O líder do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), Elon Musk, voltou sua atenção para um alvo político: uma antiga mina de calcário na Pensilvânia, atualmente usada como centro de processamento de documentos de aposentadoria. Conhecida como Iron Mountain West, essa instalação subterrânea, localizada a 67 metros abaixo da superfície, no Condado de Butler, armazena toda a papelada do sistema de aposentadorias de funcionários federais dos EUA. Confira como o local funciona e como o DOGE pretende automatizá-lo:
Burocracia estatal
Nos Estados Unidos, o processamento de aposentadorias de funcionários federais ainda segue um modelo antiquado e burocrático, dependendo quase exclusivamente de documentos físicos armazenados em um local inusitado: uma antiga mina de calcário na Pensilvânia. A instalação subterrânea, conhecida como Iron Mountain West, funciona como um gigantesco arquivo, onde milhares de documentos são armazenados e manipulados manualmente por funcionários do governo. Esse sistema, que opera há décadas sem grandes mudanças, tem sido alvo de críticas por sua lentidão e ineficiência.
A responsabilidade pelo processamento das aposentadorias cabe ao Office of Personnel Management (OPM), que emprega mais de 600 pessoas exclusivamente para lidar com essa papelada. Todos os meses, cerca de 10 mil pedidos passam pelo sistema, sendo preenchidos à mão, organizados em pastas físicas e transportados manualmente entre as cavernas na mina. Esse processo arcaico gera atrasos significativos, muitas vezes fazendo com que aposentados tenham que esperar meses até receberem seus benefícios.
“Como toda a papelada de aposentadoria é feita manualmente, ela também é calculada manualmente. As informações são anotadas em pedaços de papel e, em seguida, enviadas para uma mina. E você pode se perguntar: ‘O que você quer dizer com uma mina?’ Pois é, há uma mina de calcário onde guardamos toda a papelada de aposentadoria. Disseram-nos que o maior número de pessoas que poderiam se aposentar em um mês é 10.000, porque toda a documentação é escrita à mão e depois enviada para o ralo.”
A origem desse método remonta a 1960, quando o governo dos EUA decidiu utilizar a antiga mina, originalmente escavada em 1902 e pertencente à US Steel, como um centro seguro para armazenar documentos sigilosos. Décadas depois, em 1998, a propriedade foi adquirida pela empresa Iron Mountain, que hoje aluga espaços para o governo e outras organizações, oferecendo serviços de armazenamento e proteção de dados. Apesar de diversas tentativas de modernização ao longo dos anos, nenhum governo conseguiu substituir integralmente o modelo baseado em papel por um sistema digital eficiente.
A principal barreira para essa modernização não é apenas tecnológica, mas também burocrática. Diferentes administrações tentaram implementar a digitalização, mas esbarraram em processos internos rígidos e na resistência à mudança no próprio governo. A falta de investimento estruturado e de uma estratégia unificada faz com que o sistema permaneça operando como no século passado, mesmo quando comparado a outros serviços federais que já migraram para plataformas digitais.
Agora, esse cenário volta a ganhar repercussão com Elon Musk, à frente do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), que critica abertamente o modelo de funcionamento da Iron Mountain West. Durante uma coletiva na Casa Branca, Musk destacou a ineficiência de manter um processo manual que depende do transporte físico de pastas em uma mina, argumentando que esses funcionários poderiam estar contribuindo para a economia de maneira mais produtiva. Além disso, ele apontou falhas graves no sistema de registros do governo, incluindo casos de pessoas falecidas que ainda recebem pagamentos da Previdência Social.
“Reexame da Previdência Social — temos pessoas lá com 150 anos. Agora, você conhece alguém que tenha 150 anos? Não sei. Eles deveriam estar no Guinness Book of World Records. Estão perdendo. Então, você sabe, nesse caso, acho que eles estão provavelmente mortos, é o meu palpite, ou devem ser muito famosos — um dos dois.”
Elon Musk, líder do Departamento de Eficiência Governamental (DOGE).
Diante desse cenário, a pressão por mudanças cresce, e a Iron Mountain West se tornou um símbolo da burocracia governamental excessiva. A digitalização desse sistema não apenas aceleraria os trâmites, mas também reduziria custos operacionais e erros administrativos. No entanto, para que isso aconteça, será necessário um esforço coordenado entre o governo, empresas de tecnologia e legisladores, garantindo que a transição para um modelo mais eficiente seja realizada de forma segura e estruturada. O que está em jogo não é apenas a modernização de um sistema ultrapassado, mas a capacidade do governo de oferecer serviços públicos mais ágeis e eficazes para seus cidadãos.
Ação do DOGE
O Departamento de Eficiência Governamental (DOGE), liderado por Elon Musk, desempenharia um papel central nessa transformação para informatizar o sistema de processamento de aposentadorias na Iron Mountain West. Entretanto, a informatização do sistema de aposentadoria dos funcionários federais dos EUA exigirá uma abordagem multifacetada, combinando tecnologia, reestruturação administrativa e mudança cultural no governo.
Um dos primeiros e mais difíceis passos será a digitalização dos arquivos físicos armazenados, o que poderia ser feito com inteligência artificial e reconhecimento óptico de caracteres (OCR). Empresas especializadas já utilizam essa tecnologia para converter documentos em papel em bancos de dados pesquisáveis, permitindo que processos antes manuais sejam automatizados e acessados rapidamente. No entanto, esse esforço precisa ser acompanhado de um grande investimento em infraestrutura digital, garantindo a segurança e a acessibilidade dessas informações.
O DOGE tem como missão eliminar ineficiências como essa e reduzir gastos públicos. No caso da OPM, Musk já sugeriu um modelo inspirado em práticas adotadas no setor privado, onde processos burocráticos foram drasticamente reduzidos por meio da automação e da integração de sistemas. No entanto, para que essa transformação ocorra, será necessário reestruturar a própria OPM, com equipes técnicas focadas na digitalização e manutenção do novo sistema. Além disso, o DOGE deve atuar para eliminar regulamentações desatualizadas que exigem o uso de papel para determinados trâmites burocráticos.
Se for bem-sucedido, o trabalho do DOGE poderá servir como modelo para outras áreas da administração pública, promovendo um governo mais ágil, econômico e eficiente. A informatização do sistema de aposentadoria é apenas um exemplo do impacto positivo que a modernização pode trazer, poupando bilhões de dólares e garantindo que servidores aposentados recebam seus benefícios sem atrasos desnecessários. O verdadeiro teste será transformar ideias inovadoras em ações concretas em um sistema que, historicamente, sempre resistiu à mudança.
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Veja também:
Fontes: Daily Mail, Business Insider e Entrepreuner.
Revisado por Gabriel Princesval em 13/02/2025
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