Índice
- A dupla Ed Boon e John Tobias
- Uma aventura no bairro proibido: A real “inspiração” por trás de Mortal Kombat
- Começa o torneio que viraria febre mundial
- Mortal Kombat 2: tudo começa a ficar enrolado
- Mortal Kombat 3 e Ultimate Mortal Kombat 3
- Mortal Kombat 4: Uma briga entre deuses e polígonos
- Mortal Kombat: Deadly Alliance
- Mortal Kombat: Deception
- Mortal Kombat: Armageddon
- Mortal Kombat 9
- Mortal Kombat X
- Mortal Kombat 11 e Mortal Kombat 11 Aftermath
- O caminho está aberto para Mortal Kombat 1!
Muitas franquias de videogames possuem histórias e linhas do tempo confusas, como The Legend of Zelda e Street Fighter, mas nenhuma chega aos pés da maluquice que é a cronologia de Mortal Kombat como série, com muitas reviravoltas e viagens no tempo. Será que conseguimos colocar tudo em ordem antes da chegada de Mortal Kombat 1 daqui alguns meses? Chega mais e bora dar um FINISH HIM nesse problemão!
Mas, antes de mais nada, uma estipulação importante: vamos falar somente dos jogos do Mortal Kombat. Como já comentado em uma matéria anterior a esta, há muito, mas MUITO pano pra manga quando o assunto é MK. Quando se coloca na mistura o tanto que há de quadrinhos, desenhos animados e outros produtos baseados nela, complica demais o pouquíssimo que há de ordem no negócio todo. Se houvesse um dicionário ilustrado dos videogames, Mortal Kombat estamparia a página com o significado de “bagunça” fácil, fácil…
A dupla Ed Boon e John Tobias
Como todo videogame de respeito nascido na década de 1990, a série Mortal Kombat teve uma origem bombástica. Produto da mente da dupla de desenvolvedores Ed Boon e John Tobias, que na época trabalhavam para a Midway Games – empresa tradicional focada em jogos de pinball e fliperamas, localizada na Cidade dos Ventos, Chicago, no estado do Illinois, EUA – o primeiro game do que viria a ser uma série multimilionária já começou com altas ambições. Era para ser um produto estrelado por ninguém mais, ninguém menos que Jean-Claude Van Damme.
O astro belga dos filmes de artes marciais, que naquele momento vivia o ápice de sua popularidade nas telonas, com filmes como Contato Mortal, Duplo Impacto e mais importante ao assunto, O Grande Dragão Branco, Kickboxer e Leão Branco, Van Damme era uma excelente pedida para estrelar em um jogo onde o destino da Terra está em perigo, dependendo de um torneio para continuar a existir, com muita porrada rolando solta.
Uma aventura no bairro proibido: A real “inspiração” por trás de Mortal Kombat
Mas calma lá, não vamos ter pressa. Antes de falarmos de campeonatos de porradaria e afins, e olha, teremos bastante disso, garanto, vamos dar um close mais detalhado nos primórdios do que viria a ser Mortal Kombat. Afinal, é um tópico muito legal, especialmente para os nerds de plantão que têm nostalgia pelos anos 1980 e 1990 e o cinema trash daquelas décadas.
Para muitos de nós que vivemos nossas infâncias nos anos entre elas, o nome de John Carpenter é sinônimo de diversão. Com doses homeopáticas de efeitos especiais escatológicos, muitos elementos do horror e, é claro, aventura, o que vinha dele era basicamente a 51 do bigodinho dos cervejeiros de plantão só que para nós, moleques antenados, mas sem TV a cabo.
O cara não errava uma. Dentre seus maiores sucessos da década de 1980, um filme em particular se tornou especialmente famigerado entre a molecada e viria a ser o literal “boom” na mente de Ed e John. Sim, estou falando de Aventureiros do Bairro Proibido (adaptação do título em inglês Big Trouble in Little China).
Lançado em 1986 e estrelado pelo astro em ascensão Kurt Russell, a paixão da molecada Kim Cattrall, aquele cara que acabava sempre aparecendo como sábio chinês não muito confiável nesse tipo de filme, Victor Wong, o até então desconhecido do público, Dennis Dun, e a lenda do cinema de Hong Kong e Hollywood, James Hong.
Um verdadeiro medalhão da Sessão da Tarde para todos os garotos daquela época. Russell, no papel de Jack Burton, caminhoneiro falastrão e mulherengo, acaba entrando em uma bela fria ao se infiltrar em uma organização criminosa chinesa em São Francisco com o objetivo de ajudar a tentar resgatar a noiva de seu amigo (interpretado por Dun), papel da jovem Cattrall.
O que ele imaginava ser uma simples troca acaba se tornando uma aventura perigosa quando Burton e seus amigos se veem frente a frente com curiosos e caricatos inimigos munidos de magia negra, liderados por Lo Pan (piegas e magistralmente encarnado por Wong), um feiticeiro em busca de uma jovem noiva de olhos verdes para sacrificar. Com isso, ele espera apaziguar a ira de um deus ancestral chinês, cuja maldição deixou um homem decrépito, quase caindo aos pedaços.
O filme é um verdadeiro show de efeitos especiais práticos nojentos, artes marciais e muitas (mas muitas mesmo) frases de efeito, e mesmo não alcançando sucesso com a crítica nem com a bilheteria, veio a se tornar cult absoluto, lembrado até hoje como um clássico daquele período e um pilar do gênero de filmes trash. Lembrando que essa palavra, que remete ao lixo em inglês, nesse caso não significa que o produto a que se refere é ruim, mas que foi feito com paixão, mesmo com baixo ou médio orçamento, e que é querido por um dedicado nicho do público.
Qualquer semelhança entre ele e o game não foi coincidência. Boon e Tobias utilizaram-se livremente de aspectos do filme para bolar a história que moveria seu futuro jogo, “emprestando” elementos e personagens da obra de Carpenter de forma praticamente literal. Aquele era um tempo diferente em que paródias muito comumente atravessavam de corpo inteiro a linha de modo que hoje em dia seria considerado um plágio óbvio, gerando muitos processos na Justiça, alegando infração de direitos intelectuais.
Um exemplo disso é o caso de Raiden, deus do trovão na mitologia de Mortal Kombat, que pintou a partir um capanga de Lo Pan no filme; seu visual característico com o chapelão, e capacidade de planar no ar e manipular eletricidade, foram descaradamente trazidos ao game pela dupla, somente mudando a cor de seus trajes e alterando sua predisposição do mal para o bem.
Já Shang Tsung não fica muito longe, especialmente nesse primeiro jogo da série, em que se assemelha bastante ao Lo Pan da cabeça aos pés e também às habilidades como praticante das artes proibidas. No caso do personagem do jogo, seus poderes são capazes de roubar a alma das vítimas, presenteando-o com a capacidade de se transformar neles por um curto período de tempo, conferindo-lhe uma vida muito mais longa que o natural.
É claro que, com o tempo, Mortal Kombat foi se distanciando de sua inspiração, moldando sua própria mitologia convoluta, mas esse primeiro título é, sem sombra de dúvidas, descaradamente um amálgama da cultura de filmes como os de Carpenter, de torneios sangrentos de artes marciais como os de Van Damme, e seus semelhantes. Não tem como negar esse fato e nem Boon nem Tobias o fazem, ainda bem.
Isso, aliado à tecnologia de ponta da época, na qual atores eram digitalizados e inseridos nos jogos – e que primeiramente foi utilizada em Pit Fighter, o precursor de Mortal Kombat, de qualidade duvidosa, cujo tema também era o de torneios obscuros de lutas até a morte – e aos sanguinolentos golpes de finalização, os fatalities, com quantidade de violência gráfica inédita nos jogos eletrônicos até então, vieram a colocar o jogo na mente de todos os jovens e fãs de frequentadores de fliperamas daquele tempo.
Começa o torneio que viraria febre mundial
Após muita deliberação, Mortal Kombat – isso mesmo, com um K, para dar efeito – foi talhado como o nome do torneio milenar em que a Terra, com seus lutadores, campeões escolhidos a dedo pelo deus do trovão e protetor do reino terreno, Raiden, eram colocados frente a frente contra as forças de Outworld, uma realidade com trejeitos demoníacos localizada em outra dimensão.
No final de dez derrotas, Shao Khan, o imperador deste mundo, teria o direito de invadir nosso planeta. O jogo começa no ponto em que estamos no fim do fio, pior que o 7 a 1 para a Alemanha em 2014; na décima versão do campeonato, a Terra está a uma derrota da invasão. E para se certificar que isso aconteceria, o imperador colocou um de seus súbitos, Shang Tsung, mago banido da Terra por suas práticas maldosas e diversos sacrilégios, à frente de seu exército. No jogo, ele é o chefão final.
