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A GoPro, empresa que fabrica a câmera de mão mais reconhecível do mundo, está diversificando seus serviços: além dos aparelhos, a aposta agora são serviços de assinatura que incluem softwares de edição, armazenamento e muito mais. Nesta entrevista, conversei com Nicholas Woodman, o CEO e fundador da GoPro, e ele contou em detalhes como a ideia surgiu, como os usuários podem se beneficiar da novidade e o que mais está por vir.
O nascimento dos softwares e das assinaturas
Em 2016, a GoPro adquiriu dois aplicativos de edição de vídeo e, trabalhando na otimização deles, lançou no mesmo ano o Quik e o Splice – o primeiro ajudava a facilitar a edição no celular, com poucos passos e a ajuda de algoritmos, enquanto o segundo era para edições mais profundas e específicas. Apesar de terem ficado por muito tempo sem muitas novidades ou atualizações da empresa, os aplicativos perseveraram bem – a base de usuários ativos do Quik estava em oito milhões até antes da reformulação.
Woodman conta que há mais ou menos um ano e meio — ou seja, no início de 2020, enquanto pensavam em mais funcionalidades para o serviço de assinatura GoPro Plus — começou a perceber haver muito mais a ser feito com as ferramentas que a GoPro tinha em mãos.
Reconhecemos que um pouco do trabalho — todo o trabalho — que estávamos fazendo no aplicativo da GoPro, para ajudar os consumidores a fazer mais com suas filmagens, também se aplicava às pessoas que utilizam smartphones ou outras câmeras. Reconhecemos que os problemas que os usuários de GoPro tinham eram os mesmos que os usuários de outras câmeras tinham. Então, tivemos a oportunidade de usar o desenvolvimento daquele software para servir uma quantidade maior de pessoas, se fizéssemos nosso aplicativo acessível e disponível via assinatura às pessoas que usam, por exemplo, apenas o celular para tirar fotos e vídeos.
Nicholas Woodman, CEO e fundador da GoPro.
O CEO lembra que a ideia veio do Mural, ferramenta do Quik que mostra um feed das imagens e vídeos que você tem no celular, mas com uma seleção feita por algoritmo para separar os itens por local, tema, similaridade, etc. Ele diz que, em aplicativos como o Instagram, as pessoas postam suas fotos e vídeos como uma forma de mostrar o que podem fazer e numa tentativa de não perdê-las no meio do rolo da câmera — porém, aponta, esse não é o objetivo principal da ferramenta.
Na visão de Woodman, postar seu conteúdo pessoal numa rede social apenas para não perdê-lo é ineficiente, já que envolve perda de qualidade, fica sujeito às pressões sociais de estar deixando algo público, entre muitas outras coisas. O Mural é algo mais pessoal e é uma forma de criar uma biblioteca mais organizada e útil das suas próprias recordações, filmagens e quaisquer tipos de registro. O Quik já trazia isso e mais coisas, mas faltava algo.
O Quik – reformulação e acessibilidade
Durante a reformulação do Quik, a ideia da empresa era trazer muitas ferramentas para um só aplicativo, mas quais ferramentas seriam úteis para todos os usuários, mesmo os que não tivessem uma GoPro? Bem, tudo o que já estava sendo feito para os próprios serviços que vinham sendo trabalhados para uma Assinatura GoPro.
Foi aí que veio o estalo: por que não deixar isso disponível para todos? Woodman reconhece que já havia ferramentas de gerenciamento de biblioteca, de edição e de armazenamento, mas nenhuma delas unificava todos esses serviços em uma só plataforma. Pensando nisso e em como algo assim nunca houvesse sido feito, a empresa abraçou a oportunidade com vigor.
Um serviço de assinatura, então, pareceu ser a melhor maneira de providenciar ferramentas úteis aos usuários, juntando o serviço que já era providenciado pelas câmeras com serviços diferentes, como os programas de edição e gerenciamento de biblioteca, que não eram necessariamente ligados antes.
Éramos mais focados em hardware, agora somos, penso eu, igualmente capazes como uma empresa de software — definitivamente igualmente focados –, e reconhecemos a necessidade de nos comportar como uma empresa de software: com atualizações a cada duas semanas, com mais pesquisas de usuário para entender como as pessoas estão usando o aplicativo, entender quais são suas frustrações, quais são suas necessidades, onde podemos melhorar.
Nicholas Woodman, CEO e fundador da GoPro.
