Episódio 9 de the last of us: tudo foi por nada?. Uma adaptação primorosa, a série the last of us consegue expandir as discussões do jogo de 2013 em seu episódio final

Episódio 9 de The Last of Us: Tudo foi por nada?

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Uma adaptação primorosa, a série The Last of Us consegue expandir as discussões do jogo de 2013 em seu episódio final

Após nove semanas, chegamos ao fim da primeira temporada da adaptação de The Last of Us para o HBO Max. Focando na parte final do jogo, o último episódio é um belíssimo final para uma jornada cheia de desafios e mostra também que o amor, utilizado tanto como uma forma de resistência durante boa parte da narrativa, também pode ter seu lado complicado e egoísta.

Sem mais delongas, confira nossa última crítica da primeira temporada de The Last of Us:

Aviso: Spoilers a seguir!

A volta das expansões de conteúdo de The Last of Us

The last of us
Imagem: Reprodução/HBO Max

O último episódio abre com um pequeno flashback de 14 anos antes da narrativa principal, mostrando Anna, uma amiga de Marlene que está entrando em trabalho de parto enquanto escapa de infectados. É óbvio que o bebê que irá sair da barriga da personagem é Ellie, e para fãs do jogo o fato fica ainda mais óbvio e curioso com a atriz que interpreta o papel da mãe da protagonista sendo Ashley Johnson, a voz de Ellie nos jogos.

Anna encontra uma base dos Vagalumes e consegue entrar em um quarto, porém, antes de poder iniciar o parto de Ellie, um infectado invade o local. A mulher consegue matá-lo, mas não antes de acabar sendo ferida. Finalizando o nascimento de Ellie, ela corta o cordão umbilical da filha e começa a aproveitar as poucas horas em potencial que terá com a criança, até que Marlene aparece e recebe o pedido de cuidar da criança e matar Anna.

A cena é forte e serve como um perfeito paralelo do que acontecerá no final do episódio, já que Anna conta uma mentira para Marlene afirmando que o parto foi finalizado antes da mordida ocorrer, e com a interpretação de Ashley Johnson, que talvez realmente seja a mãe de Ellie considerando sua interpretação na versão original da personagem, ganha tons tanto de easter egg como também de aprofundamento da trama.

Anna sempre foi citada nos projetos de The Last of Us: seja por algum objeto que Ellie tenha guardado dela, seja por sua amizade com Marlene ou mesmo por diferentes colecionáveis no jogo original com áudios detalhando sua vida. Porém, é na série que ela ganha forma, e é encaixada perfeitamente no ponto principal dessa adaptação: o amor como forma de sobrevivência. Talvez esse flashback só existir na série seja um acerto, afinal, no jogo, esse tema não é tão recorrente, embora o paralelo com o fim ainda possa ser enriquecedor.

Inversão de papéis

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Imagem: Reprodução/HBO Max

Após a abertura, voltamos para 2023 e a jornada de Ellie e Joel, que agora parecem ter seus papéis invertidos: o veterano está mais feliz e dialogando mais, parecendo ter recuperado a luz de sua vida após perceber seus sentimentos paternais por Ellie, enquanto a adolescente agora está contemplativa e mais distante, muito provavelmente uma consequência dos diversos eventos traumáticos que ela passou durante a temporada.

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Imagem: Reprodução/HBO Max

Pedro Pascal e Bella Ramsey são os grandes destaques do seriado, mas é impossível não elogiá-los mais uma vez nessa reta final. Dialogando com uma química fantástica mesmo nesse momento em que os personagens parecem estar fora dos escopos comuns dos papéis, eles trazem um conforto estranho para as passagens daquele mundo pós-apocalíptico, e a famosa cena da girafa ganha ainda mais peso por conta disso.

A cena da girafa é um dos poucos momentos de pura alegria da série e do jogo original, com Ellie em ambas as versões deixando sua criança interior vir à tona e Joel decidindo de fato que faria qualquer coisa pela garota. Nos minutos em que ela dura na TV, é difícil não se emocionar, principalmente pela fotografia que ganha tons mais joviais e mostra que pode sim existir paz naquele mundo.

