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Na mesma semana em que as campanhas para a corrida presidencial e de cargo de governadores começou, a primeira deepfake está entre nós. Agora, a vítima foi a jornalista Renata Vasconcellos: foi feita uma pequena alteração na voz de Renata para que as pessoas que estavam assistindo compreendessem que Jair Bolsonaro estava à frente de Luiz Inácio da Silva em uma pesquisa de intenção de voto que teve seu resultado divulgado no dia 15 de agosto de 2022.
O grande problema no caso é que apesar do vídeo ter ficado pouco tempo no YouTube, também houve uma circulação em grupos de WhatsApp e redes sociais. Entenda o caso agora mesmo e o que tem sido feito para evitar este problema.
O que é uma deepfake?
Deepfake é uma mistura do termo Deep Learning (“Aprendizagem Profunda”, em português) e Fake (“Falsidade”, em português) que se refere a qualquer vídeo ou imagem em que um rosto é substituído pelo rosto de outras pessoas.
Essa técnica utiliza aprendizagem profunda para alterar os rostos ou vozes e criar resultados verossímeis. A aprendizagem profunda é um dos ramos do Aprendizado de Máquina da Inteligência Artificial baseado na representação de dados que permite a criação de algoritmos que “aprendam” a identificar padrões e estruturas a partir de um imenso conjunto de dados.
O uso de deepfake surgiu na indústria pornográfica: rostos de pessoas famosas eram colocados em corpos de atores e atrizes pornô como uma forma de mostrar estas pessoas em momentos íntimos. Mas não levou muito tempo para que as manipulações em vídeo chegassem a outros espectros da sociedade.
O Showmetech já fez uma matéria completa com os 10 melhores sites e aplicativos de deepfake, não deixe de conferir.
Renata Vasconcellos foi vítima de manipulação
A primeira manipulação em vídeo das eleições de 2022 envolveu a edição do Jornal Nacional do dia 15 de agosto de 2022. Durante o programa, a jornalista Renata Vasconcellos realizou a leitura dos resultados de intenção de voto de uma pesquisa realizada pelo Ipec (Instituto de Pesquisas Cananéia).
O vídeo verdadeiro e sem manipulações pode ser assistido abaixo e é possível ver que Lula estava com 44% das intenções de voto e Jair Bolsonaro atingiu 32% entre os entrevistados. Assista:
Já sobre o vídeo que foi manipulado, a informação foi invertida: Jair Bolsonaro atingiu 44% dos votos e Lula se estagnou com 32% das intenções de voto. Apesar de ter ficado disponível no YouTube por aproximadamente 12 horas, a primeira deepfake das eleições de 2022 foi assistida 1.400 vezes e causou dúvidas nos usuários.
Muitas pessoas questionaram se o vídeo falso não era de 2018 (apesar de Lula não ter concorrido à vaga de presidente neste ano) e até mesmo houve comentários citando que “a verdade estava começando a aparecer”.
O vídeo alterado foi enviado como anexo em uma denúncia para o Sistema de Alerta de Desinformação Contra as Eleições do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e no Ministério Público Eleitoral (MPE). O Ipec está cuidando de todo o processo e mais informações devem ser divulgadas nos próximos dias.
Política e deepfake estão praticamente ligadas
A prática de manipulação de vídeo já ajudou outros candidatos a avançarem em pesquisas de intenção de voto. Isso aconteceu devido ao candidato favorito da população estar envolvido em uma situação inesperada e que não estava de acordo com os ideais ditos na campanha.
Um deles é o de Nanci Pelosi, atual presidente da Câmara dos EUA, mas na época do vídeo, ainda deputada, que apareceu em uma entrevista de TV aparentemente embriagada. A deepfake começou a circular nas redes sociais com a voz de Nanci alterada e os responsáveis — que jamais foram identificados — realizaram uma desacelaração na voz para dar a entender que ela estava bêbada em rede nacional. Mais tarde, a Reuters confirmou que tudo não se passava de uma manipulação.
Outro caso foi nas eleições de presidente do México em 2018: Andrés Manuel Lopez Obrador, que na época era candidato, mas depois foi eleito presidente, apareceu em um vídeo com sinais de embriaguez. A população ficou confusa, mas muitas pessoas realmente acreditaram que o candidato havia bebido mais do que deveria.
Apesar de serem desmentidas e muitos vídeos nem mesmo serem tão reais, o grande problema das deepfakes é que depois que começam a viralizar, fica um tanto difícil entregar o vídeo verdadeiro para pessoas que já assistiram, acreditaram e realizaram o envio para os mais diversos grupos de WhatsApp e outros aplicativos de mensagens.
Você já viu uma deepfake e ficou com dúvidas se o material era legítimo ou falso? Diga pra gente nos comentários!
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