Cabe aos mais novos campeões do planeta evitar que isso ocorra, custe o que custar, sem deixar pedra sobre pedra, ou melhor, braço preso a corpo, ou ainda, coração batendo dentro do peito, ou… ah, você entendeu. O negócio não era para quem tinha tendência a palpitações nem aos que possuíam aversão a sangue, mesmo que comicamente exagerado, com o objetivo claro de chocar e não ser levado muito à sério (spoiler: ele foi, mas isso é assunto para outro post futuro).
Mas voltemos ao assunto do protagonista do jogo. No fim, as negociações com os Músculos de Bruxelas acabaram fracassando, levando a dupla criativa a ter de bolar uma alternativa para o herói principal. No lugar de JCVD, nasceu Johnny Cage, um convencido e arrogante astro do cinema B de artes marciais, que acaba se inscrevendo no torneio para colocar seu nome nas telas mundo afora.
Fora a descrição mais que certeira, ele ainda trazia um pouquinho mais de Van Damme na forma de golpe principal, o famosíssimo split do astro, que acertava, digamos, as joias dos inimigos, deixando-os atordoados por alguns momentos.
Liu Kang surgiu a partir nos astros da indústria cinematográfica kung-fu de Hong Kong, e com trejeitos que lembram em muito aos do finado Bruce Lee, virando a estrela principal do jogo, tudo na base das voadoras e muita gritaria. Oh, seus berros podiam ser ouvidos do lado de fora dos fliperamas, acredite.
Complementando o grupo, vinha Sonya Blade, agente dos serviços especiais dos Estados Unidos, como a femme fatale do game, munida de um beijo fatal em seu arsenal de golpes, que ingressou no torneio para capturar Kano, outro lutador participante, um criminoso sanguinário cujas características eram uma placa de metal em seu rosto, faquinhas, e o golpe mais odiado de todos os fãs do jogo, a “bolinha”, onde ele se lançava contra seus inimigos a uma velocidade digna de Blanka, a ponta do Brasil em Street Fighter II, principal oponente de Mortal Kombat no nascente cenário de jogos de luta.
Do lado de Outworld, tínhamos Sub-Zero e Scorpion, enigmáticos ninjas com poderes opostos e cores de roupas de dar inveja a qualquer designer gráfico. Enquanto que Sub-Zero era capaz de congelar e consequentemente estilhaçar seus inimigos, Scorpion os queimava, deixando só ossinhos para trás. Eram claramente os favoritos de muitos jogadores. Eles completaram o enxuto elenco do primeiro Mortal Kombat. Ele não permaneceria tão amarrado em futuros jogos, no entanto.
No desenrolar da trama, Liu Kang derrota Shang Tsung em combate, mas não antes de dar cabo de Goro, o emblemático monstro de quatro braços, capanga do velhinho, que vivia em seu lar, logo abaixo do palácio do vilão.
Ah, e teve também Reptile, o terceiro e mais misterioso dos ninjas carnavalescos, detentor de características reptilianas, ocultas por sua máscara, que a cada novo jogo ficariam cada vez mais, bem, na cara. Esse fazia de lar a parte de baixo da fase The Pit, junto aos montes de espinhos e dolorosas lanças; no jogo, a luta só podia ser acessada após realizar feitos específicos durante a partida.
Mortal Kombat 2: tudo começa a ficar enrolado
A derrota de Shang Tsung não bastou para Shao Kahn desistir de seu objetivo principal, anexar a Terra aos seus domínios. Não reconhecendo o resultado a favor da Terra no campeonato, ele decide desafiar os sobreviventes dentre os lutadores terráqueos para combatê-lo em seu próprio território, sob o falso pretenso de que desistiria totalmente da conquista do planeta caso derrotado em um novo torneio. Aos pés de seu mestre, Shang Tsung consegue convencê-lo a poupar sua vida ao sugerir esse novo plano. De quebra, consegue readquirir sua juventude!
Novos lutadores se juntam à briga. Da Terra, chegam Kung Lao, um monge lutador shaolin, descendente direto de um campeão humano do passado e Jax Briggs, pugilista e parceiro de Sonya, que decide entrar no páreo depois que ela desaparece, capturada pelo imperador de Outworld. Do lado sombrio, chegam as duas forças femininas na forma de Kitana e Mileena.
A primeira é princesa de um dos reinos dominados por Shao Kahn que acabou virando sua filha adotiva, mas mesmo assim carrega certa simpatia pela causa da Terra no embate. Sua “irmã” era tratada como um tipo de “gêmea do mal”. Tinha um segredo: sua máscara ocultava seu rosto metade humano e metade tarkatan, uma raça de humanoides vinda de Outworld.
Outro recém-chegado foi Baraka, general de Shao Kahn da raça tarkatan, a mesma de Mileena. Seus braços com lâminas afiadíssimas o colocaram no topo da lista de personagens favoritos de Mortal Kombat 2 e isso explica-se por si só. O desejo dos fãs foi atendido e Shang Tsung juntou-se ao elenco como personagem jogável, trazendo seus poderes de troca de identidade às mãos dos jogadores.
Os dois ninjas Scorpion e Sub-Zero retornam ao combate com o objetivo de vingança. Scorpion, pela morte de seu clã nas mãos dos Lin Kuei, a irmandade de Sub-Zero, que a partir desse jogo passa a ser um tipo de identidade passada entre indivíduos diferentes. No jogo, as roupas azuis recaem sobre o irmão do personagem do primeiro jogo, que se junta ao campeonato para dar cabo de Scorpion, que foi quem matou seu maninho. Reptile também passa a fazer parte dos personagens selecionáveis.
Há também algumas participações secretas em Mortal Kombat 2: dentre elas está Jade, amiga, confidente e guarda-costas de Kitana, que veste um collant da cor de seu nome e arma-se com um bastão bo, e Smoke, agente infiltrado no clã de Sub-Zero, outro ninja – não perca a conta deles! – só que de vestes cinzas, detentor de poderes de fumaça.
O enigmático Noob Saibot, combinação dos sobrenomes dos criadores da série, só que ao contrário, Boon e Tobias, fecha a lista dos personagens secretos e é uma sombra dos ninjas. Já adianto que mais para frente da história é revelado que Noob Saibot é ninguém mais, ninguém menos, que o Sub-Zero do primeiro game, irmão do Sub-Zero atual. Calma que a história dele não acabou aí.
Em meio às diversas lutas e sangrentos fatalities, Sonya é resgatada pelos heróis da Terra, a missão de Shao Kahn é rechaçada (pelo menos por enquanto) por Liu Kang, que dá um coro nele e em seu próprio general de quatro braços, Kintaro. Entre Mortal Kombat 2 e o terceiro, Jax acaba tendo seus braços decepados, recebendo substitutos de metal pesado no lugar deles e Johnny Cage acaba morrendo durante a consequente invasão da Terra pelas forças de Outworld.
Mortal Kombat 3 e Ultimate Mortal Kombat 3
Com a chegada de Mortal Kombat 3, a bagunça se instaurou de vez na franquia, então segura firme que a viagem vai ficar bem turbulenta. Isso se dá ao fato de haver mais de uma versão do jogo e que, com ela, um número de novidades inclusas para agradar aos fãs insatisfeitos com omissões na versão inicial do jogo, acabaram sendo colocadas descuidadamente na história geral do universo MK.
Vamos tentar levar tudo com calma a partir desse ponto. É aqui que as decisões corporativas acabam influenciando diretamente a história dos jogos e, como consequência, entornam o caldo ainda mais, por assim dizer. O lançamento do terceiro jogo da saga cometeu um crime grave, o de não trazer dois dos personagens mais populares dos jogos anteriores, Scorpion e Kitana, além de Ermac, a forma física em um único corpo das almas roubadas por Shang Tsung no decorrer da história dos jogos até então.
O conceito desse personagem é bastante intrigante, mesmo que em Ultimate Mortal Kombat 3 ele não passe de mais um dos ninjas, desta vez vermelho, com uma forma de luta baseada em projéteis de curta, média e longa distância. Em jogos futuros, Ermac assumiu uma identidade própria, tornando-se um dos lutadores com desenvolvimento mais radical, junto de Reptile. Tirando isso, essas e outras razões que não vêm ao caso dentro do assunto da história resultaram em um jogo sem impacto na história, mais um produto dentro do contexto geral de MK3; como o nome já diz, é a versão suprassumo do jogo.
Entre esses lançamentos, também foi vendido Mortal Kombat Trilogy, uma versão de Mortal Kombat 3 e UMK3, com ainda mais personagens que não tinham um lugar na história até aquele momento. Ele não contou como um capítulo na cronologia de Mortal Kombat, então não há necessidade de alongarmos a conversa além de dizer que é o jogo da série com mais lutadores selecionáveis até aquele momento, não deixando ninguém que participou de algum dos títulos anteriores para trás, incluindo até alguns novos, como Chameleon, outro dos ninjas coloridos.
