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Aqui no Showmetech, em geral, estamos gostando da terceira temporada de The Mandalorian, principalmente pela exploração geral do universo de Star Wars após a queda do Império. Mas para uma série que anteriormente se sustentou pelos seus grandes arcos, o ritmo episódico de alguma forma pode acabar sendo um pouco decepcionante.
Mesmo assim, existe um padrão nas duas temporadas anteriores que agora, na terceira, se repetiu: um ritmo alucinado e empolgante que começa a plantar as sementes do clímax do ano. Sem mais delongas, confira nossa crítica do quinto episódio do terceiro ano de The Mandalorian:
Aviso: spoilers a seguir!
Além da matéria, nossa crítica também está disponível em vídeo lá no canal do Showmetech no YouTube:
Nova República novamente burocrática
No primeiro episódio da temporada, tivemos Din e Grogu enfrentando piratas em Nevarro. No segundo e quarto, tivemos a exploração da cultura mandaloriana a partir de pontos de vistas diferentes (Crianças do Olho e Bo-Katan), enquanto no terceiro tivemos um ritmo mais lento explorando toda a burocracia da Nova República. Essas várias linhas narrativas juntam-se de maneira espetacular no quinto capítulo, em pouco mais de quarenta minutos extremamente empolgantes, e que pavimentam o caminho para o clímax da temporada.
Os piratas voltam a atacar Nevarro, com Gorian Shard, o rei dos piratas criminosos, mandando Greef Karga e os habitantes do planeta irem embora, já que o território pertence a ele agora, em uma sequência cheia de destruição na cidade que já foi palco de tantos conflitos em The Mandalorian.
Como esperado em uma série com o nome “The Mandalorian”, Karga opta por chamar os mandalorianos, embora antes tente falar com a Nova República, com o comandante Carson Teva que logo voa para ajudá-lo, mas não antes de ter uma rápida conversa com Zeb, um personagem da animação Star Wars Rebels que faz sua estréia em live-action. Mesmo sendo um personagem CGI, é bem empolgante vê-lo, e também é fantástico como sua aparição não tem muita fanfarra, sendo incluída de forma orgânica e que não fica exalando “fan-service”.
Teva, porém, tem que passar por Coruscant para pedir tropas para a Nova República, mas o pedido é logo recusado por motivos burocráticos, mostrando uma interessante situação em que, por mais que ideologicamente o governo seja melhor que o Império, políticas e processos ainda impedem que a atuação seja tão efetiva ou positiva quanto esperávamos.
Tudo isso, na verdade, entra em um interessante paralelo com Andor, a série de espionagem que é atualmente considerada uma das melhores entradas de Star Wars já feitas. Na produção que se passa entre os episódios 3 e 4, a burocracia do Império é mostrada como um mal quase tão grande quanto as intenções malignas de Palpatine, tornando lugares mais necessitados da Galáxia verdadeiros mundos destruídos. Em The Mandalorian, com a Nova República ainda sendo uma refém de todos esses trâmites, fica claro o quão problemática é sua atuação para ajudar planetas mais remotos como Navarro, enriquecendo a narrativa e mostrando que nem tudo são as flores que fomos levados a pensar que a vida na galáxia muito, muito distante seriam após a queda do Império.
Este é o caminho
Sem opção após a recusa da Nova República, Caron Teva chega à base atual dos mandalorianos para pedir ajuda de Din – tudo isso graças a um rastreador no droid R5-D4 que nosso protagonista obteve no primeiro episódio desta temporada. Os mandalorianos, por já terem usado Navarro como base, juntam-se para salvar o planeta, com discursos extremamente bem feitos do próprio Din quanto também de Paz Vizla, que convencem seus irmãos de secto para irem ao combate.
Voltando ao que comentamos semana passada, é interessante ver como The Mandalorian está focando em desenvolver o caminho da raça guerreira de Star Wars com diversas interpretações da ideologia que eles tanto se orgulham de seguir. O próprio Paz traz aos seus irmãos o questionamento acerca da honra dos seus antepassados e das fugas do povo; essas dúvidas estão sendo executadas de maneira empolgante e extremamente bem-feita, sem que fique piegas – não temos aqui um grande discurso heroico, mas sim uma interpretação de um dogma de maneira introspectiva, mas que faz sentido para nossos heróis.
Tudo isso abre caminho para talvez uma das batalhas mais incríveis de Star Wars, com os Mandalorianos divididos em duas frentes (Din, Grogu e Bo-Katan em naves espaciais lutando no ar, enquanto Paz Vizla e demais guerreiros no campo terrestre de Nevarro) lutando contra os piratas em sequências de tirar o fôlego.
É díficil criar coreografias de combates em live-action que pareçam brutas ao mesmo tempo que façam sentido dentro do contexto futurístico de Star Wars, mas aqui esses conceitos conversam de maneira impressionante. Mandalorianos batem nos piratas com socos brutos, atiram suas armas lasers de maneira animalesca, com uma ferocidade que mesmo com seus rostos não sendo exibidos por conta do capacete, cada vez mais mostra o motivo deles serem a raça guerreira deste universo – é lindo de ver.
Já no ar, embora mais dependente de CGI, a luta de Din e Bo-Katan é intensa. Naves explodem constantemente, os satisfatórios sons usados pelas armas dos veículos remetem aos filmes e quando finalmente o cruzador dos piratas cai, o espectador pode novamente respirar aliviado sabendo que os heróis venceram.
A fantástica luta serve como um interessante fio condutor para a continuidade do arco de Bo-Katan, e também nos traz um importante desenvolvimento para a Armeira, que vendo a união dos mandalorianos por um objetivo comum, percebe que mesmo que o dogma das Crianças do Olho seja sua crença, os outros habitantes ou descendentes de Mandalore que seguem outros tipos de ideologia também são válidos. É necessário conviver para prosperar, e em uma completa inversão de tudo que esperávamos nesta temporada, a líder do secto de Din pede para Bo-Katan retirar seu capacete, simbolizando o começo de um novo período para a raça protagonista – que, agora, parte para tentar recuperar Mandalore.
Uma nova realidade
Acho que não é um exagero falar que The Mandalorian virou uma série, agora, sobre o povo mandaloriano, e não mais somente sobre Din e Grogu. É claro que ambos os personagens ainda tem destaque, mas muito mais pelas suas aventuras terem servido (e provavelmente, no futuro, ainda servindo) como uma ponte de conexão para que o povo de Mandalore pudesse se unir e iniciar uma nova era.
No mundo real, sabemos que tradição é importante para muitos povos, mas ao mesmo tempo no momento que começam a aceitar uma maior maleabilidade neles, eles conseguem prosperar a novos níveis. A lição de moral que aparentemente é o fio condutor desta temporada de The Mandalorian parece querer chegar nessa conclusão, mas algum problema ainda deve ser encontrado, já que no final do episódio são encontrados fragmentos de Beskar, metal especialmente associado aos mandalorianos, na cena de fuga do Moff Gideon.
De qualquer forma, como é bom acompanhar algo bom de Star Wars, não é mesmo? The Mandalorian tem novos episódios toda quarta, no Disney+.
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Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim (29/03/23)
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