Índice
Desde que decidiu iniciar a guerra na Ucrânia, no último dia 24 de fevereiro, a Rússia tem sido alvo de diversas sanções de diferentes países, organizações e empresas. Além de restrições econômicas, como sua retirada do sistema bancário internacional Swift, empresas de diversas áreas suspendem negócios na Rússia. Nas áreas de cultura, esporte e entretenimento, a Rússia teve equipes esportivas banidas de campeonatos internacionais e grandes distribuidoras de filmes cancelaram estreias no país — a exemplo da Warner que optou por não lançar o novo The Batman em território russo.
Gigantes da tecnologia, como a Apple e Samsung, também anunciaram sanções por conta dos conflitos no Leste Europeu. No caso da companhia de Tim Cook, as vendas de produtos foram temporariamente suspensas em território russo, enquanto a sul-coreana deixou de vender chips e produtos para o país controlado por Putin. Para ajudar a entender quais companhias já anunciaram sanções e como isso impacta a Rússia, o Showmetech preparou esta matéria especial com as principais empresas que suspenderam seus negócios na Rússia devido à guerra.
O que são sanções e por que elas são importantes
Sanções internacionais são medidas adotadas por governos, entidades e empresas como uma forma não militar de punir países que ameaçam a paz e a segurança mundial. Em grande parte, elas são usadas como forma de expressar desaprovação e punir países e governos que assumam posturas que vão de encontro às relações amistosas entre nações. Dessa forma, as sanções são impostas como forma de aplicar pressões e incentivar determinado país a mudar sua postura em relação a alguma ação vista por outros países como um problema, ou a consentir com as demandas do sancionador.
As sanções afetam as relações existentes entre países ou organizações e podem ser unilaterais, quando são impostas por apenas um país ou empresa, ou multilaterais quando são adotadas por um grupo ou organização de diversos países, que é o que vem ocorrendo atualmente. O principal objetivo é enfraquecer o país sancionado através de uma ação não militar, fazendo com que ele retorne atrás em decisões vistas como equivocadas pelos sancionadores.
As sanções podem ser dos mais diversos tipos. Entre eles:
- Sanções diplomáticas: expressa desaprovação com determinada ação de um país e não relaciona-se com sanções econômicas ou militares, mas sim através de meios diplomáticos e políticos, como cancelamentos de viagens diplomáticas ou retiradas de representantes do país de solo estrangeiro.
- Sanções econômicas: normalmente, restringem as relações comerciais e financeiras, como a proibição de importação ou exportação, proibição de investimentos e empréstimo e congelamento de contas bancárias.
- Sanções desportivas: as sanções deste tipo buscam afetar o país sancionado através de ações que prejudiquem a moral da população. Um exemplo seria o banimento de equipes desportivas de campeonatos internacionais.
- Sanções militares: sanções militares podem ser divididas de duas maneiras: ações leve e ações mais rígidas. No primeiro caso, embargos de armas e dispositivos militares são realizados. Já no segundo, intervenções e invasões podem ser realizados no país sancionado.
Sanções contra a Rússia já anunciadas
Até a data de hoje (08/03), diversas sanções contra a Rússia devido à guerra na Ucrânia já foram anunciadas por inúmeros países, organizações e empresas. Abaixo, o Showmetech separou as principais separadas por categorias.
Desportivas
FIFA
Logo após o início da guerra na Ucrânia, a FIFA (Federação Internacional de Futebol) anunciou um pacote de sanções contra a Rússia. Entre as punições estão a realização de jogos da seleção russa em território neutro e a não execução do hino ou uso da bandeira do país europeu. Além disso, o país e os seus clubes foram excluídos de todas as competições da entidade, dentre elas as eliminatórias da Copa do Mundo 2022.
UEFA
A UEFA (União das Federações Europeias de Futebol) também anunciou sanções contra a Rússia. A entidade decidiu por transferir a final da Champions League, marcada para o dia 28 de maio. O jogo que até então aconteceria em São Petersburgo, na Rússia, agora acontecerá no Stade de France, em Paris. A UEFA também baniu equipes russas de seus campeonatos, além de romper com sua patrocinadora Gazprom, gigante estatal russa do ramo energético.
