Mais um domingo chegou, trazendo consigo mais um episódio de Pinguim, e diferente do anterior, nesta semana, tivemos uma abordagem bem mais movimentada e cheia de grandes acontecimentos. Além disso, se até então Vic estava um pouco apagado, agora tivemos mais da sua história e dos seus dramas explicados, colocando-o, junto de Oz e Sofia, como os protagonistas definitivos da série. Confira a crítica completa!
Avisamos que essa crítica contém possíveis spoilers, logo recomenda-se você assistir ao episódio e depois voltar aqui.
O passado de Vic
Apesar de Vic estar presente nos dois primeiros episódios, até então o vimos apenas como um capacho de Oz, sem muito aprofundamento sobre seus traumas e os porquês de estar naquela situação. Este episódio vem para resolver essa questão e dar um contexto adicional ao personagem. Nele, conseguimos ver que Vic tinha um pai, uma mãe, uma irmã e até uma namorada. Apesar das diferenças, eles pareciam viver bem, exceto pelo fato de Vic almejar muito mais do que seu pai conseguia oferecer.
Em uma das cenas, durante um jantar, Vic decide sair para se encontrar com sua namorada e amigos. Enquanto conversam nos terraços de Gotham, o que deveria ser uma comemoração acaba rapidamente se transformando em um pesadelo. É nesse exato momento que o final de The Batman acontece, com explosões e a inundação da cidade; no meio da tragédia, a água acaba levando a vida da família de Vic.
Esse início é fundamental, uma vez que marca o ponto de partida para o desenvolvimento do personagem. Foi uma grande tragédia, e a partir disso, vimos os acontecimentos dos dois primeiros episódios. Não só isso, mas, mesmo com os problemas, Oz agora trata Vic com confiança e está apostando todas as fichas nele. Foi mencionado na crítica do episódio anterior que o personagem se mostrou bastante canalha ao despejar toda a culpa no garoto (algo parecido com sua personalidade nos jogos da franquia), mas, pelo que vimos até aqui, a série está explorando outros aspectos.
Voltando ao Vic, neste episódio, seu dilema está entre viver no mundo do crime com Oz ou ir para a Califórnia com sua namorada Graciela. Apesar de as escolhas serem tentadoras, ao longo do episódio, vemos que Vic sempre almejou alguns luxos na vida, algo que Oz está proporcionando a ele. Por mais que ele goste muito de sua namorada, ela oferece um recomeço que provavelmente o levará de volta ao ponto em que se encontrava no início do episódio.
Oz e Vic
Aproveitando todo o drama do episódio, a trama utiliza muito bem o desconforto de Vic por se sentir como um prisioneiro de Oz. Ele se sente decepcionado ao ver que o garoto parece não reconhecer o que está fazendo — ou, ao menos, tentando — por ele.
Oz pode ser um cara estranho e ter métodos não convencionais para resolver os problemas, mas, quando se trata de alguém de quem ele se importa, é possível ver que não há mentira nele. Isso se reflete na atuação de Colin Farrell também. Mesmo com toda a maquiagem no rosto, conseguimos perceber claramente quando ele está sendo pilantra e manipulando alguém com mentiras, e quando está quebrado por dentro, permitindo que sua raiva, seus sentimentos ou qualquer outra fraqueza sejam liberados.
A relação entre os dois personagens se desenvolve bastante aqui, mas, inicialmente, ela entra em um estado de choque devido à opressão que sente e à oportunidade de sair dessa situação com Graciela. Ele chega a combinar com ela de fugirem em dois dias, deixando tanto Vic quanto nós, espectadores, ansiosos; afinal, já imaginamos o que vai acontecer. O personagem começa a ficar cada vez mais preocupado e a agir de forma estranha, além de ter flashbacks do dia da morte de sua família.
Essa divisão do personagem o leva até seu limite, e, quando Oz está cheio de orgulho dele, se depara com as mensagens de Graciela, gerando o conflito entre os dois. É nesse momento que os personagens colocam tudo para fora e também se desenvolvem entre si, cada um seguindo um caminho a partir daqui. Embora isso não dure muito tempo, torna-se o elemento que fecha o episódio em frenesi mais tarde.
Oz, Sofia e o Bliss
Como esperado no final do episódio passado, Oz e Sofia começam a trabalhar juntos. Como mencionei anteriormente, Sofia, na minha opinião, é um dos personagens mais interessantes da série, mas, neste episódio, ambos tiveram seus grandes momentos. O projeto de Sofia e seu falecido irmão Alberto envolvia o uso de um cogumelo raro, utilizado em Arkham para tornar os pacientes mais fáceis de lidar, algo que Sofia conheceu bem de perto.