A Terra se encontra quase que dominada por completo por Shao Kahn, que frustrado por sua derrota no último jogo, acaba utilizando a ressurreição de sua antiga esposa, Sindel, a mãe de Kitana, como desculpa para anexar a Terra aos seus domínios. Isso acontece devido a um antigo ritual que somente traria sua amada de volta à vida se fosse feito em nosso plano de existência. Junto de Sindel chega Sheeva, militar da raça de Goro e guarda-costas da rainha revivida, uma versão feminina de quatro braços. Em meio a esse caos, cabe aos heróis da Terra, tanto novos quanto veteranos, rechaçar essa nova ameaça.
Alguns lutadores que antes eram do outro time acabam se juntando a Liu Kang para defender nosso planeta. É o caso de Sub-Zero (lembrando que este é o irmão do personagem original), que nesse jogo revelou seu rosto e uma cicatriz pra lá sinistra. Kurtis Stryker, um policial da Terra, entra nesse páreo, trazendo granadas e armas de fogo para o que já deixou de ser uma luta justa há muito tempo. Nightwolf é um xamã e nativo norte-americano que acaba por se tornar um tipo de conselheiro a Liu Kang. Dentre seus poderes, estão o lobo e a machadinha espectrais.
Mas é o lado sombrio que acaba recebendo mais reforços, com não só um, mas três ninjas cibernéticos, escravos à vontade de Shao Kahn, quando antes eram membros do clã Lin Kuei, da Terra, o mesmo de Sub-Zero. Cyrax e Sektor são respectivamente a mostarda e o ketchup do sanduíche que Kahn faz de nosso mundo.
Um, com capacidades de combate furtivo, muito semelhantes às do personagem cinematográfico Predador, enquanto que o outro trazia armamento bélico pesado. Ambos foram transformados em máquinas por vontade própria, em busca de uma fonte de poder muito além dos limites humanos e pagaram caro por sua cobiça.
Ambos os robôs foram acompanhados de um terceiro, a versão cibernética de Smoke, que só podia ser selecionada com o uso de um código. Smoke acabou convertido e usado como ferramenta do mal à força, já que era visto como um aliado das forças terrestres. Em jogos futuros, ele readquiriu sua consciência e mais tarde, até o seu corpo biológico, graças às variações cronológicas usadas como ferramentas de retcon – termo usado para descrever mudanças feitas à história a fim de explicar abruptas alterações feitas a elementos presentes nela.
Dois membros da temida organização do crime Black Dragon entram na briga: Kano, que conseguiu escapar das garras de Jax e Sonya, agora totalmente careca e com um upgrade de raio laser em seu olho, e Kabal, um mascarado armado com hookswords, espadas com ganchos em suas pontas, e muita velocidade, que ele usa para esfolar inimigos enquanto ainda vivem. Só gente boa!
Pois bem, com a Terra fazendo parte de Outworld, tornando-se a Exoterra, infelizmente não havia nada que Raiden pudesse fazer para proteger os humanos de serem mortos, e milhares acabam caindo à mercê dos exércitos de Shao Kahn. Com seu poder se estendendo ao elemento espiritual e não corporal, a luta contra o imperador do mal teve que ficar exclusivamente por conta da turma de Liu Kang, que contaram com a ajuda de Johnny Cage, que voltou à vida graças aos poderes dos roteiristas… digo… do deus do trovão e sua influência.
Shao Kahn, apesar de toda vantagem que tinha sobre os humanos, é novamente derrotado…
Mortal Kombat 4: Uma briga entre deuses e polígonos
Shinnok, um dos deuses supremos do universo, muito antes de qualquer torneio pelo controle dos planos dimensionais, tenta dominar a todos, mas acaba fracassando, derrotado por Raiden. Enviado ao reino dos mortos, o Submundo, passa milhares de anos aprisionado, planejando sua vingança sobre o deus do trovão e seus aliados.
Mortal Kombat 4 é o primeiro da série a utilizar gráficos poligonais, durante a geração do primeiro PlayStation. Visto que essa ferramenta visual não estava tão bem desenvolvida naquele momento, mas mesmo assim na moda, não teve jeito: a série teve que ceder aos tempos. O resultado foi um jogo bem diferente do tradicional, que deu início à mudança do 2D ao 3D de todos os jogos subsequentes.
Por exemplo, além da movimentação em três dimensões, que funcionava de uma maneira parecida com à de Tekken, com esquivas laterais para “dentro” ou “forma” do plano horizontal, armas passaram a fazer parte do combate para todos os personagens, não só aqueles que eram munidos delas em suas listas de golpes.
Uma versão Gold do game acabou saindo para o querido, mas mesmo assim fracassado console da Sega, o Dreamcast, que na época já estava em queda. Ela trouxe alguns lutadores novos ao páreo, como um diminuto Goro e Kung Lao, e como o aparelho era bem mais potente que o PlayStation 1, rodava Mortal Kombat 4 bem lisinho e sem tantos jaggies, o infame efeito de serrilhamento que afetava os jogos da época.
Sinceramente, as novidades técnicas são muito mais marcantes que a história do jogo, mas voltemos à história, que é o foco dessa matéria. Shinnok acaba escapando da terra dos mortos com a ajuda do feiticeiro Quan Chi – cujo papel foi interpretado por Eri Johnson no comercial do game, dando início à sua grande vingança. Com a ajuda de Tanya, nova lutadora muito similar a Kitana, mas com 1/100 da personalidade, o antigo deus do caos domina o reino de Edenia.
Entram os heróis, novamente chamados por Raiden, que a cada jogo vem se tornando mais e mais um verdadeiro trapalhão, contando com algumas caras novas. Fujin, curiosamente, é outro deus elemental, desta vez do vento, conferindo, você adivinhou, poderes de velocidade e furacões ao seu estilo de luta. Amigo de Liu Kang, Kai nada mais é que outro lutador marcial genérico e Jarek é basicamente um clone de Kano, só que do bem.
Esses novos lutadores do lado do bem juntam-se ao que basicamente pode ser resumido ao elenco de Mortal Kombat 2. Do mal, temos ainda mais personagens extremamente esquecíveis, que nunca voltaram a ter muita importância à história, a não ser quando voltaram somente para servir de farinha pra lista de combatentes de Mortal Kombat Apocalypse. Reiko é o general dos exércitos do chefão do jogo e braço esquerdo de Shinnok; veste-se de modo similar aos ninjas, e usa uma máscara que mal tapava seus brilhantes olhos de morto-vivo.
Antes de chegarmos ao final de mais esse jogo, vamos dar uma paradinha para mencionar uma curiosidade que pintou durante a mesma geração de consoles que Mortal Kombat 4: os spin-offs da série. Mortal Kombat Mythologies: Sub-Zero era para ser o início de uma subsérie de jogos estrelando personagens do elenco principal.
Apesar do fracasso dessa ideia devido à qualidade mais que duvidosa do jogo, a aventura solo de Sub-Zero rendeu alguns frutos, entre eles personagens “importantes” do quarto jogo da série principal, Quan Chi e Shinnok. O primeiro foi responsável por colocar o ninja congelante nessa frustrante aventura, enquanto que o outro ficou com o cargo de chefe final, para enfrentar os poucos jogadores que foram capazes de chegar ao final dessa calamidade em forma de videogame.
Nem vamos falar de Mortal Kombat: Special Forces. O menos que for discutido sobre ele, melhor. Coitado do Jax. Mas nem tudo foi uma tragédia; dos escombros dos dois fracassos de crítica e de vendas lançados para PlayStation 1, surgiu Mortal Kombat: Shaolin Monks, durante a geração seguinte. Um divertidíssimo beat ‘em up cooperativo estrelado por Kung Lao e Liu Kang, Shaolin Monks trouxe algumas mudanças à história já cimentada da série, por especial os eventos entre Mortal Kombat 2 e 3, que veremos logo mais, quando chegarmos no nono jogo da série.
De volta à programação normal. Onde paramos? Ah, sim! A derrocada de Shinnok. Sim, o deus do mal, que também utiliza a capacidade de se transformar em seus inimigos, se viu um alvo dos punhos e pés de Liu Kang. Acabou novamente banido ao Submundo junto de Quan Chi, mas como Mortal Kombat há muito já havia se tornado uma zorra total em termos históricos e temporais, não demorou muito para que sua situação mudasse para o melhor.
Mortal Kombat: Deadly Alliance
Com Mortal Kombat: Deadly Alliance, chegamos mais ou menos na metade da lista cronológica da série. Estamos quase lá! O jogo foi um divisor de águas para a franquia. Foi o passo inicial da série na nova linha de consoles liderada pelo PlayStation 2. Continuou de onde MK4 parou em termos de design de jogo, levando a jogabilidade ainda mais para o lado 3D da coisa.