Porém, tudo isso é deixado de lado quando a conclusão da missão de Joel acontece, com Ellie sendo entregue para os Vagalumes e Marlene. Em uma interessante sequência que expande o dialogo entre os personagens, Marlene explica tudo que será feito com a adolescente e como isso muito possivelmente resultará em uma cura para a infecção, com a vida da menina sendo a possível última perda nessa luta que já dura 20 anos. (https://www.newsoftwares.net)

E é aqui que a interpretação do jogo e da série mudam, muito possivelmente pela forma em que as obras se apresentam. Enquanto no jogo existe uma maior contemplação sobre Joel e Ellie, que são 100% o foco, na série tudo que temos em sua grande maioria é o que fomos apresentados pelos diretores, assumindo tons muito mais pessoais mas, ao mesmo tempo, graças a momentos e explorações de outros personagens, também fazendo nós nos importarmos com a população além deles.

Com isso, a decisão de Joel de assassinar todos os Vagalumes ali presentes para salvar Ellie parece muito mais vilanesca que no original. É claro, sentimentos paternos são entendíveis, mas será que uma chacina tão fria era necessária ou o lado mais bruto do protagonista, que fomos pouco a pouco apresentados durante a série, só é parte fundamental do personagem?

Além disso, o que é o egoismo de Joel? Ellie, pouco antes de chegar na base dos Vagalumes, afirma para o protagonista que tudo que viveram não pode ter sido em vão – seu sentimento de querer servir para mudar o mundo é claro, e faz a decisão de Joel, muito mais guiada no medo de perder sua nova luz na vida, muito mais cruel do que parecia no jogo, mesmo que os eventos em linhas gerais sejam o mesmo.

Joel não pensa no que Ellie quer. Joel pensa no que ele quer, independente do que isso signifique para a garota ou para o mundo. Tirando o propósito da garota para ter um seu, o protagonista realiza a ação mais fria no final do episódio: mentir para a menina afirmando somente que os Vagalumes acharam outros imunes e não conseguiram fazer uma cura com eles, tornando assim os experimentos com a adolescente desnecessários.

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Imagem: Reprodução/HBO Max

Em um último dialogo, ambos os personagens abrem seus principais traumas, em uma cena fortíssima e que termina com Ellie pedindo para Joel jurar que está falando a verdade sobre os eventos na base dos Vagalumes. O protagonista afirma que não está mentindo, e depois de uma pausa em que a tensão é palpável e o desconforto do espectador torna-se visível, a temporada acaba com um simples “ok” de Ellie, uma afirmação um tanto depressiva e triste que, graças à interpretação genial de Bella Ramsey, mostra a decepção da menina com o fato de não ter tido validação de sua sofrida vida através de uma melhora para o mundo como um todo. 

Uma adaptação excelente, mas que peca pela falta do terror dos infectados

Não há como pensar que The Last of Us é uma adaptação ruim do videogame. Pedro Pascal, Bella Ramsey e todos os envolvidos pegaram o material original e com pequenas mudanças o tornaram uma das histórias mais humanas sobre sobrevivência em condições adversas já feitas.

A questão é que, para isso, o principal foco do terror e do perigo dos jogos, os infectados, foram deixados de lado. Podemos contar nas mãos às vezes em que eles aparecem, e o pior de tudo é que em todos esses momentos eles nem são o foco. Em geral, entendo que em um videogame com setpieces e ritmo diferente é bem mais possível mostrar uma ameaça, mas confesso que após nove episódios, senti falta de um destaque maior para eles.

Ao mesmo tempo, ganhamos uma maior exploração da humanidade e sua sobrevivência nesse apocalipse, e também temos mais ferramentas para avaliar a ação final de Joel. É complicado, e acho que de certa forma nunca chegaremos em uma resposta absoluta se o feito foi certo ou errado, só que é inegável que temos mais formas de avaliar ela graças à visão mais humana do seriado.

De qualquer forma, o saldo é positivo para o HBO e para todos os envolvidos na produção. Com a segunda temporada confirmada, só podemos torcer que a qualidade se mantenha e que ela não demore muito para chegar. 

Veja também

Oitavo episódio de The Last of Us: o terror vem dos humanos

Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim (13/03/23)

Final de temporada de The Last of Us consegue gerar ainda mais questionamentos sobre ações de Joel no final

Final de temporada de The Last of Us consegue gerar ainda mais questionamentos sobre ações de Joel no final
10 10 0 1
10/10
Total Score
  • Roteiro
    10/10 Excelente
  • Fotografia
    10/10 Excelente
  • Atuação
    10/10 Excelente
  • Trilha Sonora
    10/10 Excelente

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