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Hollywood descobriu um novo fetiche: filmes cujo tópico seja a banalidade ou a estupidez dos integrantes da classe alta. A discussão desses temas já é antiga por meio de muitas vertentes da cultura, mas, falando especificamente em mídia audiovisual, diretores e produtores de grandes estúdios encontraram um assunto para explorar até onde der.
Triângulo da Tristeza é mais uma dessas produções que reúne uma série de personagens que representam diversos estereótipos e os colocam em uma situação absurda — ou, no caso da trama de Ruben Östlund, vários absurdos — para vê-los em ação. Funciona quase como um zoológico do privilégio, onde ricos disputam entre si quem concentra mais poder.
The White Lotus, por exemplo, é um sucesso por discutir esse mesmo nicho. Enquanto a série é premiada pelo Emmy, Triângulo da Tristeza levou o maior prêmio do Festival de Cannes do ano passado — a Palma de Ouro, similar ao Melhor Filme do Oscar. Mas por quê? Talvez a conveniência do tema em alta com o prestígio do diretor tenha ajudado nisso.
Quem deve pagar a conta?
O filme situa um casal de modelos, Carl (Harris Dickinson) e Yaya (Charlbi Dean), que foram convidados para um cruzeiro de luxo, onde outros membros da classe A estão a bordo. Ela, influencer, ganhou o passeio de seus seguidores. Um acontecimento abala o destino dessa viagem e exige uma mudança de atitude de seus passageiros.
Triângulo da Tristeza começa com uma cena em que Carl faz um teste em uma agência de modelos para uma campanha publicitária. É dito em um dos diálogos que se a marca é cara, um bom modelo deve fazer uma cara séria. Caso seja de uma companhia barata, o mesmo precisa entrega uma feição sorridente. É neste nível de estupidez que o espectador vai se deparar. E piora.
O próximo cenário é um jantar caro em que o casal — já pedindo socorro por um término — discute sobre quem deveria pagar a conta. São 20 minutos de debate sobre este tópico como se esse fosse um dos maiores dilemas de suas vidas enfrentados nos últimos meses. O diretor Ruben Östlund, conhecido pelo também premiado The Square: A Arte da Discórdia, faz isso de propósito, e ainda ri de todas as situações.
A lógica do absurdo passa por diversos momentos do longa, que é dividido em três atos. O mais longo se passa no navio comandado pelo capitão, interpretado por Woody Harrelson. É nesta parte também em que uma sequência extremamente escatológica acontece. Embora seu foco seja o humor escrachado, não há como não notar na qualidade técnica da filmagem, já que é tudo muito similar ao real.
De qualquer forma, a proposta aqui é evidenciar a hipocrisia e a falta de senso daqueles com complexo de superioridade apenas por estarem uma classe acima da maioria. O terceiro ato vai castigá-los veementemente.
Com quantos ricos se faz um pensamento lógico?
Para contemplar alguns estereótipos, o diretor cria personagens que vão desde o fundador de uma empresa de tecnologia cujas atitudes beiram à subcultura dos incels até um casal de idosos simpáticos que lucram a partir de vendas de granadas de mão para guerra.
O elenco foi muito bem escolhidos e, apesar de algumas figuras aparecem e terem mais desenvolvimento que outras, o saldo é positivo. Além dos protagonistas, os destaques são Vicki Berlin, que faz a chefe do time a bordo, Zlatko Buric, um mafioso que ostenta uma “esposa-troféu”, e Dolly De Leon, líder da equipe de limpeza do navio que acaba desempenhando um papel importante no ato 3.
Depois de todas as situações absurdas exploradas por Ruben, seus personagens estão ali para exemplificar o desespero pelo poder e a maneira como todos, humildes ou arrogantes milionários, perdem a inocência e gentileza pelo status, mesmo que estejam sob uma mesma situação caótica.
Vale a pena assistir a Triângulo da Tristeza?
O premiado longa tem alguns fatores interessantes, mas não revoluciona como sua divulgação promete. A construção da narrativa acaba não dando espaço para desenvolver melhor os personagens. O filme, inclusive, é anticlimático. A tentativa de provocação na última cena deixa mais um espaço vazio para o público do que prolonga o raciocínio da sua crítica.
Ainda vale conferir o filme para cumprir a checklist do Oscar ou se você simplesmente curte ver o “circo pegando fogo”, principalmente se os palhaços do espetáculo forem os ricos. O título está em cartaz nos cinemas e disponível no Prime Video.
Quais as chances no Oscar 2023?
Triângulo da Tristeza está indicado a três categorias: Melhor Filme, Melhor Direção e Melhor Roteiro Original. É até curioso o longa não computar em nenhuma outra categoria técnica ou até mesmo de atuação (talvez de Dolly De Leon como coadjuvante), mas também não surpreende já que a premiação deste ano está bem concorrida.
A melhor chance do filme está em Melhor Roteiro Original. Talvez a sátira de Ruben tenha arrancada risadas o suficiente para entregar a estatueta a ele. Em relação aos dois prêmios restantes, a situação é improvável. O foco está em outros longas. Seria uma surpresa grande se este aqui levasse alguma dessas categorias.
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Revisado por Glauco Vital em 9/3/23.
CRÍTICA: Triângulo da Tristeza satiriza o privilégio e ri de todos
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Filme péssimo! Sem emoção e um final sem definição. Fica por conta da imaginação de quem aguentar ir até o final
Muito ruimmmm… fiquei perdida… depois entendi q o intuito era de ser um filme nada a ver… Afffffeeee… não recomendo