CRÍTICA: tragédia ou milagre, A Sociedade da Neve é um dos melhores filmes da temporada

Já no início de 2024, a Netflix fez uma das melhores adições de catálogo dos últimos meses. Um sucesso inquestionável no streaming do “Tudum”, o filme A Sociedade da Neve aos poucos foi encantando o público com uma obra de tirar o fôlego. Em um esquema ‘boca a boca’ altamente fortalecido, não demorou muito para o longa-metragem espanhol liderar o ranking da plataforma, permanecendo na primeira posição por dias.

Até o fim do mês de janeiro, a obra já havia somado mais de 156,6 milhões de horas assistidas. De fato, um dos maiores sucessos recentes do serviço. Além disso, foram mais de 64,4 milhões de visualizações estimadas, sendo o 4º filme em língua não inglesa mais assistido do catálogo. A Sociedade da Neve tem encantado os espectadores com tamanha qualidade de produção. Não à toa, o trabalho dirigido pelo cineasta espanhol Juan Antonio Bayona recebeu duas indicações ao Oscar 2024.

A trama de A Sociedade da Neve

Em outubro de 1972, um avião da Força Aérea Uruguaia levava 40 passageiros, formados por jogadores, comissão técnica, parentes e amigos do time de rúgbi do país Celeste, além de cinco tripulantes para uma viagem até o Chile, onde a equipe disputaria uma partida contra o adversário local.

Acontece que enquanto sobrevoava a Cordilheira dos Andes, o mal tempo aliado a um cálculo precipitado acerca da rota traçada fizeram com que a aeronave caísse, matando boa parte do grupo à bordo e deixado os sobreviventes em completa situação de risco.

Totalmente isolado do mundo, o grupo que suportou o impacto passa a enfrentar uma série de problemas enquanto se vê preso em uma região montanhosa, longe de tudo. Sem comida, tirando água da neve, passando por avalanches e uma frio descomunal, com temperaturas extremamente hostis para o corpo humano, os que ainda restam são obrigados a tomar algumas das piores decisões, enquanto seguem na luta pela oportunidade de um dia poderem voltar para casa.

Um dos melhores filmes da temporada

A Sociedade da Neve foi indicada em duas categorias no Oscar 2024. Além de concorrer a Melhor Filme Internacional, a produção da Netflix ainda corre por fora para levar a estatueta de Melhor Maquiagem e Penteado, o que seria muito merecido, devido ao grande trabalho apresentado em tela. No entanto, existem outros pontos que fazem com que a obra de Juan Antonio Baytona seja tão aclamada no serviço de streaming mais famoso do país.

Um dos grandes acertos de A Sociedade da Neve é, além do lado técnico, mostrar ao público as relações humanas que cercaram um dos casos de sobrevivência mais conhecidos da história. Ao fazer questão de registrar enquadramentos amplos, a produção dá ao público a ideia de que aquelas pessoas estão completamente no meio do nada. Não só isso, o “nada” nesse caso é tomado por um vasto cobertor branco que dificulta tudo ainda mais: a neve.

Ficar perdido entre as montanhas da Cordilheira dos Andes já seria o ruim o suficiente em condições de primavera e verão. Mas passar por isso em um dos invernos mais bruscos de todos os tempos torna tudo ainda mais complicado. Ao conseguir transparecer essa imensa adversidade ao seu espectador, o filme consegue ajudar na percepção do tamanho milagre que foi as pessoas terem conseguido, dia após dia, se manterem vivos.

Mas o filme não se apega somente no trabalho de ambientação para demonstrar a grandeza do acontecimento. A obra traz a todo momento os dilemas vividos por cada um dos sobreviventes durante os dias em que ficaram presos nas montanhas. Cada uma daquelas pessoas tinham uma vida fora dali. Ao tomarem decisões que podiam influenciar a todos, existiram discussões, debates, valores, princípios e medo. Tudo colocado na tela para que o público sinta o peso de cada ação que acontece com o grupo.

