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E chegamos ao final de Pinguim. Uma das minhas favoritas do ano, esse último episódio fecha todos os arcos criados até então, nos deixando apenas com um gostinho do que esperar em Batman 2, continuação de The Batman, de Matt Reeves, com Robert Pattinson como o morcegão.
Vale avisar que como todos os episódios, essa crítica tem SPOILERS, então vai lá, assiste o episódio e depois volta aqui, beleza?
O Pinguim que conhecemos chegou e agora domina Gotham
Eu disse não saber o que esperar desse último episódio na crítica anterior e eu fui realmente surpreendido. Sofia disse querer ver Oz sofrer como ela sofreu e foi isso que ela tentou fazer ao juntar ele e sua mãe Francis na mesma sala, sabendo da história dos dois e fazendo com que eles conversassem sobre o assunto.
É aqui que tudo ficou mais interessante. Somos contextualizados de que Francis sempre soube que Oz matou os irmãos, mas apostou todas as fichas nele com o interesse de um dia ele entregar tudo o que prometeu: casa no terraço, luxo, dinheiro. O que ela não esperava é que isso acontecesse com ela em estado vegetativo.
Isso também vai de encontro com o próprio Oz. Mesmo com tudo sendo revelado na cara dele e Sofia ameaçando cortar um dedo da sua mãe, ele nega ter matado os irmãos até que Francis manda ele assumir a situação logo. É nesse ponto que vemos pra valer o quão ruim Oz Cobb é. Sofia fica incrédula com a situação e em como ele não tem sentimentos, apenas joga o jogo em favor dele mesmo.
Francis é ponto-chave desse último episódio, também. Não apenas por essa cena, mas quando todas as cartas estão na manga, ela revela o quanto odeia Oz por tirar seus outros filhos dela e que ela tinha o suficiente para dar para os três e ele não precisava ter feito isso. Ela o chama de diabo e inclusive tenta matá-lo, mas o bicho é tão ruim que não morre e após ela ter um AVC, consegue escapar e virar o jogo contra Sofia.
Oz é um personagem perfeito no esquadro de um narcisista. Ele planeja tudo conforme o que o favorece e sem remorso, destrói qualquer coisa que possa o impedir, isso desde quando era uma criança, como vimos em episódios passados. O ápice disso é visto no final desse episódio. Sua mãe entra em estado vegetativo e Vic o vê em seu estado mais frágil.
Os dois conversam e tudo dá a entender que teríamos um final tranquilo entre os dois. Só que não. Vic se abre para Oz e diz o considerar da família. Isso tudo para que em seguida Oz o abrace e o enforque até a morte. Sim, criamos vínculo, tivemos a construção de tudo para no fim termos esse soco no estômago. Não bastasse isso, Oz pega o documento de Vic e joga no mar, para que ele seja esquecido.
É uma tragédia, mas condiz muito com o personagem de Oz. Ele não é um anti-herói, ele não tem traços de bondade. Ele é realmente o diabo, como sua própria mãe diz. Pensa no seu bem-estar e vai usar qualquer um para isso acontecer. E se pararmos para pensar, ele já tinha feito isso com Sofia há 10 anos, por que não faria de novo?
Vale mencionar ainda que, foi graças ao Vic que Link, um capanga de Zhao, conseguiu atingir um novo posto, enganando Sofia ao entregar Oz para ela como um golpe final. Foi por Vic também que Oz pôde ter um impulso de ir falar com o vereador e sugerir uma parceria e enfim atingir o seu posto atual que o coloca como O Pinguim. Isso importa? Pra Oz e acredito que já deu pra entender isso.
Sobre Sofia, ela entregou muito ao mostrar o verdadeiro lado de Oz o colocando frente a frente com Francis, mas talvez por ter um pouco mais de humanidade em seu ser, foi onde perdeu a batalha. Ela achou que estava com a vitória garantida, mas não contava com a possibilidade de outras pessoas serem como Oz, traindo seus líderes.
Nesse ponto, eu entendo o ponto dessas pessoas matando seus líderes e tomando o posto dos mesmos, afinal Oz vendeu essa possibilidade de mudança a eles, com o discurso de ser o “homem do povo”, dos sofridos, dos coitados. Graças a isso, Sofia toma um golpe e Oz, ao invés de matá-la, usa sua influência para mandá-la de volta a prisão.
É um final bem pesado pra ela, já que ela tentou literalmente de tudo para se destacar em Gotham e o que restou foi voltar para a prisão, culpada por alguns crimes que não cometeu, mas também para pagar alguns dos seus pecados. Interessante dessa cena é que ela recebe uma carta de ninguém menos que Selina Kyle, nossa Mulher-Gato, podendo abrir portas para um possível spin-off, talvez?
