subsequente). Já o décimo e último episódio da temporada é todo dedicado ao lado de Rhaenyra (Emma D’Arcy) e Daemon Targaryen (Matt Smith), exilados em Pedra do Dragão, em relação ao que rolou no episódio anterior – tanto a morte do rei quanto a coroação de Aegon II Targaryen (Tom Glynn-Carney), filho de Viserys com Alicent.
O episódio começa com o olhar de Lucerys Velaryon (Elliot Grihault) – seu sobrenome mudou ao ficar noivo de uma das filhas do lorde Corlys Velaryon (Steve Toussaint) – pairando sobre o desenho de Westeros na Mesa Pintada. O garoto encontra na sua mãe, Rhaenyra, consolo sobre suas preocupações. Então, chega a princesa Rhaenys (Eve Best) para reportar as falcatruas que tinham rolado em Porto Real.
Pausa rápida para um parêntese aqui. Quando o nono episódio acabou, o Twitter explodiu de questionamentos (e memes) sobre porque Rhaenys não queimou a corte toda em Porto Real antes de fugir da coroação de Aegon montada na sua dragoa Meleys. A resposta veio no décimo episódio, quando Daemon ecoou os questionamentos dos tuiteiros: porque ela não quis. No caso, não quis começar a guerra entre os Targaryen e os Hightower – que, definitivamente, vai rolar. Ok, de volta à história.
Luto, parto, jogo dos tronos
O (super) rápido luto pelo então rei Viserys também apareceu neste season finale. Apesar da sua relação de longa data – e tempo de tela – com sua filha, a recepção e processamento da notícia da sua morte por ela durou segundos. Depois, veio a prioridade: o jogo dos tronos.
Ao descobrir que tinha perdido seu pai e, por ora, o Trono de Ferro, Rhaenyra entrou em trabalho de parto prematuramente. Já Daemon se lançou em reuniões para organizar a defesa de Pedra do Dragão e o ataque a Porto Real. Mesmo ouvindo os gemidos de dor e chamados de Rhaenyra, Daemon continua nos planos de guerra.
Aí vem uma cena corajosa, por parte da produção, mas perturbadora para quem assiste: Rhaenyra pare um feto natimorto, que seria o primeiro filho dela com Daemon. O parto, assim como aquele em que Emma D’Arcy apareceu pela primeira vez na série como Rhaenyra, é visceral e tem flashes da dragoa dela sentindo suas dores. E o feto é mostrado em closes demorados, mas sempre de costas.
O episódio tem que continuar
A perda, no parto, do primeiro filho de um casal é um momento de peso que merecia mais tempo para ser trabalhado. Mas, para a produção de A Casa do Dragão, coisas mais importantes estavam acontecendo e a série tinha que continuar.
O luto pelo feto, claro, foi rápido. Rhaenyra e Daemon enfrentaram os primeiros momentos da perda cada um numa ponta de Pedra do Dragão. E, na cerimônia de cremação do feto, a prioridade: o jogo dos tronos.
Durante a cerimônia, um dos gêmeos cavaleiros da Guarda Real, Erryk Cargyll (Luke Tittensor), aparece carregando a coroa que Viserys usava. Ele a entrega para Daemon, que, em seguida, coloca em Rhaenyra. Todos se ajoelham e, agora, a princesa passa a ser chamada de rainha por ali. Um momento bonito e bem executado – mas fora de lugar. Se tem uma coisa que não tem espaço nesta história, é o luto (o que é irônico, considerando o nome do episódio).
Westeros arde (em brasas, numa mesa)
Depois disso, vem o único momento em que algo realmente pegou fogo neste episódio: quando colocam brasas embaixo da Mesa Pintada. Conforme o fogo se espalha, vai revelando o desenho de Westeros na pedra. Uma metáfora interessante sobre o que deve acontecer na próxima temporada.
Membros de uma espécie de conselho se reúnem em volta desta mesa para discutir a deflagração ou não de guerra contra Porto Real. É o primeiro momento em que Rhaenyra deve exercer seu papel de rainha – e ela parece desconfortável com isso. É nesta reunião que se cita, pela primeira vez, o nome da família Stark.
Em seguida, chega uma comitiva de Porto Real, liderada por Otto Hightower (Rhys Ifans), o Mão do Rei. Eles se encontram com Daemon e Rhaenyra naquele mesmo lugar em que, tantos anos atrás, o Mão e a filha do rei estavam lado a lado e contra Daemon, numa viagem para recuperar um ovo de dragão roubado por ele.
Após ouvir a proposta de Aegon e receber um totem emocional de Alicent, Rhaenyra dá um passo para trás nas suas movimentações de guerra e assume uma postura apaziguadora, parecida com a do seu falecido pai. Já Daemon segue com a postura incendiária, que é totalmente a oposta do seu falecido irmão. Ou seja, enquanto uma demonstra mudança e amadurecimento, o outro continua praticamente igual ao que era no início da temporada.