As armas passaram a ter uma importância ainda maior, se tornando um estilo de luta próprio para cada personagem. Foi a partir Deadly Alliance que Ed Boon passou a ser o líder criativo do time, com a saída de John Tobias da série, ao deixar a Midway Games em 1999.
O subtítulo do nome do jogo refere-se à aliança entre Shang Tsung e Quan Chi. O mago desprovido de folículos capilares decide trazer o ladrão de almas para o seu lado na esperança de reviver o aparentemente invencível exército do Rei Dragão, antigo governante de Outworld, cuja existência ele descobriu ao se deparar com uma tumba durante sua fuga do Submundo. Isso tudo foi graças ao poder do amuleto de Shinnok, roubado por ele pouco antes do final do jogo anterior. Não contavam com a sua astúcia!
Shang Tsung seria o encarregado de transplantar almas de guerreiros mortos a esse exército que, por sua vez, agiriam como assassinos genocidas, dando a ele uma infinidade de almas fresquinhas para consumir. Juntos, batem na porta de Shao Kahn sob falso pretenso de forjar um acordo com o enfraquecido monarca, e acabam com a vida dele. Liu Kang, o poderoso herói da Terra, também tem seu pescoço quebrado pela dupla dinâmica do terror, durante uma luta injusta dos dois contra um. Dois pássaros com uma cajadada (e das grandes) só.
Com o caminho desimpedido pelas duas maiores pedras no sapato dos feiticeiros, tudo parecia perdido para a Terra. Outro golpe decisivo para o sucesso da dupla foi a desistência de Raiden de sua posição de protetor da dimensão terrena, visto que não foi capaz de fazer nada durante a execução do diabólico plano de Tsung e Chi. Há muitos jogos esse personagem foi sendo mais e mais incompetente, e tal desenvolvimento foi bastante curioso do ponto de vista geral.
Em termos de personagens, Mortal Kombat: Deadly Alliance introduziu vários novos combatentes ao universo da série. Apesar de à primeira vista não ter um desenvolvimento narrativo de impacto ao ser jogado, muitos dos lutadores tinham importância no pano de fundo de Mortal Kombat, com diversos retcons até que bacanas.
Bo’ Rai Cho é o que mais se adequa a essa descrição. Seu nome é uma piada de Ed Boon – cuja origem é mexicana – do espanhol borracho, bêbado em português. Toda a sua personalidade gira em torno disso: é um mestre da luta que utiliza a embriaguez ao seu favor, chegando até a vomitar em cima de seus inimigos. Liu Kang foi seu discípulo e é por causa de sua morte que o mestre decide se envolver na briga.
Armado com uma espada controlada telepaticamente, Kenshi é agente da OIA, agência dentro do mundo de MK formada para monitorar as ações de criminosos que escaparam para outras dimensões, como os membros do cartel Black Dragon. É um lutador de exímia habilidade que acaba ficando preso em Outworld durante uma missão, onde o portal entre os dois reinos explodiu, cegando-o no processo.
Mavado, atual líder da organização do crime Red Dragon – não confundir com a Black Dragon, que se originou dele, ao receber membros insatisfeitos com a severidade de seus princípios – dá cabo de Kabal em nome da terrível aliança; emprega Hsu Hao, agente infiltrado do grupo no OIA. Ambos possuem um tipo de luta semelhante, baseado em rápidos e precisos golpes.
A fuga de Quan Chi do Submundo o rendeu um inimigo. Drahmin – não confundir com o remédio controlado – é um demônio que foi traído pelo feiticeiro durante sua escapulida. Seguindo o mago até o local de sua vitória sobre os mocinhos e luta para conseguir sua vingança. Junto de seu colega inseparável, Moloch, não deixa pedra sobre pedra para alcançar seu objetivo. Personagem secreto do jogo, Blaze é guardião do ovo do Rei Dragão, um elemental de poder monumental a serviço de seu mestre adormecido.
Sub-Zero, agora no papel de líder e mestre supremo do restabelecido clã Lin Kuei, passa a treinar novos discípulos na arte de congelar oponentes, só que para o bem. Frost é ao mesmo tempo sua melhor aluna e pior desapontamento, visto que a jovem e ambiciosa lutadora decide se juntar aos inimigos do plano terreno em sua missão suprema de conquista. Obviamente, ela usa poderes de gelo como o ninja azul, mas o faz de uma forma bastante única ao aplicar velocidade e um contorcionismo sobre-humano ao seu estilo de luta.
A esguia guerreira Li Mei e a vampiresca Nitara compartilham do mesmo objetivo: separar seus mundos de Outworld. A sugadora de sangue faz uso do fluido em basicamente todos os golpes de sua lista de habilidades e precisa roubá-lo de seus oponentes para manter-se ativa no campo de batalha. Já Li Mei é praticante de um estilo muito próximo ao kung fu, originário de seu vilarejo, destruído pela aliança diabólica.
Diversos lutadores dos jogos anteriores voltam para participar da história de Mortal Kombat: Deadly Alliance, dentre eles, Cyrax, que se tornou um agente da OIA após ser resgatado por Sonya e Jax durante os eventos dos jogos anteriores e Kung Lao, que se junta à causa não só para proteger a Terra, mas também como vingança pela morte de Kang. Mesmo sem seu status de protetor do planeta, Raiden segue junto dos guerreiros na luta contra Shang Tsung e Quan Chi, que também fazem parte do elenco selecionável de lutadores.
Para se ter uma ideia da história completa do jogo, os jogadores precisam não só completar o modo Arcade com todos os personagens, mas também chegar ao final de Konquest. Nada mais era que um jogo de aventura nos moldes de Mortal Kombat, em que se jogava com cada personagem do game, aprendendo seus golpes e as novas mecânicas apresentadas pelo quinto título da franquia ao percorrer o mapa como um monge sem nome.
Já no Krypt, podia-se destravar ainda mais elementos da história do jogo e de seus personagens, ao comprar acesso a diversos baús e urnas, utilizando moedas ganhas nos outros modos de jogo. Essa descentralização da história geral do jogo fez com que pouco se soubesse realmente sobre os acontecimentos da cronologia de Mortal Kombat a não ser que fosse zerado quase que completamente e indo a fundo de seus muitos itens colecionáveis, já que traziam textos explicativos e dados sobre os eventos da história.
Com isso, os acontecimentos decorrentes da tal aliança pouco surtiram efeito imediato, e a conclusão de sua história e das histórias individuais dos personagens somente foram descobertas no jogo seguinte. A princípio, os vilões saíram vitoriosos, sem qualquer empecilho em seu caminho, levando aos acontecimentos do próximo game.
Mortal Kombat: Deception
Onaga, o Rei Dragão, é revivido no final do último jogo, mas Shang Tsung e Quan Chi acabam levando a pior ao realizar esse feito, já que o chefão do jogo acaba com eles logo em seguida. O plano dos feiticeiros de trazer de volta à vida o exército imortal acabou um tiro na culatra, visto que, ao utilizar das vidas de praticamente todos os lutadores defensores da Terra para dar suas almas aos soldados de Onaga, acabam deixando todos os reinos desprotegidos, tornando-os campo fácil para o renascido conquistador fazer a festa. E é isso que ele faz. Nem Raiden, o sobrevivente, é capaz de conter a ira dele, tampouco fazer frente ao poder conjunto dos aliados do mal.
Essa aliança dura pouco em Mortal Kombat Deception e é rapidamente rompida, agora que o exército está pronto; resta saber quem irá controlá-lo. Para tal, Quan Chi e Shang Tsung lutam entre si pelo amuleto de Shinnok, único meio de dar ordens à força invasora e imortal, mas logo percebem que um perigo ainda maior está a sua espreita, na forma do antigo imperador de Outworld.
Numa medida desesperada, Raiden, Shang Tsung e Quan Chi juntam suas forças na tentativa de impedir Onaga. Raiden junta tudo o que resta de seus poderes e conjura uma magia gigantesca, que além de consumi-lo, elimina os outros dois lutadores. No entanto, pouco foi o efeito disso contra o Rei Dragão, que sobrevive ao ataque incólume.
Em busca de seis artefatos do poder chamados kamidogu (do japonês, os instrumentos de deus ou barro divino), que dentre muitas outras utilidades, são capazes de destruir planos de existência. Fazendo frente ao líder supremo de Outworld estão os poucos lutadores que restam de torneios passados, liderados por Mileena, mascarada sob a identidade de Kitana, conferindo a ela o controle das forças de Edenia.
Como se os problemas para a Terra já não fossem colossais só pela presença de Onaga, ele joga ainda mais sal na ferida ao subjugar os protetores do planeta, usando-os em seu ataque à dimensão terrena. Ludibriado por Damashi, um espectro ao qual o Rei Dragão recorre para ocultar sua identidade, Shujinko, um jovem guerreiro, parte em uma jornada de décadas para encontrar as kamidogu.
