Não é difícil encontrar pessoas tirando selfies por aí, mesmo que o ato seja discreto e dure poucos segundos (graças à tecnologia dos celulares atuais). Aliás, é algo tão comum, que hoje, 21 de Junho, é comemorado o Dia da Selfie.
Tirar a própria foto pode ser divertido em muitas situações, mas pode facilmente virar um mau hábito. Pensar sobre isso nos leva a alguns questionamentos importantes, como até que ponto as selfies deixam de ser um registro do momento e passam a ser um problema, sobre ser ou não ético tirar fotos em todos os lugares e o tempo todo e sobre o quanto a tecnologia influencia nosso modo de viver.
Da história ao Dia da Selfie
Apesar de ter se tornado muito popular nos últimos anos (talvez até demais), a selfie, uma fotografia tirada de si mesmo, não é recente. O que acontece é que, atualmente, tirar uma selfie boa é mais fácil, visto que você pode visualizar, apagar e refazer a foto quantas vezes quiser. Não era a mesma coisa há alguns anos, quando as máquinas fotográficas eram a base de filme e não era possível visualizar. A foto final era uma surpresa nem sempre agradável (as fotos de crianças da geração millennials que o digam).
A selfie em si não é novidade. O “inventor” foi Robert Cornelius, que tirou uma foto na porta de sua loja em 1839, mesmo com o risco de não ficar satisfeito com a foto, já que a tecnologia da época era mínima. As fotos no espelho também não são novas: elas datam de 1914.
Então, o hábito foi acompanhando a tecnologia até o ponto em que virou moda: quase todo mundo já fez ou participou de uma selfie. A popularidade cresceu tanto que, em 2014, o DJ Rick McNeely criou o chamado Dia da Selfie.
O problema pertinente ao assunto é que a selfie é tirada em todo tipo de lugar: no espelho do banheiro, na academia, na frente da Torre Eiffel, no ônibus, na praia, no restaurante ou em qualquer outro ponto do planeta. Isso levanta o questionamento sobre até que ponto é ético tirar uma foto de si para registrar o momento. Já que não há um manual oficial de etiqueta sobre a selfie, o que nos resta é ouvir a opinião da maioria.
Vale o clique?
O principal objetivo de uma fotografia é guardar uma recordação de um determinado momento e é nesse ponto que a selfie peca: será que queremos mesmo guardar algumas recordações? Quem gostaria de ver uma foto para lembrar de um dia triste, como um velório, por exemplo? Quando a questão ultrapassa os seus limites e concerne a outras pessoas (como a família da pessoa que faleceu), é preciso parar para repensar sobre as liberdades que obtemos com a tecnologia.
Para ajudar a analisar a questão, o Statista analisou 1190 adultos (ou seja, adolescente e crianças não inclusos, perdendo parte da população) sobre quando e onde é adequado tirar uma selfie. As respostas não diferem muito do esperado para os casos “normais”, embora haja alguns pontos fora da curva.
Por exemplo, os resultados mostram que 75% das pessoas concordam que tirar selfie quando você está turistando é admissível. Além disso, 71% e 68% concordam que é aceitável tirar selfies em festas e em shows, respectivamente.
Porém, as porcentagens começam a diminuir: 39% estão de acordo com fotos em restaurantes (contra 33% que discordam). Ainda, 38% e 36% aprovam o ato em academias e em transportes públicos, nesta ordem. A pesquisa também foi um pouco mais longe e perguntou sobre situações mais ousadas. No banheiro, a aceitação foi de 16% e a reprovação, 60%. Já em funerais, apenas 6% afirmaram concordar com o ato (81% discordam)
Como você pode acompanhar no gráfico logo acima, esses resultados mostram que as selfies são aceitáveis em determinadas situações. Porém, basta colocar um equipamento no meio (literalmente) para a opinião mudar drasticamente: o bastão de selfie.
Uma outra pesquisa do Statista mostrou que 61% das pessoas aprovam a proibição do bastão de selfie (na Disney). Parece pouco, mas a porcentagem de pessoas que discordou com a proibição foi apenas de 9%. Enquanto isso, 11% afirmaram não saber e outros 19% não discordam nem concordam.
Por um lado, o ato que poderia ser discreto passa a ser mais chamativo. Por outro, não há quase diferença nenhuma, visto que é apenas um instrumento usado para o mesmo fim: a selfie. De modo geral, isso indica que não faz muita diferença se a selfie foi tirada com ou sem bastão, mas o contexto em que ela se encontra e a forma excessiva como é realizado (ou seja, todo mundo tirando selfie o tempo todo).
De toda forma, enquanto ninguém escreve o manual oficial de etiqueta da selfie, o ideal é pensar se ela é realmente necessária. Em uma era na qual promover a própria imagem é sinal de status e o número de curtidas é ostentação, vale se colocar no lugar do outro e pensar se ele realmente gostaria de ver determinada foto. Aproveite porque hoje, no Dia da Selfie, o clique é liberado.
Fontes: PCMag; National Selfie Day.
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