As aventuras offscreen do Senhor das Marés
Corta para o lorde Corlys Velaryon, que finalmente reaparece. Um dos principais mandamentos da produção audiovisual diz: mostre, não conte (em inglês: “show, not tell“). Com o Senhor das Marés, A Casa do Dragão fez exatamente o contrário.
Tudo que ele enfrentou – guerra contra a Triarquia, conquista do Mar Estreito, ferimentos quase mortais, recuperação etc – acontece offscreen, isto é, “fora da tela”. E a audiência só sabe disso porque esses acontecimentos são contados, muito superficialmente, por algum personagem ou pelo próprio Corlys. Tanto ele quanto os outros membros da sua família viveram experiências interessantes que mereciam mais tempo de tela e atenção da produção.
A principal motivação do lorde Corlys era chegar, de alguma forma, ao Trono de Ferro. Mas, após perder dois filhos – Laenor (John MacMillan), que era casado com Rhaenyra; e Laena, casada com Daemon – e passar por uma experiência de quase morte, ele decide deixar isso para lá e curtir a aposentadoria. Mas sua esposa, a princesa Rhaenys, convence ele a declarar seu apoio à Rhaenyra, por mais que ele acredite que ela tenha sido cúmplice do suposto assassinato do seu filho e ela, agora, esteja casada com o ex-marido da sua falecida filha.
Considerando tudo que aconteceu e foi mostrado na série, essa virada dos Velaryon não se sustenta. Mas acontece e é decisiva para os eventos que rolam depois.
Enquanto Daemon está ocupado cantando para o seu dragão numa caverna, acontece uma reunião importante do conselho, em Pedra do Dragão. Nela, o lorde Corlys aparece, declara apoio a Rhaenyra e a convence a começar a costurar alianças para, em seguida, ir a guerra contra Porto Real.
Ela, então, manda seus filhos, Lucerys e Jacaerys Velaryon (Harry Collett), montados em seus respectivos dragões, para reforçar o apoio de duas famílias. Os nomes são velhos conhecidos dos fãs e tinham jurado lealdade a Rhaenyra quando Viserys a nomeou herdeira do trono: Baratheon e Stark.
O que poderia dar errado? No universo de George R. R. Martin, tudo – e de maneira bem cruel.
Então, é guerra
Quando Luke chega ao castelo do lorde Borros Baratheon, montado no seu dragão Arrax, quem ele vê primeiro é Vhagar, aquele dragão enorme que Aemond Tagaryen conseguiu montar. Isso deveria ter servido de sinal para ele dar meia volta e retornar a Pedra do Dragão, mas ele quis prosseguir com a sua missão de mensageiro.
Claro que o lorde Baratheon não declarou seu apoio à Rhaenyra e claro que Aemond foi para cima de Luke, que tentou fugir de lá. A situação descambou para uma perseguição de dragões num estilo Como Treinar Seu Dragão, porém sombrio.
Nisso, descobrimos duas coisas: 1) nem Luke nem Aemond tem domínio completo sobre seus dragões; e 2) Vhagar é rancoroso. Isso porque, numa tentativa de proteger Luke, Arrax dá uma baforada de fogo na cara do Vhagar, que nem faz cócegas nele. Mas o dragão mais velho (e muito maior) vai atrás… e destroça tanto Arrax quanto, aparentemente, Luke, numa mordida só.
A notícia chega à Rhaenyra, pelo Daemon. De novo, o luto tem segundos para acontecer. E aí, a prioridade: o jogo dos tronos. O olhar de Rhaenyra, que fecha o episódio e a temporada, significa uma coisa. Agora, sim, é guerra.
Balanço do season finale de A Casa do Dragão
Para quem assistiu à série sem ter lido o livro Fogo e Sangue e ansiando pelo começo da guerra pelo Trono de Ferro, este season finale teve a energia de um pré-finale. Já para quem sabia que a temporada ia servir apenas para preparar o terreno, o décimo episódio entregou o que precisava entregar.
O último pedaço da história desta temporada teve momentos catárticos (a coroação tão aguardada de Rhaenyra, por exemplo), outros atropelados (o luto pela perda de entes queridos) e alguns que não fizeram tanto sentido quanto poderiam (a virada do lorde Corlys Velaryon).
Analisando a série no geral, pode-se dizer que não foi perfeita, mas teve produção impecável e performances memoráveis que honraram a boa história que se propuseram a contar. Além disso, pode ter servido para despertar o interesse pelo livro Fogo e Sangue em parte da audiência. Naquele que vos escreve, despertou.
Agora, que venha a segunda temporada de A Casa do Dragão, na HBO Max.
Veja também:
De qual família você seria em A Casa do Dragão?
A Rainha Preta
A Rainha Preta-
Roteiro8/10 ÓtimoBom
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Trilha sonora9/10 IncrívelÓtima
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Fotografia10/10 ExcelenteExcelente
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Atuação10/10 ExcelenteExcelente
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