Para encerrar, é preciso lembrar que esse tipo de produção trabalha geralmente a história de um personagem inicialmente bom, mas que, com os eventos da história, se tornam ruins. O Poderoso Chefão e Breaking Bad são alguns exemplos. Aqui, vemos isso acontecer com Sofia Falcone, mas temos um diferencial com Oz, afinal ele sempre foi ruim e termina pior ainda.
A série acerta demais no tom para mostrar todas essas facetas e não deixa a gente cair na tentação de querer Oz como um herói. Ele é um vilão e talvez o mais canalha da galeria de vilões do Batman e tivemos a oportunidade de ver isso em detalhes na série.
Vale citar que finalmente vemos o personagem com seu traje clássico, com um terno elegante e sua cartola, faltando agora apenas um guarda-chuva com algum aparato, seja uma escopeta ou qualquer outra criatividade que Matt Reeves queira colocar.
Embora não tenhamos visto o morcegão, o episódio se encerra mostrando a mansão de Oz, dançando com Eve, vestida de Francis no estilo Capitão Pátria de bizarrice e ao mostrar a cidade, temos um vislumbre do Bat-sinal, nos dando aquele gostinho do que pode vir em Batman 2.
Atuações
Esse é o episódio de Colin Farrell. Com cenas cheia de fúria, drama e ação, o ator conseguiu entregar um personagem sólido e digno de toda a maldade que O Pinguim exige. Não só em palavras, mas como o ator mexe os olhos, mesmo com toda aquela maquiagem, é excelente.
Cristin Milioti mais uma vez tem seus destaques e apesar de não ser um episódio pra ela, tenho que enfatizar o quanto é bom ver quando ela consegue mudar suas expressões de uma cena para outra. Quando ela tem a vantagem, conseguimos ver aquela maldade ali dentro, mas também é possível ver o quanto ficou abatida quando voltou para a prisão. Ela contava com a morte e ter que voltar pro Arkham a destruiu.
Vic também encerra seu personagem muito bem. Antes do seu trágico fim, temos grandes momentos com ele fazendo a diferença, colocando as caras, seja em momentos dramáticos ou até mesmo mais puxados para o humor. E claro, Rhenzy Feliz merece um destaque por passar credibilidade na sua morte.
Por último, vale o destaque para Deirdre O’Connel como Francis. Sua personagem é uma personagem doente e cansada e vemos tudo isso transmitido de forma espetacular, seja com gritos, palavrões, drama e confissões de rasgar a alma.
Aspectos técnicos
Destaco para esse último episódio o figurino e os cenários. Como sempre, Sofia está sempre com um traje novo, sendo sempre algo diferenciado. Sobre os cenários, é incrível como eles se conversaram bem nos últimos episódios. Monroe’s, local onde Oz era pra ter morrido quando criança, é trazido de volta aqui como o cenário final entre ele e Francis, agora destruído e abandonado devido à enchente de The Batman.
As coisas têm continuidade, sejam ferimentos, sujeira, cenários e locais destruídos, garantindo total imersão. Direção e roteiro também são mestres aqui. Isso vale para toda a série, mas se não houvesse coesão desses aspectos para fechar o arco desses personagens, esse poderia ser um final fraquíssimo, o que felizmente não aconteceu.
Trilha sonora
Mick Giachinno assina também o último episódio com a trilha original e diferente do episódio anterior, nesse ela foi bastante empolgante. Seja pros momentos de maior tensão quanto para os de ação, ela foi super importante e até remeteu ao tema de The Batman em alguns momentos.
Vale citar também a música Where did you sleep last night? Tocada em uma cena de Sofia quando ela resolve tacar fogo em sua casa. A música se encaixa com a cena e também com a personalidade de Sofia naquele momento. Gostei bastante.
Conclusão
E isso nos leva ao final dessa saga. Pinguim se consolida como mais uma das ótimas séries da HBO e pra mim, uma das melhores do ano, com Arcane e Fallout. Curiosamente, todas são adaptações de games e quadrinhos. O encerramento foi lá no alto, respondendo às dúvidas e nos entregando o vilão que o Batman precisa ter.
A trama, o texto, os personagens, tudo isso foi feito com excelência e dá gosto de assistir, criando em nós um certo laço com alguns personagens e aversão a outros. Ela faz tudo isso e ainda nos aponta um pouco do caminho que nos aguarda em Batman 2, marcado para estrear em 2 de outubro de 2026.
Onde assistir
A série foi exibida aos domingos no canal pago HBO e pelo serviço de assinatura MAX. Todos eles estão disponíveis, desde que você tenha uma assinatura.
Texto revisado por Alexandre Marques em 11/11/2024.
CRÍTICA: Pinguim: Episódio final
CRÍTICA: Pinguim: Episódio final-
Avaliação do episódio10/10 Excelente
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