A escolha do protagonista

É muito comum que em produções que tratem sobre a sobrevivência de um determinado grupo, o protagonismo da história gire em torno daquele que vai acompanhar até o final, muito para mostrar como o indivíduo enxergou cada uma das situações.

Mas esse filme vai por uma via completamente diferente ao iniciar a trama sob o olhar de Numa Turcatti, personagem vivido pelo ator Enzo Vogrincic (9, 2021). É Numa quem começa narrando a história, ambientado o espectador com tudo o que está prestes a acontecer.

Após o acidente, o jovem segue sendo o principal destaque, mesmo com dilemas acontecendo com outros personagens. Não há como não criar um laço com Numa, uma vez que vemos quase tudo a partir da sua ótica, o que foi uma clara decisão do roteiro, que também é de Juan Antonio Bayona. Acontece que devido a uma série de fatores, Numa deixa o grupo após determinado momento do filme, o que faz o público sentir a sua falta.

É nessa hora que você percebe a decisão pelo protagonismo de Numa. É possível usar e abusar dos enquadramentos, dos cenários bem feitos, de toda aquela neve de metros de altura que cobria todo o ambiente, mas era necessário mais.

Dessa forma, o filme te faz conversar com Numa o tempo todo, te coloca sob a sua visão na maior parte das decisões tomadas, te leva a tentativas frustrada de resolver problemas com o personagem, te faz você criar laços com ele, para que então você sinta exatamente o que todos sentiram após a sua partida. Uma das melhores decisões da produção, que quer que você sinta o que aquelas pessoas sentiram por meses ao perder entes queridos.

Qualidade técnica impecável

A direção, o roteiro e as atuações de fato são pontos que elevam o nível do filme a um patamar altíssimo. No entanto, não há como negar que a parte técnica tornou tudo mais fácil. As imagens apresentadas pelo filme são sempre de tirar o fôlego, fazendo o público se questionar a todo momento se os sobreviventes realmente vão conseguir sair dessa situação, pois parece impossível. A imensidão branca percorre a tela e demonstra o tamanho do feito realizados por esses homens.

Além de Melhor Filme Internacional, A Sociedade da Neve também concorre a Melhor Maquiagem e Penteado no Oscar. A indicação é muito mais do que merecida. O trabalho feito nos rostos dos atores mostra a deterioração pela qual os personagens passaram depois de tanto tempo em condições completamente inóspitas para a vida humana.

Outro grande destaque é a trilha sonora. Levando a assinatura do compositor estadunidense Michael Giacchino, a música do filme atua da maneira exata como precisa ser. Ela não se sobressai, não é escandalosa, nem rouba o foco, que deve ficar na história. Mas ela se faz presente a todo momento. Sempre que a melodia entra em cena, é para engrandecer o que está acontecendo na trama. Emociona e preocupa quando precisa, mas acompanha o alívio no momento em que é exigida.

Conclusão

O sucesso de A Sociedade da Neve é notório. O filme chegou à Netflix e logo passou por uma ascensão considerável, que o colocou no topo do streaming por vários dias seguidos. A obra de Juan Antonio Bayona surgiu como quem não queria nada e logo comoveu famílias e amigos ao redor do mundo, se tornando uma forte história sobre o caso que ainda não se sabe se foi uma tragédia ou um milagre, mas que com certeza está marcado na humanidade com um grande exemplo de luta pela sobrevivência.

Onde assistir A Sociedade da Neve?

Lançado em 4 de janeiro deste ano, o filme A Sociedade da Neve está disponível na plataforma de streaming Netflix. Um fenômeno mundial, a obra dirigida por Juan Antonio Bayona possui uma taxa de aprovação de 91% da crítica especializada do site Rotten Tomatoes.

Assista ao trailer

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A história real do filme A Sociedade da Neve

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Fonte: Netflix

Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim