Indiana jones e a relíquia do destino

CRÍTICA: Indiana Jones e a Relíquia do Destino é a mais pura nostalgia

Avatar de eduardo rebouças
A nova aventura de Indiana Jones é um verdadeiro filme pipoca, rendendo muita diversão e nostalgia; veja o que achamos!

Aventureiros de plantão, preparem-se para acompanhar de perto a nossa crítica do novo filme da franquia Indiana Jones. Antes de mais nada, vale alertá-los de que este texto contém spoilers da trama, mencionados puramente em caráter complementar à nossa crítica do filme. Se você estiver planejando ir ao cinema sabendo pouco ou praticamente nada sobre a história, fica aqui o alerta.

Indiana Jones está de volta (de novo)!

Não tem jeito: é só tocar algumas notas da fanfarra que é a música-tema de Indiana Jones composta pelo mestre John Williams, para que todos que cresceram assistindo às aventuras do arqueólogo mais famoso do cinema fiquem arrepiados. O maior tesouro da franquia Indiana Jones não é nenhuma arca, pedra preciosa ou até um cálice sagrado, mas sim a nostalgia, e para o protagonista, seu pior inimigo é sem dúvida alguma o tempo, inexorável e inabalável.

E o tempo é exatamente o tema de seu novo filme, Indiana Jones e a Relíquia do Destino, com estreia marcada para o próximo dia 29 em cinemas de todo o país. Dirigido por James Mangold, o mesmo do excelente Ford v Ferrari, o quinto filme da franquia relata uma das, se não a maior aventura até então do Dr. Henry Jones Jr. Ela nos leva desde os dias do final da Segunda Guerra Mundial até o ano da chegada do homem à Lua, e também é, possivelmente, a última escapada do já idoso professor universitário e aventureiro.

O filme abre com um longo segmento que se passa em 1944, onde um rejuvenescido Harrison Ford, no papel de Indy, está em busca de mais um artefato valioso: a Lança de Longinus, ou como é mais comumente conhecida, a Lança do Destino, que está em posse dos nazistas. Com ela, Hitler espera mudar o rumo da guerra, que naquele momento já estava indo de mal a pior para ele.

Jones conta com a ajuda de um colega arqueólogo, o atrapalhado Basil Shaw (Toby Jones, da franquia Harry Potter) enquanto do jeito atrapalhado que só Indiana Jones pode fazer, acaba colocando as mãos no artefato para então descobrir que não passa de uma cópia barata do original. Em seu encalço, estão dezenas de nazistas, mas seu principal opositor é o fisicista alemão Jurgen Voller (Madds Mikkelsen, da série Hannibal e do já clássico 007: Cassino Royale), pois ele tem em suas mãos parte de uma relíquia de poder ainda maior: a Anticítera, invenção de Arquimedes. Ao saber de sua existência, Indiana decide reavê-lo a qualquer custo.

Como é de costume nos filmes da franquia, há uma sequência de cenas cheias de ação polvilhadas com humor enquanto o tão cobiçado tesouro troca de mãos repetidamente, incluindo uma perseguição e luta em cima do trem em que os nazistas estão carregando não só o tesouro em jogo, mas diversos valiosos prêmios roubados por eles, lembrando muito uma correria da infância de Indy, a retratada em A Última Cruzada. No fim das contas, enquanto o trem passava pelos Alpes franceses, Indiana e seu amigo conseguem escapar, e, por algum milagre, em posse do tesouro, enquanto que Voller acaba ficando para trás.

Indiana jones e a relíquia do destino
Indiana Jones conta com a “ajuda” de alguns novos personagens em sua última aventura nas telonas. (Imagem: Disney)

Um homem fora de seu tempo

Já no ano de 1969, em Nova York, vislumbramos um Jones já velho, cansado, rabugento e pronto para se aposentar. De pavio curto e acordado pela barulheira de seus vizinhos, desce as escadas de seu prédio armado com um taco de beisebol, mas é logo deixado no vácuo pelos jovens em festa no andar de baixo ao receber a notícia do momento, a chegada dos astronautas que pisaram na Lua.