Essa viagem é como se desenrola o modo de jogo Konquest, que retorna. Nele, no papel de Shujinko, você percorre um mapa, adquire novos golpes, sobe de nível e participa de um grande número de lutas. É a principal funcionalidade de Mortal Kombat Deception, e também é onde se destrava a quase infinitude de colecionáveis dentro do jogo.
Fora do contexto da história, Deception foi o primeiro Mortal Kombat a contar com modos que não eram relacionados a lutas, como Chess Kombat, uma versão de xadrez no universo MK, substituindo as peças clássicas por versões mais familiares aos fãs da franquia. Outro tipo de jogo que foge à história é Puzzle Combat, que, como o nome diz, é baseado em puzzlers do mesmo naipe de Super Puzzle Fighter II Turbo.
De volta à história; ao finalmente entregar os poderosos artefatos a Onaga, Shujinko se dá conta da traição pela qual passou – traição essa que dá nome ao jogo, do inglês, deception. Graças à árdua tarefa completada que o tornou um habilidoso e fortíssimo lutador, acaba sendo capaz de não só usar o poder das kamidogu contra Onaga, libertando os heróis sob seu poder, mas também o destruir por completo com a ajuda de novos amigos.
Mortal Kombat Deception traz de volta vários lutadores de jogos anteriores, incluindo Ermac, cujo personagem passou por uma tremenda troca de roupagem neste jogo. Agora livre do controle de Shang Tsung, o agregado de almas na forma de guerreiro se alia ao espírito de Liu Kang para resgatar os guerreiros na Terra das garras de Onaga. O corpo revivido de Kang, sob o controle do maléfico Rei Dragão, faz parte também do elenco, junto de Tanya, a traidora de MK4 que continua a sê-la. Tsk tsk.
Lembra quando eu disse que Kabal tinha sido morto por Mavado no jogo anterior? Não foi bem assim! Ele conseguiu escapar com vida ao ataque, juntando-se aos aliados do bem em sua luta contra o novo imperador de Outworld. Outro que não ficou morto por tempo algum foi Raiden, que correu contra a morte para ficar ao lado dos bonzinhos.
Noob-Saibot, o misterioso ninja revelado ser o espírito amaldiçoado do Sub-Zero original, também dá as caras em Deception, como o penúltimo chefe do game ao se fundir com Smoke, tornando-se… Noob-Smoke. É, os caras estavam ficando sem ideias nessa altura do campeonato.
Junto de Shujinko, há inúmeros novos lutadores, mas o protagonista do modo de jogo Konquest é de longe o mais importante para a história de Mortal Kombat Conquest, tanto que, sinceramente, não vale a pena listar os outros. No fim, eles serviram mais para rechear a já lotada lista de personagens selecionáveis no próximo game.
Uma curiosidade: a versão de GameCube do jogo foi capaz de fazer milagre, trazendo de volta à vida ainda mais personagens, como Goro e Shao Kahn. Amém!
Mortal Kombat: Armageddon
É o fim do universo de Mortal Kombat como o conhecemos. Ou pelo menos foi esse o tema que serviu para dar continuidade ao descontrole em que estava a continuidade da franquia ao chegar a seu oitavo título, Mortal Kombat Armageddon.
Uma visão chega à maga Delia, em Edenia: ambos os lados do bem e do mal precisam novamente entrar em combate em um último e decisivo torneio para que de uma vez por toda seja decidido o destino de toda a existência! Para isso, basicamente todos os lutadores já vistos em Mortal Kombat até o momento fazem parte do jogo. Todos. Sem exceções e sem desculpas mal escritas para justificar suas presenças no torneio. Simplesmente estão lá para serem selecionados.
Esse jogo, sem querer diminuí-lo muito, mas diminuindo mesmo assim, é o que menos tenta sequer seguir uma história ao menos inteligível. Pouco dele faz sentido, e convenhamos, está na cara que a única justificativa para sua existência é dinheiro. Mas vamos continuar a missão de desbravar a cronologia de Mortal Kombat.
A insanidade da história de MK era para finalmente acabar em Armageddon, e convenhamos, com uma premissa assim, não tinha como não terminar. Mas a loucura não parou por aí, há ainda muitos elementos a se destrinchar antes de pularmos ao próximo game da franquia, que é de longe muito melhor que este aqui.
Paramos na visão recebida de um torneio para dar fim a todos os torneios. Com o intuito de realizá-lo, o marido de Delia, o deus ancião Argus, constrói uma pirâmide para servir de arena para a grande luta. Seus filhos, Tavon e Dagon, são a chave para o fim da existência, pois a união de poderes é o único meio capaz de pôr um fim ao conflito, já que Blaze, o ser elemental e personagem dos dois jogos anteriores e pilar do conflito, só pode ser destruído pelos irmãos.
Há dois finais possíveis para a história de Mortal Kombat: Armageddon: no que não é considerado o canônico, do modo de jogo Konquest, Taven é o único sobrevivente entre todos os lutadores. Ao confrontar Blaze, consegue derrotá-lo, tornando-se um deus. Mas isso não é capaz de conter o fim da existência, e Taven se vê forçado a encontrar uma outra solução antes que tudo acabe. Fim.
O outro, o canônico de fato, tem – olha só – Shao *fucking* Kahn acabando com Blaze, virando um deus todo-poderoso e maléfico. Sobrepuja até Raiden, que com os últimos vestígios de seu poder, é capaz de enviar uma mensagem de volta no tempo para uma versão mais jovem de si mesmo, no ponto da cronologia de Mortal Kombat em que o primeiro game estava rolando, com a esperança de reverter essa realidade.
“Ele precisa vencer.”
A críptica mensagem deixada por Raiden para sua versão do passado.
Levando em conta que o jogo foi lançado com o intuito de compilar praticamente tudo o que foi mostrado nos jogos anteriores até aquele momento, não é de surpreender que a história ficou para segundo plano em Mortal Kombat Armaggedon. Tanto que tinha até um modo de jogo de corrida de kart. De um jeito ou de outro, o gancho que ele deixou foi bom o suficiente para que a equipe criativa pudesse tirar dessa frase o que precisavam para enfim (tentar) engatilhar uma nova realidade para a série.
Essa também seria uma nova realidade para o time liderado por Boon: em 2010, quatro anos após Mortal Kombat Armaggedon chegar às prateleiras, eles passaram a ser uma desenvolvedora própria, substituindo a antiga WB Chicago, sob o nome de NetherRealm Studios. A Warner Bros assumiu como a distribuidora e detentora dos direitos intelectuais da franquia seguindo a liquidação e absorção do catálogo da Midway. Em 2014, o estúdio veio a ser oficialmente incorporado à WB.
Mortal Kombat 9
A franquia permaneceu dormente por cinco longos anos, até que voltou com tudo em 2011, com o lançamento de Mortal Kombat – em registros da Internet, é listado como Mortal Kombat 9 e vamos usar essa numeração para nos ajudar a organizar um pouco a lista, mas de fato, o nome oficial do jogo é simplesmente Mortal Kombat. Voltou à jogabilidade dos jogos antigos, distanciando-se da movimentação em “falso 3D” de parte da série que ocorreu na geração do PlayStation 2.
Agora nos consoles Xbox 360 e PlayStation 3, o jogo, desde seu nome sem numeração, foi tratado como um novo início para a confusa franquia, e para todos os efeitos, fez isso muito bem. Até que os jogos seguintes voltaram a bagunçar o meio de campo novamente, mas não vamos nos antecipar.
Mortal Kombat 9 teve como objetivo condensar sua história no período que engloba os três primeiros jogos da série, apesar de começar onde Mortal Kombat Armaggedon acabou, com a mensagem sem muito nexo do calejado Raiden chegando à sua versão mais jovem. Sem entender muito bem o que houve, o menos experiente deus do trovão segue com seu papel.
Nesse ponto, vale dar uma pausa para frisar que Mortal Kombat 9 foi o primeiro título da série a ter suporte a conteúdo via download na forma de novos personagens selecionáveis, que além de participações especiais, incluíam personagens do universo da série.
Skarlet, uma ninja de sangue a serviço do imperador, veio a fazer parte do elenco depois do rebuliço todo gerado por um bug em MK2 em que as personagens femininas apareciam vestidas de vermelho, vulgo seu nome. Rain, já visto pela última vez na versão especial terceiro game da série, UMK3 – e sim, ele veste roxo e é uma óbvia homenagem ao imortal Prince, elevada à milésima potência nessa nova versão. Agora, ele é um príncipe de um dos reinos conquistados por Shao Kahn, e ainda possui diversos golpes relacionados ao seu nome, a chuva. A terceira e última inclusão foi Kenshi, o mesmo de Mortal Kombat: Deadly Alliance.