A ideia da plataforma, segundo Woodman, é encontrar o usuário no meio-termo entre o profissional e o entusiasta amador, sem descartar as ferramentas mais complexas. Os programas padrões dos celulares e aparelhos são muito simples para edições mais completas, e aplicativos e serviços high-end, como os da Adobe, são caros e muito complexos para o usuário comum. Já a ideia para o Quik é fornecer ferramentas profissionais, mas de forma acessível ao usuário cujo interesse em editar está surgindo ou despertando, tendo a chance de experimentar e aprender mais com a plataforma — e para quem edita profissionalmente, tudo o que é preciso para editar a fundo está lá também.
Para o futuro, o plano é ir melhorando e adequando o aplicativo às necessidades do usuário, segundo o próprio CEO — ficando cada vez mais próximo do que o consumidor quer de um aplicativo de edição, gerenciamento e armazenamento, ao invés das ideias que a empresa tem sobre o serviço. A ênfase no cliente é grande.
Além disso, o aplicativo desktop do Quik, que também estava há um certo tempo sem suporte e no momento sequer está no site da marca para download, está passando por uma reformulação para se adequar melhor à experiência moderna da GoPro e do aplicativo Quik para celular — inclusive para permitir intercambiar conteúdo entre os dispositivos e continuar a edição de um para o outro, por exemplo. Woodman comenta estar animado com esse futuro e as novidades que vem a seguir.
E trazer isso numa assinatura com mensalidade ou anuidade incentiva o usuário ao uso e a empresa a melhorar o sistema cada vez mais. Além disso, o valor é ridiculamente barato, quase simbólico: R$ 37,99 por ano, ou R$ 7,50 por mês. O próprio Woodman comentou que o objetivo realmente seria fazer um serviço tão barato que seria impossível não assinar.
Mesmo assim, há uma versão gratuita para quem está a fim de testar e checar os recursos do Quik, com importações de fotos e vídeos para o mural limitadas — só é possível criar quatro murais, por exemplo, mas com fotos ilimitadas dentro destes quatro — e algumas limitações em recursos e ferramentas de edição. Para quem tem uma GoPro, o aplicativo também permite que o celular seja utilizado como um controle remoto para a câmera.
Assinatura GoPro – maior custo, mais vantagens
O serviço de assinatura, anteriormente chamado de GoPro Plus e agora apenas de Assinatura GoPro, é mais voltado para quem já tem ou planeja adquirir hardware da empresa, mas também vem com diversas vantagens de software que valem a pena em termos de utilidade: para começar, ele vem com todas as vantagens inclusas na assinatura do Quik, o que já é um grande mérito por si só. A Assinatura GoPro fica por R$ 159,90 ao ano ou R$ 15,90 ao mês, o que ainda é bem barato em relação a outros serviços de edição somente.
Além disso, há armazenamento ilimitado na nuvem, e você pode enviar os arquivos da sua GoPro, do aplicativo Quik ou pela web. Há também a possibilidade de fazer livestreams através da sua GoPro, em uma plataforma própria, compartilhando o link com todos que você gostaria que assistissem — sem necessidade de ter assinantes ou qualquer coisa do tipo, apenas ligar a câmera e transmitir. Sem a assinatura, até é possível fazer lives, mas em outros lugares e sem a mesma qualidade (nativa) da plataforma da GoPro, comenta Woodman.
As vantagens mais incríveis, no entanto, são os descontos e a garantia. Quem assina a Assinatura GoPro tem até 50% de desconto em diversos itens da loja GoPro, como módulos, suportes, mochilas e equipamentos de segurança; além de um desconto de US$ 100 na câmera MAX e US$ 50 na HERO9 (na compra de até três câmeras por ano) — O CEO comenta que só isso já faria a assinatura valer. Já a garantia diz que, no caso de você avariar a sua câmera acima de qualquer conserto, a empresa troca ela por uma nova para você sem fazer perguntas — dada a natureza de uso comum às câmeras GoPro –, até duas trocas por ano.
Perguntado sobre mais alguma novidade futura sobre a qual poderia falar, Nicholas Woodman infelizmente disse que não pode comentar sobre nada por enquanto, mas faz uma promessa ousada: O CEO disse que seremos surpreendidos em breve, e não ficaremos desapontados — o plano é fazer grandes coisas a cada ano, como marca registrada da empresa.
Por enquanto, já é bem interessante termos esta mudança de foco para software e serviços — o Quik por assinatura foi o primeiro lançamento da empresa não direcionado especificamente às câmeras GoPro –, o que é positivo para todos, tanto para a empresa quanto para os usuários. Ficamos no aguardo e de olho nos lançamentos futuros, que esperamos ser tão empolgantes quanto os últimos.
O aplicativo Quik está disponível tanto para iOS quanto Android.
Também temos uma análise aprofundada do aplicativo Quik aqui no Showmetech, confira!
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