A partir disso, Oz conhece um pouco mais sobre essa nova droga, que passam a chamar de Bliss. O que resta para eles, então, é torná-la famosa em Gotham. Para isso, precisam de uma reunião com Feng Zhao, um dos líderes da tríade de Chinatown, que pode alavancar as vendas do negócio. O problema é que Feng só dará atenção a eles se conseguirem a aprovação de Johnny Vitti, o segundo homem mais importante após Luca Falcone na família.
Como Sofia e Oz não têm uma boa relação com Johnny, eles optam por uma abordagem mais trágica, flagrando-o com a mulher do seu chefe, o que lhes dá poder sobre ele. Aqui temos uma das cenas mais interessantes do episódio. Em meio aos diálogos, Johnny trata Oz como um nada e o irrita. Nesse momento, Oz literalmente coloca um smartphone metade na boca de Johnny, enquanto despeja toda a sua raiva ali.
Como a série também criou uma antipatia em relação a Johnny para nós, como espectadores, essa cena é um deleite de se ver e desenvolve realmente o plano de Oz para conseguir a reunião com Zhao. Isso nos leva a outro embate importante do episódio: o de Oz e Sofia.
Se até aqui nosso protagonista parecia estar levando a melhor em tudo, logo Sofia percebe que ele parece até mais feliz do que ela com as boas novas relacionadas ao Bliss, questionando até onde ele está fazendo aquilo por ela ou por si. A princípio, Oz consegue uma boa desculpa para isso, mas, depois da discussão com Vic, mesmo obtendo sucesso com Zhao, ele se reencontra com Sofia e aqui o personagem se quebra.
Sofia questiona Oz sobre quando ela foi colocada no Arkham e como ele se aproveitou disso. O personagem começa negando, mas logo revela que, de fato, ele aproveitou o espaço vazio para melhorar de vida; afinal, uma pessoa como ele jamais teria esse tipo de oportunidade. Ao mesmo tempo, ele pede as mais sinceras desculpas a ela.
É uma cena bem interessante de se ver, uma vez que conseguimos notar que Oz está transmitindo tudo aquilo do fundo do coração. Dessa vez, ele não está mentindo nem tentando enganar Sofia, e a atuação de Colin Farrell é excelente, assim como a de Cristin Milioti, que, mesmo diante disso, mantém sua postura.
Personagens
Este episódio focou quase inteiramente no trio Oz, Sofia e Vic, destacando-os como os protagonistas. Apesar disso, tivemos alguns personagens importantes na trama que podem fazer a diferença no futuro da série, assim como outros que provavelmente nunca mais aparecerão.
Começando pelo círculo de Vic, tivemos Graciela, sua até então namorada. Ela foi extremamente importante em seu passado e, mesmo que indiretamente, fez toda a diferença para o seu desenvolvimento no final do episódio.
Ela era a única conexão do protagonista com seu passado, algo pelo qual ele tem carinho, mas que não era necessariamente algo que ele almejava para si, ainda mais agora com uma vida mais luxuosa ao lado de Oz. Com a decisão final de deixá-la ir embora e voltar para Oz, Vic deve finalmente se tornar um personagem muito mais decidido em suas escolhas daqui para frente. Ainda na vida de Vic, senti que ele e Roxy (Jessie Pinnick) estão criando algum vínculo, o que pode ter influenciado sua decisão final de ficar em Gotham.
Outro personagem que retorna e foi de grande importância é Johnny Vitti. Seu papel é quase sempre o de infernizar Sofia, mas aqui ele também funcionou como uma ferramenta para que nossa dupla de protagonistas conseguisse chegar até Feng Zhao.
Por falar em Feng, a dupla precisou passar primeiramente por Link Tsai (Robert Lee Leng), dono de uma boate em Chinatown, que conseguiu fazer a conexão dos personagens com o líder da tríade.
Por fim, tivemos o retorno de Nadia Maroni (Shohreh Aghdashloo), que busca a cabeça de Oz e se torna a catarse final do episódio, tanto para Oz quanto para Vic.
Conclusão
O terceiro episódio mantém a excelente qualidade dos dois primeiros. Pinguim tem se mostrado uma das melhores séries de máfia já feitas, sem depender da sombra do filme que, a princípio, criou essa mitologia. A produção consegue trabalhar muito bem a questão de estarem no mesmo universo, fazendo as devidas referências, mas sem depender de elementos gratuitos que não agregam em nada.
O foco está no submundo do crime de Gotham, e a série entrega isso com tanto louvor que, em nenhum momento, ficamos na esperança de que o Batman ou qualquer outro herói, ou vilão da mitologia do morcego apareça.
Em suma, a série do Pinguim tem se mostrado um grande acerto nas mãos da DC, e eu espero que continue assim. Você pode acompanhar a série através do serviço de streaming MAX ou então pelo canal pago da HBO.
Veja mais:
Você pode conferir a crítica dos dois primeiros episódios clicando nos cards abaixo, além de conferir outras matérias publicadas no site, como nossa crítica de Coringa: Delírio a Dois
Revisado por Gabriel Princesval em 07/10/2024