Apesar de possuírem pequenas vinhetas para explicar como os personagens de outras franquias chegaram lá, suas presenças no universo Mortal Kombat não influenciam em nada a continuidade. Que bom, porque se ela já é confusa suficiente por si só, imaginem como ficaria se contasse com tudo vindo de fora.
Houve todo o tipo de participação, com diversos vilões e heróis de filmes cult, como Freddy Krueger, Jason Voorhees, RoboCop, o Xenomorfo (de Alien: O Oitavo Passageiro) e até John Rambo e o T-800, dos filmes O Exterminador do Futuro – os dois com as feições de Stallone e Schwarzenegger respectivamente. Houve também participações de gente de algumas outras franquias de games e até dos quadrinhos, como Kratos, de God of War, Spawn e as Tartarugas Ninja (como um único personagem que engloba as habilidades dos quatro irmãos), que não são avessas a participar em crossovers, diga-se de passagem.
Segundo rumores, tudo indica que mesmo sendo um aparente reboot da série, Mortal Kombat 1 também terá participações especiais. Ok, com isso fora do nosso caminho, vamos continuar com a jornada!
Como explicado pelo próprio Ed Boon, em entrevista, resumindo o remix pelo qual passou a cronologia de Mortal Kombat com o então novo jogo.
Raiden está para ser morto por Shao Kahn, e antes de receber o golpe final, ele manda uma mensagem para [a versão mais jovem] de si mesmo no passado, dizendo que ele deveria vencer, com a câmera rebobinando a fita de volta para [o primeiro] Mortal Kombat. O Raiden [do primeiro] Mortal Kombat recebe a mensagem e vivencia uma premonição.
O jogo então engloba [o primeiro] Mortal Kombat, Mortal Kombat 2 e, enfim, o terceiro jogo, recontando a história de um Raiden iluminado, que foi capaz de alterar o curso dos eventos. Eventualmente, tudo o que o jogador testemunhou anteriormente – a vitória de Liu Kang, os Lin Kuei sendo transformados em ninjas cibernéticos – acaba sendo alternado.
E é provável que haja um personagem robótico que não era assim antes, (…) em uma versão diferente dos eventos [da história].
Com essas mudanças, foi criada uma nova linha temporal para a série, que não apagava a anterior. As duas permaneceram paralelas, o que virá a ser um elemento da narrativa mais para frente. E não, o robô que ele se refere não é RoboCop, e sim Cyber Sub-Zero, que acaba sofrendo o antigo destino de Smoke, a grande surpresa de Mortal Kombat 9!
Ao receber a mensagem do futuro, agora alternativo, Raiden percebe que seu amuleto está danificado, concluindo, com base na mensagem, que Liu Kang precisa vencer o torneio para salvar o plano terreno. Este acaba sendo o único sobrevivente entre todos os lutadores do time Terra no torneio, graças à influência de Scorpion, que como vingança pelo extermínio de seu clã, o Shirai Ryu, e do assassinato de sua esposa e filho pequeno pelas mãos de Bi-Han, o Sub-Zero, o mata, depois de ser consumido pelo ódio e transformado no demônio que conhecemos tão bem.
Liu Kang então derrota Goro, caracterizado como o príncipe de sua raça, e em seguida Shang Tsung, em sua versão idosa. Mesmo assim, o amuleto de Raiden se racha ainda mais, mostrando que os eventos do futuro ainda não foram mudados. Os eventos dos jogos passados, agora vistos sob os novos visuais do novo jogo, acontecem como já eram sabidos.
Shao Kahn, enfurecido com o fracasso do feiticeiro e prestes a executá-lo, é convencido a poupá-lo e seguir a sugestão dele de iniciar um novo torneio Mortal Kombat sob a falsa promessa que já sabemos que será quebrada, a de deixar a dimensão da Terra em paz caso seus lutadores saiam vitoriosos, mas caso ele seja o vencedor, poderá invadir nosso planeta sem intervenção alguma. Em meio a tudo, Shang Tsung traz parte do exército à dimensão terrena, forçando o relutante Raiden a aceitar a exigência do imperador.
É durante o segundo torneio que Kuai-Liang, irmão de Bi-Han, decide assumir o manto do irmão e se torna o novo Sub-Zero e, junto de seu amigo Smoke, decide vingar-se de Scorpion pela morte do irmão, mas acaba falhando. Os ninjas-robô de Lin Kuei raptam Kuai-Liang no lugar de Smoke para a conversão cibernética, o que tem como efeito a mudança da linha do tempo, às custas do novo Sub-Zero.
Kitana, princesa de Edenia e afilhada à força de Shao Kahn, ao descobrir a existência de Mileena, uma clone criada pelo seu pai postiço, junta-se aos mocinhos em sua batalha contra o mal, seguida de perto por Jade, sua amiga desde a infância. Raiden, na tentativa de reverter o curso apocalíptico da história, substitui Liu Kang por Kung Lao no torneio, mas isso não é suficiente.
Do nada, Quan Chi, junto de Kintaro, materializa-se bem no meio da arena durante a luta do guerreiro de chapéu de aba grande com o chefão e, distraído pelos acontecimentos bizarros perante dele, fica exposto a um covarde ataque de Shao Kahn. Seu pescoço é quebrado pelo Kahn, o que causa a ira incontrolável de seu amigo Liu Kang, que inevitavelmente fere mortalmente o imperador de Outworld. O medalhão rui ainda mais, o que preocupa ainda mais o atrapalhado Raiden.
Quan Chi é capaz de curar Shao Kahn, salvando-o da morte. Enquanto isso, Shang Tsung revive Sindel, enganando-a, usando os poderes da bruxa para quebrar o encanto dos antigos deuses que impede seu marido de invadir a dimensão da Terra. Imediatamente, as forças de Outworld invadem a dimensão vizinha. Raiden, ao derrotar o centauro Motaro, resgata Johnny Cage de uma dolorosa morte durante a invasão inimiga.
Liu Kang e Raiden vão em busca de ajuda, apelando aos deuses anciãos, cuja resposta é um belo de um não; Shao Kahn não violou nenhuma lei divina ao pisar na Terra, e suas ações só seriam consideradas uma blasfêmia se ele tentasse unir as duas dimensões sem ao menos vencer um torneio, como fez na linha do tempo original.
De volta à Terra, Stryker e Kabal vão ao resgate, unindo suas forças aos guerreiros em combate com os cupinchas de Shao Kahn. Kintaro queima Kabal vivo, mas Kano o revive. Nada disso impede Sindel de facilmente matar uma boa parte dos heróis ao cruzar para aquela dimensão. À mercê de sua mãe, que se encontra sob o efeito da lavagem cerebral perpetrada por Shang Tsung, fica Kitana à beira da morte. Eventualmente, ela a encontra, nos braços de Liu Kang, mas não antes de Nightwolf surgir e usar seus poderes xamanísticos para se sacrificar e dar um fim à feiticeira.
Johnny Cage e Sonya são os únicos sobreviventes do ataque de Outworld, mas não são capazes de continuar lutando devido aos seus ferimentos. Raiden, numa fútil tentativa desesperada de salvar a Terra, oferece as almas dos guerreiros derrotados a Quan Chi, mas o feiticeiro recusa, já que se encontra em posse deles por intermédio de Shao Kahn, em troca de sua lealdade. Chi então os transforma utiliza-se suas almas para torná-los seus guerreiros-fantasma.
Quase que sem esperanças, Raiden entende o verdadeiro significado das palavras vindas de sua versão do futuro, “ele deve vencer”. Elas se referiam a Shao Kahn: se ele acabasse conseguindo anexar a Terra ao seu reino sem vencer o Mortal Kombat, ele estaria violando os princípios divinos e seria punido severamente. Ao testemunhar a hesitação do deus do trovão e furioso com a morte sem sentido de seus amigos, parte para cima do imperador de Outworld.
Ao tentar impedir Liu Kang de interferir, Raiden acaba matando Kang ao misturar seus raios com o poder de fogo do herói, tostando-o até não sobrar quase nada. Em puro arrependimento ao que aconteceu, Raiden se rende às vontades de Shao Kahn, mas acaba sendo salvo, no último momento, pelos deuses antigos, que lhe conferem um status equivalente ao deles. Com seus novos poderes, o deus do trovão turbinado derrota de vez Shao Kahn por violar o código do Mortal Kombat.
Mas tudo não passou de um plano mirabolante de Quan Chi. O mago revelou-se ser um agente de Shinnok, deus da destruição, e tudo correu conforme eles queriam, já que o plano terreno se enfraqueceu com a morte de seus protetores e Outworld estava sem um líder na ausência de Shao Kahn. Tudo estava pronto para que dominassem não só essas duas, mas todas as dimensões.