F1
A Fórmula 1 anunciou o cancelamento do Grande Prêmio da Rússia marcado para 25 de setembro deste ano, dizendo que “é impossível” que a corrida avance “nas atuais circunstâncias”. Além disso, a equipe Haas de Fórmula 1 rescindiu o contrato do piloto russo Nikita Mazepin e seu patrocinador principal, a gigante química russa Uralkali.
eSports
Os times de Counter Strike: Global Offensive da Rússia (Gambit Esports, Virtus.pro e ForZe) foram banidos dos torneios da BLAST Premier por conta da guerra na Ucrânia, iniciada pelo país. O anúncio foi realizado pela própria organização e envolve também o cancelamento dos classificatórios da BLAST Premier que seriam feitos na região de CEI (Comunidade dos Estados Independentes). A BLAST pediu desculpas aos jogadores da região e lembrou que não acredita ser apropriado realizar a competição neste momento.
Tecnologia
Apple
A Apple anunciou que suspendeu a venda de todos os seus produtos na Rússia, seguindo assim várias empresas que buscam se distanciar de Moscou. A empresa explicou que interrompeu as exportações para a Rússia na semana passada e também limitou o acesso a alguns serviços, como sua solução de pagamento Apple Pay. Além disso, os aplicativos dos canais de comunicação estatais russos RT e Sputnik não estão mais disponíveis para download fora da Rússia.
Microsoft
A Microsoft anunciou, na última sexta-feira (4), que suspendeu novas vendas de produtos e serviços na Rússia. Além disso, as redes Russia Today (RT) e Sputnik, ambos financiados pelo governo russo, tiveram seus conteúdos retirados dos aplicativos de notícias da Microsoft e seus apps removidos da loja do Windows.
Samsung
A Samsung também anunciou a suspensão de atividades na Rússia. Com isso, telefones ou chips da marca não serão comercializados no país. A gigante da tecnologia ainda anunciou doações de seis milhões de dólares para ajuda humanitária nas regiões atingidas pelos conflitos. A marca é a líder do setor de celulares na Rússia, com cerca de 30% do mercado, e tem ainda uma fábrica de televisores no país.
Netflix
A Netflix anunciou que deixará de oferecer o serviço de streaming em território russo a partir desta semana. “Dadas as circunstâncias, nós decidimos suspender nossos serviços na Rússia”, disse a empresa em comunicado. A empresa não especificou o que irá acontecer com os usuários existentes no país ou quando retomará os serviços na Rússia.
Visa e Mastercard
A Visa e MasterCard anunciaram, no último sábado (5), a suspensão das operações das suas redes na Rússia. Em comunicado divulgado à imprensa, a Mastercard lembrou que opera na Rússia há mais de 25 anos e que vai continuar trabalhando com reguladores para fazer ajustes. Segundo a empresa, com o bloqueio, os cartões emitidos por bancos russos deixarão de ser suportados pela rede, e qualquer Mastercard emitido fora do país não funcionará em comerciantes ou caixas eletrônicos russos.
Já a Visa disse que trabalha com seus clientes e parceiros na Rússia para encerrar todas as transações nos próximos dias. “Depois de concluídas, todas as transações iniciadas com cartões Visa emitidos na Rússia não funcionarão mais fora do país e quaisquer cartões Visa emitidos por instituições financeiras fora da Rússia não funcionarão mais dentro da Federação Russa”, informou a Visa, em comunicado à imprensa.
PayPal
Assim como a Visa e a Mastercard, o PayPal também anunciou que vai suspender os seus serviços em território russo por tempo indeterminado. O comunicado foi publicado no Twitter por Mykhailo Fedorov, ministro de Transformação Digital da Ucrânia, que tem pressionado companhias, incluindo Apple e Microsoft, a também cancelar negócios na Rússia.
De acordo com um porta-voz da companhia, o PayPal continuará a processar saques de clientes na Rússia “por um período”, garantindo cumprimento de leis e regulações. Os russos já não conseguiam mais abrir contas novas no PayPal há alguns dias.
Airbnb
A empresa de aluguel de imóveis Airbnb decidiu suspender suas operações na Rússia e Belarus. A companhia foi mais uma marca global a adotar medidas contra os países devido à invasão da Ucrânia. O anúncio foi feito pelo CEO da empresa, Brian Chesky, em publicação no Twitter. “As pessoas estão reservando Airbnbs na Ucrânia em que não pretendem ficar apenas para ajudar os anfitriões”, disse ele.
A empresa ainda afirmou que seu braço sem fins lucrativos irá oferecer moradia gratuita e temporária para até 100 mil refugiados.