Prestes a se divorciar de Marien (personagem de Karen Allen em Caçadores da Arca Perdida e Indiana Jones e a Caveira de Cristal), com quem se casou no final do último filme, mas que acabou se distanciando após a morte do filho do casal, Mutt (Shia Labeouf), nosso herói da terceira idade segue em frente com a sua vida como professor universitário. Um dia que seria nada fora do comum acaba sendo virado de pés ao ar, quando ele é abordado pela filha de seu velho amigo, Helena (Phoebe Waller-Bridge, da série Fleabag), com quem Jones não tem contato há quase vinte anos.

Despreocupadamente, Vombate, como foi apelidada por Indiana em sua infância, não perde tempo em revelar a razão de sua visita tão repentina: ela está em busca da outra metade da invenção de Arquimedes, e com base nas anotações de seu falecido pai, ela tem como achá-la. Mas suas motivações provam-se obscuras, e logo que Indy a entrega o tesouro, ela parte em fuga, perseguida por agentes a princípio da CIA, liderados por Mason (Shaunette Renée Wilson, de Pantera Negra), junto de capangas que ficamos logo sabendo são paus-mandados de Voller, que trabalhou junto da NASA na criação da Apollo 11, sob o pseudônimo de Dr. Schmidt.

Deixando um rastro de destruição na universidade em que nosso herói leciona, que acaba acusado do assassinato de alguns funcionários nas mãos dos bandidos, Indy busca pela ajuda de seu antigo amigo Sallah (John Rhys-Davies, de Caçadores da Arca Perdida e A Última Cruzada), que agora vive na cidade como um taxista. A partir daí, a aventura leva nosso querido arqueólogo e aventureiro ancião em mais uma jornada pelo globo, começando pelos Marrocos, onde Indiana finalmente alcança Helena participando de seu modo único de ser do leilão no qual ela tenta vender o artefato. Os dois, juntos de Teddy (o novato Ethan Isidore), parceiro de Vombate e aspirante a piloto, participam de mais uma louca perseguição pelas ruas de Tânger a bordo de um tuk tuk.

Indiana jones e a relíquia do destino
Helena Shaw, personagem de Phoebe Waller-Bridge, é cativante do início ao fim de A Relíquia da Morte. (Imagem: Disney)

Amigos em todos os lugares

Eventualmente, acabam recorrendo à ajuda do capitão Renny (Antonio Banderas), outro dos amigos de Jones, pois buscam o mapa que os levará ao que procuram, e este se encontra nas profundezas do Mar Egeu. É lá que Jones novamente se vê frente a frente com seu maior medo, cobras, ou melhor, nesse caso, enguias, e depois de se livrar de Voller e seus capangas, o trio fica sabendo de seu próximo destino, que por coincidência é onde tudo terminou para Arquimedes, Siracusa, na Sicília.

Em mais uma belíssima tomada, agora na costa da ilha italiana, uma ainda relutante Helena continua ao lado de seu idoso padrinho, acompanhados de Teddy, e com as duas mentes obcecadas com arqueologia juntas, deduzem que Shaw tinha razão sobre o perigoso tesouro de Arquimedes e que este, além de detectar a localização de fissuras temporais, também daria acesso a elas, ou seja, a viagem no tempo. Uma data sempre rabiscada nas anotações do pai de Helena mostra o destino almejado por Voller: o ano de 1939, no dia antes da invasão da Polônia pela Alemanha nazista.

Não demora para Voller colocar suas mãos em ambas as partes da Anticítera, e junto de um Jones ferido sob a mira de sua Luger, embarca em um avião rumo à fenda, pois ele busca mudar o rumo da história, corrigindo o grande erro do Fuhrer que foi o estopim da queda da Alemanha na guerra, ao matar o líder nazista. Mas ele não contava com um erro de cálculo do consagrado matemático grego, e a viagem insólita do vilão, do herói e da heroína, que infiltrou o avião em uma das cenas mais malucas do filme, tem um destino totalmente inesperado.

Deste ponto adiante, não há muita razão para entrar nos detalhes e a surpresa vale a pena ser apreciada ao se assistir ao filme. Os últimos vinte minutos de Indiana Jones e a Relíquia do Destino dão a volta para se conectar aos seus primeiros, com Indy questionando seu valor, pois agora está velho e segundo ele, imprestável, e Helena está praticamente tomando seu lugar como a aventureira buscadora de tesouros de valor inestimável, agora, para colocá-los no devido lugar – pelo menos na opinião do velhinho, há quem discorde – o museu, desfazendo-se de sua ambição e ganância no processo. 