Claro que não, caro leitor! Tinha que haver um novo título da série; afinal, Mortal Kombat 9 vendeu horrores e foi um sucesso de crítica, sem falar do público, que amou o modo história do jogo e a nova torre de desafios.
O nono jogo da franquia mostrou ser incrivelmente divertido, e a maneira com que contou o novo rumo da história da série através de um envolvente modo de jogo solo – uma versão refinada do que estreou no jogo anterior do estúdio, antes da troca de nome, Mortal Kombat vs DC Universe, deixou fãs com de queixo caído. Graças a esse sucesso, todos os jogos continuaram a apresentar a história dessa maneira.
Mortal Kombat X
Que Mortal Kombat já tinha virado uma baita de uma novela bem antes do décimo jogo, ninguém duvida, mas a NetherRealm se superou com Mortal Kombat X. Parece até tema de revista de fofoca do mundo dos games, mas não é. Antes do início do jogo, dois anos após a derrota final de Shao Kahn nas mãos de Raiden, Shinnok finalmente invade a Terra, junto de seu exército morto-vivo e dos guerreiros do bem, agora ressuscitados e sob controle dele.
Uma equipe formada por Sonya, Kenshi e Cage chega ao templo de Raiden a tempo de encontrar o deus do trovão e seu colega, Fujin, travando uma batalha contra Shinnok. Ao presenciar a quase morte de Sonya por parte do deus da destruição, Johnny é capaz de fazer frente a Shinnok por tempo suficiente para Raiden utilizar-se do poder do amuleto de seu inimigo para imprisioná-lo. Durante essa briga, Quan Chi foge, mas os bonzinhos conseguem encontrá-lo, e ainda por cima são capazes de restaurar Scorpion, Sub-Zero e Jax às suas formas humanas, do bem.
Nos anos seguintes, Johnny e Sonya se casam, mas pouco tempo depois dão um Fatality na união. Scorpion, novamente um humano, passa a viver sob seu antigo nome, Hanzo Hasashi, como mestre-supremo de seu antigo clã, o Shirai Ryu e passa a treinar o filho de Kenshi, Takeda. Sub-Zero volta a ser o líder do Lin Kuei depois de finalmente derrotar Sektor. Ao acabar com o robô, ele adquire o conhecimento dos verdadeiros responsáveis pelas mortes da família e dos amigos de Hasashi, colocando um fim de vez ao conflito entre os dois ninjas.
Vinte anos depois, brota a nova geração de lutadores: fruto da união entre Sonya e Johnny, a soldado Cassie Cage, cujas capacidades de luta são uma mistura dos poderes de seus pais, como seus genes, e a filha de Jax, Jacqui Briggs, especialista em tecnologia inspirada nas melhorias artificiais de seu pai.
A terceira “criança MK” é Kung Jin, sobrinho de Kung Lao; conta com um arco e flecha em seu repertório de ataques. Juntos de Takeda, os quatro formam uma nova equipe de lutadores pelo bem.
Em missão para conter uma guerra entre a ex-imperatriz de Outworld, Mileena e Kotal Kahn, o sucessor de Shao Kahn ao trono de imperador, que ao tomar o poder, mudou o rumo de Outworld completamente, forjando um frágil acordo de paz com a Terra. Com a relutante ajuda de Kano, os heróis são capazes de capturar Mileena, que logo é executada por Kotal.
Sem a fé de que os humanos são capazes de proteger o amuleto contendo Shinnok, antes sob posse da ex-imperatriz, o novo Kahn decide mantê-lo sob seus cuidados, em Outworld. Ele também rapta a molecada MK, para usar de moeda de negociação com Raiden, mas D’Vorah, uma insectóide e segunda em comando de Kotal, revela ser uma espiã de Quan Chi, e rouba a joia para seu mestre. A equipe da Terra consegue escapar e alerta seus aliados sobre os planos de D’Vorah.
Jax realiza um feito e captura Quan Chi, levando-o para a Terra. Hanzo aproveita a oportunidade para eliminar o verdadeiro assassino de sua família e amigos, inadvertidamente deixando o mago livre para conjurar uma magia para libertar Shinnok, sob posse do amuleto, trazido a ele por sua subalterna, D’Vorah, pouco antes de ser decapitado por Hasashi.
Com as forças da Terra enfraquecidas pelo ataque de Scorpion e o retorno de Shinnok, o antigo deus invade o templo de Raiden e toma para ele o poder contido no local, tornando-se um demônio fortíssimo. Kotal Kahn, que não é nem um pouco burro, aproveita-se da situação e tenta matar os guerreiros da Terra, para agradar a Shinnok e ter mais tempo para preparar as defesas de seu império, mas não consegue fazê-lo, pois Sub-Zero e seus ninjas chegam para salvar seus aliados.
Ao ver seu pai, Johnny, capturado anteriormente por Shinnok, ser torturado por D’Vorah, Cassie desperta poderes parecidos com o do seu velho, e os usa para vencer sua luta contra o vilão. Raiden, apesar de ferido, consegue purificar seu templo, mas acaba sendo corrompido no processo, devido à influência do amuleto do vilão derrotado.
Em sua nova forma, Raiden emite uma ameaça aos guerreiros-fantasmas Liu Kang e Kitana, líderes do Submundo na ausência de Quan Chi: “enfrentem-me e encontrarão um destino pior que a morte.”, deixando para trás a cabeça decapitada de Shinnok para deixar suas intenções bem claras.
Dentre os novos lutadores apresentados no novo jogo, além dos “filhos de MK”, merece destaque Erron Black, um caubói do estilo faroeste, que usa dois revólveres e seus projéteis durante as lutas e age como comparsa das forças inimigas da Terra. Outros antigos personagens voltam a fazer parte novamente do elenco da história e como lutadores selecionáveis através de download pago; eles são Bo’ Rai Cho e Tanya.
Tremor, por sua vez, é outro dos ninjas coloridos, que há tempos não recebiam um novo integrante. E como o nome dele já diz, seus poderes são de deixar qualquer um enjoado com a vibração do solo. Ele não tem participação na história, bem como as participações especiais da vez, Leatherface, dos filmes da série O Massacre da Serra Elétrica e o já mencionado Xenomorfo.
Deixemos o que não vale para a história para trás, porque estamos frente a frente com o último jogo da franquia lançado até o momento…
Mortal Kombat 11 e Mortal Kombat 11 Aftermath
Ao derrotá-lo, decapitando Shinnok, Raiden, agora sob influência do amuleto, espera manter a Terra segura à base do terror. Kronika, mãe do deus da destruição e controladora do tempo, devido às ações e influência sobre a realidade de Raiden, decide apagá-lo da existência, colocando um diabólico plano em ação.
Nesse meio tempo, os mocinhos, juntos do deus do trovão corrompido, atacam o Submundo, destruindo seu castelo. Sonya acaba morrendo durante a ação, e Kronika aproveita-se da situação para aliar-se aos guerreiros-fantasmas que sobraram, Liu Kang e Kitana.
Em Outworld, Kotal Kahn se vê em perigo quando uma tempestade temporal traz para sua soleira não só Shao Kahn, Skarlet e Baraka, tidos como mortos, mas também versões jovens de Kano, Erron Black, Jade, Raiden, Kitana, Liu Kang, Johnny Cage, Sonya, Jax, Scorpion, Kabal, e o chapelado Kung Lao, este último pronto para descer a lenha em seu assassino, Shao Kahn – lembra que ele morreu nas mãos dele há dois jogos atrás? A versão corrompida de Raiden acaba sendo apagada de vez da realidade.
A porrada rola generalizada e sem qualquer vestígio de controle até que D’Vorah transporta todos os seus aliados da arena para seu covil, onde os recruta para a causa de Kronika. Os heróis trazidos a essa nova linha do tempo criada pela vilã logo entram em ação; Liu Kang e Kung Lao iniciam uma investigação na Terra, enquanto que Jade e Kitana decidem permanecer em Outworld para auxiliar Kotal, com quem os mocinhos entram em acordo novamente.
Os aliados da Terra descobrem que Sektor, revivido por Kronika, com a ajuda de Frost, agora uma ninja-ciborgue e Noob-Saibot, pôs de pé novamente o Lin Kuei cibernético. Mas sua alegria dura pouco, pois Sub-Zero, Scorpion e Cyrax destroem prontamente o local, colocando-o para correr junto do capacho de Kronika, Gerais.
Seguido de muita destruição na Terra, o time dos bons vê-se encurralado por um ataque-surpresa de seus inimigos, o que leva o pouco que há de heróis fora do conflito a contra-atacar. Sonya consegue dar um fim permanente a Kano, matando sua versão mais jovem.
