Por Fábio Pannunzio
Minutos antes de começar a escrever este texto, recebi um documento importante e logo tomei as providências que ele demandava. O documento era um boleto contendo um código de barras para pagamento de uma taxa de R$ 100.
Paguei com um enorme prazer. Nunca, jamais, em tempo algum ao longo dos meus 53 anos de vida, imaginei fazer coisa semelhante. Saí mostrando o recibo para todo mundo, o peito estufado de orgulho.
“Tá vendo isso aqui?”, perguntei a quem encontrei pelo caminho. “É a minha inscrição para a Vigésima Maratona de São Paulo”, explicava eu, diante de olhares atônitos.
Sedentário convicto, tabagista compulsivo, comedor de 50 cigarros por dia e com uma grande preocupação com a saúde. Um ser imóvel, sem energia alguma para nada. Este era eu um ano atrás, quando decidi abandonar o cigarro e timidamente começar a mudar meus hábitos (para não dizer mudar minha vida).
O tratamento contra o tabagismo, coordenado pela Dra. Jaqueline Issa, do INCOR de São Paulo, foi feito à base de muitos antidepressivos. Eles cumpriram sua missão. Parei de fumar. Mas também levaram embora quase tudo da minha libido e o que restava da minha energia. Ou seja: fiquei numa espécie de limbo existencial, feliz apenas porque o tempo passava.
Meu casamento acabou. Logo larguei os remédios. Alguns dias se passaram até que o buraco depressivo se abrisse e me tragasse. Como enfrentar isso sem os cigarros, sem os antidepressivos e, pior ainda, sozinho?
Botei uma bermuda. Desci para a pracinha que fica a 50 metros de casa. Nunca havia ido lá. Comecei a caminhar. Primeiro muito lento, depois um pouco mais rápido. Andei três quilômetros. Voltei acabado.
Nos dias seguintes, as dores musculares quase me impediram de ir trabalhar. Mas repeti a mesma coisa, dia após dia, meio sem saber o que iria acontecer.
Uma amiga da Band, Renata Veneri, que ama corridas, me orientou a procurar um personal para orientar minhas atividades físicas. Passei dias e dias procurando. Não encontrei. Em compensação, uma amiga me indicou algo milagroso: o aplicativo Runtastic (disponível para Android, iOS e Windows Phone )
Baixei a versão gratuita, ainda sem saber como aquilo iria me ajudar. Ela me permitia ver meus parâmetros – distância percorrida, velocidade média, frequência cardíaca (com o auxílio de um monitor cardíaco bluetooth que comprei e nunca havia usado).
Mas logo comprei a versão paga (US$ 4,99) e, na sequência, a versão Gold, que custou mais US$ 20. E sabe por que?
Porque essa versão Gold, cujo nome inspira desconfianças de um certo estelionato eletrônico, tem pacotes de treinamento para quem, como eu, quer começar a correr e não sabe por onde. Cada plano custa o mesmo que uma assinatura Gold, que dá acesso a todos.
Instalei, abri o pacote, fiz a minha escolha: um plano para correr 50 minutos seguidos depois de dez semanas de treinamento, com três sessões de treino semanais.
Hoje completei a décima-terceira lição. Ainda não estou na metade do caminho. Mas já consigo correr tiros de dez minutos, intercalados por pausas de um minuto de caminhada.
Se você acha que isso é pouco, saiba que estou bastante orgulhoso de ter chegado até aqui. E não foi nada difícil.
Tudo começou com corridas bem leves, de um minuto de duração, intercaladas com intervalos de recuperação de um minuto.
O ritmo cresce a cada treino. Na semana que vem vou dar meu primeiro “tiro” de 20 minutos. Estou ansioso pela chegada desse dia.
E quando 19 de outubro chegar, estarei pronto para correr os dez quilômetros da mini-maratona.
Para você que está aí plugado na internet há horas, que está vendo sua pança crescer sem fazer nada, suas veias se entupindo de gordura, vai o meu palpite. Baixe um aplicativo, bote sua bermuda e vá testar o gadget tecnológico. Você vai adorar.
E sabe qual foi a consequência disso para mim? Treze quilos a menos na balança; triglicérides caindo, colesterol nos trinques. E uma perspectiva de ter alguns anos a mais para aproveitar as maravilhas da tecnologia a serviço da qualidade de vida e da saúde do corpo e da mente.
Hoje, sei que existem dezenas de aplicativos semelhantes, todos com preços e funções parecidas. Conheci um deles, o Endomondo, que usava antes para ‘monitorar’ meus passeios bissextos de bicicleta. O Runastic integra o player de música do smartphone. O Endomondo tem uma interface com o Spotify, uma rádio online bem interessante.
Se você tiver um mínimo de perseverança, daqui a dois meses vai ter vontade de ligar o computador, limpar a poeira que terá se acumulado sobre ele e escrever um artigo como este, contando como a sua vida mudou e quanto você está feliz e orgulhoso com isso.
Só não esqueça de sempre consultar um médico para saber suas reais condições físicas e nunca ultrapasse seus limites, mesmo que esteja na planilha de treinos!
*Fábio Pannunzio é repórter especial do Grupo Bandeirantes
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