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Recentemente, o jornal inglês The Guardian, publicou que Jeff Bezos, dono da Amazon e do Washington Post, teve seu celular hackeado por Mohamed Bin Salman, cinco meses antes do assassinato do jornalista Jamal Khashoggi, que trabalhava como colunista para Bezos e criticava duramente o regime saudita.
Ao que tudo indica, o método usado pelo príncipe da Arábia Saudita para realizar a invasão foi enviar um vídeo malicioso através do aplicativo WhatsApp. O governo saudita chamou a denúncia de “absurda” e pediu uma investigação imediata sobre o ocorrido. Já Bezos disse que está cooperando com as investigações.
Além disso, segundo informações obtidas pela Reuters, a ONU deve apresentar um relatório sobre o assunto nesta quarta-feira, dia 22 de janeiro, sendo que os representantes devem afirmar que há claras evidências para acusar o príncipe do hackeamento. Já em junho, a relatora especial da ONU para execuções extrajudiciais, Angès Callarnard, e o relator especialpara liberdade de expressão, David Kaye, irão apresentar um relatório mais amplo.
Situação é mais grave do que parece
No entanto, uma segunda matéria, desta vez do Financial Times, alega que o ataque foi maior do que anteriormente reportado. De acordo com um analista forense da FTI Consulting, muitos gigabytes de dados foram extraídos, e não apenas “pequenos kilobytes diários nos meses anteriores que o vídeo foi enviado”.
Um representante da Arábia Saudita entrou em contato com o Financial Times, dizendo que o governo não coaduna com atividades ilícitas.
“A Arábia Saudita não coaduna com atividades ilícitas dessa natureza, assim como não coaduna com nenhuma. Solicitamos a apresentação de qualquer evidência e a divulgação de qualquer companhia que examinou a evidência forense para mostrarmos que isso é falso”.
Representante da Arábia Saudita
Em resposta, um porta-voz da FTI Consulting disse que o trabalho do cliente é confidencial e, portanto, não comentará sobre o assunto.
Chantagens à Jeff Bezos e vigia de dissidentes
Acredita-se que a invasão aconteceu depois que dois homens trocaram mensagens no WhatsApp no dia 1 de maio de 2018, algumas semanas após um jantar em Los Angeles onde o príncipe estava fazendo uma viagem de negócios.
A equipe de Bezos começou a investigar se o telefone foi hackeado em janeiro de 2019, após o tabloide National Enquirer publicar uma notícia de que ele estava traindo sua esposa, MacKenzie, logo após vir a público que ambos estavam se divorciando.
O Enquirer é chefiado por David Pecker, que é considerado um importante aliado do príncipe saudita dentro dos Estados Unidos. As matérias do Enquirer também vazavam supostas conversas entre Jeff Bezos e a apresentadora de TV Lauren Sanchez.
O dono da Amazon veio a público dizer que Pecker estaria o ameaçando de publicar “selfies lascivas” caso o empresário não concordasse em suspender a investigação de como as mensagens de texto teriam sido vazadas, pedindo também um valor em dinheiro para não publicar as imagens. Já a editora diz que as informações foram vazadas pelo irmão da amante de Bezos.
Quanto ao divórcio, Bezos pagou a ex-esposa o valor de 38 bilhões de dólares em ações da Amazon, sendo considerado o maior da história.
Vale dizer que Kashoggi foi morto em outubro de 2018 em seu país de origem e seu corpo foi queimado em um forno. Ele foi alvo de uma emboscada realizada por agentes sauditas. Já um outro crítico do governo saudita, Omar Abdulaziz, também teria recebido um link infectado e foi alvo de ataques virtuais. O mesmo também vale para Ghanem Almasarir e Yahya Assiri, outros dois dissidentes do governo.
O governo saudita nega as acusações.
Fonte: Business Insider
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