Ao tentar consultar os deuses anciões, Raiden descobre que a irmã gêmea de Shinnok, Cetrion, controladora dos encantos da Natureza, os matou, a mando de sua mãe. Jacqui e a versão mais nova de seu pai, Jax, chegam ao covil abandonado de Shang Tsung, em busca de um artefato capaz de retardar o avanço de Kronika.
Infelizmente, não deu para eles. O Jax atual, ludibriado por Cetrion e Kronika devido à culpa pelas suas ações enquanto estava sob influência de Quan Chi como um de seus guerreiros-fantasma, foge junto de Cetrion, em posse do importante tesouro. Em Outworld, Hasashi planeja convencer o barqueiro do Submundo Kharron a ajudar o lado do bem a chegar ao lar de Kronika.
Mas antes disso, ele enfrenta a versão dele trazida pela tempestade temporal. Quando estava prestes a trazer o demônio para seu lado, acaba sendo mortalmente ferido por D’Vorah. Scorpion, movido pelo sacrifício de seu alter-ego em forma humana, decide juntar-se ao lado do bem.
Ao chegar ao local onde todos os outros heróis da Terra estão, Scorpion é imediatamente atacado por Raiden, mesmo depois de tentar explicar o que aconteceu a Hasashi. Raiden então percebe que tal luta e outras, dentre as infinitas realidades, foram todas orquestradas por Kronika para que ambos se destruam, já que ela teme a força combinada deles. Aproveitando-se do conflito, Kronika captura Liu Kang e os heróis, agora com Kharon do seu lado, partem para a fortaleza da deusa-vilã.
No embate, Geras acaba sendo arremessado para o Mar de Sangue, onde afunda para o sempre, Frost é desativada junto de seu exército de robôs Lin Kuei e Jax finalmente toma conta da besteira que fez e volta ao lado dos mocinhos. Como uma última tentativa de se livrar de seus inimigos, Kronika envia o guerreiro-fantasma Liu Kang para atacar Raiden, após absorver a alma de sua versão passada.
Pois bem, Raiden, ao invés de combater Liu Kang, acaba unindo sua essência à dele, criando o Deus do Fogo Liu Kang. Os heróis tentam entrar no castelo de Kronika, mas a deusa reverte o tempo. Liu Kang, em sua nova capacidade, é imune aos efeitos da magia da vilã. Encostada na parede, Kronika absorve sua filha, Cetrion, e com seus poderes multiplicados, gira o relógio para os primórdios do universo, zerando TODOS os eventos do universo Mortal Kombat.
Nem isso é capaz de deter o Deus do Fogo Liu Kang, que tem seu embate final com Kronika. Essa luta tem três possíveis desfechos, dependendo de quem vence a luta. Se o jogador é derrotado, a vilã mata Liu Kang, dando início a uma nova era para o universo. A canônica – e que abre caminho à expansão Aftermath – acontece ao vencer a luta como o Deus do Fogo, mas perdendo um round: Raiden é trazido de volta à existência e oferece a Liu Kang seu serviço como conselheiro.
O último final rola quando se vence Kronika sem perder um round sequer. Nele, Raiden volta da mesma maneira, mas oferece a Liu Kang a escolha de alguém para fazer companhia junto à Ampulheta, controladora do tempo e destino do universo; Kang escolhe Kitana e os dois prometem moldar a realidade com o objetivo de desfazer as ações de Kronika.
A partir do final canônico, Aftermath começa. Nele, um Shang Tsung jovem – e com o visual do ator Cary-Hiroyuki Togawa, o Shang Tsung da primeira adaptação de Mortal Kombat ao cinema, de 1994 – que também foi transportado pela tempestade temporal, entra em cena ao lado de Nightwolf e Fujin, que conseguiram escapar do exílio de Kronika. Eles interrompem o Deus do Fogo Liu Kang, que estava prestes a reforjar a realidade. Ou assim ele esperava fazer.
O vilão, temporariamente benevolente, explica que sem a coroa que foi usada para destruir Kronika, o tal valioso tesouro citado anteriormente, a Ampulheta teria o efeito reverso ao ser usada: ela destruiria a tudo, definitivamente. Para evitar isso, Shang sugere utilizá-la para levá-lo de volta no tempo até a sua ilha, para então impedir Cetrion de obter o ítem mágico, durante os eventos do jogo anterior. Apesar das suspeitas de Raiden de uma vindoura traição, Liu Kang concorda, e fica para trás para proteger a Ampulheta.
O trio formado por Nightwolf, Fujin e Shang Tsung chega à arena – e, no melhor estilo de De Volta Para o Futuro 2, tentam passar despercebidos durante o caos da luta entre ambos os lados, que aconteceu em MK9. Eles falham miseravelmente, e ainda por cima, todos ficam sabendo de seus planos, inclusive Kronika. Lembrem-se, eles voltaram no tempo para antes do final de Mortal Kombat X, então ela está de volta.
A um fio de serem trucidados, eles conseguem escapar para o Submundo, onde Shang planeja a volta de Sindel, cujo poder ele espera poder usar para conseguir voltar ao seu covil. Antes de poder realizar isso, ele recorre a Sheeva para ajudá-lo a ter acesso aos restos mortais de sua protegida. Indo contra os desejos de sua filha, Kitana, Sindel é novamente trazida à vida.
Lá, Sindel consegue se livrar de Cetrion a tempo de recuperar. Tudo ia de vento em popa para Shang Tsung, que não contava com as artimanhas de Kronika. Ela revela a todos que estavam lá que o feiticeiro foi quem criou a tal coroa. Mesmo com essa revelação, os heróis continuam a acreditar na nova bondade do antigo vilão, o que os levam a um caminho sem volta para sua eventual destruição.
Shang Tsung trai a todos que estavam ao seu lado logo após a sua chegada ao castelo de Kronika, matando quase o grupo inteiro; isso incluiu seus aliados, cujas almas ele também roubou. Kronika é o único obstáculo em seu caminho, mas não por muito tempo, já que Tsung tem controle sobre ele. Apagando-a da realidade com o poder da coroa, o mago fica a um passo da Ampulheta e a capacidade de tomar controle de tudo e todos.
É aí que o Deus do Fogo Liu Kang entra em cena. Ele sabia desde o princípio das intenções nefastas de Shang Tsung, mas o deixou agir pois era o único que tinha a capacidade de reaver a coroa e ao mesmo tempo deter o avanço de Kronika. Neste ponto, o jogador tem a escolha de lutar como um dos dois personagens, e o final do conteúdo adicional muda dependendo de quem vencer.
Jogando como Shang Tsung, ao derrotar Liu Kang, ele absorve a alma do deus supremo e se torna o ser mais poderoso do universo, tomando para si todos os reinos e dimensões. O que sobra de Kang é nada mais que uma pilha de ossos carbonizados. Se for Liu Kang quem ganha, chega-se ao pontapé para o novíssimo Mortal Kombat 1: o Deus do Fogo faz com que Shang Tsung deixe de existir e utiliza a coroa para dar um reset no universo. Com sua nova Era construída, Liu Kang vai visitar seu antepassado, o primeiro Kung Lao, e o ajuda a treinar para o primeiro Mortal Kombat da nova realidade.
O caminho está aberto para Mortal Kombat 1!
Sim, meus amigos, chegamos ao final da história até agora. Se você leu tudo isso e não pirou na batatinha, parabéns! Entender a cronologia de Mortal Kombat não é para qualquer um.
Por outro lado, Mortal Kombat 1 tem tudo para simplificar de vez a história, visto que tem a rara oportunidade de reconstruir a história desde os primórdios da série, muito antes dos eventos do primeiro jogo, de 1991. Se o novo jogo atingir seu potencial, será capaz de trazer paz de espírito aos muitos fãs da franquia e, quem sabe, atrair ainda mais adoradores.
Até lá, resta a nós aguardar a data de lançamento do jogo, que já sabemos: dia 19 de outubro. Teremos nosso review completo do game, então fique esperto para não perder nenhuma novidade sobre o game; basta seguir conosco aqui no Showmetech!
Entre você na briga e veja o que mais que há de novo no mundo dos videogames:
Fontes: Chicago Tribune (via WebArchive), Fandom [1], [2], [3], [4], [5], [6], [7], [8], GoNintendo, IGN [1], [2], [3], Mortal Kombat Secrets, Wikipedia [1], [2], [3], [4], [5], [6], [7], [8], [9], [10], [11], [12]
Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim (07/06/23)
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Esse que escreveu não jogou os jogos de mk
É aí que você se engana, Rafael. Joguei MUITO MK, desde o primeiríssimo lá nos fliperamas e depois, no Super Nintendo! <3
Wow, you know a lot of MK history more than I had. All I had was MK Trilogy, MK4, Gold, Deadly Alliance, vs. DCU, 9, X, 11 and I’m still on that 1. Also the movies are great too. Good timeline, homie.