Indiana jones e a relíquia do destino
Madds Mikkelsen traz sua característica presença ameaçadora ao papel do vilão, um cientista nazista em plenos anos 1960. (Imagem: Disney)

Conclusão

Indiana Jones e a Relíquia do Destino é de fato um filme regado pelo mais puro suco de nostalgia, isso não tem como se negar. Mas diferentemente da última sequência da clássica trilogia, Caveira de Cristal, este quinto filme traz uma mensagem mesmo que um tanto piegas, porém ainda assim bastante forte de que mesmo velha, uma pessoa ainda tem o seu valor, e que apesar de se achar ultrapassado, sua experiência de vida é valiosa para os que virão em seguida. 

Tudo indica que esta será a última aventura de Indiana Jones, e como o próprio Harrison Ford afirmou em várias entrevistas recentemente, ninguém além dele poderá trajar a jaqueta de couro e seu famoso chapéu fedora. Antes de Shia Labeouf pirar e ser cortado de qualquer possibilidade de cotação de seu agora falecido personagem vir a tomar o lugar de Indy, agora talvez seja a oportunidade de a série partir para uma nova direção, com a cativante personagem de Waller-Bridge assumindo o lugar de seu padrinho.

A direção de Mangold trouxe emocionantes cenas de ação com o mesmo charme ao qual os fãs tanto amam ver na trilogia original, só que agora com o anteparo da tecnologia de efeitos especiais. Eles não só enaltecem o caos ao redor de Indy e seus amigos, mas também possibilitam a Ford, aos 80 anos de idade, mais uma oportunidade de encarnar a versão mais jovem de si próprio, como Mark Hamill teve na série O Mandaloriano. O resultado final dessa transformação é razoável, pois há momentos em que a magia se mostra falha e a ilusão acaba por se desfazer. 

Mesmo assim, ter a chance de ver um Indiana Jones em plena forma física, pelo menos por alguns minutos e obviamente sabendo que só ocorre por meio da tecnologia, não deixa de ser emocionante, e o filme como um todo é muito divertido. A franquia teve como inspiração os seriados de ação dos anos 1930 exibidos em matinê nos cinemas, de onde George Lucas e Steven Spielberg pegaram emprestado todo o visual para seu herói e suas motivações ao combater todo o tipo de vilão.

Indiana Jones e a Relíquia do Destino segue essa mesma fórmula e consegue entregar 2 horas e 22 minutos de muita emoção e saudosismo para quem vem acompanhando o personagem há praticamente 40 anos. Quem nunca sequer viu alguma das aventuras do arqueólogo mais bem armado da sétima arte pode acabar perdendo algumas das referências aos filmes antigos, gags e easter eggs contidos em A Relíquia do Destino, mas mesmo sem saber delas, há muito a que se aproveitar no filme por si só.                

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Fontes: Disney, Good Morning America, Wikipedia

Revisão do texto feita por: Pedro Bomfim (26/06/23)

Indiana Jones e a Relíquia do Destino

Indiana Jones e a Relíquia do Destino
90 100 0 1
90/100
Total Score
  • História
    80/100 Ótimo
  • Diversão
    100/100 Excelente
  • Efeitos especiais
    80/100 Ótimo
  • Nostalgia
    100/100 Excelente

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2 comentários
  1. Para mim é inquestionável que Indy continue sendo Indy até mesmo quando chegar a ultima pá de terra sobre o caixão, pena do Mutt ter morrido, mas acho que ele não poderia ocupar o lugar do pai, embora quisesse. Harrison Ford será sempre o ícone dessa série, sem ele não teria sido viável e nem Tom Selleck se fosse escolhido para essa performance poderia ser tão bom.

    1. É verdade, teria sido um Indy totalmente diferente se o Tom Selleck tivesse ficado com o papel. Ainda bem que não, porque eu também gosto bastante de Magnum. Valeu por comentar e por ler o review! =D

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