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Empresa usa apitos de cachorro para espionar pessoas

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A dúvida que paira é se estamos cada vez mais perto do BigBrother de George Orwell em 1984 ou da SkyNet de James Cameron em Exterminador do Futuro. Entenda o porque.

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Vivemos uma época onde ficamos cada vez mais dependentes de serviços e produtos de mobilidade. Serviços são oferecidos de forma gratuita, mas não se engane, quando isso acontece, o produto pode ser você.

As empresas coletam seus dados e vendem para anunciantes e parceiros. E, para isso, adotam inúmeras formas de rastrear nosso comportamento diário. Uma destas parecia improvável, mas tudo indica que já esteja sendo utilizada nos dias de hoje, e assusta: a frequência de áudio que humanos não escutam.

Uma das novas queridinhas dos investidores americanos é uma empresa que tem como objetivo principal espionar o consumidor integrando diferentes mídias através de indicadores sonoros inaudíveis para os humanos, e aplicando técnicas de marketing conhecidas como re-targeting, ou seja, reforçar campanhas publicitárias em diferentes meios de forma direcionada. A empresa SilverPush recebeu um aporte de 1,5 milhão de dólares da IDG Ventures e cresce cerca de 50% a cada 3 meses.

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Mas onde os apitos de cachorro entram na história? Apitos de adestramento canino emitem ultrassons que não são captados pelos ouvidos humanos. Cães possuem aparelhos auditivos muito mais sensíveis e são capazes de perceber tais sons e, assim, adestradores podem condicionar esses sons com algum comportamento desejado do cão. Mas não se assuste, ninguém está condicionando seus comportamento com apitos, pelo menos não ainda, ou não com apitos.

A tecnologia de comunicação através de ultrassom, também conhecida por audio beacon, não é exatamente nova. Ela já utilizada em pequenas aplicações desde a década de 60, principalmente por militares. Mas vários produtos bem populares de nossa atualidade já fazem uso dessa tecnologia, como o Chromecast, que já a utiliza para fazer o pareamento de configuração na instalação do dispositivo e também no modo convidado.

O que a empresa SilverPush faz é firmar parcerias com dois ramos de empresas para coletar informações de usuários de forma mais eficaz. Eles orientam seus clientes, que são grandes produtores de conteúdo para televisão, a incluir sequências específicas de áudio ultrassônico em suas transmissões ou peças publicitárias para rádio e televisão. Uma vez que estes áudios estão em faixas de frequência que nós, seres humanos, não conseguimos identificar, não notamos nada. Mas microfones conseguem captar estes áudios sem grandes problemas.

A segunda parte da estratégia é uma parceria com grandes desenvolvedores de aplicativos para dispositivos móveis. Estes desenvolvedores são orientados a incluir em seu código rotinas para captação de áudio enquanto estamos com os apps em execução e, com isso, eles são capazes de identificar se, e quando, o consumidor teve contato com alguma transmissão ou comercial de rádio ou televisão específico. Com isso é possível iniciar o re-targeting, reforçando a campanha com propagandas no celular, mídias sociais ou enviando emails.

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A grande questão nesse assunto é que a empresa SilverPush se nega a divulgar a lista de empresas envolvidas no acordo. E, sendo assim, nos tornamos oficialmente reféns da empresa, pois uma vez que não sabemos quais os anunciantes pode estar denunciando nossos comportamentos, também não sabemos quais os apps que estão no vigiando em nossos smartphones. A única forma de não sermos rastreados seria abolindo totalmente o uso smartphones e outros gadgets conectados à internet, pois não sabemos nem que tipo de aparelhos podem estar fazendo esse tipo de detecção.

Em uma análise mais alarmista, quem possui algum conhecimento sobre eletrônica sabe que toda caixa de som é também um microfone em potencial. Portanto, qualquer aparelho de televisão conectado na internet pode estar nos escutando e denunciando que tipo de música ouvimos em nossa casa, conversas que estamos tendo. Quem já leu 1984, de George Orwell, tem uma boa noção de onde esse vigilantismo pode nos levar. Já falamos por aqui, inclusive, que o Android captura áudios em mais momentos do que gostaríamos.

Imagine a situação onde o usuário assiste um programa na TV que fala sobre os sintomas de alguma doença, então este usuário faz uma pesquisa no Google sobre a tal doença. Na sequência, seu smartphone capta que ele se dirigiu até uma farmácia. Agora o usuário alimenta aquele app de gestão financeira os dados de gastos na farmácia. Caso a soma destas informações chegue até o plano de saúde da pessoa em questão, será que iriam reajustar a mensalidade?

A dúvida que paira é se estamos cada vez mais perto do BigBrother de George Orwell em 1984 ou da SkyNet de James Cameron em Exterminador do Futuro.

Fonte: ArsTechnica.

 


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