Activision Blizzard, Epic Games e Nintendo
Empresas ligadas ao mundo dos jogos eletrônicos também têm adotados posturas rígidas em relação à Rússia. Mais recentemente, a Activision, Epic Games e Nintendo anunciaram a suspensão da venda de games na Rússia, bem como de microtransações. Em pronunciamento no Twitter, a Epic Games disse que está parando com a comercialização de seus jogos na Rússia “em resposta a sua invasão à Ucrânia”. Mesmo assim, a empresa anunciou que não irá bloquear o acesso dos jogadores à sua plataforma.
Já a Activision Blizzard publicou um texto em apoio aos ucranianos: “Durante a semana passada, nós assistimos as notícias da Ucrânia e a piora na crise humanitária que está se desdobrando. O comprometimento de nossa empresa é ajudar aqueles impactados por essa violência terrível e providenciar assistência de toda forma possível”, disse a companhia, que também irá doar mais de US$ 300 mil para organizações responsáveis pelo auxílio humanitário na Ucrânia.
Cogent
A Cogent Communications, um provedor de backbone de internet que roteia dados através de conexões intercontinentais, cancelou contratos com clientes russos por causa da guerra na Ucrânia. A empresa sediada nos EUA é uma das maiores provedoras de backbone de internet do mundo e atende clientes em 50 países, incluindo várias empresas russas de alto nível.
Multinacionais
Adidas
A Adidas, gigante mundial de equipamentos esportivos, anunciou a suspensão de seu patrocínio à Federação Russa de Futebol devido à invasão da Ucrânia. Em nota, a empresa também condenou os conflitos em solo ucraniano. “A Adidas suspende, com efeito imediato, seu patrocínio à Federação Russa de Futebol”, declarou a empresa, que em 2020 registrou 2,9% de seu faturamento na região de Rússia, Ucrânia e países da extinta União Soviética.
Montadoras de veículos
Outro mercado fortemente impactado pelas sanções ao governo russo é o de montagem de veículos automotivos. Diversas empresas ao redor do mundo anunciaram suspensões por tempo indeterminado. Entre as principais estão a Ford, Volvo, General Motors, Honda, Mazda, BMW, Chery, Scania, Mitsubishi, Wolkswagen, Toyota e Suzuki.
Além disso, empresas russas, como a AutoVaz, também foram afetadas. Por não ter componentes disponíveis para a fabricação, fábricas espalhadas pelo país estão sem produzir um carro sequer.
Petroleiras
Companhias petroleiras também anunciaram a sua saída do mercado russo por conta dos ataques à Ucrânia. A movimentação envolve quatro das maiores petroleiras do mundo: Shell, BP, Equinor e TotalEnergies. O boicote representa uma perda de bilhões de dólares ao mercado russo, tornando-se um dos setores mais impactados por conta das sanções.
Rússia revida sanções
No sábado (5), o presidente Vladimir Putin afirmou que as sanções aplicadas por países ocidentais contra a Rússia são semelhantes a uma declaração de guerra e alertou que qualquer tentativa de impor uma zona de exclusão aérea na Ucrânia equivaleria a entrar no conflito. Em resposta aos boicotes que vem sofrendo, Putin determinou o bloqueio de redes sociais e barrou veículos de comunicação de noticiarem o que acontece durante a guerra.
Na sexta-feira (4), o parlamento russo aprovou um pacote de leis para aqueles que publicarem informações falsas no país durante a invasão à Ucrânia. Desde então, a guerra no país vizinho precisa ser chamada de “operação militar especial”, o que na prática configura-se como uma restrição à circulação de informações durante o conflito.
Agências e veículos de notícias, como a britânica BBC e a alemã Deutsche Welle, foram bloqueados no país. Além disso, o governo russo barrou o acesso ao Facebook e a outras plataformas da Meta, assim como acesso ao Twitter. O bloqueio é uma resposta ao que o governo russo classificou como censura à mídia russa em plataformas digitais, após algumas redes sociais anunciarem limitações à veículos de mídia estatal russa.
Saldo da guerra
Segundo a Organização das Nações Unidas (ONU), mais de 360 civis foram mortos até agora na Ucrânia desde o início da invasão russa, em 24 de fevereiro. Desse total, 25 são crianças. Há também outros 759 feridos. Além disso, a Rússia já lançou cerca de 600 mísseis desde o início da invasão à Ucrânia e utilizou 95% das tropas que havia posicionado nas fronteiras antes da deflagração do conflito, segundo a Agência Reuters.
Veja também:
Em meio à explosão de fake news sobre a guerra na Ucrânia, confira como as redes sociais vêm trabalhando para combater as informações falsas que circulam na internet.
Fontes: CNN Brasil, Valor Econômico, Reuters.
Descubra mais sobre Showmetech
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.