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Os smartphones dobráveis chegaram ao mercado recentemente, ainda que sua pesquisa e desenvolvimento venham ocorrendo há tempos. Há aqueles que afirmam que eles constituem o futuro dos dispositivos portáteis, mas será que são mesmo? É uma pergunta difícil de ser respondida, mas podemos analisar a posição desses dispositivos no presente.
Para ajudar com isso, Bruno Martinez, diretor do Showmetech, realizou uma entrevista exclusiva com Jun-yong Song, Principal Designer na Samsung Electronics, que ajudou a elucidar muitas questões sobre esses aparelhos, com foco especial no próximo lançamento da Samsung, o Galaxy Z Fold 2.
De onde vieram os smartphones dobráveis?
Uma das características mais importantes de um smartphone é o tamanho da tela. Seja para ler documentos, assistir vídeos, jogar ou mesmo entrar em reuniões, o tamanho é um dos primeiros aspectos analisados pelo consumidor. Mas como aliar uma tela grande com a facilidade de transporte e uso de um celular? Os mais astutos dirão que a resposta é um tablet, mas a questão é que mesmo um tablet acaba sendo muito grande para levar por aí.
Já faz muitos anos que entusiastas da tecnologia (e da ficção científica, por que não?) ouvem falar em dispositivos que consigam lidar com essas duas características ao mesmo tempo. Tendo esse objetivo como norte, surgiram os primeiros smartphones dobráveis, aparelhos que, segundo indicam pesquisas e o próprio mercado, podem solucionar esse anseio e lançar o mundo da tecnologia portátil ao futuro.
O problema é que são necessários muitos anos de pesquisa, principalmente para encontrar tecnologias que consigam coexistir num mesmo aparelho e sejam, ao mesmo tempo, capazes de substituir outros, como o próprio tablet. E, para tudo isso, é fundamental ter investimento, seja público ou privado.
Pioneirismo da Samsung e Galaxy Fold
Pioneira na elaboração desse tipo de aparelho, a Samsung contou com a ajuda fundamental da sua Divisão de Pesquisa e Desenvolvimento, departamento interno responsável pela pesquisa em tecnologia. Segundo Jun, essa divisão já havia criado um protótipo de celular dobrável anos antes do lançamento do primeiro modelo comercial, mas precisou guardar o modelo por causa da incompatibilidade da tecnologia da época. Com a tecnologia já disponível, resta adaptar o produto aos desejos do público geral.
Mesmo hoje, criar smartphones dobráveis é um desafio e tanto. O Galaxy Fold, por exemplo, apresentou diversos problemas assim que foi lançado, no ano passado, e precisou ser recolhido para análise. Isso fez com que o lançamento oficial fosse adiado mais de uma vez, até que todos os problemas fossem corrigidos. No Brasil, por exemplo, o celular deveria ter chegado em setembro de 2019, mas só foi chegar de fato em janeiro de 2020.
De qualquer maneira, nascia ali o primogênito dos smartphones dobráveis da Samsung. Ainda que não tenha sido o primeiro a ser disponibilizado no mercado e tenha vindo com alguns obstáculos de hardware que atrasaram o lançamento, o aparelho foi bem recebido por quem o testou. Mas, mais importante, a empresa aprendeu com os erros e decidiu investir ainda mais na criação de um sucessor. Uma lição que vale tanto para a ciência quanto para a vida, diga-se de passagem.
Ainda segundo Jun, um dos principais focos de atenção da Samsung é saber qual é o padrão do consumidor. Do que ele gosta num celular? Por que ele usaria um smartphone desses? Quais funções serviriam melhor? Todas essas perguntas perpassam as equipes que trabalham num produto e contribuem para o desenvolvimento de algo maior e melhor.
Galaxy Flip
O segundo dos smartphones dobráveis da Samsung foi, na verdade, uma espécie de retorno às origens dos celulares. Afinal, quem não se lembra dos clássicos telefones flip, que ficaram famosos ao longo da primeira década dos anos 2000? Um dos maiores diferenciais do Galaxy Z Flip foi o abandono do plástico cobrindo a tela: o vidro ultrafino conferiu todo um toque de modernidade a um estilo de celular já em desuso.
Fazendo uma paráfrase do slogan da Samsung, para desdobrar o futuro é necessário primeiro olhar o passado. Foi assim que esse dispositivo se apresentou — uma espécie de meio termo entre os problemas passados do Galaxy Fold e a perspectiva de um futuro melhor dos smartphones dobráveis, representados pelo Z Fold 2. Ainda que seja destinado a um público totalmente diferente, muitas das inovações apresentadas nele foram aproveitadas como um meio prático de estudo, como o modo flex e a recepção do público para um dobrável na vertical.
Galaxy Z Fold 2
Um comentário recorrente de Jun é que o feedback dos consumidores é o responsável por possibilitar novos aparelhos e ajudar a melhorar ferramentas disponíveis. Tendo isso em mente, a Samsung desenvolveu o Galaxy Z Fold 2 para atender as demandas que não foram alcançadas com o Galaxy Fold ou com o Galaxy Z Flip, aprimorando ainda mais a linha de smartphones dobráveis. Uma das grandes mudanças, que entra no que foi mencionado anteriormente sobre as telas, é a questão da dobra.
O Galaxy Z Fold 2 traz uma tela externa e uma interna, de 6.2 e 7.6 polegadas, respectivamente. De acordo com o Jun-yong Song, isso foi pensado para melhorar a usabilidade e a portabilidade. Dessa maneira, usuários terão muito mais para descobrir sobre essa tecnologia inovadora.
Para ele, um dos aspectos mais interessantes e que torna o modelo referência e diferente de outros smartphones é o modo flex, herdado do Z Flip. Como uma versão atualizada do já esquecido pager, o Galaxy Z Fold 2 também funciona usando metade da tela como apoio e área de comando e a outra metade como área principal, possibilitando não só assistir vídeos de uma maneira mais intuitiva, como também uma melhor posição de escrita.
Completamente transformado, o design é bastante chamativo e indica um verdadeiro artigo de luxo. Por estar bem acima de um smartphone tradicional, seu público mesmo é outro: são os entusiastas que desejam aquilo que a tecnologia tem de melhor, o verdadeiro topo de linha. Ele estará disponível em duas cores já consagradas da empresa, o bronze e o preto.
Outra mudança curiosa de se notar é o nome. Ao invés de simplesmente colocar um 2, foi adicionado o Z. Mas por qual motivo? Muito provavelmente para que as pessoas saibam sobre o novo início que os smartphones dobráveis representam, principalmente nas mãos da Samsung.
Para finalizar, Jun contou que, ao invés de pensar no futuro dos smartphones dobráveis, ele prefere imaginar o futuro dos smartphones como um todo. Afinal, é difícil de se inserir numa caixinha num campo como o design, principalmente dentro do espectro dos celulares. Muitas tecnologias diferentes ainda podem surgir e novos smartphones também podem aparecer, sendo que é tarefa dos designers servir de meio de campo para proporcionar ao usuário experiências memoráveis e grande usabilidade.
Aproveite para conhecer mais detalhes do Galaxy Z Fold 2 e assistir nossa entrevista com Jun-yong Song, Principal Designer da Samsung Coreia do Sul.
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